Motivação dos alunos do 2º ano do ensino médio pela Educação Física: diagnosticar e intervir La motivación de los alumnos de 2º año de escuela media por la Educación Física: diagnosticar e intervenir |
|||
*Mestre em Ciência do movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria **Mestre em Cineantropometria e Desempenho Humano pela Universidade Federal de Santa Catarina ***Especialista em Educação Física pela ASSEFRENI****Especialista em Educação Física com concentração em Treinamento Desportivo pela Universidade do Oeste de Santa Catarina *****Especialista em Educação Física pela Universidade do Oeste de Santa Catarina e em Musculação e Treinamento de Força pela Universidade Gama Filho. ******Licenciada em Educação Física pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Brasil) |
Andréa Jaqueline Prates Ribeiro* Sandra Fachineto** sandra.fachineto@unoesc.edu.br Eliéser Felipe Livinalli*** Sandro Claro Pedrozo**** Elis Regina Frigeri***** Adriane Eckert****** |
|
|
Resumo O objetivo deste estudo foi verificar quais os motivos intrínsecos e extrínsecos que levam os alunos do 2º ano do ensino médio a praticarem ou não as aulas de educação física na escola e a partir desse diagnóstico, realizar uma intervenção. Esta pesquisa caracterizou-se num primeiro momento como descritiva e a partir do diagnóstico realizado, o presente estudo caracterizou-se como quase-experimental. A amostra foi composta por 28 alunos de 2º ano do Ensino Médio, com idades de 16 a 24 anos, de ambos os gêneros, que estudam no 2º ano do Ensino Médio da Escola de Ensino Básico Nossa Senhora da Salete de Maravilha-Santa Catarina. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram diário de campo e os questionários elaborado por Kobal (1996). Inicialmente foi feito contato com os adolescentes e seus responsáveis, onde foi explicada a natureza e propósito da pesquisa, assinado o TCLE e entregue o questionário para responderem. Após devolvidos os questionários, os dados foram tabulados, analisados através da análise de freqüência e a moda para análise dos questionários e de acordo com os resultados foi realizada uma intervenção nas aulas de Educação Física com o intuito de criar estratégias que motivassem os alunos a praticar as aulas, por isso foi utilizada a abordagem crítico-emancipatória. Os resultados demonstraram que os alunos participam das aulas porque fazem parte do currículo escolar, e porque estão com os amigos, mas reclamam também que tem pouco tempo de aula para participarem das mesmas. Com base nesses resultados foi feita uma intervenção onde as aulas estiveram centradas em atividades de movimento no esporte. Após a intervenção foi novamente aplicado um dos instrumentos (questionário de motivos intrínsecos) e verificou-se que as aulas foram aprovadas, pois identificou-se grande satisfação dos alunos. Conclui-se que se o professor tendo um bom planejamento de aula, e aulas sendo mais dinâmicas mostrando se capaz de trabalhar com todos os alunos, fazendo que todos participam da aula, os alunos se sentiram mais motivados para a pratica de atividades. Unitermos: Educação Física. Motivação extrínseca. Motivação intrínseca.
