efdeportes.com

Contribuição da análise ergonômica do 

trabalho frente ao computador para ginástica laboral

La contribución del análisis ergonómico del trabajo frente a la computadora para la gimnasia laboral

 

Departamento Acadêmico de Educação Física

UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

(Brasil)

Daniel Vila Hreczuck

vila.hreczuck@gmail.com

Leandra Ulbricht

prof.leandra@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho frente ao computador, com o avanço da tecnologia, vem aumentando cada vez mais, em todas as áreas do conhecimento, e principalmente nas empresas. Contudo a postura adotada para a realização dessa atividade e o ambiente em que a mesma é realizada pode causar agravos na saúde dos trabalhadores, devido a diversas formas de sobrecarga que podem ocorrer durante a jornada de trabalho. Tendo em vista esses aspectos, um setor do técnico administrativo de uma instituição pública em Curitiba foi analisado, devido à quantidade de horas que os trabalhadores passam utilizando tal equipamento. Os métodos utilizados foram: Análise Ergonômica do Trabalho e Checklist para Análise das Condições do Posto de Trabalho ao Computador. Como principais resultados identificaram-se: dificuldade em realizar pausas, problemas com a luminosidade, excesso de ruído, a alternância constante de temperatura, mobiliário não adequado e condição ergonômica do local não satisfatória. Fatores que devem ser considerados para a prescrição de um programa de Ginástica Laboral. Sendo assim melhoras nas condições ergonômicas seriam necessárias além da aplicação de um programa de Ginástica Laboral para melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

          Unitermos: Trabalho com computador. Análise ergonômica do trabalho. Ginástica laboral.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A ergonomia é uma ciência aplicada a projetos de equipamentos e tarefas visando melhorar a segurança, conforto e eficiência no trabalho, se utilizando de diversos meios para adequar os movimentos executados pelos indivíduos a suas características, e assim, evitar o surgimento de lesões crônicas que podem ser causadas devido a esforços, movimentos repetitivos ou qualquer outro fator diretamente ligado ao desempenho da função de cada trabalhador. Um exemplo de atividade que pode desencadear lesões crônicas, pois geralmente é realizado com a manutenção da postura sentada por um longo período de tempo, é o trabalho realizado na frente do computador. Isso ocorre porque as cargas estáticas impostas por essa atividade podem limitar a irrigação sanguínea nos segmentos, prejudicando os músculos e as articulações levando conseqüentemente no surgimento de dores (DUL; WEERDMEESTER, 2004; GRANDJEAN, 1998).

    Para Alexandre (2007) medidas de precaução são necessárias quando se comenta sobre a prevenção de distúrbios relacionados ao trabalho, e dentro delas a autora cita algumas como: controle e mensuração dos distúrbios osteomusculares, orientações ergonômicas e posturais para os trabalhadores.

    Os programas de prevenção das patologias osteomusculares devem buscar o aprimoramento das condições ergonômicas nos ambientes de trabalho, bem como considerar ainda a saúde e segurança no ambiente de trabalho, como fatores que influenciam nessa prevenção (OLIVEIRA,1998; PORTO, 2002).

    A sobrecarga do trabalho também deve ser eliminada porque ela dificulta a captação de estímulo ou causa perda de eficiência na execução de um trabalho, aumentando o esforço (FALZON, 2007). Grandjean (1998) ilustra os fatores que poderão provocar sobrecarga: a intensidade e duração do trabalho físico e mental, ambiente (luz, ruído e clima), ritmo (noite/dia), alimentação e doenças e/ou dores.

    Um programa de incentivo a prática de exercícios físicos também é parte importante para a redução dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, visando promover uma atitude mais saudável por parte dos trabalhadores (DIAS e DANIEL, 2004). Uma maneira de fazer essa promoção seria através da Ginástica Laboral: exercícios realizados durante a jornada de trabalho com o intuito de reduzir os efeitos causados pelo desempenho incorreto das atividades de trabalho.

    Em estudo apresentado por Figueiredo e Mont’alvão (2008) foi demonstrada que a maior eficiência quando ocorre a interação de um programa de Ginástica Laboral com ações ergonômicas no ambiente de trabalho.

