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Alterações cinemáticas do guyaku tsuky induzidas 

por um programa específico de treinamento funcional

Los cambios cinemáticos del guyaku tsuky inducidos por un programa específico de entrenamiento funcional

 

*Licenciado e bacharel em Educação Física pela Universidade Estácio de Sá

**Licenciado e bacharel em Educação Física pela Universidade Estácio de Sá

Professor de Karate-do estilo Shotokan (4º Dan), Octacampeão carioca (individual)

Penta campeão brasileiro (por equipe), Campeão jogos abertos do interior de

São Paulo 2004, Campeão jogos abertos de Santa Catarina 2004

Leonardo Santaguêda*

leonardo.santagueda@gmail.com

João Carlos Rocha dos Santos**

prof.joao.educacaofisica@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Treinamento funcional consiste na utilização de exercícios que possam afetar em movimentos necessários para as atividades da vida diária – AVD – seguindo as leis básicas do treinamento físico. A cinemetria é responsável pelo estudo do movimento humano baseado no registro de imagens. Com isso buscamos verificar se há alterações cinemáticas do Guyaku Tzuky em um grupo de karatecas submetidos a um programa de treinamento funcional quando comparado a um grupo de karatecas submetidos a um programa de treinamento tradicional. A amostra foi constituída por dois grupos de atletas, funcional (A) e tradicional (B), todos do gênero masculino com idade entre 19 e 40 anos (=32,82±8,99), faixas marrom ou preta, praticantes regulares e que tenham no mínimo 5 anos de prática. Foi realizada uma analise cinemática a fim de mensurar dados relacionados à velocidade e aceleração linear de punho desses atletas. Referente à velocidade de punho os valores pré e pós-treino não são significativos, onde é possível verificar, no gráfico 1, um maior aumento do sujeito 3, que participou do grupo tradicional. Na aceleração linear, da mesma forma que os sujeitos obtiveram certo ganho é possível visualizar que seus desvios padrões também aumentaram e de forma abrupta. Com relação ao último gesto da velocidade, tanto o grupo A quanto o grupo B, não obtiveram ganho significativo partindo do princípio de que seus desvios padrões aumentaram consideravelmente. Na aceleração do último gesto demonstram uma evolução significativa, com picos obtidos em vários pontos do gráfico, porém com desvios padrões oscilantes durante todo o trajeto, enquanto no grupo B os valores demonstram a obtenção dos picos de aceleração mais reduzidos e a variação do desvio padrão menores. Os resultados não demonstram diferença entre os dois grupos, o que pode ter ocorrido pelo pequeno número da amostra ou pelo pouco tempo disponível para aplicação do treino não gerando uma boa adaptação neuromuscular para sobrecarga necessária.

          Unitermos: Treinamento funcional. Cinemetria. Karate-do.

 

Abstract
         
Functional training is the use of exercises that may affect on the movements required for activities of daily living - ADL - following the basic laws of physical training. The kinematics is responsible for the study of human movement based image registration. Thus we investigate whether there are changes of kinematic Guyaku Tzuky in a group of karateka who underwent a training program when compared to a functional group of karateka who underwent a traditional training program. The sample consisted of two groups of athletes, functional (A) and traditional (B), all males aged between 19 and 40 years (= 32.82 ± 8.99), brown or black bands, and regular practitioners who are at least 5 years of practice. We performed a kinematic analysis to measure data related to linear acceleration and speed of these athletes handle. Concerning the speed handle the pre and post-training are not significant, where it can be seen in Figure 1, a greater increase in the third subject, who participated in the traditional group. In linear acceleration, the same way that the subjects have had some gain that you can view their standard deviations and also increased sharply. Regarding the last gesture of speed, both group A and group B, but showed significant gains on the assumption that their standard deviations increased considerably. In accelerating the last gesture demonstrates a significant evolution, with peaks obtained at various points on the graph, but with standard deviations throughout the swing path, while in group B the values shown to obtain the lowest peak acceleration and the change in standard deviation lower. The results show no difference between the two groups, which may be due to the small sample size or the short time available for implementation of the training does not create a good adaptation to neuromuscular overhead required.
          Keywords: Functional training. Kinematics. Karate-Do.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Leonardo Santaguêda e João Carlos Rocha dos Santos

