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Benefícios da prática regular de atividade 

física na prevenção e no controle da osteoporose

Beneficios de la actividad física habitual en la prevención y en el control de la osteoporosis

 

*Mestre em Educação Física (UNIMEP/SP)

**Graduada em Fisioterapia (UNIVERSO/RJ)

***Especialista em Educação Física (UGF/RJ)

****Graduado em Educação Física (UNIVERSO/RJ)

(Brasil)

Rubem Machado Filho*

Teresa de Jesus Machado**

Giovanni dos Santos***

Josué de Carvalho Câmara****

rubemfit@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A osteoporose é uma doença osteometabólica que resulta na perda progressiva de massa óssea, sendo as mulheres, no período pós-menopausa, as que mais sofrem com os efeitos dessa doença. O objetivo deste trabalho de revisão da literatura foi investigar os benefícios da prática regular de atividade física na prevenção à osteoporose

          Unitermos: Osteoporose. Atividade física. Qualidade de vida.

 

Abstract

          Osteoporosis is a bone metabolic disease that results in progressive loss of bone mass, and women post-menopause, suffer most from the effects of this disease. This work of literature review was to investigate the benefits of regular physical activity in preventing osteoporosis.
          Keywords: Osteoporosis. Physical activity. Quality of life.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A osteoporose tem sido recentemente reconhecida como um dos maiores problemas de saúde pública. Atingindo cerca de um terço das mulheres na pós-menopausa, tornou-se uma das doenças osteometabólicas mais comuns, sendo responsável por alto índice de morbidade e mortalidade entre os idosos, com enormes repercussões sociais e econômicas, provocando grande impacto na qualidade de vida e grau de independência nos indivíduos acometidos (NEVADA, OISHI, 2007).

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a projeção da população no Brasil mostra a tendência de crescimento do número de idosos, que deve alcançar 25 milhões de pessoas em 2020, a maioria composta por mulheres (aproximadamente 15 milhões) (PARAHYBA, VERAS, MELZER, 2000).

    A osteoporose é um problema clínico e social, pois pode dificultar o desenvolvimento das atividades cotidianas, influenciando o bem-estar e a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) (ARANHA et. al., 2006).

    Outro fator que pode influenciar a QVRS é a presença de comorbidades, fato que tende a aumentar com o passar dos anos de vida. A prática regular de atividade física possibilita a manutenção ou até mesmo a melhora do estado de saúde física e psíquica de indivíduos de qualquer idade, inclusive de pacientes com osteoporose (REBELATO et. al., 2006). A medida da QVRS em pacientes com osteoporose é válida no intuito de determinar as mudanças necessárias para obtenção do bem-estar do paciente (CVIJETIC et. al., 2002).

    O objetivo deste trabalho de revisão da literatura foi investigar os benefícios da prática regular de atividade física na prevenção à osteoporose, contribuindo assim para um melhor entendimento e, conseqüentemente, favorecendo futuros planejamentos de condutas eficazes para melhora da qualidade de vida.

Treinamento de força e osteoporose

    A atividade física tem sido descrita como uma das maneiras mais eficientes de se prevenir ou controlar doenças crônico-degenerativas como hipertensão arterial, doenças coronarianas, obesidade, ansiedade e osteoporose. As atividades físicas estão atualmente entre as principais estratégias de intervenção para prevenção em saúde pública, principalmente por atuarem na prevenção de várias doenças não transmissíveis como a osteoporose (MORAIS, ROSA, RINALDI, 2005).

    Em termos de prevenção da osteoporose, o exercício que exige carga de peso, tem geralmente provado ser mais efetivo do que atividades realizadas em posição sentada (SHEPHARD, 2003). Chow et al (1987) refere-se a um estudo realizado em 1983, o qual demonstrou que exercícios com cargas de peso aumentaram a densidade mineral da coluna lombar em 4 a 6% durante 8 a 9 meses em mulheres em período pós-menopausa, em contraste com indivíduos controle sedentários perderam de 1% a 3% de densidade mineral óssea durante o mesmo período. Barbosa et. al., (2000) argumentam que a atividade física regular parece ter efeito positivo em várias funções fisiológicas, e uma forma de atividade física que vem sendo bastante estudada em indivíduos idosos na última década é o treinamento contra a resistência ou treinamento de força. De acordo com SIMÃO (2003), o treinamento de força é usado para realçar o desempenho, prevenir lesões, melhorar a forma em geral, aumentar o tamanho do músculo e também em programas de reabilitação.

    Músculos fortes também protegem as articulações, resultando em menor risco de lesões ligamentares e problemas como dores nas costas (lombalgias). A partir da meia idade, bom nível de força muscular ajuda a prevenir a osteoporose e as quedas, preservando a independência das pessoas durante a fase de envelhecimento (NAHAS, 2001).

    Como se sabe, o tecido ósseo é dinâmico, ou seja, está em constante renovação para adaptar-se às cargas que lhe são impostas. Matsudo (1991), referindo-se à atividade física, especialmente àquelas que envolvem peso, sugerem um aumento da densidade óssea. As forças mecânicas proporcionadas pelo exercício agem sobre os osteoblastos para formar osso novo. O osso adapta-se à carga mecânica através do efeito piezoelétrico, ocasionando assim um aumento de densidade óssea.

    De acordo com Nunes (2001), outra forma de adaptação óssea a lei de Wolff que foi descrita pelo anatomista Julius Wolff, em 1982, que consiste em toda mudança na função de um osso é seguida por certas mudanças na arquitetura interna e na conformação externa. Isto quer dizer que o tamanho e a forma dos ossos mudarão à medida que forem utilizados de diferentes maneiras. O exercício também proporciona a hipertrofia da camada cortical e trabecular (WEINECK, 1991).

