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Comparação entre índice de massa corpórea e porcentagem de gordura

de desportistas de academias de ginástica do Município de São Paulo

Comparación entre el índice de masa corporal y porcentaje de grasa de deportistas de gimnasios del Municipio de Sao Paulo

 

*Doutora em Nutrição e Saúde Pública

Docente do Centro Universitário São Camilo

**Nutricionista especializada em Fisiologia do Exercício

pela escola Paulista de Medicina e Fitoterapia

pela Faculdade de Ciências da Saúde

Responsável técnica geral da FGH Consultoria Nutricional

Nutricionista chefe responsável da rede Bio Ritmo Academia

***Discente do 7º e 8º semestre do Centro Universitário São Camilo

(Brasil)

Tamara Stulbach*

Fúlvia Gomes Hazarabedian**

Amanda Mendes de Almeida***

Anderson de Oliveira Rodrigues***

Gabriela Martinez da Costa***

Maria Tomasovich***

amandamendes.nutri@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A prática regular de atividade física é um fator de proteção necessário para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas, além de trazer benefícios como a redução do stress, depressão e o aumento da sensação de bem-estar, autoconfiança e satisfação pessoal. Para que seja averiguado se um programa de exercícios está sendo eficaz, é feita uma avaliação da composição corporal, por meio de diferentes técnicas, entre elas, os métodos antropométricos, o peso, altura e as dobras cutâneas são comumente utilizadas devido ao baixo custo e à simplicidade de utilização. O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido utilizado na avaliação do excesso de peso e da obesidade abdominal e a partir da bioimpedância elétrica (BIA) inúmeras equações foram desenvolvidas, considerando-se sexo, idade, estatura e doenças. O objetivo deste estudo é relacionar a classificação do estado nutricional (EN) através do IMC segundo a OMS (2000) e a porcentagem de gordura corporal segundo Lohman et al. (1988). Foi realizado um estudo descritivo, transversal com coletas de dados secundários, com 161 adultos de ambos os sexos, com idades entre 19 e 54 anos, freqüentadores de três academias de São Paulo. Foram coletados dados da ficha cadastral como sexo, faixa etária, peso, altura e porcentagem de gordura corporal anotados anteriormente pelo educador físico responsável pelo aluno. O IMC foi calculado a partir das medidas de peso e de altura utilizando-se a fórmula: IMC = Peso (kg) / (Estatura)²(m), e a porcentagem de gordura foi realizada através de BIA. A amostra constitui-se em sua maioria de mulheres, sendo 58,6% do sexo feminino e 41,6% do sexo masculino. Correlacionando o IMC com a porcentagem de gordura corporal, verificou-se maior quantidade de mulheres eutróficas com gordura moderadamente alta em relação à ideal e pequena quantia de homens com IMC sobrepeso e porcentagem de gordura ideal, caracterizando assim, o perfil destes desportista como, em grande parte, eutróficos com gordura ideal, e sobrepesos e obesos com excesso de adiposidade. Os resultados são diferentes quando comparados com homens e mulheres, principalmente no caso de mulheres eutróficas. Porém, torna-se evidente que o IMC não é um parâmetro adequado para ambos os sexos, já que a gordura corporal está associada aos níveis de atividade física ou aptidão física. O IAC (índice de adiposidade corporal) é um novo método utilizado para auxiliar a aplicação do IMC, onde são usadas medidas da circunferência do quadril e altura. Esses achados identificam que a utilização do IMC como método de classificação do EN tem suas limitações quando correlacionado a porcentagem de gordura corpórea em desportistas. Contudo, sugere-se que o IMC não é um bom método para indicar percentual de gordura corporal em desportistas eutróficos, sendo mais indicado para indivíduos com sobrepeso ou obesidade.

          Unitermos: Índice de massa corporal. Composição corporal. Estado nutricional. Antropometria.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática regular de atividade física é citada pela literatura como fator de proteção necessário para o não desenvolvimento de doenças crônicas. Segundo Suzuki et al. (2011), evidenciaram que a associação da prática de atividade física com o risco reduzido da doença cardíaca coronariana, hipertensão arterial, doença renal, diabetes tipo 2, osteoporose, câncer de cólon e mama, depressão e ansiedade, entre outros. Para Camões e Lopes (2008), outros benefícios podem surgir em nível psicossocial, como a redução do stress e da sintomatologia depressiva e o aumento da sensação de bem-estar, envolvendo maiores níveis de autoconfiança e conseqüente satisfação pessoal.

