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Alterações fisiológicas durante o envelhecimento:
a importância da atividade física

Alteraciones fisiológicas durante el envejecimiento: la importancia de la actividad física

 

Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte (CEPEE)

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná

(Brasil)

Sandro dos Santos Ferreira

Hassan Mohamed Elsangedy

Sergio Gregório da Silva

sandroferreiraef@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O envelhecimento é um processo natural que ocorre nos seres vivos, sendo inevitáveis as mudanças decorrentes deste processo, as alterações fisiológicas e os mecanismos envolvidos neste processo são considerados complexos e multifatoriais. As evidencias indicam que a prática regular de exercícios pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário e aumentar a expectativa de vida.

          Unitermos: Envelhecimento. Atividade física. Alterações fisiológicas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O senescência é um processo natural que ocorre nos seres vivos, sendo inevitáveis as mudanças decorrentes deste processo. Com o incremento da expectativa de vida dos seres humanos os estudos com indivíduos idosos têm aumentado, se tornando uma ferramenta importante para o entendimento dos mecanismos fisiológicos associados ao envelhecimento (SIECK 2003).

    Nas alterações fisiológicas, os mecanismos envolvidos neste processo são considerados complexos e multifatoriais, podendo envolver fatores intrínsecos e fatores extrínsecos ou ambientais (CARMELI, COLEMAN et al. 2002; WEINERT and TIMIRAS 2003).

    As mudanças associadas aos fatores intrínsecos incluem alterações neuromusculares, no sistema cardiorrespiratório, na composição corporal, entre outros (MATSUDO, MATSUDO 2000). Os fatores extrínsecos incluem dieta, lesões, exercício, e estilo de vida sedentário (CARMELI, COLEMAN et al. 2002). Nesta perspectiva objetiva-se neste estudo conhecer as principais alterações fisiológicas decorridas com o envelhecimento e o papel da atividade física como ferramenta processo.

Alterações fisiológicas do envelhecimento. Fatores intrínsecos

Fatores Neuromusculares

    A idade tem influência negativa na potência, força e resistência – parâmetros da função neuromuscular. A diminuição da potência influencia a capacidade do desempenho muscular anaeróbio, sendo a primeira capacidade a ser afetada, por volta dos 40 anos (DESCHENES 2004).

    A diminuição da massa muscular (sarcopenia) e da força muscular (dinapenia) é acompanhada pela redução no número de unidades motoras e atrofia das fibras musculares, especialmente as rápidas, tipo II a (THOMAS 2007). A diminuição da força muscular pode ser explicada pela perda da massa muscular.

    No indivíduo idoso o músculo se torna menor e fraco, a perda da massa muscular se mantém constante entre 1-2% ao ano, a partir dos 50 anos, e a área de secção transversa tem uma redução de 25-30% e a força 30 a 40%, por volta do 70 anos (MCARDLE, VASILAKI et al. 2002; FAULKNER, LARKIN et al. 2007).

    As mudanças na resistência muscular, definida como a capacidade muscular de resistência a fadiga durante uma carga submáxima, são controversas entre estudos que apresentam relação do nível de fadiga entre indivíduos jovens e idosos. Contudo as possíveis mudanças ocorridas estão relacionadas a falhas nos mecanismos neurais (DESCHENES 2004).

Sistema Cardiorrespiratório

    O sistema cardiorrespiratório apresenta um grande declínio funcional, afetando a habilidade de captação, transporte e utilização de oxigênio, mudanças como diminuição na diferença artério - venosa de oxigênio, débito cardíaco, número de mitocôndrias, entre outras, são as principais alterações (KRAUSE, BUZZACHERA et al. 2007; RAVAGNANI, COELHO et al. 2005)

    Num estudo que avaliou a aptidão respiratória de idosos, (KRAUSE, BUZZACHERA et al. 2007) foi verificado que este componente declinou 18,9% entre indivíduos de 60 e 80 anos, Ravagnani obteve em seus resultados que os adultos apresentam diferentes quedas (por década) no VO2máx com a idade, sendo os resultados mais expressivos entre 30 e 49 anos (RAVAGNANI, COELHO et al. 2005).

    Com uma baixa aptidão cardiorrespiratória o desenvolvimento de diabetes, hipertensão e síndrome metabólica têm uma alta influencia na morte por doenças cardiovasculares (JACKSON, SUI et al. 2009).

    Evidências suportam um declínio de 10% no VO2máx, por década, em indivíduos de ambos os sexos, contudo estudos longitudinais indicam que pode haver uma variação de 5 a >20% por década (FLEG, MORRELL et al. 2005). Este declínio está relacionado há adaptações centrais e periféricas como redução da freqüência cardíaca máxima e massa corporal magra (HAWKINS and WISWELL 2003).