Abstract The objective of this study was to determine which intrinsic and extrinsic reasons that lead students in the 2nd year of high school to practice or not physical education classes at school and from that diagnosis, an intervention. This research was done at first as descriptive and as of diagnosis, this study characterized as quasi-experimental. The sample consisted of 28 students in 2nd year of high school, ages 16 to 24 years, of both sexes, studying in 2nd year high school of Elementary School Our Lady of La Salette of Maravilha, Santa Catarina. The instrument of data collection used was developed by Kobal (1996). Initially contact was made with adolescents and their parents, where he explained the nature and purpose of the research, signed TCLE and delivered the questionnaire to respond. After the returned questionnaires, data were tabulated and analyzed through frequency analysis (described in percentage) and the vogue for the analysis of questionnaires and in accordance with the results of an intervention was performed in physical education classes in order to develop strategies that would have justified students to practice the lessons, so we used the critical-emancipatory approach. The results showed that students participate in classes because they are part of the curriculum, and because they're friends, but also about who has little time for school to attend them. Based on these results was made a speech where classes were focused on activities of movement in sport. After the intervention was repeated in one of the instruments and found that the instruction was adopted because it was identified the satisfaction of students. It follows that if the teacher has a good lesson plan, and lessons are more dynamic show is able to work with all students, making everyone participate in class, students felt more motivated to practice activities. Keywords: Physical Education. Extrinsic motivation. Intrinsic motivation.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
As aulas de Educação Física vêm ganhando grandes transformações quanto aos conteúdos do âmbito escolar. Zabala (1998) entende que os conteúdos de ensino são conjuntos de conhecimentos, habilidades, hábitos, modo valorativo e atitudes organizadas pedagógica e didaticamente. Tendo em vista a assimilação e aplicação pelos alunos na sua prática.
As aulas de Educação Física estão baseadas praticamente no desporto principalmente no futebol e no futsal onde os alunos mais gostam, e ainda tendo outros esportes como o handebol, basquete e voleibol, onde a aula é só prática sendo que poderia existir tanto conteúdo teórico quanto prático de tal forma que facilitaria a compreensão dos alunos em relação às regras e à importância da atividade física. Há alunos que desenvolvem as atividades por realização pessoal que se satisfazem na prática das atividades. Por outro lado há aqueles que estão muito desmotivados, não participando de nenhuma atividade que é proposta pelo professor. O entendimento da motivação na Educação Física Escolar é importante no processo educativo para despertar a ação ou sustentar a atividade (FERREIRA et al., 1985). A motivação compreende fatores e processos que levam as pessoas a uma ação ou à inércia em diversas situações. De modo mais especifico, o estudo dos motivos implica no exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou executar alguma tarefa com maior empenho que outras (CRATTY, 1984).
Sendo assim, os adolescentes desmotivados dizem não gostar das atividades propostas pelo professor, sempre apresentam alguma desculpa para não fazer a prática, ou até mesmo dizem que não estão se sentindo bem para fazer exercícios físicos. Nesse sentido, Costa (1987) realizou um estudo com jovens do ensino fundamental e médio que cursaram a disciplina de Educação Física e neste demonstrou a desmotivação dos alunos para a prática de atividades físicas tanto na escola quanto em atividades fora da grade curricular praticadas em horários alternativos.
Shigunov (1997) verificou que existe pouca variação entre os métodos de ensino aplicados pelos professores, resultando na desmotivação dos alunos para o acompanhamento das aulas de Educação Física. Sendo que tem professores que não motivam seus alunos e deixam de mostrar a importância da atividade física para sua vida.
Outro motivo para a desmotivação dos adolescentes é a falta de espaço físico para as aulas e falta de materiais para as mesmas. Sendo assim, esse estudo teve a preocupação em, inicialmente, realizar um levantamento com os alunos em relação à motivação para participar das aulas de Educação Física e com base nesses resultados se fez uma proposta de intervenção com os alunos do 2º ano do Ensino Médio da Escola de Ensino Básico Nossa Senhora da Salete de Maravilha – Santa Catarina.
Metodologia
Esta pesquisa caracterizou-se num primeiro momento como descritiva, (CERVO, 1996 p.49), uma vez que observou, registrou, analisou e correlacionou fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.
A partir do diagnóstico realizado, o presente estudo caracterizou-se como quase-experimental, pois de acordo com Santarém (2002), o método quase-experimental é assim denominado quando o delineamento experimental não é possível e caracteriza-se pelo estudo de casos ou grupos de casos, com a presença de uma variável a ser estudada. Estudos de casos clínicos geralmente são exemplos desse delineamento de pesquisa.