    Sendo assim essa pesquisa visa identificar os principais pontos ergonômicos que afetam os trabalhadores administrativos e discuti-los, possibilitando ao profissional da área de Educação Física o conhecimento sobre alguns focos a serem trabalhados na abordagem ergonômica e para elaboração do Programa de Ginástica Laboral.

Metodologia

    O setor foi selecionado para a pesquisa foi aquele que apresentava a maior utilização do computador pelos funcionários que faziam parte do grupo de técnicos administrativos de uma instituição pública da cidade de Curitiba.

    A pesquisa teve uma abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo, sendo utilizado o procedimento conhecido como: Análise Ergonômica do Trabalho - AET. Esta abordagem apresenta uma descrição completa do processo de trabalho, comparando o trabalho real com o que é prescrito, sendo que os dados coletados nesse processo permitem conclusões acerca de melhorias que podem ser prescritas para gerar benefícios a saúde do trabalhador e a produtividade da empresa (WISNER, 1987). Também foi utilizado o Checklist para Análise das Condições do Posto de Trabalho ao Computador (COUTO; SANÁBIO; LOPES, 2007).

    O setor em questão foi mapeado e os postos de trabalho foram numerados, para especificar os problemas de cada posto. Os dados acerca do ruído, luminosidade, temperatura e umidade foram coletados por um aparelho digital multifunção.

    Os dados ambientais do local de trabalho foram coletados no turno matutino e vespertino, sendo que apenas a luminosidade foi aferida em um único dia, no período vespertino e com as janelas e algumas das cortinas abertas.

Resultados e discussão

    A demanda observada pelo presente estudo foi o elevado tempo de trabalho despendido no computador, bem como os fatores ambientais e a postura adotada na realização do trabalho, que podem estar resultando no surgimento de dores multifocais crônicas nos trabalhadores de recursos humanos de uma instituição em Curitiba.

    Na análise da tarefa, pode-se verificar que o ambiente físico do setor investigado é composto por nove postos de trabalho, sendo que apenas sete estão sendo ocupados por trabalhadores efetivos, um dos postos está atualmente desativado e o outro é dividido por dois estagiários, um no período matutino e outro no período vespertino.

    O setor é responsável pelos recursos humanos da instituição, sendo assim o computador é elemento indispensável para os trabalhadores. São oito horas de trabalho, sendo a jornada iniciada às oito horas da manhã e encerrada às 18:00 horas, com um intervalo para o almoço das 12:00 até as 14:00 horas. Ainda existem duas pausas de 15 minutos para lanches, uma às 10:00 horas da manhã e outra às 15:30 horas.

    A atividade desempenhada pelos trabalhadores se relaciona com o manuseio de contratos, requerimentos e outros documentos, isso porque outros trabalhadores procuram o local para resolver questões de pagamento, férias, licenças para cursos, etc. Em função disso o trabalho é realizado quase que ininterruptamente no computador, muita leitura é realizada e certo espaço da mesa é ocupado pelos documentos.

    Os trabalhadores analisados realizam o atendimento aos outros funcionários da instituição por telefone ou pessoalmente e também participam com alguma freqüência de reuniões.

    Como o trabalho é realizado com o computador, alguns trabalhadores tentaram adequar seu posto, para adotar uma postura mais confortável, com isso o apoio de teclado próprio da mesa é utilizado em alguns postos e em outros o teclado é utilizado sobre o móvel.

    Sobre os 15 minutos de intervalo para lanches, os trabalhadores do setor investigado relataram não conseguir fazer esse tipo de pausa, pois recebem demandas nestes horários.

    Devido a isso, os trabalhadores acabam por passar praticamente o período inteiro de trabalho sentados em frente ao computador, perdendo dois momentos para descanso e conseqüentemente para alternância de postura.

    Dos nove postos de trabalhos existentes no local foram analisados os sete ocupados por funcionários efetivos, sendo que a idade média desses trabalhadores era de 39,71 anos, a altura média obtida foi de 161 centímetros, o tempo de serviço dos indivíduos nesse setor variou bastante, com média de 106,14 meses, enquanto que o tempo de serviço na instituição se mostrou mais elevado, com média de 154,85 meses (Tabela 1).