Composição Corporal

    As mudanças na composição corporal influenciam o peso e o índice de massa corporal (IMC), em geral, ocorre o incremento do percentual de gordura e decréscimo da massa óssea e muscular (GILLETTE-GUYONNET and VELLAS 2003). O aumento na gordura corporal é distribuído na região abdominal e está associado a um risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão (ST-ONGE and GALLAGHER 2010). Além disso, prévios estudos (MAZZEO and TANAKA 2001; MORIO, HOCQUETTE et al. 2001; TUCKER and TURCOTTE 2003) demonstram que a relação entre maiores percentuais de gordura corporal e geração de doenças crônicas se torna mais evidente durante a senescência.

    O incremento da gordura corporal durante o envelhecimento pode ser resultado do desequilíbrio entre ingestão e utilização de gordura. De acordo com Morio et al. (MORIO, HOCQUETTE et al. 2001), em indivíduos idosos, este fenômeno ocorre principalmente em função da menor utilização desse substrato.

    A taxa metabólica de repouso (TMR) diminui 1-2% por década, a partir dos 20 anos e influencia o balanço energético, este fator torna-se um dos responsáveis pelas alterações no peso na gordura corporal (MANINI 2010; ST-ONGE and GALLAGHER 2010).

    O envelhecimento também apresenta impactos na função mitocondrial, no qual pode prejudicar o fornecimento de energia, tais como: decréscimo na transferência de elétrons, incremento na permeabilidade de H+ na membrana interna, comprometimento de H+ na síntese de ATP (NAVARRO and BOVERIS 2007).

Alterações fisiológicas do envelhecimento. Fatores extrínsecos ou ambientais

    A dieta, o estilo de vida, e o exercício são fatores modificáveis que influenciam o processo natural de envelhecimento. A Análise do estado nutricional de idosos, avaliados pelo índice de massa corporal (IMC), tem apresentado que estados de má nutrição é observada em indivíduos idosos, sendo a prevalência de baixo peso, maior em indivíduos do sexo masculino e grupos etários com idade avançada, e a obesidade em indivíduos do sexo feminino e grupos etários mais novos (BARBOSA, SOUZA et. al 2007)

    O estilo de vida dos idosos está relacionado à manutenção da capacidade funcional e da autonomia (RIBEIRO, SILVA et. al 2002). A perda da autonomia pode estar associada à redução da eficiência de alguns órgãos e sistemas afetando a capacidade funcional (AMORIM, MIRANDA et. al 2002). Estes e outros fatores relacionados ao estilo de vida estão estreitamente interligados a prática da atividade física.

    Num estudo que comparou o nível da qualidade de vida entre idosos participantes e não participantes de programas formais de atividade física, foi verificado que as pessoas participantes apresentavam maiores níveis de vitalidade, saúde física, saúde mental que os não participantes. Esses fatores representaram uma melhor qualidade de vida relacionada á saúde para pessoas ativas (MOTA, RIBEIRO 2006).

    Evidências epidemiológicas afirmam que um estilo de vida ativo, com envolvimento dos indivíduos em programas de atividades físicas, auxiliam na prevenção e redução dos efeitos deletérios do envelhecimento (MATSUDO, MATSUDO 2000).

    A participação regular de idosos em programas de exercícios físicos é principal maneira de prevenir os declínios funcionais e decrescer os riscos de doenças crônicas associados ao envelhecimento (PATERSON, JONES et al. 2007).

    O treinamento aeróbio pode manter e/ou melhorar aspectos da saúde, função cardiovascular, consumo máximo de oxigênio entre outros. O treinamento de força aumenta o gasto calórico, incrementa a massa muscular, força e potencia reduzindo as dificuldades de desempenho nas tarefas da vida diária (HUNTER, MCCARTHY 2004).

    Um estudo avaliou o efeito das aulas de hidroginástica na aptidão física de mulheres sedentárias, seus resultados demonstraram que três meses de aulas de hidroginástica, duas vezes semanais, melhoraram aspectos cardiorrespiratórios, neuromusculares, flexibilidade, comparados a um grupo controle (ALVES, MOTA 2004).

    Dessa forma estes fatores contribuem para a redução de fatores de riscos associados à idade como: doenças cardíacas, diabetes, osteoporose e saúde de um modo geral (MAZZEO 2001).

    Para a promoção e manutenção da saúde, o Colégio Americano de Medicina do Esporte e a Associação Americana do Coração recomendam que indivíduos idosos devam realizar atividades aeróbias moderadas há intensas 30 minutos cinco vezes por semana ou um mínimo de 20 minutos, três vezes por semana, de atividades vigorosas. Para o desenvolvimento da força deve-se usar 8 a 10 exercícios com 10 a 15 repetições para cada exercício, sendo realizado de 2 a 3 vezes por semana (NELSON, REJESKI 2007).

Considerações finais

    O exercício físico não pode parar o processo de envelhecimento biológico, contudo há evidencias que a prática regular de exercícios pode minimizar os efeitos fisiológicos de um estilo de vida sedentário e aumentar a expectativa de vida limitando o desenvolvimento e progressão de doenças crônicas e incapacitantes.

Referências

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