Segundo Legal (2002), “o design Quase-Experimental é uma aproximação do experimento verdadeiro, contudo, a escolha não é aleatória e a variável independente, apesar de ter sido manipulada, não foi por você.”
Amostra
A amostra foi composta por 28 alunos de ambos os gêneros, na faixa etária de 16 á 24 anos, do 2º ano do Ensino Médio, sendo 12 do gênero feminino e 16 do gênero masculino.
Instrumentos
Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: diário de campo e questionários elaborado por Kobal (1996).
No diário de campo foram registradas as atividades realizadas, assim como objetivos, estratégias e forma de avaliação, entre outros dados pertinentes ao estudo.
Essas informações serviram de base para a discussão dos resultados. Os questionários de Kobal (1996) tratam-se de dois questionários referente à identificação de motivos intrínsecos e extrínsecos em aulas de Educação Física, constituído de três questões, com 32 afirmações no total, sendo 16 referentes à motivação intrínseca e 16 referentes à motivação extrínseca. Cada afirmação é respondida através de uma escala LIKERT de alternativas.
O questionário elaborado para verificar as tendências de motivação intrínseca ou extrínseca dos alunos contém questões fechadas. Em anexo são apresentados as questões referentes à motivação extrínseca e as 16 questões que abordam assuntos relativos à motivação intrínseca.
Procedimentos metodológicos
Foi feito o contato com os adolescentes e seus responsáveis, onde foi explicada a natureza e propósito da pesquisa. Foi solicitado também a autorização dos mesmos e ou de seus responsáveis, a qual foi dada através da assinatura do TCLE. Em seguida os alunos responderam o questionário sobre os motivos intrínsecos e extrínsecos.
Após preenchidos, os questionários foram recolhidos e os dados foram tabulados e analisados. Com base no diagnóstico (resultados dos questionários sobre motivação extrínseca e intrínseca), foi feita uma proposta de intervenção, a qual será detalhada no item análise e discussão dos resultados, do presente trabalho.
Foram ministradas 8 aulas de Educação Física pela pesquisadora, sendo que após estas aulas foi aplicado, novamente, o questionário de motivação intrínseca. O questionário de motivação extrínseca não foi reaplicado em função de que tanto os motivos extrínsecos constantes no instrumento como a realidade apresentada não sofreria alterações durante o período da pesquisa.
Técnica de análise dos dados
Foi utilizada a análise de freqüência e a moda para análise dos questionários.
Intervenção
De acordo com os resultados foi realizada uma intervenção nas aulas de Educação Física com o intuito de criar estratégias que motivassem os alunos a praticar as aulas, por isso foi utilizada a abordagem crítico-emancipatória. Para tanto, organizou-se as atividades partindo do professor e com intervenções dos alunos. Houve momentos em que ocorriam problematizações em função das atividades e juntos (professor e alunos) discutiam como proceder para a atividade ser continuada de forma atrativa e participativa. Para Kunz (1991 e 1998), é importante priorizar o diálogo e dar maior abertura durante o transcorrer das aulas, proporcionando por parte dos educandos uma maior participação no processo pedagógico.
As aulas foram elaboradas através de circuitos e atividades lúdicas de forma que todos pudessem participar das atividades propostas. Para Cabello (2004) destaca que: [...] estudos sobre modelos de ensino de jogos esportivos têm
aumentado consideravelmente no âmbito da Educação Física e do esporte, e que freqüentemente se recorre a este tema quando se questionam as formas, os estilos ou as metodologias utilizados pelos professores que se dedicam a este exercício. Da mesma forma, esses modelos devem representar as características de um modelo de ensino que permita ao educando exercer papel ativo, independente e criativo durante a prática esportiva.
Foram desenvolvidas 8 aulas, com uma freqüência de duas vezes por semana.
Sempre foi explicado durante as aulas, a importância da prática de atividades física para a saúde corporal e mental.
Resultados
Os resultados desta pesquisa serão apresentados em quadros e discutidos com a literatura.