Tabela 1. Dados gerais

    As horas gastas em frente ao computador resultaram em uma média de aproximadamente oito horas (7,85 hs), um terço do dia, com uma variação de sete até 10 horas. Observando esse tempo elevado despendido no uso do computador, deve-se observar a maneira com a qual este aparelho é utilizado, pois o tempo de serviço diário somado aos anos exercendo a mesma função de maneira inadequada é causa prioritária no aparecimento de dores crônicas (GRIFFIN, 2001 citado por COSTA; XAVIER, 2006).

    Em estudo realizado por Moreira, Bartolomeu e Moreira (2008) também com trabalhadores de escritórios, o número de horas gastas na utilização do computador encontradas não foram tão altas: 21,87% passavam 8 horas, 35,95% passavam 6 horas, 4,87% cinco horas e 36,58% passavam 4 horas. Contudo, ao contrário do presente estudo só foi considerado o período de trabalho, o que pode justificar essa diferença. Esses dados evidenciam que a preocupação com o trabalho com o computador deve superar a jornada de trabalho e considerar também o tempo destinado ao lazer que é gasto no mesmo.

    As condições climáticas variaram entre 25,2 e 16,3 oC e a umidade do ar variou de 74,10% até 47,20% (Tabela 2).

Tabela 2. Dados ambientais

    Para temperatura Falzon (2007) sugere que o ideal é uma variação entre 20oC a 21 oC. Contudo, neste estudo uma aferição a temperatura foi inferior e em outra superou esses números. Couto (2007) em seu checklist aumenta um pouco o critério quanto à variação de temperatura e o descreve, entre 20oC e 23oC, mas ainda assim as temperaturas obtidas (16,3 oC e 25,2 oC) não se encaixam dentro do padrão.

    Essas diferenças podem afetar o trabalho de duas formas diferentes, a temperatura superior (sensação de calor) gera sonolência e a temperatura inferior (sensação de frio) atrapalha a concentração, fundamental no trabalho intelectual (GRADJEAN, 1998). A dificuldade de concentração influi diretamente na fadiga, gerando níveis elevados de fadiga mental ou até fadiga.

    Em uma cidade como Curitiba, aonde a temperatura chega a oscilar de 13oC para 25oC na primavera (SIMEPAR, 2010), um controle climático nos locais de trabalho seria interessante, já que grandes variações segundo IIda (2005) afetam o conforto térmico do trabalhador, prejudicando assim seu desempenho e podendo causar uma sobrecarga.

    A umidade também foi um fator que em ambas as aferições ficaram fora do padrão determinado entre 50 e 60% sugerido por Falzon (2007), na primeira aferição ela se mostrou inferior (47,20%) e na segunda superior (74,10%). A alteração de umidade gera desconforto similar ao proporcionado pelas variações de temperatura, isso porque afeta a regulação térmica corporal.

    Outro fator que afeta a concentração é o nível de ruído do ambiente, o limite de 65 dB não deve ser ultrapassado em ambientes onde o trabalho exija concentração, como o caso de escritórios (COUTO, 1995). No setor analisado foram encontrados dois valores distintos, 68,8 dB quando a janela estava aberta e 59,9 dB com a janela fechada. Ruídos acima de 65dB (como os encontrados na primeira aferição), já são capazes de proporcionar desagrado, dificultar a comunicação e aumentar a carga mental para a realização do trabalho (FALZON, 2007). Os trabalhadores do setor se queixaram também do ruído produzido pelo ar condicionado, mas não foram observadas diferenças significativas no nível de ruído quando o aparelho estava ligado. Mas, como em alguns horários do dia, os níveis de ruído já ultrapassam os 65 dB, qualquer ruído adicional, incrementa as dificuldades de concentração. Esses dados mostram um ambiente sonoro mais confortável quando as janelas estão fechadas, entretanto em dias quentes existe a impossibilidade de fazê-lo. Uma alternativa para manter o ambiente bem climatizado seria o ar condicionado, mas como o mesmo é antigo causa um ruído relatado como incômodo pelos os trabalhadores:

    “Quando precisamos usar o ar condicionado, o deixamos ligado por alguns momentos e depois desligamos, porque o barulho que ele emite incomoda bastante”.

