Desenvolvimento motor de crianças com idade entre 5 e 10 anos El desarrollo motor en niños de 5 a 10 años |
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*Especialista em Psicomotricidade **Especialista em Fisiologia do Exercício, UFPR (Brasil) |
Cláudio José Kröitts Silva* Valéria da Rosa Alano** |
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Resumo Introdução: o processo de desenvolvimento motor em crianças vem se estudando cada vez mais, a fim de elucidar estratégias para a melhora do desempenho em escolares tanto para aprendizagem cognitiva quanto motora. Objetivos: Avaliar o desenvolvimento motor de crianças com idades entre 5 e 10 anos matriculadas em escola pública da rede estadual do município de Lages/SC. Materiais e métodos: Amostra foi composta por 160 escolares com idades entre 5 a 10 anos (pré-escolar a 4ª série) de ambos os sexos sendo 80 meninas e 80 meninos, foi realizada a aplicação da EDM de acordo com a Escala Motora proposta por ROSA NETO (2002). Para a apresentação dos dados foi utilizada a estatística descritiva através de médias, valor mínimo, máximo e desvio padrão. Resultados: A maior predominância de alunos por série escolar foi a 3ª série (32,5%), seguido da 2ª serie (21,25%), 1ª serie (17,5%), 4ª série (16,88) e pré-escolar (11,87%). De acordo com a freqüência e porcentagens dos escolares pode-se perceber que 50% pertencem ao sexo masculino e 50% ao sexo feminino. O desenvolvimento motor do grupo também teve classificação “normal médio”. A maioria dos pesquisados são classificados como normal médio 53,1%, seguido de normal baixo 20,6%, normal alto 10,6%, inferior 7,5%, superior e muito inferior 3,1% respectivamente, o menor valor obteve classificação de muito superior 1,9%. Conclusão: observa-se que os escolares encontram-se dentro da normalidade em relação ao desenvolvimento motor de acordo com a idade. Unitermos: Perfil motor. Escolares.
Abstract Introduction: The process of motor development in children has been increasingly studied to elucidate strategies for performance of a school for a better motor and cognitive learning. Objectives: To evaluate the motor development of children aged between 5 and 10 years enrolled in public schools of the state of the city of Lages / SC. Materials and methods: The sample consisted of 160 schoolchildren aged 5-10 years (preschool-4th grade) of both sexes with 80 girls and 80 boys, was made the application of EDM in accordance with the Motor Scale proposed by ROSA NETO (2002). For the presentation of data was used descriptive statistics as mean, minimum, maximum and standard deviation. Results: The predominance of students per grade level was grade 3 (32.5%), followed by second grade (21.25%), grade 1 (17.5%), grade 4 (16.88) and pre -school (11.87%). According to the frequency and percentages of students can be seen that 50% were males and 50% female. Motor development group was also rated "average normal." The majority of respondents are classified as average normal 53.1%, followed by 20.6% below normal, normal high 10.6%, 7.5% lower, higher and much lower than 3.1%, respectively, the lowest value obtained rating much higher than 1.9%. Conclusion: it is observed that the students are within normal limits in relation to motor development according to age. Keywords: Motor profile. School.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O desenvolvimento motor é a continua alteração no comportamento do ser ao longo do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa biológica e as condições do ambiente em que se encontra o indivíduo (GALLAHUE, 2001). Segundo Kiphard (1976) a coordenação é a interação harmoniosa e econômica do sistema musculoesquelético do sistema nervoso e do sistema sensorial com a finalidade de produzir ações motoras precisas e equilibradas.
Especificamente, aquisição de habilidades motoras é o resultado de um mapeamento dinâmico entre percepção e ação, ou seja, um mapeamento do relacionamento entre as ações realizadas pelo executante e as conseqüências sensoriais provenientes desta ação. O processo de aquisição motoras, nesta visão, é o resultado da seleção de um determinado ato motor que, de acordo com as informações sensoriais, é o mais indicado para o conjunto de restrições que norteiam a ação (THELEN e ULRICH 1991 citado por HAYWOOD e GETCHELL, 2004).
