Introdução
Parasitose intestinal é uma patologia causada por helmintos ou protozoário, os
quais, se localizam no aparelho digestivo do humano, podendo causar alterações
maléficas ao organismo. (BAPTISTA et al., 2006). Considerada um
agravante na saúde pública, contribui para o aumento de problemas
sócios-econômicos, especialmente em países subdesenvolvidos (MENEZES et
al., 2008).
Esse tipo de infecção é comum em regiões de baixa renda, efetivamente em
locais que apresentam infra-estrutura urbana deficiente, sendo considerados
ambientes freqüentados por crianças (TOSCANI et al., 2007; MONTEIRO et
al., 2009). Estudos realizados por Menezes et al., (2008), relataram
que na infância, pré escolares e escolares, são as idades mais acometidas por
parasitoses intestinais, podendo acarretar manifestações diversas, desde a
perda protéica intestinal, desnutrição e outras doenças, o que pode levar a
morte.
A literatura relata que a população infantil brasileira é acometida por um
elevado índice de enteroparasitose (MACHADO et al., 1999; UCHÔA et
al., 2001; WHO, 2002), sendo considerado creches e escolas ambientes
externos ao doméstico que as crianças mais freqüentam, tornando-se potenciais
ambientes de risco á contaminação coletiva.
O Projeto de inclusão social, Nadar, realizado na Universidade estadual
de Montes Claros, em parceria com escolas públicas, atende prioritariamente
escolares de baixa renda, que residem em áreas desprovidas de uma
infra-estrutura adequada. Através desse projeto, os acadêmicos do curso de
Farmácia das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, realizaram
atividades educativas preventivas e exames de fezes nos alunos assistidos no
projeto.
O objetivo desse estudo é apresentar a prevalência de parasitos nas crianças
do Projeto Nadar, através do exame parasitológico de fezes.
Metodologia
Tipo
de pesquisa
Estudo descritivo, realizado em maio de 2011 com escolares assistidos pelo
Projeto Nadar, residentes em áreas de baixa renda na cidade de Montes Claros. A
realização deste estudo ocorreu em 3 etapas:
Foi realizado uma visita ao
Projeto Nadar, sediado na Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes, onde foi apresentada a proposta do estudos às crianças e às
professoras dos mesmos, em seguida, foi enviado aos pais duas cartas, uma
informando aos responsável como deveria realizar a coleta das fezes e a
outra um termo de consentimento livre e esclarecido. Somente para as
crianças as quais os pais autorizaram a participação na pesquisa que
foram coletados fezes para a realização dos exames parasitológicos.
2ª
etapa:
Através
da demanda espontânea, foi analisada uma amostra 80 crianças cuja idade
variava entre 6 a 12 anos. Os potes coletores de fezes foram distribuídos
contendo MIF.
3ª
etapa:
Os exames parasitológicos das
amostras de fezes obtidas foram realizados no Laboratório de Análises
Clínicas do NASPP (Núcleo de Atenção a Saúde e Práticas
Profissionalizantes), baseados em métodos como o de Hoffman e Ritchie (1919).
Sendo possível encontrar ovos e larvas de helmintos e cistos de
protozoários, uma vez que consiste na sedimentação espontânea, mais
indicado para a detecção de ovos pesados de acordo com o método de Hoffman
(1919). Já o método de Ritchie (1919), é utilizado para a pesquisa de ovos,
larvas de helmintos, cistos e alguns cistos de protozoários, essa técnica
consiste em conservar as fezes em formol a 10%.
Análises
dos dados
Os dados foram analisados, através de uma estatística descritiva e
posteriormente tabulados e apresentados na forma de gráficos, o que facilitou a
interpretação.
Resultados
e discussão
As enteroparasitoses são consideradas um importante indicador das condições
de saúde e saneamento básico que vive uma população. Nada se conhece sobre a
prevalência atual de enteroparasitoses em escolares assistidos pelo projeto
Nadar. Entretanto, através da análise da amostra fornecida, observa-se que 24
dos escolares que representam 30%, apresentaram contaminados com algum tipo de
parasitose, em relação à quantidade de amostras analisadas, conforme é
apresentado no gráfico 1:
Gráfico
1. Prevalência de Parasitoses Intestinais em Crianças do Projeto Nadar na
Cidade de Montes Claros – MG. Fonte: Pesquisa
Realizada
pelos Acadêmicos do 4° Período do Curso de Farmácia das Faculdades
Integradas Pitágoras de Montes Claros – FIPMoc.