Abaixo é apresentado o Quadro 1, que se refere aos resultados da motivação extrínsecas pela qual os alunos participam da aula de Educação física.
Questão 1 |
Participo das aulas de Educação Física porque: |
Freq |
Itens
|
Faz parte do currículo da escola |
20 |
Estou com meus amigos |
23 |
|
Meu rendimento é melhor que o de meus colegas |
0 |
|
Preciso tirar boas notas |
18 |
|
Questão 2 |
Eu gosto das aulas de Educação Física quando: |
|
Itens |
Esqueço das outras aulas |
9 |
O professor e meus colegas reconhecem minha atuação |
3 |
|
Sinto-me integrado ao grupo |
20 |
|
Minhas opiniões são aceitas |
7 |
|
Saio-me melhor que meus colegas |
4 |
|
Questão 3 |
Não gosto das aulas de educação Física quando: |
|
Itens |
Não me sinto integrado ao grupo |
19 |
Não simpatizo com o professor |
0 |
|
O professor compara meu rendimento com o de outro |
3 |
|
Meus colegas zombam de minhas falhas |
4 |
|
Alguns colegas querem demonstrar que são melhores que os outros |
18 |
|
Tira nota ou conceito baixo |
11 |
|
Minhas falhas fazem com que eu não pareça bom para o professor |
1 |
Quadro 1. Resultados dos motivos extrínsecos pelos quais os alunos participam da aula de Educação Física
De acordo com o Quadro 2 pode-se observar que a grande maioria participa das aulas de Educação Física por fazer parte do currículo escolar (20 alunos) e também por estarem com os amigos (23 alunos).
A Educação Física tem como objetivo a qualidade de vida tanto o lado psicológico e físico dos adolescentes e é nesse momento que ocorre a inclusão dos alunos.
Para os alunos estar com os amigos é um modo de estar incluso no grande grupo, onde se sentem bem e são compreendidos até mesmo pelos próprios colegas. Para Moreira (2004, p. 22), “[...] o princípio da inclusão não deve desconsiderar as dificuldades dos alunos, mas sim fazer com que todos sejam importantes na aula e principalmente que se sintam bem.”
Castro (1998 p.61), ainda afirma que as pessoas que se sentem satisfeitas consigo mesmas são mais motivadas, produtivas e criativas, pois envolvem-se mais na solução de problemas, aproveitando oportunidades e enfrentando desafios, e possuem maior facilidade de realizar atividades com os amigos sentindo-se mais seguras para doar seus sentimentos e recebem com mais naturalidade os sentimentos dos que as cercam. Todas estas características são conseqüência da capacidade da própria pessoa em aumentar, valorizar e manter sua auto-estima e bons amigos. Este autor ainda afirma que a ligação entre adolescentes é fortalecida por emoções recíprocas e experiências compartilhadas.
Em relação à participação dos alunos nas aulas, de acordo com o quadro, os alunos responderam que é por que faz parte do currículo da escola, porque se não fizessem atividades físicas nas aulas, quem sabe alguns dos alunos nem praticaria nenhuma atividade física. Assim também Soares (1992) nos traz como subsídios na citação seguinte: [...] a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento cientifico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referências do pensamento humano: a ideologia, as atividade dos alunos, as relações sociais, entre outras.
Já em relação em que ou alunos gostam das aulas de Educação Física o item em que teve mais afirmações foi a que eles se sentem integrados ao grupo sendo afirmações. No item em que esqueço das outras aulas os alunos discordam com essa esse item. Nesse sentido, Lovisolo (1995, p.9) destacou que: “a disciplina de Educação Física é a que os alunos mais gostam (sentem-se motivados), porém não é a primeira em importância.”
Segundo o autor, “os alunos distinguem, portanto, entre o gostar, o prazer que uma disciplina pode lhes proporcionar e a utilidade que as outras disciplinas podem ter para sua vida no mundo de trabalho.”