Durante o processo de desenvolvimento motor ocorre uma série de mudanças físicas e mecânicas, onde os fatores do crescimento físico, da maturação, do desenvolvimento da aptidão física, da atividade física, da idade e da experiência estão inter-relacionados (FERREIRA e BÖHME, 1998; GALLAHUE, 2000).
De acordo com Magill (2000), defini-se habilidades motoras como habilidades que exigem movimento voluntário do corpo e/ou dos membros para atingir suas metas, há uma grande variedade de habilidades motoras, por exemplo, segurar uma xícara, andar, dançar, jogar bola e tocar um piano.
A aptidão física possui elementos relacionados á saúde e ao desempenho, sendo que a interação entre os componentes de aptidão relacionados á saúde e atividade física estão mais voltadas para as capacidades de resistência cardiorrespiratória, força, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal. Concomitantemente a aptidão relacionada ao desempenho e a atividade física estão mais dirigidos as capacidades de velocidade, coordenação, força explosiva, equilíbrio e agilidade (BÖHEME, 1993; GALLAHUE, 2000; SOUZA, NETO CANDIDO, 2002)
De acordo com Thelen e Ulrich (1991) citado por HAYWOOD e GETCHELL (2004) um paradoxo em desenvolvimento se baseia na universalidade do desenvolvimento em oposição às diferenças; indivíduos de uma espécie mostram grande semelhança em seu desenvolvimento, seguindo um curso quase estereotipado.
Segundo Magill (2001) citado por Gallahue (2000) uma tarefa fechada é aquela realizada num ambiente estável ou previsível onde a pessoa determina quando a ação deve começar.
Portanto o objetivo deste estudo é avaliar o desenvolvimento motor de crianças com idades entre 5 e 10 anos matriculadas em escola pública da rede estadual do município de Lages/SC.
Procedimentos metodológicos
Este estudo é do tipo descritivo de corte transversal, pois de acordo com Gil (1989), Rudio (1986) e Marconi e Lakatos (1992) as pesquisas descritivas tem como objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então, estabelecimento de relação.
Segundo Barbetta (2006) as variáveis são as características que podem ser observadas ou medidas em cada elemento da população, sob as mesmas condições.
Amostra foi composta por 160 escolares com idades entre 5 a 10 anos (pré-escolar a 4ª série) de ambos os sexos sendo 80 meninas e 80 meninos devidamente matriculados em uma escola da rede estadual de ensino do município de Lages/SC, denominada Escola Estadual Flodoardo Cabral.
A pesquisa foi realizada por partes:
Primeira parte
Segunda parte
Este instrumento foi elaborado por Rosa Neto (2002), a partir de outros testes motores respaldado por autores clássicos, tais como, Ozeretski, Brunet e Lezine, Berges e Lezine, Zazzo, Mira Stambak, Galifret-Granjon, Piaget e Head. A EDM (ROSA NETO, 2002) divide a avaliação em seis áreas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal/rapidez, organização espacial e temporal; além da lateralidade (mão, olhos e pés). Para análise dos testes, utiliza-se a ficha de avaliação motora.
Aplicação
Duração
População de aplicação
Material
Motricidade fina: 6 cubos de 2,5 cm; linha nº 60; agulha de costura (1cm x 1 mm); um cordão de sapatos de 45 cm; cronômetro sexagesimal; papel de seda; bola de borracha ou bola de tênis de campo – 6 cm de diâmetro; cartolina branca; lápis; borracha e folhas de papel em branco; uma folha complementar (teste do labirinto)
Motricidade global: banco de 15 cm de altura; corda de 2 m; elástico; suporte para saltar; caixa de fósforo; cadeira de 45 cm de altura.
Equilíbrio: banco de 15 cm de altura; cronômetro sexagesimal.
Esquema corporal/rapidez: lápis e cronômetro sexagesimal; folha complementar (teste de rapidez).
Organização espacial: tabuleiro com três formas geométricas; palitos de 5 e 6 cm de comprimento, 1 retângulo e 2 triângulos de cartolina; 3 cubos de cores diferentes e figuras de boneco esquematizado.
Organização temporal: cronômetro e lápis;
Lateralidade: bola; tesoura; cartão de 15 cm x 25 cm com um furo no centro de 0,5 cm de diâmetro e tubo de cartão.
