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Um treinamento por semana melhora a aptidão física e a composição

corporal: um estudo piloto em uma empresa de arquitetura

Un entrenamiento por semana mejora la aptitud física y la composición corporal: un estudio piloto en una empresa de arquitectura

 

*Centro universitário EURO-AMERICANO

Departamento de Educação Física. Brasília, DF

**Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício de Força e Saúde (GEPEEFS). Brasília, DF

***Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina

da Universidade de Brasília, Brasília, DF

(Brasil)

Dahan da Cunha Nascimento* **

Sandor Balsamo* ** ***

Frederico Santos de Santana* **

Ramón Fabián Alonso López* **

dahanc@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Baseado no fato que grande parte dos funcionários passa mais ou menos 8 horas por dia no local de trabalho, oferecer programas de atividade física pode ser eficiente em melhorar o nível de atividade física desses indivíduos. Por isso, a realização de pelo menos uma atividade física por semana pode diminuir os riscos de mortalidade, problemas cardiovasculares, câncer e melhorar o nível de atividade física desses indivíduos.

          Unitermos: Exercício físico. Sedentarismo. Trabalho.

 

Abstract

          Based on the fact that most employees spend roughly 8 hours per day in the workplace, offer physical activity programs can be effective in improving physical activity levels of these individuals. Therefore, the achievement of at least one physical activity per week can reduce the risk of mortality, cardiovascular disease, cancer and improve the level of physical activity.

          Keywords: Physical exercise. Sedentarism. Work.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    “A atividade física diminui os riscos de problemas cardiovasculares, câncer e mortalidade por todas as causas” (FITZFERALD et al. 2004)

    De acordo com Katzmarzk et al. (2009), recomendações de organizações mundiais de saúde focam no acúmulo de níveis adequados de exercício físico moderado e vigoroso para fins de melhoria nos níveis de atividade física e redução dos riscos de mortalidade. No entanto, muito dos comportamentos sedentários envolve sentar durante longos períodos, sendo que Katzmarzyk et al (2009), sugerem que passar grande parte das atividades do cotidiano sentado está associado com elevados riscos de mortalidade por todas as causas. Baseado no fato que grande parte dos funcionários passa mais ou menos 8 horas por dia no local de trabalho, oferecer programas de atividade física pode ser eficiente em melhorar o nível de atividade física desses indivíduos.

    Proper et al. (2003), propuserem em sua revisão crítica, que existem evidências suficientemente fortes sobre os efeitos positivos da atividade física fornecida em empresas ou local de trabalho no nível de atividade física e desordens músculo-esquelético de funcionários, mas para outras medidas como as perimetrias, flexibilidade, peso corporal, composição corporal e força muscular ainda carecem de evidências, pois os resultados ainda são inconclusivos. Dessa forma o exercício físico regular está associado com inúmeros benefícios físicos e mentais em homens e mulheres. Além disso, todas as causas de mortalidade são diminuídas ou retardadas pela regularidade e início da prática do exercício físico (GARBER et al, 2011).

    Preconiza-se que para adultos, a realização de 150 minutos (2 horas e 30 minutos) durante a semana de atividade moderada, ou 75 minutos (1 hora e 15 minutos) de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa, ou uma combinação equivalente das duas intensidades, seja o necessário para redução de riscos de desenvolvimento de doenças arteriais coronarianas, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica, ganho de peso, diabetes tipo dois, redução da depressão e etc. (U.S. DEPARTMENT OF HEALTHY & HUMAN SERVICES). O objetivo do seguinte estudo piloto foi: implantar um programa de atividade física sistematizado para os funcionários da empresa de arquitetura, sensibilizar os participantes da importância da prática de atividade física para uma vida mais saudável, verificar o efeito do programa de treinamento com periodicidade de uma vez por semana sobre as variáveis dependentes: aptidão física, antropometria e nível de atividade física. A hipótese do nosso estudo foi que o exercício físico seria capaz de intervir significativamente em todas essas variáveis.

Métodos

    No dia 16 de fevereiro de 2011 foi realizada uma palestra sobre a importância da atividade física para a prevenção de problemas de doenças crônico degenerativas não transmissíveis para 10 voluntários em uma empresa de arquitetura de Brasília, Distrito Federal. Neste momento também foi informado que iria iniciar um programa supervisionado de exercício físico, periodicidade, formato e horários. Os voluntários foram informados sobre a natureza e os procedimentos do estudo e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Protocolo experimental

    Palestra inicial: sua condução foi baseada na apresentação da temática (Por que a maioria das pessoas é sedentária? Como podemos nos tornar mais ativos no cotidiano? Quanto é necessário para no tornarmos ativos fisicamente?), seguida de debate. Desta forma, contribuir para a construção coletiva de reflexões sobre a importância da atividade física para a saúde e qualidade de vida.

