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Introdução

    Compreende-se por Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), todo recurso comunicativo que utiliza as tecnologias disponíveis no seu contexto histórico, estando as mesmas não necessariamente relacionadas à informática¹.

    Há de se destacar, no entanto as grandes mudanças relacionadas à informação a partir do final da segunda metade do século XX, principalmente àquelas que se referem à digitalização crescente da informação e à evolução de novas tecnologias específicas que culminaram na agilidade do processo de informação, dentre as quais: correio eletrônico, chat, Internet, transmissão em banda larga, videoconferência, teleconferência entre outras^2,3. Os avanços da informática, dos computadores e de outros recursos tecnológicos exercem efeito significativo nos processos educacionais desenvolvidos nas Instituições de Ensino, onde são considerados como novo paradigma educacional, uma vez que tendem alavancar um modelo de construção do conhecimento mais eficiente, no qual os discentes têm, sobre tudo no computador, um importante recurso no processo ensino-aprendizagem por agregar ao ato de estudar, uma nova motivação^2,4-8. Entretanto, a utilização das novas tecnologias na academia tem sido preocupação de alguns profissionais da área de educação, no sentido de que tais tecnologias se incorporem de modo consciente ao projeto pedagógico. Neste sentido é necessário elucidar que as novas TICs não são capazes de por si só aprimorar o processo ensino aprendizagem sem que ocorra planejamento docente e sem que tais tecnologias priorizem uma metodologia de ensino capaz de superar tanto os seus próprios limites, quanto conciliem o processo ensino aprendizagem à linguagem dos tempos atuais. Igualmente indispensável é a necessidade de superar o paradigma centrado na figura do professor com aulas expositivas dialogadas e utilização cotidiana do livro didático, que incentivam a reprodução e não a reflexão e construção do conhecimento pelo próprio aluno^2,9.

    Nesta perspectiva o estudo objetivou averiguar como os docentes de Cursos de Graduação utilizam as tecnologias de informação e comunicação bem como as mídias como recursos tecnológicos e virtuais no processo da formação acadêmica.

Metodologia

    O estudo caracterizou-o como descritivo, quantitativa e de corte transversal. A população foi composta por sujeitos de ambos os gêneros, independente da idade e que fizessem parte do corpo docente de uma Instituição de Ensino Superior em Montes Claros – MG. A amostra constituiu-se por 106 docentes dos Cursos de Graduação em Administração, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social.

    Para seleção amostral utilizou-se um plano de amostragem não probabilístico, selecionado de forma intencional e criteriosa. Como critério de inclusão participaram do estudo professores que tinham correio eletrônico disponível na coordenação dos cursos e que o mesmo estivesse operacional no momento da coleta de dados.

    No desenvolvimento da pesquisa utilizou-se o questionário “Mídias, Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino Superior”. Trata-se de um instrumento semi-estruturado elaborado pelos autores do estudo constituído por duas seções: a primeira avaliou o perfil sócio profissional do docente através de informações como: idade, gênero, tempo de graduação, tempo de docência no ensino superior, curso(s) no(s) qual (is) leciona, titulação e o fato de já ter feito cursos na modalidade a distância. Na segunda seção averiguou-se a prática pedagógica de ensino frente ao uso das mídias, tecnologias de informação e comunicação por meio de questões alusivas à utilização de recursos tecnológicos e virtuais na prática educativa, formato de disponibilização do material trabalhado em sala de aula (e-mail, Bluetooth, WI-FI, infravermelho, apostilas impressas, ambiente virtual da Instituição de Ensino), utilização de redes sociais (Orkut, Facebook e outros) e serviços como Messenger, Skype e Google Talk para contatar discentes a cerca de assuntos acadêmicos, e por fim, a opinião do sujeito em relação à melhoria da qualidade do ensino frente o uso das TICs por docentes e discentes.