Os resultados dos quocientes motores obtidos na avaliação são assim classificados:
Quadro - classificação dos resultados para a avaliação motora
Classificação da EDM (ROSA NETO, 2002)
Procedimentos estatísticos
Para a apresentação dos dados foi utilizada a estatística descritiva através de médias e desvio padrão. Para a verificação do desenvolvimento motor foi utilizado o teste U de Mann Whithey (dados assimétricos), com p<0,05.
Resultados e discussão
Foram pesquisados 160 escolares, sendo 80 meninas e 80 meninos com idades entre 5 e 10 anos de idade, matriculados no pré-escolar a 4ª série.
Na tabela 1, estão apresentados os dados referentes à descrição da amostra quanto ao numero de escolares por série.
Tabela 01. Descrição da amostra em relação ao numero de alunos por série e sua respectiva porcentagem
A maior predominância de alunos por série escolar foi a 3ª série (32,5%), seguido da 2ª serie (21,25%), 1ª serie (17,5%), 4ª série (16,88) e pré-escolar (11,87%).
Tabela 02. Distribuição da amostra por gênero
De acordo com a freqüência e porcentagens dos escolares pode-se perceber que 50% pertencem ao sexo masculino e 50% ao sexo feminino.
Tabela 03. Distribuição da classificação do desenvolvimento motor do grupo avaliado
BATISTELLA (2001) em seu estudo avaliando o perfil motor de escolares de 6 e 7 anos de idade, sem dificuldades de aprendizagem, das escolas estaduais de Cruz Alta/RS1, demonstrou resultados do desenvolvimento motor classificado pela EDM como “normal médio”. Neste mesmo estudo, a organização espacial e a organização temporal foram as áreas que apresentaram os menores coeficientes, sendo classificados como “normal baixo”.
Ao pesquisar o perfil motor de crianças disléxicas de 6 a 10 anos ROSA NETO (2000) encontrou correlação significativa entre o desenvolvimento motor e o baixo rendimento escolar, sendo que a classificação motora geral foi “normal baixo”.
Em estudo realizado por ROSA NETO, COSTA e POETA (2005) com crianças de 4 a 12 anos com dificuldades de aprendizagem, apresentaram perfil motor geral classificado como “inferior”, com maior comprometimento no equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal.
De acordo com ROSA NETO et al (2000) em estudo realizado com escolares de 5 a 14 anos com problemas na aprendizagem, tendo a organização temporal, o equilíbrio e a organização espacial como áreas de maiores déficits.
A maioria dos pesquisados são classificados como normal médio 53,1%, seguido de normal baixo 20,6%, normal alto 10,6%, inferior 7,5%, superior e muito inferior 3,1% respectivamente, o menor valor obteve classificação de muito superior 1,9%.
De acordo com pesquisa realizada por ROSA NETO et al (2007) na classificação da EDM, 74,3% dos escolares apresentaram índice de “Normal Médio” a “Normal Baixo” com média do Quociente Motor Geral de 89,48 (normal baixo). Do total de escolares avaliados, 87,1% (n=27) apresentou média de 16 meses de atraso motor.
Os dados encontrados revelam que um número significativo de educandos com dificuldades na aprendizagem escolar apresentam importante atraso no desenvolvimento motor, bem como condições biopsicossociais adversas, demonstrando uma possível relação entre estes fatores (ROSA NETO et al., 2007).
Em relação à lateralidade predominante nesta população é o destro completo, mas uma porcentagem significativa da população (35,6%) apresenta sua lateralidade cruzada (PAZIN, 2006); distribuição da classificação da preferência lateral no presente estudo mostrou a maior prevalência para “destro completo” (51,6%), seguido de lateralidade cruzada (38,7%) e indefinida (9,7%). (ROSA NETO et al. 2007).
Segundo Rosa Neto (2002), o organismo humano possui uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta para a interação e estimulação desde o momento da concepção, passando pelo momento do parto e pelas sucessivas evoluções. O desenvolvimento infantil é influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. O ambiente em que vivemos, a alimentação, o espaço para os jogos e brincadeiras, a oportunidade de socialização e a educação formal através da escola, dentre outros, constituem elementos que participarão do desenvolvimento da criança.