    Nas ultimas décadas, o corpo tornou-se alvo de uma atenção redobrada com a proliferação de técnicas de cuidado e gerenciamento dos corpos, tais como dietas, musculação e cirurgia estéticas. Homens e mulheres investem cada vez mais tempo, energia e recursos financeiros no consumo de bens e serviços destinados á construção e manutenção do invólucro corporal. Esse processo foi potencializado pela mídia, que adquiriu enorme poder de influencia sobre as pessoas na contemporaneidade, passando a ocupar um papel importante na disseminação de valores e padrões estéticos (ALBERTO et al., 2009).

    Com o passar dos anos adquiriu-se uma maior conscientização da real importância da atividade física para a manutenção e promoção da saúde. Na atualidade, a saúde tem sido definida não apenas como ausência de doenças (LIBERALI; ROBERTO, 2008). Atualmente, a procura por uma vida saudável, com alimentação equilibrada aliada a exercícios físicos está aumentando tanto entre aqueles que antes só se preocupavam com a estética, quanto em outros grupos com maior preocupação em relação à saúde. Neste último grupo, verifica-se um grande número de pessoas de idade mais avançada cuja idéia principal é prevenir doenças influenciadas diretamente pelo estilo de vida (DURAN et al., 2004).

    Além disso, Filardo e Leite (2001) relatam que um dos objetivos principais na procura do exercício físico é a redução de peso corporal, uma vez que o excesso de peso está associado a inúmeras condições clínicas, que são consideradas fatores de risco para doenças crônicas degenerativas.

    A grande maioria dos indivíduos ao aderirem a um programa de atividade física supervisionado, na maioria das vezes não tem clareza acerca dos benefícios da atividade física para a sua saúde, apenas desejam melhorias estéticas, apesar de adquirirem saúde e aptidão física (LIBERALI; ROBERTO, 2008).

    A avaliação da composição corporal é essencial para que seja averiguado se um programa de exercícios está sendo eficaz. Há uma disparidade de técnicas para a avaliação da composição corporal, entre os métodos antropométricos, o peso, altura, as dobras cutâneas são comumente utilizadas devido ao baixo custo operacional e à relativa simplicidade de utilização (AGUIAR et al., 2008).

    O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido vastamente utilizado na avaliação do excesso de peso e da obesidade abdominal, pois é uma classificação recomendada pela Organização Mundial da Saúde – OMS (2000) e pelo National Heart, Lung, and Blood Institute of the National Institute of Health – NIH (1998).

    É importante ressaltar que as categorias de IMC de adultos não são diferenciadas segundo o sexo, além de abranger uma ampla faixa etária (20 a 59 anos). Um fator que limita a aplicação do IMC é que ele não é capaz de fornecer informações relacionadas com a composição corporal. Pessoas com elevada quantidade de massa muscular podem apresentar elevado IMC, mesmo que a gordura corporal não seja excessiva (WITT; BUSH, 2005).

    Apesar de o IMC não fornecer informações relacionadas com a quantidade e distribuição da gordura corporal, muitos estudos demonstram a sua acuidade na avaliação do risco de mortalidade (CALLE et al., 1999; WIENPAHL; RAGLAND; SIDNEY, 1990; ZHU et al., 2003).

    O aumento precoce de doenças crônicas não-transmissíveis está associado significativamente com elevados níveis de gordura corporal. Por outro lado, níveis de gordura extremamente baixos podem estar associados à bulimia nervosa, anorexia e desnutrição calórico-protéica. Portanto, quantificar a gordura corporal com o menor erro possível torna-se fundamental, fato que tem levado pesquisadores a desenvolverem e validarem diferentes técnicas para estimá-la, tais como: pesagem hidrostática, antropometria, bioimpedância elétrica, absortometria de raio-X de dupla energia, pletismografia, entre outras (GLANER, 2005).