Atividades aeróbias e a densidade mineral óssea (DMO)

    Atividades físicas contínuas, como a dança, podem fornecer um estímulo osteogênico ideal na região do quadril, devido à quantidade de pequenos saltos que tipicamente ela oferece, transmitindo alta carga de impacto ao corpo, sendo possível maximizar o pico de massa óssea durante a puberdade e, desta maneira, reduzir o risco de fraturas osteoporóticas ao longo da vida (PAGLIARINI, PINTO, 2010).

    Durante a infância e adolescência, meninas ativas geralmente acumulam mais conteúdo mineral ósseo que aquelas menos ativas (MATTHEWS et al., 2006). Foi verificado por Duncan et al.(2002), que adolescentes praticantes de atividades físicas com sobrecarga axial sobre os ossos (no caso corrida) apresentam DMO total superior àquelas que praticam esportes com menor grau de sobrecarga (no caso, natação e ciclismo) mostrando, assim, o efeito positivo de exercícios com compressão axial sobre os ossos na DMO de adolescentes do sexo feminino sem alterações hormonais. Os autores ainda ressaltam que as forças de reação ao solo e compressão óssea são mais importantes na determinação da DMO do que a força muscular.

    No entanto, se ocorrer algum tipo de distúrbio alimentar, ainda que mantida a prática de atividade física, será observada forte associação entre restrição dietética e baixa massa óssea, conforme relatado por Barrack et al.(2008a). Em outro trabalho, o autor sugere que a prática de corrida e a demanda energética inadequada, relacionada ao volume dos treinos, pode determinar um risco no desenvolvimento ósseo das adolescentes, potencialmente irreversível no que diz respeito densidade óssea. No entanto, fica pouco claro, se a baixa DMO é resultado de perda óssea ou de um inadequado acúmulo mineral (BARRACK et al., 2008b).

    Assim, parece claro que a atividade física é benéfica para a adequada mineralização óssea durante a adolescência, sendo importante ressaltar que o treinamento em excesso, principalmente de endurance, associado à baixa ingesta calórica, pode tornar-se prejudicial no desenvolvimento ósseo de adolescentes do sexo feminino.

    Na investigação de Hind et al. (2006), com homens e mulheres que praticavam corrida há mais de três anos, foram encontrados baixos valores na DMO da coluna lombar em ambos os sexos quando comparados aos valores de referência, e dentre a amostra feminina, as que apresentaram menores valores de DMO foram aquelas que relataram distúrbios menstruais e faziam uso de contraceptivo oral. Associações entre corrida e massa óssea mostram ocorrer uma correlação negativa entre distância percorrida por semana e DMO da coluna lombar e fêmur, assim como ocorre uma associação positiva entre a massa corporal e a DMO em mulheres jovens (BURROWS et al., 2003).

    É consensual que os treinamentos baseados no acréscimo da massa muscular agem de forma a manter ou acrescentar a massa óssea, porém não há consenso sobre qual é a estratégia de treino mais adequada para maximizar o pico de mineralização óssea, fato este que possibilitaria que mulheres jovens conseguissem a partir do exercício físico, uma condição óssea ótima, evitando ou retardando a osteoporose.

Sobrecarga imposta pela massa corporal durante o exercício físico e o aumento na massa óssea

    As cargas mecânicas decorrentes do impacto com o solo durante a prática de exercícios refletem uma força de reação. Para obter indicadores dos níveis de sobrecarga a qual o aparelho locomotor é submetido no âmbito desportivo, estudos medem a FRS relativa ao PC com a utilização de plataformas de força (MOTTINI, CADORE, KRUEL, 2008). Os quadros 1 e 2 apresentarão valores de FRS relacionados à força vertical (MOTTINI, CADORE, KRUEL, 2008).

    Sendo assim, modalidades esportivas podem ser classificadas em modalidades de alto, moderado, baixo e sem impacto (GINTY et al., 2005), de acordo com a FRS relativa ao PC que apresentam (BRUNIERA; AMADIO, 1993, NIGG; HERZOG, 1994, AVIA apud KRUEL, 2000). O quadro 1 aponta valores que podem classificar modalidades esportivas em altíssimo, alto e baixo impacto.

    O quadro 2 apresenta a FRS em algumas modalidades esportivas.

Considerações finais

    De acordo com os textos estudados, está bastante claro e documentado que a mulher é mais acometida de perda mineral óssea do que o homem, principalmente após o período da menopausa.

    O conteúdo dos textos pesquisados demonstra que a atividade física regular iniciada na infância, pode aumentar o pico de massa óssea. Outro ponto observado é que a atividade física tem papel relevante sobre o aumento da massa óssea, e constitui uma forma eficiente e segura de prevenção e de tratamento da osteoporose.

    É importante observar que a intensidade da atividade física a ser aplicada deve ser dosada para cada faixa etária, pois fatores como a individualidade biológica e até mesmo as limitações impostas pela doença devem ser levadas em conta no momento de elaborar e prescrever um programa de atividade física.

    A literatura demonstra, através de inúmeros estudos, que o treinamento de força pode ser desempenhado por idosos com completa segurança, resultando em aumentos de massa muscular, diminuição de gordura corporal e aumento de densidade óssea, e que esses fatores podem melhorar a capacidade funcional resultando em uma melhora da qualidade de vida dessa população. É importante que se entenda que não se deve abandonar tratamento de reposição hormonal ou ingestão de cálcio aleatoriamente. A atividade física ou o treinamento de força são atividades que auxiliam na prevenção e na manutenção.

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