Conforme Castro (1998, p.63), deve-se manter a auto-estima das pessoas tendo o cuidado de não ferir os sentimentos de valor individual de cada um, principalmente ao discutir problemas, isso se consegue focalizando os fatos em vez da pessoa eleva a motivação reconhecendo as boas idéias, demonstrando confiança na capacidade e tratando as pessoas e os amigos como indivíduos competentes e integrados a sociedade.
Concordando Claret (1998 p. 21), diz que todos os estudos motivacionais já realizados chegaram à mesma conclusão, a de que as pessoas desempenham melhor as tarefas que elas mesmas já conhecem e estão motivadas a realizar.
Quando questionados sobre os motivos extrínsecas pelos quais os alunos não gostam das aulas de Educação Física (Quadro 2), eles sentem-se incomodados pelo fato de não se sentirem integrados ao grupo (19 alunos), e também quando os alunos não gostam das aulas quando os colegas querem demonstrar que são melhores uns que os outros (18 alunos)
Conforme Castro (1998, p.63), deve-se manter a auto-estima das pessoas tendo o cuidado de não ferir os sentimentos de valor individual de cada um, principalmente ao discutir problemas, isso se consegue focalizando os fatos em vez da pessoa eleva a motivação reconhecendo as boas idéias, demonstrando confiança na capacidade e tratando as pessoas e os amigos como indivíduos competentes e integrados a sociedade.
Já em relação de não se sentirem integrados ao grupo pode se relacionar o fato de não serem bom nas atividades, sendo assim, Mattos (2000 apud CASTELHANI FILHO, 1998; CAVALCANTI 1982), salientam que quando mal trabalhada a Educação Física tem colaborado para a concepção de que uns nascem bons e os outros devem procurar outras atividades e que o ganhar e o perder prepararão o indivíduo para o nosso modelo de sociedade.
Para Kunz (2001, p. 97), quando, porém, em seu mundo vivido fora do contexto escolar, nas suas atividades de movimentos e jogos, os alunos também se confrontam somente com as formas esportivas padronizadas para o seu movimentar, existem assim para eles apenas duas opções: ou eles participam com “entendidos do esporte”, nas modalidades que se praticam neste contexto, procurando elevar cada vez mais o seu nível de “entendimento” e experiência para esta prática; ou eles se distanciam por não se “entenderem” com este mundo do movimento e do jogo, de forma que nesta opção restam apenas as possibilidades de se conformarem com a televisão ou outras atividades passivas realizadas no reduzido espaço do lar.
Segundo Mattos (2002, p.81), a missão que cabe aos profissionais de Educação Física é desenvolver uma pedagogia esportiva que possibilite o acesso à cultura esportiva desmistificada a todos os indivíduos, para que se sintam integrados aos grupos de colegas.
No quadro abaixo, será apresentada a freqüência de respostas sobre questões de motivação intrínseca pela qual os alunos participam das aulas de Educação Física, do pré-teste e do pós-teste.
Questão 1 |
Participo das aulas de Educação Física por que: |
Pré Teste |
Pós Teste |
Itens |
Gosto das atividades físicas |
13 |
23 |
As aulas me dão prazer |
7 |
24 |
|
Gosto de aprender novas habilidades |
8 |
18 |
|
Acho importante aumentar meus conhecimentos sobre esportes e outros conteúdos |
8 |
15 |
|
|
Sinto-me saudável com as aulas |
11 |
20 |
Questão 2 |
Eu gosto das aulas de Educação Física quando: |
|
|
Itens |
Aprendo uma nova habilidade |
7 |
18 |
Dedico-me ao máximo a atividade |
15 |
23 |
|
Compreendo os benefícios das atividades propostas em aula |
11 |
24 |
|
As atividades me dão prazer |
15 |
24 |
|
O que eu aprendo me faz querer praticar mais |
13 |
20 |
|
Movimenta meu corpo |
18 |
24 |
|
Questão 3 |
Não gosto das aulas de Educação Física quando: |
|
|
Itens |
Não consigo realizar bem as atividades |
18 |
7 |
Não sinto prazer na atividade proposta |
19 |
4 |
|
Quase não tenho oportunidade de jogar |
18 |
3 |
|
Exercito pouco o meu corpo |
15 |
7 |
|
Não há tempo para praticar tudo o eu gostaria |
11 |
25 |
Quadro 2. Resultados dos motivos intrínsecos pelo qual os alunos participam das aulas de Educação Física o pré e pós-teste
Nesse quadro pode-se observar como os alunos estão desmotivados pela prática da Educação Física.