    A bioimpedância elétrica (BIA) fornece dados que não constituem medidas diretas de qualquer estrutura biológica de interesse como, por exemplo, gordura ou massa muscular. Nessa técnica, as estimativas são conseguidas a partir de equações empíricas que provêem valores para a água total do organismo e, então, o teor de massa magra e o teor de gordura, num modelo de dois compartimentos. Assim, no que concerne à composição do corpo avaliada pela BIA, inúmeras equações foram desenvolvidas, considerando-se sexo, idade, estatura e, também, doenças (PONGCHAIYAKUL, 2005).

    Desta maneira, o objetivo deste estudo é relacionar a classificação do estado nutricional (EN) através do IMC segundo a OMS (2000) e a porcentagem de gordura corporal por meio de BIA, classificando-a segundo Lohman et al. (1988).

Materiais e métodos

    Trata-se de um estudo descritivo, transversal com coleta de dados secundários.

    Este trabalho foi realizado em três academias de uma rede, agregadas a uma instituição bancária de grande porte, situadas nas regiões leste e sul do município de São Paulo, a qual atende principalmente funcionários administrativos de ambos os sexos.

    Foram avaliados 161 adultos de ambos os sexos, com idades entre 19 e 54 anos e que voluntariamente participaram do estudo.

    A dinâmica do estudo compreende em relacionar o EN dos freqüentadores destas academias conforme as classificações do IMC segundo o preconizado pela OMS (2000) (Quadro 1) e da porcentagem de gordura segundo Lohman et al. (1988) (Quadro 2).

    Foram coletados dados da ficha cadastral como sexo, faixa etária, peso, altura e porcentagem de gordura corporal anotados anteriormente pelo educador físico responsável pelo aluno. O IMC foi calculado a partir das medidas de peso e de altura utilizando-se a fórmula: IMC = Peso (kg) / (Estatura)²(m), e a porcentagem de gordura foi realizada através de BIA.

    A técnica para pesagem consistiu em utilizar balança profissional com bioimpedância modelo TANITA, sendo que a pessoa ao ser pesada encontrava-se com o mínimo de roupa possível e sem sapatos, sendo medida, de preferência, antes do café da manhã. O educador físico então registrava o peso e a porcentagem de gordura na ficha cadastral do aluno.

    Para a conferência da estatura utilizou-se o estadiômetro modelo SANNY, uma vez que os indivíduos foram medidos em pé, descalços, com os calcanhares juntos, costas retas, braços estendidos ao lado do corpo e cabeça posicionada num ângulo de 90º com o pescoço. Após, o educador físico anotava a estatura na ficha cadastral do aluno.

    Para a análise estatística, utilizou-se o programa Microsoft Word Excel®.

    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário São Camilo, sob o número COEP 047/05.

Quadro 1. Classificação do EN segundo órgãos internacionais

 

Quadro 2. Classificação da porcentagem de gordura corporal segundo Lohman et al. (1988)

Resultados

    A amostra do estudo constitui-se em sua maioria de mulheres, sendo 58,6% do sexo feminino e 41,6% do sexo masculino. Os clientes eram, em grande parte, jovens com idades entre 19 e 30 anos (63,4%). Com relação ao EN, verificou-se que 2,5% da população total apresentavam desnutrição, 57,8% encontravam-se na eutrofia, 31,1% mostraram sobrepeso e 8,6% estavam obesos.

    Observando o EN conforme o sexo, nota-se que a prevalência de eutrofia foi maior no sexo feminino, já que o EN de sobrepeso e obesidade ocorreu, em sua maioria, no sexo masculino.

Gráfico 1. Comparação do EN pelo IMC, segundo o sexo de freqüentadores de academia de São Paulo, SP, 2011

    A porcentagem de gordura corporal total da população foi analisada conforme o sexo, como observado na tabela 1, aonde se pode notar uma prevalência maior nas mulheres, que apresentaram 35,1% de adiposidade corporal moderadamente alta, sendo este o resultado mais elevado.