Introdução

    Atualmente muito se fala sobre treinamento funcional, que consiste segundo Okomura e Silva (2009), na utilização de exercícios que possam afetar direta ou indiretamente na realização de movimentos necessários para as atividades da vida diária – AVD – de forma que esses exercícios se integram com as valências físicas do corpo humano (força, flexibilidade, resistência, coordenação, equilíbrio e velocidade).

    Partindo do princípio que durante toda evolução humana, a funcionalidade foi vista como um grandioso parâmetro das AVDs. Temos hoje em dia, segundo Ribeiro (2006), o treinamento funcional como uma nova tendência seguindo as leis básicas do treinamento físico (Princípio da individualidade biológica, Princípio da adaptação, Princípio da sobrecarga, Princípio da interdependência volume X intensidade, Princípio da continuidade, o Princípio da especificidade e o princípio da variedade).

    Na presente pesquisa foram utilizados os princípios da individualidade biológica, da sobrecarga e da especificidade, onde conforme Dantas e Soares (2001) poderíamos atingir nossos resultados com o menor risco possível de lesões para nossos atletas. A partir daí, Azevedo et. al.(2007) afirma que, quando nos referimos ao princípio da individualidade biológica buscamos um treinamento sistematizado e individualizado pelo fato de que diferentes indivíduos possuem diferentes respostas a uma determinada carga, ou seja, devem-se considerar variáveis como: idade, gênero e nível de treino do indivíduo, tentar dividir um grupo em subgrupos mais homogêneos para individualização da carga, já que, esta individualização de cargas se torna fundamental para aperfeiçoar os resultados dos treinos.

    Com relação ao princípio da sobrecarga, Lussac (2008) afirma que este princípio também pode ser denominado de princípio da progressão gradual sempre salientando a total importância do mesmo no processo evolutivo de treino dos atletas, onde após ser gerada a adaptação de determinado estímulo o treinador deverá aumentar esta carga em questão, por volume ou por intensidade, sempre trabalhando junto a outros princípios, respeitando principalmente, o da individualidade biológica do seu atleta e as necessidades do treino para o mesmo.

    Quando falamos de especificidade de treino, ou princípio da especificidade, pode-se dizer que os efeitos do treinamento são específicos à tarefa motora imposta. No entanto, tal princípio muito se assemelha a teoria de treinamento funcional onde podemos verificar que conforme Sumulong (2003), o treinamento funcional se dá através da especificidade, ou seja, quando se é possível treinar com exercícios que se assemelhem o máximo possível ao movimento trabalhado naquela modalidade esportiva. Treinar e praticar de forma específica, próximo de como se competirá em uma importante competição.

    Com isso Alves, Silva e Carvalho (2009) afirmam que este tipo de treinamento busca o máximo do atleta para as mais importantes competições do ano, salientando que se deve obedecer ao objetivo específico.

    Portanto com o treinamento funcional, pode-se treinar a velocidade de forma sistemática, corrigindo o movimento mecanicamente visualizando atividades específicas para o indivíduo em questão, ou seja, as atividades deverão se basear na área específica de atuação do indivíduo (Karate-do) para dessa forma acompanharmos o desenvolvimento da velocidade dos movimentos trabalhados (RIBEIRO, 2006).

    Segundo Nakayama (1996) O Karate-do como uma arte de defesa pessoal de mãos vazias, na qual os braços e pernas são treinados sistematicamente com o intuito de possibilitar ao praticante (karateca) dominar a técnica do Kime, na qual o praticante deve no menor tempo possível utilizar-se de um movimento de chute ou soco.