    O quarto fator ambiental analisado foi a luminosidade, sendo verificada uma grande variação de posto para posto (Tabela 3).

Tabela 3. Luminosidade

    Os postos cinco e seis foram os que tiveram os valores de luminosidade mais elevados, isso pode ser explicado devido à proximidade de ambos das janelas. Conseqüentemente o posto 1, o mais afastado das janelas, apresentou os menores valores, o checklist elaborado por Couto (2007) preconiza que o ideal deve estar entre 450 e 550 lux, contudo Iida (2005) estipula uma margem maior, entre 200 e 600 lux e Grandjean (1998) sugere entre 500 até 700 lux.

    Esses dados mostram que não existe um consenso na literatura de um padrão para a questão da luminosidade. Mesmo assim nas aferições, os postos mais próximos das janelas apresentaram um índice de luminosidade superior a qualquer um dos três padrões citados (postos cinco e seis), o que pode resultar em ofuscamentos e até, em casos extremos a lesão da retina bem como sobrecarga mental de trabalho (COUTO, 1995).

    Os outros postos mais afastados das janelas, por sua vez, apresentaram valores menores, que se encaixam apenas nos valores sugeridos por Iida (2005), esta situação com luminosidade insuficiente pode provocar no trabalhador: fadiga visual, visão dupla, dores de cabeça, conjuntivite, lacrimação, irritação e diminuição da acuidade visual (GRADJEAN, 1998).

    Foram realizadas também, avaliações através de cada posto de trabalho e do setor no geral. Dos sete postos de trabalho avaliados quatro apresentaram condição ergonômica razoável e três apresentaram boa condição ergonômica. Entretanto na análise geral, o setor fica classificado em condição ergonômica ruim (Tabela 4).

Tabela 4. Análise das condições do posto de trabalho ao computador

    Dos sete quesitos analisados que são relacionados ao mobiliário, o que mais apresentou problemas com sua adequação foram a mesa e o suporte de teclado, além da cadeira que não conseguiu atingir 50% de adequação.

    No setor analisado existiam três formatos de cadeira distintos, sendo que algumas delas possuíam apoio de braços, algumas regulavam a altura do encosto, enquanto outras não. As cadeiras dos postos um, dois, três e quatro eram semelhantes, possuindo regulagem de todos os atributos da cadeira, se o sistema de regulagem não estivesse com problemas. As cadeiras dos postos de trabalho cinco e sete também eram semelhantes, sem apoio de braço e sem regulagem de altura do encosto. A cadeira do posto seis era a única, sem apoio para os braços, mas com regulagem de altura.

    Dessas cadeiras as que apresentaram melhor adequação ao trabalhador foram as dos postos três e cinco, enquanto que a cadeira do posto um foi a que apresentou a pior adequação. Moreira, Bartolomeu e Moreira (2008) sugerem que a ausência de apoio para os braços na cadeira geram desconforto à atividade dos trabalhadores, contudo no presente estudo esse fato não se confirmou, pois em apenas uma das cadeiras tal mecanismo não atrapalhava a aproximação do trabalhador ao seu posto de trabalho. Tal mecanismo de conforto é necessário para as cadeiras no caso do teclado ser utilizado sobre a mesa e quando o trabalho envolve outras tarefas como leitura, preenchimento de papeis, que não envolvem somente a digitação.

    Visualizou-se também, que uma das cadeiras que possuíam maior número de mecanismos de conforto recebeu a pior avaliação de adequação, isso porque ela apresentava problemas nos mecanismos e o indivíduo do posto não conseguia configurar a cadeira da maneira adequada.

    A Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) cita que uma cadeira para ser adequada deve possuir no mínimo cinco requisitos: possibilitar o ajuste de altura para apoio da musculatura dorso lombar, possibilitar rotação da cadeira para não provocar torção da musculatura do tronco, possuir ajuste para acomodação das nádegas, encosto estofado para apoio e relaxamento da musculatura superior das costas e possibilidade de ajustes para diversos tamanhos de comprimento de pernas (Pinheiro et. al., 2010). No setor analisado nenhuma das cadeiras se adequou ao padrão apresentado pela NR-17.