Apesar desses resultados apresentados divergirem dos estudos propostos por
Costa-Macedo et al., (1999), que relatam que mais da metade das crianças
em idades escolares encontram parasitadas, torna-se importante, adotar atitudes
de intervenções, uma vez que as formas de disseminação de parasitoses podem
ser através de veículos comuns, como água, alimentos e até mesmo o ar.
Ao analisar as amostras, que apresentaram diagnóstico positivo para as
parasitoses, observou-se casos de mono parasitismo (um
parasita) ou de bi parasitismo (dois parasitas)
como descrito no gráfico 2:
Gráfico
2. Casos de Parasitismo em Crianças do Projeto Nadar na Cidade de Montes
Claros – MG.
Fonte:
Pesquisa Realizada pelos Acadêmicos do 4° Período do Curso de Farmácia das
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros – FIPMoc.
A maior freqüência de mono parasitismo neste estudo, pode ser devida ao fato
dos parasitos que ocupam o mesmo nicho competirem entre si, excluindo uma das
espécies, confirmando os dados apresentados por Silva et al (2010) e por
Barçante et al., (2008).
Dentre as parasitoses intestinais que acometerem as crianças que participam do
Projeto Nadar na cidade de Montes Claros – MG, conforme apresenta o gráfico
3, podemos destacar: Entamoeba coli (43%), a Entamoeba histolytica
(19%), a Giardia lamblia (19%), o Enterobius vermiculares (10%), a
Hymenolepis nana (6%) e o Schistosoma mansoni
(3%). A elevada freqüência da Entamoeba coli, embora
não seja uma espécie patogênica, demonstra a contaminação das crianças por
fezes de origem humana, pois se trata de um protozoário intestinal do homem,
podendo ter sido oriundo de falhas na higienização, proveniente de esgoto
doméstico. Dados que reforçam a importância de mais estudos acerca da
presença de parasitoses em escolares que vivem em áreas desprovidas de
saneamentos básicos.
Gráfico
3. Principais Parasitas Encontrados nas Amostras das Crianças do Projeto
Nadar na Cidade de Montes Claros – MG. Fonte: Pesquisa
Realizada
pelos Acadêmicos do 4° Período do Curso de Farmácia das Faculdades
Integradas Pitágoras de Montes Claros – FIPMoc.
No estudo realizado por Silva et al (2010), onde se verificou a
prevalência de parasitoses e estado nutricional de pré-escolares de centros
educacionais municipais no sul de Minas Gerais, em relação às infestações
parasitarias, das 102 crianças estudadas 44,2% (n=45) encontravam-se com
parasitas intestinais, o número de parasitoses foi relativamente alta,
assemelhando-se aos dados encontrados nas crianças estudas no Projeto Nadar. Em
relação aos tipos de parasitas, observou-se prevalência de Enterobius
vermiculares, Entamoeba coli, e Giardia lamblia, de 16,7% , 11,8% ,
respectivamente, parasitas que também foram muito freqüentes nesse estudo. Em
outro estudo das parasitoses intestinais em crianças de creches públicas
localizadas em bairros periféricos do município de Coari, Amazonas, Brasil, os
resultados dos exames evidenciaram 66,4% de positividade enteroparasitária nas
crianças analisadas, número bastante significativo, o que evidencia que as
parasitoses intestinais são comuns na população infantil.
Conclusão
Com este estudo fica registrado a prevalência das parasitoses intestinais
encontradas as crianças do Projeto Nadar da cidade de Montes Claros-MG, tendo
em vista a inexistência de dados anteriores a esses, onde observou a
necessidade de campanhas educativas nessa população, a fim de ampliar o
conhecimento e cuidado da população frente aos riscos à contaminação de
parasitas. Foi possível observar também, que os principais parasitas que
acometem essa população foram Entamoeba coli, a Entamoeba
histolytica, a Giardia lamblia, o Enterobius vermiculares, Hymenolepis
nana e o Schistosoma mansoni.
Referências
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Digital · Año 16 · N° 163 | Buenos Aires,
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