A partir das anotações realizadas no diário de campo, verificou-se o desinteresse dos alunos pelas aulas, uma vez que relatam que as atividades estão desmotivantes, pois sempre são as mesmas atividades e são sempre os mesmos alunos que participam dessas. Frente a esse relato, verifica-se no quadro 3 que 18 alunos salientam que quase não tem oportunidade de jogar, confirmando o que foi registrado no diário de campo com base no relato dos alunos.
E ainda, verifica-se que o tempo é pouco para eles praticarem tudo o que gostariam (11 alunos). Chicati (2000, p.104) também verificou que as aulas de Educação Física não são tão motivadoras no ensino médio, pois os alunos vêm tendo sempre os mesmos conteúdos desde o ensino fundamental, sendo o desporto o mais ministrado. Porém Ferreira (2001, p.43) relata que a Educação Física talvez seja uma das poucas disciplinas a desenvolver os mesmos conteúdos da 5ª série do ensino fundamental até a última série do ensino médio.
Correia (1996) salienta que o adolescente necessita de movimento, pois este amplia a sua capacidade de analisar a realidade que está em sua volta, por isso as aulas de Educação Física devem apresentar um caráter essencialmente participativo, diversificado e equilibrado diante dos alunos.
Deci e Ryan (1985, p.76) salientam que a atividade precisa ser desafiante, a fim de que a competência percebida ocorra num contexto de autodeterminação, o que implica a oportunidade de fazer escolhas. Nesse sentido, as anotações no diário de campo permitiram inferir que, em relação à discordância, os alunos estavam mais desmotivados nos itens, “exercito pouco o meu corpo” e “quase não tenho oportunidade de jogar”. Com base nessa constatação, foram elaboradas atividades para que todos participassem.
Betti (1992, p.22), salienta os motivos pelos quais os escolares fazem Educação Física, mesmo que não sendo obrigatório. São eles: motivação intrínseca, condição física e saúde, aprendizagem esportiva, lazer e divertimento, oportunidade para reforçar e ampliar amizades (que estão no centro dos valores e motivações dos escolares).
A grande maioria dos alunos gosta da aula por distração, se sentem motivados para participação e movimentam o corpo sentindo prazer pela prática. Nessa perspectiva, Carreiro da Costa (1998, p.65) enfatiza que as motivações intrínsecas são mais duradouras e persistentes, pois estão relacionadas com a própria prática e com os sentimentos que ela provoca nos indivíduos, sendo motivos internos o prazer, a alegria da realização e a satisfação da aprendizagem, que auxiliam no desenvolvimento de outros tipos de necessidades, tais como a competência e a autonomia humana.
Já na área da saúde os alunos acham essencial a prática de atividades e ou exercícios para a saúde, mas afirmam que tem pouco tempo para a prática de exercícios na aula de Educação Física.
Nesse sentido Minayo (1992, p.10) define saúde como: “o resultado das condições de alimentação, renda, meio ambiente, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso aos serviços de saúde. É, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida”.
Guedes e Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos promove a saúde. Defendem a inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, os quais determinam e são determinados pelo estado de saúde do indivíduo.