Tabela 1. Classificação do percentual de gordura corporal segundo o sexo, de freqüentadores de academias de São Paulo, SP, 2011

    Foram realizadas ainda, correlações entra o IMC e a porcentagem de gordura corporal, segundo o sexo dos clientes (Tabela 1 e 2). Verifica-se que a maior parte das mulheres eutróficas estavam com porcentagem de gordura moderadamente alta, enquanto que os homens em eutrofia apresentaram, em sua maioria, gordura corporal ideal. Contudo, ao analisar os indivíduos com sobrepeso, encontram-se 5 desportistas do sexo masculino com adiposidade corporal ideal, e no sexo feminino não há registros de tal correlação.

Tabela 2. Correlação entre IMC e % de gordura para o sexo feminino de freqüentadoras de academia, São Paulo, SP, 2011

 

Tabela 3. Correlação entre IMC e % de gordura para o sexo masculino de freqüentadores de academia, São Paulo, SP, 2011

    Averiguou-se também a relação entre o EN e a classificação de percentual de gordura corporal, comparando-os segundo o sexo, e obtiveram-se os seguintes gráficos:

Gráfico 2. Correlação do EN de eutrofia e a classificação de percentual de gordura 

corporal segundo sexo, de freqüentadores de academias de São Paulo, SP, 2011

 

Gráfico 3. Correlação do EN de sobrepeso e a classificação de percentual de gordura 

corporal segundo sexo, de freqüentadores de academias de São Paulo, SP, 2011

 

Gráfico 4. Correlação do EN de obesidade e a classificação de percentual de gordura 

corporal segundo sexo, de freqüentadores de academias de São Paulo, SP, 2011

    Perante os gráficos, pode-se observar que em relação ao EN de eutrofia, as mulheres demonstraram elevada adiposidade corporal (n=28), quando comparada aos homens (n=4). Apenas indivíduos sobrepeso do sexo masculino apresentaram porcentagem de gordura corporal ideal (n=5), e nenhum indivíduo com obesidade mostrou-se com gordura corpórea ideal.

Discussão

    De acordo com os resultados obtidos, observamos que a maioria das mulheres apresentou um percentual de gordura moderadamente alto, apesar de demonstrarem-se eutróficas segundo IMC. Em relação aos homens, foi observado que a maioria está com porcentagem de gordura ideal e na faixa de eutrofia segundo IMC. O resultado referente ao sexo feminino esta de acordo com estudo publicado por Nunes et al. (2009), onde a classificação através do IMC não mostra ser um bom marcador quantitativo para a gordura corporal de eutróficos, principalmente em mulheres que fisiologicamente possuem gordura corpórea superior ao dos homens.

    Os estudos Costa et al. (2007) e Glaner (2005) demonstraram limitações e evidenciam que não existe correlação precisa entre o IMC e a porcentagem de gordura corpórea, como por exemplo, indivíduos com IMC que apresentam-se dentro do padrão de normalidade, mas possuem uma quantidade de gordura corporal acima do ideal, confirmando relatos de que o IMC não é um bom indicador quantitativo de adiposidade corporal, podendo subestimar o percentual de gordura e classificar de forma errônea indivíduos com excesso de adiposidade. O mesmo pode ocorrer com indivíduos que possuem excesso de massa magra, que na classificação da OMS (2000) encontram-se na categoria de sobrepeso, e até obesidade. Isto acontece frequentemente com atletas de alto nível, que realizam treinos de alta complexidade com finalidade de competição e necessitam ter a musculatura desenvolvida, e raramente sucede-se com desportistas, que treinam de quatro a seis vez por semana, apenas com a finalidade qualidade de vida e definição muscular.

    Embora o IMC seja um método internacionalmente aceito para classificação do EN, ele não avalia a composição corporal. O IMC é simplesmente uma relação entre o peso e a altura dos indivíduos, que apresenta limitações como: 1) a relação com a proporcionalidade do corpo – pessoas com pernas curtas terão IMC aumentado; 2) relação com a massa livre de gordura, especialmente em homens, pois um desenvolvimento muscular pode levar a interpretações equivocadas na identificação da obesidade (COSTA et al., 2007).