    Pesquisa de Pinheiro et. al. (2010) com trabalhadores de escritórios, também encontraram cadeiras não adequadas às normas citadas, menos da metade das cadeiras investigadas por eles (43%) possuíam regulagem de altura do assento, 37% possuíam regulagem de altura de encosto e apenas 19% possuíam regulagem de altura de apoio de braço. Comparados com esses dados pode-se dizer que as cadeiras do setor analisado pelo presente estudo estão mais adequadas, já que, todas as cadeiras possuíam regulagem da altura do assento; quatro das sete (57,14%) possuíam regulagem de altura do braço e cinco (71,42%) possuíam regulagem de altura do encosto. Como no estudo de Pinheiro (2010) a grande maioria das cadeiras, possuía pelo menos um tipo de mecanismo de regulagem, dado que não reflete o ideal, e aponta para uma pequena preocupação com a postura adotada ao se utilizar a cadeira.

    A mesa aparenta não ser a ideal para a realização do trabalho, sendo que não é possível ajustar sua altura, em alguns postos falta espaço para colocar documentos ou mesmo objetos pessoais, ficando impossível a movimentação do monitor para frente ou para trás na mesma. O suporte de teclado, só é utilizado em três dos sete postos de trabalho e pela análise realizada, piora a adequação do posto por inúmeras razões, entre elas: não é possível regular a altura, não existe espaço para o mouse, atrapalha a entrada do trabalhador no seu posto de trabalho, chegando a diminuir o espaço para as pernas dos mesmos e dificultando a aproximação do trabalhador ao seu posto, além de não ficarem posicionados de frente para os monitores, e por isso os trabalhadores que utilizam esse objeto acabavam trabalhando com constante torção da coluna vertebral.

    Além disso, para utilizar o apoio de teclado as cadeiras devem ter apoio regulável para os braços, e estes devem estar corretamente regulados para os parâmetros antropométricos de cada trabalhador, para permitir o efetivo apoio dos braços.

    O quesito “apoio para os pés” só pode ser aplicado ao posto quatro, pois era o único que apresentava tal objeto. O monitor foi um fator que assim como teclado e CPU não apresentou grandes problemas de adequação, os aparelhos são novos, permitem regulagem e talvez por isso esse resultado tenha sido obtido. Másculo, Damásio e Soares (2010) apresentam uma tabela de Iida (1990), que sugere que o ponto médio da tela do monitor deve estar em uma altura entre 78 e 106 centímetros, sendo corroborados por Moreira, Bartolomeu e Moreira (2008) que colocam que uma altura de monitor inadequada pode resultar em dores de coluna, pescoço, membros superiores, além é claro de problemas de visão. Esse autor ainda cita em sua pesquisa que alguns trabalhadores utilizam uma espécie de caixa para elevar a altura do monitor, fato que também foi encontrado no setor investigado pelo presente estudo.

    No leiaute novamente os postos dois e seis apresentaram os melhores resultados, enquanto o posto um teve o pior, resultado muito influenciado pela postura utilizada pelos trabalhadores durante o serviço.

    No geral o posto de trabalho com melhor avaliação foi o posto seis e o que teve a pior avaliação foi o posto um. O fato do indivíduo que ocupa o posto seis possuir uma estatura média pode ter levado a uma melhor adequação aos mobiliários, afinal tudo é padronizado utilizando como base a média da população. O posto de pior resultado foi o um, como é o utilizado pelo indivíduo que há mais tempo trabalha no local (mais de 20 anos), vários vícios de trabalho e postura já foram adquiridos pelo trabalhador e talvez por isso o resultado tenha sido este.

    Após esses resultados algumas considerações e sugestões de melhoria para o local de trabalho podem ser prescritas. Devido às constantes mudanças de temperatura que ocorrem na cidade de Curitiba, a instalação de um aparelho climatizador se justifica. Este aparelho também poderia auxiliar na redução do ruído, já que as janelas poderiam ficar fechadas e assim o som externo do tráfego de veículos não incomodaria na hora de maior movimento.

    A mudança do posto de trabalho 5 também poderia ser realizada, já que existe espaço com uma mesa desocupada, assim maior número de cortinas poderiam ficar abertas, o que poderia melhorar a luminosidade nos postos de trabalho mais afastados da janela.