    Segundo Moreira, Souza e Oliveira (2003) Velocidade se divide em cíclica e acíclica, observando em ambas a aceleração, velocidade máxima e resistência de velocidade. Com isso, velocidade de deslocamento de um ato motor desportivo, deve ser utilizada como um critério de avaliação da efetividade deste programa e que se deve incorporá-lo como objeto de treino.

    Na prática do Karate-do, quando se trata da realização de golpes, verificamos a atuação de toda cintura pélvica, tal relação nos trás o aprimoramento de qualidades físicas importantes para prática, se encontrando entre elas a velocidade de reação e de deslocamento (VIANNA, 2008).

    Ribeiro (2006) nos informa que são três os fatores nos quais a velocidade de movimento é diretamente dependente, a amplitude do movimento propriamente dito, a força do grupo muscular em questão e a eficiência neuromotora, onde quando esses fatores se sobressaírem aos demais teremos a qualidade física em questão exposta em sua excelência.

    Segundo Almeida (2006), é necessária coerência na interpretação dos movimentos do Karate-do, já que, os mesmos têm a velocidade como uma de suas características principais, se tornando uma qualidade física importante e necessária para a prática da modalidade.

    Por este fator, para presente pesquisa optou-se pela realização da cinemetria que segundo Carpenter (2005) é uma das grandes áreas da biomecânica responsável pelo estudo do movimento humano baseado no registro de imagens e softwares específicos para digitalização e tratamento das mesmas, deixando claro que tal procedimento obtêm dados relacionados à posição, deslocamento, velocidade e aceleração lineares e angulares, distância linear, tempo, trajetória e cadência, sendo reforçado por Ávila et. al. (2002) que afirma que tal analise é um excelente recurso utilizado para mensurar movimentos realizados por atletas.

    Para a cinemetria, a velocidade linear pode ser obtida através do deslocamento de um determinado ponto e do tempo necessário para esse deslocamento. Podendo ser classificada como escalar ou vetorial, a velocidade pode ser descrita pela divisão deste deslocamento pela variação do tempo, sendo o valor obtido pela diferença da posição final com a posição inicial e o valor obtido pela diferença do tempo final pelo tempo inicial (CARPENTER, 2005).

    Carpenter (2005), também nos apresenta os conceitos da aceleração linear, deixando claro, a necessidade de variação da velocidade em um espaço de tempo para que possa haver aceleração, ou seja, a velocidade tem que variar para que exista aceleração. A obtenção da aceleração se da de uma forma extremamente parecida com a da velocidade, tendo como diferença, que tal dado será obtido pela variação da velocidade dividido ainda pela variação do tempo, ou seja, tendo como o valor obtido pela diferença da velocidade final com a velocidade inicial e o valor obtido pela diferença do tempo final pelo tempo inicial.

    Porém, para Brito e Oliveira Filho (2003) antes da realização da análise de quaisquer movimentos é extremamente necessário conhecermos sobre os planos e eixos existentes no corpo humano. Ou seja, a partir da posição anatômica que segundo Dangelo e Fattini (2005) descreve-se no indivíduo em posição ortostática, com sua face voltada anteriormente olhando para o horizonte, seus membros superiores estendidos ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas anteriormente e membros inferiores unidos com os pés também voltados anteriormente. Brito e Oliveira Filho (2003) salientam que os planos são linhas imaginárias que dividem o corpo humano sendo ortogonais e se encontrando no centro de massa do mesmo e os eixos que se encontram perpendicularmente aos planos.

    Na execução do soco Guyaku Tsuky se divide em três fases, todas realizadas no plano sagital, porém, antes de iniciar a execução do mesmo o atleta encontra-se em guarda com o braço fletido a um ângulo aproximado de 90º com sua mão imediatamente acima da cicatriz umbilical.

    Tal ato explica-se através do Ciclo de Alongamento e Encurtamento – CAE – que consiste basicamente na realização de uma contração muscular concêntrica imediatamente após uma contração muscular excêntrica, ou seja, parte da energia mecânica utilizada durante a fase excêntrica fica armazenada, e esta energia, energia potencial elástica, é dissipada se a transição da fase excêntrica para a concêntrica se der lentamente, porém, se esta transição ocorrer de forma rápida toda musculatura envolvida no movimento consegue utilizar parte desta energia, otimizando assim o gesto motor em questão e com um gasto metabólico bem reduzido (GUEDES NETO et al, 2005).

Primeira fase: O atleta recua a mão que se encontrava imediatamente acima da cicatriz umbilical e a posiciona, ainda com o punho cerrado e seu dorso para baixo, imediatamente acima da crista ilíaca, posicionando o cotovelo do braço de execução do movimento fletido a uma angulação de aproximadamente 70º (RODRIGUES et. al., 2007).

Figura 1. Primeira fase de execução do Guyaku Tsuky

Segunda fase: Se inicia fase de transição entre a contração excêntrica e a concêntrica, que se da de uma forma rápida aproveitando a potencialização do movimento através do CAE, onde o braço é deslocado para frente em linha reta, impulsionado pelo ombro através de uma alavanca (MELO; PESSOA; SOUZA, 2005).

Figura 2. Fase de transição entre as contrações; ativação do CAE

Terceira fase: Durante o trajeto do braço ocorre uma rotação do antebraço fazendo com que a mão com o punho cerrado volte seu dorso para cima, e com a extensão total do braço o punho toca o alvo rapidamente (CARDONA, 2010).

Figura 3. Finalização do movimento

    Como relevância do presente deste estudo pode-se citar que existe um mercado em plena expansão, que é o de lutas profissionais. Entre eles o Mixed Martial Arts – MMA – que promovem eventos por todo mundo, chegando a pagar 500.000 dólares por uma luta. Com isso cada vez mais se faz necessário a busca por novas metodologias de treinamento visando alta performance com isso se abre mais um mercado para os profissionais de educação física daí a relevância da pesquisa que visa descobrir se o treinamento funcional causa alterações na valência velocidade (MOURA et. al., 2009).

    A presente pesquisa tem por objetivo verificar as alterações cinemáticas do Guyaku Tzuky um grupo de karatecas submetidos a um programa específico de treinamento funcional quando comparado a um grupo de karatecas submetidos a um programa de treinamento tradicional.

Material e método

    A presente pesquisa é classificada como descritiva e comparativa, quando toma-se por base seus fins, onde, segundo Thomas e Nelson (2002), tais fins se baseiam na resolução de problemas através de observações, analises e descrições completas e objetivas do objeto que está sendo estudado e comparativa pela comparação que os sujeitos da pesquisa serão submetidos entre eles mesmos e entre outro grupo para obtenção dos resultados da mesma, e do tipo experimental/laboratorial quanto a seus meios, onde segundo os conceitos de Ruiz (2006), poderemos manipular os dados através dos experimentos realizados em um ambiente controlado.

    A amostra foi constituída por dois grupos de atletas, respectivamente, funcional (A) e tradicional (B), sendo ambos do gênero masculino com idade entre 19e40 anos (=32,82±8,99) e com perfis descritos no quadro abaixo:

    Todos os sujeitos participantes da pesquisa são graduados nas faixas marrom ou preta de Karate-do, praticantes regulares (no mínimo duas vezes por semana) e que tenham no mínimo cinco anos de prática, salientando que, estes sujeitos, não poderão, por ocasião da coleta, estar sendo submetidos a nenhum tipo de treinamento físico a não ser o treinamento tradicional de Karate-do.

    A pesquisa transcorreu por meio de uma analise cinemática onde foram mensurados dados relacionados à velocidade e aceleração linear de punho. Carpes et. al. (2006), respeitando a escolha quanto aos meios da pesquisa ser laboratoriais, deixa claro que a maior parte das análises cinemáticas necessita de um ambiente controlado, restringindo sua realização a um ambiente laboratorial. Onde foi utilizada uma filmagem bidimensional com uma frequência de 60 Hz. Porém antes da obtenção das imagens, com a finalidade de obter maior fidedignidade à pesquisa, foi realizada uma breve avaliação funcional em cada sujeito, onde obtivemos baseados no modelo de padronização internacional para avaliação antropométrica, Isak (2001), a massa, através de uma balança digital de bioimpedância da marca G-TECH, estatura, através da adaptação de um estadiômetro com uma fita métrica de costura, onde conforme Gaya (2009) tal fita deve ser fixada a partir de 1 metro do solo em uma parede lisa, sem alterações, como rodapés, utilizando-se um esquadro, onde um dos lados ficaria fixado à parede e o lado perpendicular se localizaria no vértice da cabeça do sujeito, eliminado assim alguns erros que poderiam acontecer provenientes de possíveis inclinações de alguns instrumentos, como réguas, por exemplo. Com os dados acima obtidos, realizamos o cálculo do Índice de Massa Corporal – IMC – dos sujeitos pesquisados, foram coletadas também algumas circunferências (braço relaxado, braço contraído, abdominal e cintura), com uma trena antropométrica da marca Sanny e Dobras Cutâneas (Subescapular, Tríceps, Peitoral, Axilar medial, Suprailíaca, Abdominal e Coxa medial) com um adipômetro Innovare da Cescorf.

    Para o processo de aquisição das imagens foi utilizada uma câmera da marca JVC modelo GR-FXM337 e marcadores reflexivos e a análise e digitalização dos dados foi realizada pelo software Skill Spector na versão gratuita. A coleta de dados pré-treino foi realizada durante um treinamento previamente agendado que ocorreu na academia PKF, onde a câmera ficou posicionada a uma distância de 5 metros do local demarcado para o atleta realizar o movimento, com o zoom de 3X. Antes de iniciarmos o processo de aquisição das imagens realizamos a marcação dos pontos anatômicos necessários para a orientação do posicionamento de cada marcador reflexivo, ou seja, o punho – articulação radiocarpal, entre os processos estilóides, cotovelo – sobre o epicôndilo lateral, ombro – 5 cm abaixo do acrômio sobre o deltóide medial e quadril – sobre o trocanter maior do fêmur. Imediatamente após a colocação dos marcadores reflexivos os sujeitos foram submetidos a um prévio aquecimento da musculatura envolvida no movimento analisado, consistindo em 10 movimentos de flexão e extensão de punho, 10 movimentos de extensão e flexão de cotovelo, semelhante ao gesto avaliado e 10 movimentos de rotação para frente e 10 movimentos de rotação para trás de ombro. Após a realização deste aquecimento foi dado início a captação da imagem do movimento onde cada atleta realizou movimento do Guyaku Tzuky durante cinco segundos e em máxima velocidade, sendo orientados para darem início e pararem a execução do movimento através de um sinal sonoro realizado por um apito fox 40.

    Após a primeira coleta de dados, os grupos foram separados e cada um foi submetido a um treinamento distinto, o grupo A foi submetido a um treinamento Funcional por 8 semanas a ser realizado através de exercícios de flexões e extensões de cotovelos bilaterais com a medicine ball, extensão de cotovelos unilateral com garrote realizando o movimento em sua fase concêntrica, flexão de cotovelos unilateral com garrote realizando o movimento em sua fase excêntrica, arremesso da medicine ball unilateral simulando o soco e realizações de socos na bola suíça, conforme apêndice a. O grupo B manterá seu treinamento tradicional de Karate-do, que segundo Lopes e Tavares (2008) se descreve como a sistematização das aulas e dos movimentos, de forma que os atletas executarão os comandos do professor – sensei – cabendo aos mesmo a simples repetição exaustiva dos golpes, tendo como verdade tudo que é transmitido pelo sensei.

    Em seguida, com ambos os grupos direcionados a seus respectivos treinos foi dado início ao tratamento dos dados, onde a filmagem realizada foi digitalizada e levada ao Pinnacle Studio 12 para edição da mesma onde foi cortada nos exatos 5 segundos de execução do movimento de forma a descartarmos os 2 primeiros segundos, já que, baseado no teste de Wingate – TW – onde segundo Franchini (2002) os picos de potência mecânicas do segmento analisado se dão do 3º ao 5º segundo, onde com isso, também conseguiríamos evitar os efeitos da inércia deste segmento utilizado (ARRUDA, 2008).

    Com a obtenção dos 3 segundos de movimento o vídeo foi levado ao software Skill Spector gratuito para que após a calibração do mesmo conseguíssemos obter nossos dados cinemáticos a serem analisados, velocidade e aceleração linear de punho.

    Após a obtenção de todos os dados relacionados às variáveis do presente estudo, os mesmos foram levados para o ambiente Microsoft Excel®, onde foram tratados para a obtenção das médias modulares de cada sujeito, médias modulares de cada grupo e a média de cada grupo descrita pelo percentual da última execução completa do gesto do Guyaku Tzuky.

    Em relação aos procedimentos adotados para a coleta dos dados, sob o ponto de vista da ética em pesquisas com seres humanos, este estudo terá como critério de inclusão a voluntariedade dos seus sujeitos, onde todos que se disponibilizarem a participar de forma voluntária assinarão um TERMO DE PARTICIPAÇÃO CONSENTIDA conforme a LEI 196/96 do CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE DE 10/10/1996. Cumprindo esta legislação todos os sujeitos da pesquisa serão devidamente informados quanto aos objetivos da pesquisa e dos procedimentos necessários ao seu desenvolvimento, bem como dos riscos implícitos nessa coleta, além de serem solicitados a autorizar a utilização dos resultados obtidos apenas no âmbito da pesquisa em tela. A pesquisa será submetida, em sua forma de Projeto de Pesquisa, ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estácio de Sá.

Resultados

    O gráfico 1 apresenta os valores médios modulares relacionados à velocidade linear de punho nos 3 segundos finais da execução do Guyaku Tzuky de cada sujeito no pré e pós-treino, sendo os sujeitos 1 e 2 o grupo funcional e os sujeitos 3 e 4 o grupo tradicional.

Gráfico 1. Valores médio e de desvio padrão para velocidade de cada sujeito da amostra no pré e pós-treino

    O gráfico 2 representa os valores médios modulares relacionados à velocidade linear de punho entre os grupos no pré e pós-treino.

Gráfico 2. Valores médio e de desvio padrão para velocidade de cada grupo da amostra no pré e pós-treino

    O gráfico 3 apresenta os valores médios modulares relacionados à aceleração linear de punho nos 3 segundos finais da execução do Guyaku Tzuky de cada sujeito no pré e pós-treino, sendo os sujeitos 1 e 2 o grupo funcional e os sujeitos 3 e 4 o grupo tradicional.

Gráfico 3. Valores médio e de desvio padrão para aceleração de cada sujeito da amostra no pré e pós-treino

    O gráfico 4 representa os valores médios modulares relacionados à aceleração linear de punho entre os grupos no pré e pós-treino.

Gráfico 4. Valores médio e de desvio padrão para velocidade de cada grupo da amostra no pré e pós-treino

    Nos gráficos 5 e 6 pode-se verificar a média da velocidade linear de punho em níveis percentuais do último gesto motor realizado entre os grupos, pré e pós treino, sendo, o gráfico 5 relacionado ao grupo funcional e o gráfico 6 relacionado ao grupo tradicional.

Gráfico 5. Valores médio e de desvio padrão para velocidade do grupo funcional para o último gesto motor no pré e pós-treino

 

Gráfico 6. Valores médio e de desvio padrão para velocidade do grupo tradicional para o último gesto motor no pré e pós-treino

    Conforme os gráficos anteriores, nos gráficos 7 e 8 pode-se verificar a média da aceleração linear de punho em seus níveis percentuais do último gesto motor realizado entre os grupos, sendo, o gráfico 7 relacionado ao grupo funcional e o gráfico 8 relacionado ao grupo tradicional.

Gráfico 7. Valores médio e de desvio padrão para aceleração do grupo funcional para o último gesto motor no pré e pós-treino

 

Gráfico 8. Valores médio e de desvio padrão para aceleração do grupo tradicional para o último gesto motor no pré e pós-treino

Discussão

    Os valores médios modulares relacionados à velocidade linear de punho nos 3 segundos finais da execução do Guyaku Tzuky demonstram uma melhora tanto no grupo funcional quanto no grupo tradicional em relação ao pré-treino, onde pode-se verificar ainda, uma maior melhora no sujeito 3 da pesquisa no qual participou simplesmente do treinamento tradicional, como pode-se observar também no gráfico 2 que está relacionado aos valores médios modulares entre os grupos no pré e pós-treino, que demonstram, que em relação ao pré-treino o grupo de treinamento tradicional obteve um ganho maior que o grupo de treinamento funcional.

    Os valores médios modulares relacionados à aceleração linear de punho nos 3 segundos finais da execução do Guyaku Tzuky de cada sujeito no pré e pós-treino, demonstram que todos os sujeitos tiveram uma melhora, porém, conforme na velocidade linear os desvios padrões dos sujeitos também aumentaram de forma abrupta, salvo o sujeito 4 que manteve, apesar do pouco ganho de aceleração, praticamente o mesmo valor de desvio padrão. Quando analisados os dados médios modulares relacionados à aceleração linear de punho entre os grupos no pré e pós-treino, é fácil notar uma boa melhora entre eles, principalmente o grupo tradicional.

    Os valores médios e de desvio padrão para velocidade do grupo funcional para o último gesto motor no pré e pós-treino, não mostram diferença significativa, onde é possível observar um breve pico de velocidade na fase concêntrica do movimento nos 30% do gesto, mantendo praticamente todos restante do movimento nos mesmos níveis de velocidade, e relacionado aos valores médio de desvio padrão para velocidade do grupo tradicional para o último gesto motor no pré e pós-treino pode-se observar que os sujeitos obtiveram um pequeno ganho que se inicia próximo aos 20%, se mantendo constante até aproximadamente os 40% do gesto, observando também que, mesmo este ganho na aceleração tenha se dado de forma constante o desvio padrão foi aumentando consideravelmente. O mesmo grupo veio a obter também um pico elevado em sua velocidade na fase excêntrica do movimento aproximadamente aos 75-80% obtendo outro grande ganho em seu desvio padrão.

    Já na média da aceleração linear de punho do último gesto motor realizado pelo grupo funcional, apresentam, no pós-treino, picos de aceleração obtidos em vários pontos do gráfico e finalizando com uma aceleração mais elevada do que os dados do pré-treino. Enquanto no grupo tradicional os valores médios de desvio padrão para aceleração do último gesto motor no pré e pós-treino demonstram a obtenção dos picos de aceleração mais reduzidos.

Conclusão e recomendações

    Os resultados demonstram que a pesquisa não foi conclusiva, pois não houve diferenças entre os grupos, tradicional e funcional. Tal conclusão pode ter se dado pelo pequeno número de sujeitos que finalizaram a pesquisa, inviabilizando uma analise estatística dos dados obtidos e/ou pelo pouco tempo para aplicação do treino, onde, não se foi possível atingir uma boa adaptação neuromuscular suficiente para uma melhor implementação da carga. Portanto, recomendamos que para um aprofundamento no tema em questão, se faz necessário buscar um número maior de sujeitos, um tempo maior para o treinamento, possibilitando uma melhor adaptação neuromuscular e com isso uma melhor sobrecarga, analisar, além da velocidade e aceleração linear de punho, outras variáveis lineares e angulares e a inclusão da Eletromiografia de superfície – SEMG – para que possamos verificar a atividade elétrica de alguns músculos em cada fase de contração.

Referências

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