    O programa de treinamento ocorreu de fevereiro a outubro de 2011 e teve uma periodicidade de uma vez por semana, com duração de 70 minutos, sempre nas segundas de 18 a 19 horas no parque da Cidade – Brasília-DF.

    As variáveis dependentes antropométricas analisadas previamente a posteriormente foram: o percentual de gordura analisado pelas dobras cutâneas com a equação de Jackson e Pollock (1978) para homens e Jackson et al. (1980) para mulheres, peso, estatura, circunferência da cintura, circunferência do quadril, relação cintura para o quadril (RCQ) e índice de massa corporal (IMC). Para o teste de flexibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar (JONES E RIKLI, 2002). E para as variáveis neuro-motoras foram realizados: o teste de sentar e levantar de 30 segundos (JONES E RIKLI , 2002), teste de abdominal de um minuto e teste de apoio de frente de um minuto (ACSM, 2007; FITZGERALD et al., 2004).

Auto-avaliação da atividade física global

    Para análise da auto-avaliação da atividade física global nos 12 meses anteriores em relação à intensidade, freqüência e duração em sessões de exercícios realizados por semana um único item (pergunta) foi incluído e adaptado do estudo de Haapanen-Niemi et al. (2000), onde as alternativas de respostas eram: (1) atividade física vigorosa duas ou mais vezes por semana; (2) atividade física vigorosa uma vez por semana e alguma atividade física de baixa intensidade; (3) alguma atividade por semana; (4) nenhuma atividade física regular por semana. Na análise, as duas primeiras classes foram consideradas como ativos enquanto as duas últimas classes foram consideradas como inativos.

Análise estatística

    Para que fosse inserido no processo de análise, foi necessário que os voluntários tivessem pelo menos 50% de freqüência, ou seja, 18 treinos. Para a analise da normalidade dos dados foi realizado o teste de Shapiro Wilk. Para os dados contínuos (testes neuromusculares, composição corporal, perimetria e flexibilidade) que apresentaram normalidade foi realizado o teste t de student dependente. Para o dado ordinal (questionário de auto-avaliação de atividade física) foi realizado o teste de Wilcoxon. De acordo com Thomas et al. (2007), para um estudo piloto quando a questão principal consiste em identificar uma diferença real, adota-se um valor de p ≤ 0,20 como diferença significativa.

Resultados

    No processo de treinamento todos os funcionários participaram dos treinamento, no entanto, cinco (50%: 1 = masculino, 4 = feminino) tiveram o mínimo de 50% de participação para a análise de dados do pré e pós-testes. As características dos voluntários são apresentadas na tabela 1.

    Para os voluntários que participaram da intervenção não foi encontrado diferença significativa nas variáveis sentar e levantar e apoio de frente. Para a variável abdominal foi encontrado diferença significativa (p = 0,02) na avaliação pós-treinamento quando comparado com a avaliação pré-treinamento. A tabela 2 expressa os valores médios ± desvio padrão para os testes neuro-musculares.

    Para os voluntários que participaram da intervenção não foi encontrada diferença significativa na variável peso, circunferência do quadril, índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura (%G). Para a variável flexibilidade, circunferência da cintura e relação cintura para o quadril (RCQ) a intervenção obteve efeitos significativos no pós-treinamento (p = 0,16, p = 0,05, p = 0,00, respectivamente) quando comparado ao pré-treinamento. A tabela 3 expressa os valores médios ± desvio padrão para as variáveis antropométricas e de flexibilidade.

    Para os voluntários que participaram da intervenção, para análise da auto-avaliação da atividade física global nos 12 meses anteriores em relação à intensidade, freqüência e duração em sessões de exercícios realizados por semana a intervenção foi capaz de melhorar significativamente (p = 0,12) os scores. A tabela 4 expressa os valores em mediana.