Betti (1992, p.23) diz que a “motivação, vinda de propostas diversas torna mais prazerosa a aprendizagem. Assim podemos perceber um elo entre motivação e prazer”.
O autor acrescenta que nem sempre a motivação é uma garantia de prazer, pois este depende de condições internas e externas do indivíduo; entende-se, portanto, que há necessidade da motivação intrínseca para que se vivencie o prazer.
Depois de ter feito a intervenção foi aplicado novamente o questionário de motivação intrínseca onde verificou-se resultados positivos, com base no planejamento da pesquisadora.
Organizaram-se as aulas considerando-se os apontamentos feitos pelos alunos e assim as atividades cumpriram com os objetivos da escola (de acordo com os conteúdos da educação física escolar para 2009), sendo que a estratégia utilizada foi de atividades recreativas onde visualizava-se a alegria, prazer e criatividade dos alunos. O instrumento ainda que ajudou a pesquisadora a relatar as situações foi o diário de campo.
As atividades recreativas devem ser espontâneas, criativas e que nos traga prazer. Devem ser espontânea, diminuindo as tensões e preocupações (TOSETI, 1997, p. 14).
No ultimo quadro pode-se observar na comparação do pré para o pós-teste, como foram positivas as alterações, com aulas bem elaboradas e planejadas onde todos se sentiam bem em fazer todas as práticas, dependendo de bom planejamento do professor.
Sendo assim, Florence (1991 apud LÓPEZ, 2001), relata que a motivação dos alunos no processo de ensino aprendizagem é fundamental, uma vez que, caso sinta prazer e desejo pelas aulas, o aluno torna-se mais ativo, prestando mais atenção às explicações e questionando-as; coopera mais com os colegas, interessa-se por suas ações, sentindo mais prazer e vontade de aprender nas aulas de Educação Física.
Conclusão
O presente estudo objetivou verificar quais os motivos intrínsecos e extrínsecos que levam os alunos do 2º ano do Ensino Médio a participarem das aulas de Educação Física e com base nesse diagnóstico foi realizada uma intervenção.
Verificou-se que em relação à motivação extrínseca, a participação dos alunos nas aulas de Educação Física está relacionada ao fato da presença dos amigos e também por que faz parte do currículo escolar.
Já na motivação intrínseca os resultados demonstraram que os alunos estão bastante desmotivados. As aulas não estão sendo bem planejadas, sendo assim foi feito uma intervenção trabalhando mais nos pontos em que os alunos se sentem desmotivados que foram onde muitos ficavam sem participar e poucos têm oportunidade de fazer atividades.
Após a intervenção verificou-se mudanças positivas em relação à motivação intrínseca foram as que todos pudessem participar da pratica das atividades propostas.
Conclui-se que com base nesses resultados foi feita uma intervenção onde as aulas estiveram centradas em atividades de movimento no esporte. Após a intervenção foi novamente aplicado um dos instrumentos (questionário de motivos intrínsecos) e verificou-se que as aulas foram aprovadas onde tudo foi observado e anotado no diário de campo onde identificou-se grande satisfação dos alunos pela pratica da atividade física.
Conclui-se também que se o professor tendo um bom planejamento de aula, e as aulas sendo mais dinâmicas mostrando se capaz de trabalhar com todos os alunos, fazendo que todos participam da aula, os alunos se sentiram mais motivados para a pratica de atividades.
Referências
BETTI, I.C.R. O prazer em aulas de Educação Física Escolar: a perspectiva discente. Dissertação (Mestrado em Educação Física). UNICAMP, Campinas, 1992.
BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.
CASTRO, Alfredo P. Motivação, Como Desenvolver e Utilizar Esta Energia. Rio de Janeiro, Campus, 1998.
CERVO, Amado Luiz. Metodologia Científica, 4.ed. São Paulo: Makron Books, 1996.
CHICATI, K.C. Motivação nas aulas de educação física no ensino médio. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v.11, n.1, p.97-105, 2000.
CLARET, Martin. A ESSÊNCIA da motivação: a arte de viver - a essência da sabedoria dos grandes gênios de todos os tempos. São Paulo: Martin Claret, 1998.
COSTA, L. P. (1989). Questões da Educação Física Permanente. Rio de Janeiro: EDUSRJ.
DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. 9. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
DE LARA, Robson Camargo; FRIGERI, Elis Regina. Motivos Intrínsecos que levam os estudantes do ensino médio a praticar aulas de Educação Física. Trabalho de Conclusão do curso de Educação Física. São Miguel do Oeste, SC. Universidade do Oeste de Santa Catarina (2008).
DE MARCO, A. & JUNQUEIRA, F. C. (1993). Diferentes tipos de influências sobre a motivação de crianças numa iniciação esportiva. IN PICCOLO, V. L. N. (org.), Educação Física Escolar: ser ou não ter? Campinas, SP: Editora da UNICAMP.
DECI, E.L., RYAN, R.M. Intrinsic Motivation and Self-Determination in Human Behavior. New York and London: Plenum Press, 1985.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar: Ampliando o enfoque. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.22, n.2, p. 41-54, jan. 2001.
GO TANI. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
GUEDES, D. P., GUEDES, Joana E. Atividade Física, Aptidão Física e Saúde. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Londrina, PR., v.1, n.1, p.18-35, 1995.
KOBAL, M.C. Motivação intrínseca e extrínseca nas aulas de educação física. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Campinas, UNICAMP, 1996.
KUNZ, Eleonor. Educação Física Ensino e Mudanças. Ijuí, Livraria Unijuí, 2001.
MAGGIL, R. A. (1984). Aprendizagem motora. Conceitos e Aplicações. São Paulo: Editora Bles Cher.
MARTINS JUNIOR, J. O papel do professor de Educação Física como motivador da prática desportiva permanente da comunidade. Revista O Professor, Universidade Estadual de Maringá, n.1 (3ª série), p.47-55, 1990
MARZINEK, Adriano. A motivação dos adolescentes nas aulas de Educação Física. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Brasília, Universidade Católica de Brasília (2004)
MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.
MINAYO, M. C. (org.). A saúde em estado de choque. 6. ed. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1992.
MOREIRA, Evandro Carlos, (org.). Educação Física escolar: desafios e propostas. Jundiaí,SP: Editora Fontoura, 2004.
NAVELO CABELLO, Rafael de Mato. Necesarias reflexiones en torno a la aplicación de los modelos de enseñanza de los juegos deportivos: una experiencia práctica en el voleibol. EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 10, n. 71, abr. 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/voleib.htm
NEVES, E. R. C.; BORUCHOVITCH, E. A motivação dos alunos no contexto da progressão continua. Psicologia: teoria e prática. Brasília, v. 20 n. 1, 2004.
PAES, Roberto Rodrigues. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ed. ULBRA, 2001.
PUENTE, M. (org.). Tendências Contemporâneas em Psicologia da Motivação. São Paulo: Autores Associados: Ed. Cortez, 1982.
REEVE, J. Motivación y Emoción. Madrid, Espanha: Mc Graw Hill, 1995.
SANTARÉM, José Maria. Textos selecionados sobre atividade física em geral e exercícios resistidos. Disponível em: http://www.saudetotal.com/saude/musvida/artigos.htm. Acesso em: Out. 2009
SEABRA, L.J. Educação Física Escolar e inclusão: de que estamos falando. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, n.73, junho 2004. http://www.efdeportes.com/efd73/inclusao.htm
TOSETI, Solange. A Educação Física. Rio Grande do Sul: Edelbra, 1977.
WITTER G. P. Psicologia da Aprendizagem: Aplicação na Escola. São Paulo: EPU, 1984.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 16 · N° 163 | Buenos Aires,
Diciembre de 2011 |