    A estratégia adotada para obtenção dos dados deu-se a partir da seleção da amostra. Para tal um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, solicitou às coordenações dos cursos de graduação em questão, a relação dos correios eletrônicos dos docentes e em seguida contatou-os via e-mail. Momento no qual, foi apresentado o objetivo do estudo e solicitada a participação de cada docente. Neste e-mail foram enviados em anexo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o questionário para coleta de dados. Cada sujeito foi informado ainda que caso consentisse em participar do estudo, deveria encaminhar o questionário devidamente respondido para o e-mail do professor que o originara. Foram esclarecidos ainda que o envio do questionário caracterizaria a “assinatura eletrônica” do termo de consentimento. A tabulação, análise e interpretação dos dados coletados deu-se através do software SPSS – 18 (Statistical Package for the Social Sciences) e se deu por análise descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas (CEP – FUNORTE) com parecer consubstanciado nº 01453/10 sendo garantida a preservação dos dados, a confidencialidade e o sigilo das informações relativas à identidade civil e jurídica.

Resultados e discussão

    Aferiu-se que os sujeitos amostrais apresentam idade média de 37,91 anos (±5,918) sendo que 59,4% (n=63) são do gênero feminino. Em relação ao tempo de conclusão da graduação verificou-se média de 12,9 anos (± 6,451). No que tange o tempo de docência, aferiu-se média de 6,6 anos (± 2,835). Quanto à titulação verificou-se que 68,91% (n=73) dos docentes possuem pós graduação Lato Sensu; 50,9% (n=54) são mestres e 0,9% (n=1) tem titulo de doutorado. Constatou-se ainda que 52,8% (n=56) já fizeram algum curso na modalidade a distância. Estudo que teve como sujeitos amostrais professores de Cursos de Graduação em Fisioterapia em Instituições de Ensino Superior na região metropolitana de Belo Horizonte – MG2 e avaliou a prática pedagógica dos mesmos frente à utilização de recursos da Informática Educacional (IE) no processo de ensino-aprendizagem verificou que 80% dos docentes eram do sexo feminino, 90% tinha menos de 45 anos, 30% concluíram a graduação entre 11 a 20 anos, 55% tinham entre um a cinco anos de experiência na docência. Constatou ainda que 35% dos sujeitos participantes do seu estudo eram mestres e 95% especialistas. Resultados similares aos levantados no presente estudo principalmente no que tange à predominância do gênero feminino; à média de idade; ao tempo de conclusão da graduação; e ao tempo de docência. Dados estes que caracterizam os sujeitos como jovens adultos, ou seja, uma geração que teve necessidade de se adequar e inserir no paradigma da sociedade do conhecimento e do uso das tecnologias de informação e comunicação. Os dados referentes à titulação demonstram que mesmo se tratando de jovens adultos, é expressivo o aprimoramento profissional dos sujeitos amostrais, no entanto, os mesmos apresentam pouca experiência temporal como docentes. Em relação à prática pedagógica de ensino frente ao uso das tecnologias de informação e comunicação a Tabela 1 descreve os principais recursos tecnológicos utilizados pelos docentes na prática educativa em sala de aula.

    O estudo desenvolvido na região metropolitana de Belo Horizonte – MG2 verificou que 70% dos docentes utilizam computador pessoal, 60% fazem uso de data show, 15% de retroprojetor e 5% de softwares. Resultados inferiores aos levantados na presente pesquisa. Entretanto, em ambos os estudos, o notebook/net book e o data show foram os recursos tecnológicos mais utilizados em sala de aula. Estudo desenvolvido entre acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de São Paulo¹⁰, que caracterizou o perfil dos alunos de graduação em relação ao conhecimento de informática e identificou as facilidades e dificuldades dos mesmos em relação à utilização de tal recurso tecnológico, aferiu que 58,19% dos acadêmicos utilizam a rede para pesquisas literárias. Nesta perspectiva vale ressaltar que 79,2% dos docentes envolvidos na presente pesquisa utilizam artigos científicos “baixados” em bancos de dados, e 73,6% orientam os acadêmicos à pesquisa de papers somente em tais bancos. Tal fato pode justificar-se pela expressiva produção de literatura branca por instituições de pesquisa e ensino brasileiras, uma vez que o Brasil em 2008 atingiu o ranking de 13º país mundial na publicação de artigos científicos, o que por sua vez facilita a acessibilidade aos papers. Ao se considerar a utilização das mídias na prática educativa, a Tabela 2 apresenta os resultados levantados:

    Aferiu-se que a principal ferramenta de mídia utilizada pelos docentes refere-se à troca de e-mails com os acadêmicos, seja para discutir assuntos referentes a conteúdos desenvolvidos em sala de aula, seja para envio de material didático. A pesquisa desenvolvida na região metropolitana de Belo Horizonte – MG2 também identificou que a maioria dos docentes de fisioterapia, o equivalente a 85%, utilizam desta mídia para comunicar com os discentes. Neste sentido, as iniciativas das Instituições de Ensino Superior que visam potencializar o uso das TICs necessitam redimensionar a carga horária e a remuneração dos docentes para inserir o tempo dedicado na leitura dos textos dos acadêmicos nos fóruns ou em listas de discussão e nas respostas a e-mail por exemplo, fomentando neste sentido, maior uso de tais recursos pelos atores envolvidos¹¹. Por fim aferiu-se que 99,1% (n=105) dos sujeitos amostrais acreditam que a qualidade do ensino tende a melhorar com o uso das mídias e das tecnologias de informação e comunicação por parte dos discentes e docentes. Resultado superior ao levantado no estudo com docentes de cursos de fisioterapia na região metropolitana de Belo Horizonte que identificou um total de 75% dos sujeitos creditando aos recursos tecnológicos uma favorável contribuição na prática educativa. Há de se destacar como limitação do estudo, a baixa adesão dos docentes em responder ao instrumento de coleta de dados. Neste sentido sugere-se a realização de novas pesquisas com metodologia que favoreça maior participação dos docentes para possibilitar coleta de dados mais expressivos quantitativamente. Outro fato que merece destaque é a limitação de produção literária no tema em questão, o que dificultou a discussão dos dados levantados no estudo, haja vista que apesar de rigorosa busca em bancos de dados, levantou-se apenas um estudo com metodologia semelhante ao da presente pesquisa.

Conclusão 

    Concluiu-se que os recursos tecnológicos de informação e comunicação mais utilizados pelos docentes na prática educativa foram o data show e o notebook/net book. Merece destaque o uso de artigos científicos em atividades na salas de aulas, bem como a orientação dos docentes para que os acadêmicos utilizem os bancos de dados em busca de tais fontes literárias. Quanto ao uso das mídias, pôde-se concluir que apenas a troca de e-mail com acadêmicos tem sido explorada. No entanto, recursos como Bluetooth, Wi-fi, infravermelho e o ambiente virtual da instituição que poderiam ser utilizados para troca de material acadêmico com discentes são recursos ainda pouco explorados. Situação similar à utilização das redes sociais como Orkut e Facebook, e serviços como Messenger, Skype e Google Talk que poderiam ser mais utilizados para favorecer o contato com os acadêmicos a cerca de assuntos relativos à vida acadêmica.

Referências

1. RODRIGUES GSSC; COLESANTI MTM.Educação ambiental e as novas tecnologias de informação e comunicação. Soc Nat (Online), Uberlândia, v. 20, n. 1, p. 51-66, 2008.

2. TONANI RL. A informática educacional e o professor de fisioterapia: estudos sobre busca e produção de conhecimentos da disciplina no processo de ensino-aprendizagem. 2007. 99 f. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

3. ALVES L; NOVA C. Educação à distância: uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo: Futura, 2003.

4. BEAUCLAIR, J. Novos paradigmas e educação: recortes psicopedagógicos . Rev Gestão Universitária, 2006. Monografias, BR.

5. BRANDÃO, Z. (Org.). A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 2001.

6. NEITZEL LC. O uso pedagógico das modernas tecnologias. 1999. Disponível em: http://www.geocities.com/neitzeluiz/usoped.html. Acesso em: 25 ago. 2011, 11:50:10.

7. OLIVEIRA EG. Educação à distância na transição paradigmática. Campinas, SP: Papirus, 2003.

8. LITWIN E. (Org). Tecnologia educacional: política, histórias e propostas. 2. reimp. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

9. MERCADO LPL. Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a prática. Maceió: EDUFAL, 2002.

10. PERES HHC et al. Estudo exploratório sobre a utilização dos recursos de informática por alunos do Curso de Graduação em Enfermagem. Rev Esc Enf USP, v. 35, n. 1, p. 88-94, 2001.

11. BARRETO RG. Tecnologia e educação: trabalho formação docente. Educ Soc, vol. 25, n. 89, p. 1181-1201, 2004.

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