Discussão

    Para os funcionários com assiduidade igual ou superior a 50% nos treinamentos a intervenção proporcionou uma redução significativa na circunferência da cintura e relação cintura quadril (RCQ), com apenas uma sessão de treinamento por semana. Tal resultado é de grande importância, pois a obesidade abdominal é incrivelmente reconhecida como um fator de risco para doenças cardiovasculares e quando comparado com o IMC, as medidas abdominais antropométricas como circunferência da cintura e relação cintura para o quadril, são fortemente associados com fatores de risco metabólicos, doenças cardiovasculares e morte (KONING et al., 2007). Koning et al. (2007), ressaltaram que o aumento de 1 cm na circunferência da cintura está associado com aumento de 2% nos riscos futuros de doença cardiovascular e aumento de 0,01 na RCQ está associado com aumento de 5%. Podemos inferir que o treinamento diminui em mais de 10% os riscos futuros de problemas cadiovasculares.

    A nossa intervenção de atividade física demonstrou uma melhora significativa na força de endurance muscular. O American College of Sports Medicine (ACSM, 2007) ressalta que a força e endurance muscular são componentes da aptidão relacionada à saúde e que podem aprimorar ou manter a massa óssea que está relacionada à osteoporose, melhorar a tolerância a glicose, que está relacionada à diabetes tipo 2, melhorar a integridade músculotendinosa, que está relacionada a um menor risco de lesão, incluindo lombalgia, melhorar a capacidade de realizar as atividades da vida diária e por fim melhorar a massa isenta de gordura e a taxa metabólica de repouso que estão relacionadas ao controle do peso. Além disso, FitzGerald et al. (2004), demonstraram que maiores valores no teste abdominal também está associado com redução nos riscos doenças cardiovasculares, câncer e mortalidade por todas as causas. Uma melhoria nesse teste específico pode significar uma redução nos riscos supracitados em até 44 a 35% (FITZFERALD et al., 2004).

    Houve melhorias significativas na flexibilidade. De acordo com ACSM. (2007), a flexibilidade precária da região lombossacra e dos quadris pode em combinação com uma força de endurance abdominais precárias ou de outros fatores causais, contribuir com o surgimento da lombalgia de origem muscular.

    Para a análise da auto-avaliação da atividade física global nos 12 meses anteriores em relação à intensidade, freqüência e duração em sessões de exercícios realizados por semana, a intervenção foi capaz de melhor significativamente os scores. De acordo com Haapanen-Niemi et al. (2000), o baixo nível de atividade física está relacionado com o aumento do risco de mortalidade e doenças cardiovasculares. O resultado da intervenção demonstrou uma melhoria significativa nesse fator, saindo de uma classificação de indivíduos inativo para indivíduos ativos.

    Os resultados do nosso estudo corroboram com os resultados de Marshall. (2004), onde a adesão de programa de atividade física em empresas varia de 40% a 80%. Os nossos voluntários tiveram 50% de participação com regularidade efetiva de 50% nos treinamentos. Além disso, o projeto de forma surpreendente teve uma participação de todos os funcionários e, pode contar com convidados externos. O que propiciou um clima mais agradável aos treinamentos.

    Nosso estudo algumas limitações. Primeiro, tivemos um pequeno número de participantes. Segundo, não houve controle nutricional, o que poderia potencializar os resultados. Terceiro, o programa foi apenas direcionado para a aptidão cardiovascular. Quinto não foi realizado um controle de hemograma para avaliar o perfil lipídico e glicêmico antes e após o programa de treinamento. Quinto por se tratar de uma empresa com prazos e horários para realização dos projetos, muitos momentos funcionários não se motivaram em parar seu trabalho e aderir o programa de atividade física.

    Desta forma, sugere-se para futuros estudos avaliar e programar estratégias de recrutamento criativas para maximizar e sustentar o envolvimento de funcionários. Realizar em paralelo um acompanhamento nutricional para auxiliar a estabelecer rotinas para os participantes.

Conclusão

    Os resultados do nosso estudo demonstram melhoria significativa nas variáveis antropométricas, neuromusculares e melhoria na atividade física auto-relatada em funcionários arquitetos. Ou seja, a pratica de UMA vez na semana de “Atividade física pode diminuir os RISCOS de problemas cardiovasculares, câncer e riscos de mortalidade por todas as causas” (FITZGERALD et al. 2004). Com isso, sugerimos que mais empresas possam realizar o investimento na saúde de seus funcionários com intervenções simples como: palestras e programas de atividade física.

Agradecimentos

    A Karla Figueiredo e Jose Renato Gomes pela iniciativa de proporcionar um programa de atividade física para os funcionários de sua empresa.

Referências

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