    Desta forma, a adoção do IMC pode gerar avaliações imprecisas e, conseqüentemente, os possíveis programas de intervenção ou prescrição de atividades também não serão corretos. Assim, o uso somente do IMC poderá influenciar um diagnóstico incorreto (RAMALHO et al., 2009).

    Contudo, os resultados encontrados por Glaner (2005) e Costa et al. (2007) demonstraram correlação entre a classificação de IMC sobrepeso ou obesidade e porcentagem de gordura elevada, sendo estes compatíveis e confirmando a concordância do diagnóstico do EN com o presente experimento.

    Rezende et al. (2010) concluíram que o IMC maior ou igual a 25kg/m² apresenta alta sensibilidade ao relacionar sobrepeso e obesidade à adiposidade corporal elevada, sendo adequado para estudos populacionais com objetivo de identificar obesidade abdominal e elevado percentual de gordura abdominal, e coligar estes dados a indivíduos com risco cardiovascular. Este estudo ressalta ainda a necessidade de combinações de medidas antropométricas na avaliação do EN, visto que o mesmo detectou indivíduos com obesidade abdominal que não se encontravam obesos segundo a classificação do IMC.

    Adversamente ao experimento de Carasco et al. (2004), o IMC no atual estudo não foi um bom indicador de gordura corporal no sexo feminino quando comparado ao sexo masculino, uma vez que depare-se com um número maior de mulheres em eutrofia com percentual de gordura moderadamente alto em relação aos homens.

    Assim, torna-se evidente que o IMC não é um parâmetro adequado para averiguar se homens e mulheres eutróficos possuem níveis de gordura corporal adequados em relação à saúde, principalmente no sexo feminino, uma vez que os homens possuem fisiologicamente massa magra superior, e portanto, têm maiores possibilidades de apresentar porcentagem de gordura corporal ideal. Isto ocorre também porque desportistas podem apresentar um IMC dentro do padrão ideal e, no entanto, possuírem uma quantidade de adiposidade corporal fora da normalidade, já que não praticam treinos intensos e extremamente regrados, como foi observado nos gráficos 2 e 3 do presente experimento (REZENDE et al., 2010).

    Esta falta de congruência entre o IMC e a gordura corporal pode ser explicada não só pela fragilidade deste índice, mas também pelo fato de a gordura corporal estar associada aos níveis de atividade física ou aptidão física (GLANER, 2005).

    Concomitante, em busca da melhor técnica para verificar níveis de gordura corporal, recente Bergman et al. (2011) sugeriram um novo método para avaliação da porcentagem de gordura corporal, denominado como índice de adiposidade corporal (IAC), que pode ser calculado apenas com as medidas da circunferência do quadril e altura. Ele pode ser usado na prática clínica, mesmo em locais remotos e com acesso limitado a escalas de confiança. O IAC estima diretamente a porcentagem de adiposidade corporal, podendo ser um bom parâmetro para auxiliar a aplicação do IMC.

Conclusão

    A utilização do IMC como método de classificação do EN tem suas limitações quando correlacionado a porcentagem de gordura corpórea em desportistas, tanto em homens como em mulheres, embora o mesmo tenha se mostrado mais compatível em relação ao sexo masculino que encontram-se eutróficos, devido à maior quantidade de massa magra em relação às mulheres.

    Com relação à classificação de sobrepeso e obesidade, o IMC demonstrou ter parâmetros mais relevantes a proporção de porcentagem de gordura corporal igual para os dois sexos, já que indivíduos com EN fora da normalidade do índice apresentam real excesso de adiposidade, uma vez que tal público não possui característica atlética, ou seja, com finalidade de competição e, portanto, musculatura desenvolvida.

    Deve-se salientar a importância de mais estudos relacionando IMC e porcentagem de gordura corporal com o mesmo método de avaliação antropométrica, pois diferentes procedimentos dificultam a determinação de um padrão para tal avaliação e posterior comparação.

    Contudo, todos os experimentos demonstraram resultados similares aos dados encontrados nesta população, sugerindo que o IMC não é um bom método para indicar percentual de gordura corporal em desportistas eutróficos, sendo mais indicado para indivíduos com sobrepeso ou obesidade.

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