No estudo de Rosa Neto, Poeta e Oelke (2005) com uma criança matriculada no ensino pré escolar com indicadores de altas habilidades, verificou-se que o seu desenvolvimento motor foi classificado de acordo com a EDM como superior, sendo que os maiores resultados foram na organização espacial, motricidade fina e organização temporal, todas com classificação “muito superior”.
Em estudo realizado com crianças de 6 a 10 anos (1ª a 4ª série do ensino fundamental) verificou-se um atraso motor de todas as áreas motoras, em relação à idade cronológica, com maior prejuízo no equilíbrio, organização espacial e organização temporal, 36,6% apresentam um nível de desenvolvimento normal baixo e 32,5% inferior mostrando assim um atraso no desenvolvimento das crianças obesas (PAZIN, FRAINER e MOREIRA, 2006).
Conclusão
Na classificação do desenvolvimento motor do grupo avaliado todas as áreas motoras foram classificadas em “normal médio”. O desenvolvimento motor do grupo também teve classificação “normal médio”.
Apesar de o grupo avaliado ter resultados satisfatórios é importante o desenvolvimento de tarefas que aprimoram as habilidades motoras principalmente no período escolar, enfatizando que é nesta idade que se desenvolve a maioria de suas habilidades sejam elas físicas motoras ou cognitivas.
Referencias
BARBETTA, P.A. Estatística Aplicada as Ciências Sociais. 6ªed. Editora, Florianopolis UFSC, 2006.
BATISTELLA, P. A. - Estudo de parâmetros motores em escolares com idade de 6 a 10 anos da cidade de Cruz Alta/RS. [Dissertação de Mestrado - Ciências do Movimento Humano], Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianopolis, 2001.
BÖHEME, M. T. S. Aptidão física: aspectos teóricos. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.7, p. 52-55, 1993.
FERREIRA, M.; BÖHME, M. T. S. Diferenças sexuais no desempenho motor de crianças: influência da adiposidade Corporal. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.12, n. 2, p. 92-181, 1998.
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2001.
GALLAHUE, D. Educação física desenvolvimentista. Sinergia, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 7-18, 2000.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1989.
HAYWOOD, K.M; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da Vida. 3.ed Porto Alegre: Artmed, 2004. Pág. 231.
KIPHARD E.J. Insuficiencias de movimiento y de coordinación en la edad de la escuela primaria. Buenos Aires: Editorial Kapelusz, 1976.
MAGILL, R.A. Aprendizagem motores Conceitos e Aplicações. 5ª ed. São Paulo, 2000, pág. 15.
MARKONI, M.A., LAKATOS, E.M. Metodologia do Trabalho Científico. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 1992.
PAZIN, J.; FRAINER, D.E.S.; MOREIRA, D. Crianças obesas têm atraso no desenvolvimento motor. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires - Año 11 - N° 101 - Octubre de 2006. http://www.efdeportes.com/efd101/criancas.htm
ROSA NETO, F. et al. Desenvolvimento Motor de Crianças com Indicadores de Dificuldades na Aprendizagem Escolar Revista Brasileira Ciência e Movimento, 15(1): 45-51, 2007.
ROSA NETO, F.; COSTA. S. H.; POETA, L. S. - Perfil motor em escolares com problemas de aprendizagem. Rev Pediatr Mod. xli (3): 109-117, 2005.
ROSA NETO, F; OLIVEIRA, A. J.; PIRES, M. M. S.; LUNA, J. L. S. - Perfil Biopsicossocial de crianças disléxicas. Temas sobre Desenvolvimento 9(51):21-24, 2000.
ROSA NETO, F.: BRAZ, A.L.O.; POETA, L.S.; OELKE, S.A. Perfil biopsiquico social de uma criança com indicadores de altas habilidades. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires - Año 10 - N° 82 - Marzo de 2005. http://www.efdeportes.com/efd82/psoc.htm
RUDIO, Introdução ao Projeto de Pesquisa Cientifica. Petropolis: Vozes, 1986.
SOUZA, O. F de; NETO CÂNDIDO, S. P. Alteração anual do desenvolvimento físico de meninos de 9 para 10 anos de idade. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Brasília, v.10, n.3, p. 19-24, 2002.
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