    A alteração da posição do monitor de alguns postos de trabalho também é sugerida, com isso os apoios de teclado deveriam ser retirados, e os trabalhadores teriam de passar o objeto para parte superior da mesa. Com essa alteração os trabalhadores que utilizam o apoio do teclado e durante a digitação não apóiam os braços, gerando um esforço estático para a região dos ombros, passariam a fazê-lo, diminuindo a sobrecarga nessa região.

    A adequação das cadeiras também seria necessária, contudo não depende na totalidade dos funcionários, uma vez que para os indivíduos fazerem os ajustes conforme sua característica antropométrica seria necessárias orientações. Para isso os trabalhadores devem ser instruídos de como regular seus mobiliários, os benefícios que essa ação pode trazer e os malefícios que a má postura poderá causar. Além disso, o ideal seria a troca das atuais cadeiras, por cadeiras mais novas, com mais mecanismos de conforto e com todos os mecanismos funcionando perfeitamente, possibilitando a adequação total do trabalhador ao seu posto.

    Como muito atendimento é realizado por telefone a utilização de equipamentos tipo head set facilitaria muito o trabalho, já que desocuparia as mãos dos indivíduos para manusear o computador ou os documentos enquanto falam ao telefone. Pois constantes torções na região cervical são necessárias para manter o telefone apoiados nos ombros, enquanto os funcionários digitam, procuram ou lêem documentos.

    Outro item que poderia ser adquirido seria alguma espécie de apoio para os pés, possibilitando assim uma alternância de postura e movimentação das pernas, facilitando o fluxo sanguíneo.

    As pausas também deveriam ser respeitadas e deveriam ocorrer nos dois intervalos para café, além da aplicação da Ginástica Laboral.

    Esta poderia conter exercícios de movimentação articular e de alongamentos para possibilitar aos trabalhadores realizar a compensação muscular e relaxamento das musculaturas que ficam em constantes sobrecargas devido às torções e más posturas decorrentes da má adequação dos postos de trabalho e do ambiente em que eles realizam sua atividade.

    As situações de monitor ou teclado não estarem de frente para o trabalhador, além do atendimento de clientes seja pessoalmente seja por telefone proporcionam situações de torções em segmentos corporais, principalmente nos membros superiores que devem ser trabalhadas na Ginástica Laboral com exercícios de alongamentos. Enquanto que o mobiliário inadequado e a forma de trabalho com excessiva carga estática apontam para a realização de exercícios de movimentação articular, para facilitar a circulação sanguínea nos segmentos mais afetados.

Conclusão

    O ambiente de trabalho é um local onde os indivíduos passam grande parte do seu tempo, e por isso as atividades desenvolvidas nesse local influem tanto fisicamente quanto psicologicamente na vida dos trabalhadores.

    O desenvolvimento da tecnologia gera uma situação de praticidade para os trabalhos administrativos através do uso do computador, e por isso cada vez mais esses equipamentos vêm sendo utilizados nos locais de trabalho. Entretanto a maneira com a qual ele é utilizado pode favorecer situações de desconforto para o trabalhador. Além disso, a exposição excessiva a essas situações, podem com o decorrer do tempo, gerar dores crônicas em diversos segmentos corporais, levando ao aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.

    Além da postura frente o computador, o ambiente no geral também pode gerar situações de desconforto como: excesso de ruído, baixa luminosidade e alternância de temperatura e umidade.

    No setor analisado alguns problemas foram identificados como: a dificuldade em realizar pausas, alguns incômodos ambientais (temperatura, ruído e luminosidade) e problemas com o mobiliário. No geral o setor se enquadrou na classificação de condição ergonômica ruim, entretanto analisados separadamente os posto ficaram entre a classificação de condição ergonômica razoável e boa.

    Sendo assim para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que trabalham nesse setor seria necessária a criação de um programa de qualidade de vida, sendo realizadas algumas melhorias ergonômicas além da implantação de um programa de Ginástica Laboral, afinal a metodologia de utilizar em conjunto a análise ergonômica do trabalho e o programa de ginástica laboral potencializa o resultado de ambos, só trazendo benefícios para a empresa e seus funcionários.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 163 | Buenos Aires, Diciembre de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados