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Eficácia de tratamento respiratório em indivíduos idosos 

com diagnostico clinico de doença pulmonar obstrutiva crônica

Eficacia del tratamiento respiratorio en una persona mayor con diagnóstico clínico de enfermedad pulmonar obstructiva crónica

 

*Fisioterapeuta, Mestranda em Ciências do Movimento Humano/UDESC

**Educador Físico, Especialista em Gestão Escolar/UNOPAR

***Professora Doutora da UNICRUZ

****Professor Doutor UNICRUZ

(Brasil)

Rossana Von Saltiél*

Márcio Carré Oliveira**

Patrícia Bianchi***

Patrícia Rosa***

Luiz Henrique Rosa****

rossanafisio@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da década de 60. Metodologia: A população foi composta por quinze idosos, onze mulheres e quatro homens, residentes em Cruz Alta-RS, com diagnóstico clínico de doença pulmonar obstrutiva crônica. A média de idade foi de 72,4 anos. Como critérios de exclusão: a internação hospitalar nos dois meses que antecederam ao estudo ou a realização de qualquer tipo de procedimento cirúrgico nos seis meses que antecederam ao estudo. Realizou-se prova de função pulmonar – espirometria - e avaliação da força muscular respiratória através da manovacuometria antes (pré-teste) e após (pós-teste) o programa de tratamento. Os idosos foram divididos em dois grupos: G1 com sete indivíduos e G2 com oito indivíduos. O programa de tratamento foi realizado numa freqüência de duas vezes na semana durante um período de nove semanas. O programa de tratamento consistia na realização de 20 manobras de pressão máxima inspiratória (PImáx) e 20 manobras de pressão máxima expiratória (PEmáx). Ao final da sessão, os pacientes respiravam através do Treshold por um período de 15 minutos, sendo a carga determinada como 40% da força muscular respiratória. Resultados: A diferença entre as médias dos sujeitos agrupados, segundo as variáveis quantitativas foram estimadas através do teste t de Student (pareado) e do teste de correlação de Pearson. Constatou-se que, ao treinar a PImáx e a PEmáx, os valores obtiveram aumento significativo. Em função disso, os valores de Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (FEV1) (p=0,02) e o Pico de Fluxo Expiratório (PFE) (p=0,03) tiveram significância estatística, proporcionando a melhora dos sujeitos avaliados; quatro deles melhoraram o grau do distúrbio obstrutivo, dois passaram do grau moderado para o grau leve e dois do grau leve para o normal. Conclusão: Através do protocolo de tratamento respiratório proposto neste estudo pôde-se determinar melhora da força muscular respiratória que repercutiu em melhora da função pulmonar. Assim, programas eficazes, podem determinar que as repercussões das afecções respiratórias no sistema respiratório possam ser amenizadas de forma que isso se reflita na melhora da qualidade de vida dos idosos acometidos pelas DPOC. Portanto, o tratamento aqui desenvolvido passa a ser uma proposta de programa de treinamento respiratório para ser utilizado no tratamento de idosos portadores de DPOC da sociedade em geral.

          Unitermos: Idosos. DPOC. Função pulmonar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da década de 60, quando a queda das taxas de fecundidade começou a alterar sua estrutura etária, estreitando progressivamente a base da pirâmide populacional (CHAIMOVICZ, 1997).

    Envelhecer de forma saudável é o que almeja a grande maioria da população, assim, ao se criar políticas de saúde voltadas a esta considerável parcela da sociedade, estar-se-ia proporcionando uma melhora ainda mais evidente na qualidade de vida destes indivíduos.

    Neste período da vida pode ocorrer um aumento na incidência de determinadas doenças devido a um aumento da longevidade e o processo de senescência que cria uma suscetibilidade aumentada (ZIMERMAN, 2000; NAHEMOW, 1987).

    Destas doenças entre os idosos as doenças pulmonares estão entre a terceira causa que mais os leva ao óbito, uma das mais presentes é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Esta é a quarta principal causa de morte entre pessoas com idade de 70-90 anos e significativa causa de morbidade, com decréscimo marcado da qualidade de vida (SENGER, 2002).

    As Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOC) são extremamente freqüentes e estão adquirindo uma importância crescente como causa de morte. A distinção entre os vários tipos de doença obstrutiva não é nítida e este fato gera dificuldade de definição e de diagnóstico. Contudo, todas essas doenças se caracterizam pela obstrução das vias aéreas (WEST, 1996).

    A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por processos patológicos do transporte mucociliar prejudicado, estreitamento do lúmen brônquico e destruição do tecido parenquimatoso. Essas alterações aumentam a resistência ao fluxo de ar e colabam as vias aéreas periféricas durante a expiração, prendendo e retendo volume inspiratório. As alterações fisiológicas incorridas podem ser vistas durante o exame e tratamento a partir da perspectiva de prejuízo da função ventilatória (bomba torácica) e função respiratória (troca gasosa) (SCOT; TECKLIN, 1994).

    As principais características são: redução do volume expiratório, aumento do volume residual que conduz a uma leve hiperinsuflação, capacidade respiratória máxima afetada, pode haver diminuição da complacência, diminuição da capacidade vital, aumento da resistência aérea devido à infecção e sua concomitante congestão e edema de mucosa, e alteração na distribuição gasosa (ARCODACI; CUELLO, 1987).

    A progressão da DPOC é pelo menos de 30 anos desde o início até desenvolver manifestações clínicas da doença. Os pacientes nos estágios iniciais da DPOC não apresentam sintomas, ou somente tosse pela manhã, atribuída freqüentemente ao fato de fumarem cigarros. Não é freqüente encontramos sinais físicos nos estágios leve a moderado da doença. Na doença avançada, existem evidências clínicas de hiperinsuflação, com diafragma rebaixado, observado por percussão (FREITAS et al, 1997).

    A DPOC incide com maior freqüência em indivíduos do sexo masculino e da raça branca, possivelmente devido a fatores genéticos. Alguns doentes procuram o médico por fadiga fácil ou emagrecimento. A perda de peso é provocada pela menor ingestão alimentar e, quando tem proporções significativas, representa sinal de mau prognóstico na DPOC (BETHLEM, 1996).

    A fisioterapia respiratória é uma área bastante ampla. Ela cuida da avaliação e do tratamento dos pacientes com distúrbios pulmonares agudos ou crônicos. Emprega uma grande variedade de exercícios terapêuticos e técnicas relacionadas para avaliar e tratar efetivamente o indivíduo.

    Assim sendo, a presente pesquisa teve por objeto de estudo a intervenção da Fisioterapia em doenças pulmonares obstrutivas crônicas que acometem os idosos e, principalmente, a elaboração de um tratamento respiratório a fim de amenizar suas conseqüências no organismo senil.

    O principal objetivo da pesquisa foi identificar as alterações provocadas por um tratamento fisioterapêutico na função pulmonar em idosos com diagnóstico clínico de DPOC.

Metodologia

    A população foi composta por idosos que residem no município de Cruz Alta-RS Brasil com diagnóstico clínico de doença pulmonar obstrutiva crônica.

    Participaram do estudo quinze idosos, onze mulheres e quatro homens, com idade média de 72,40 anos.

    Foram critérios de exclusão: a internação hospitalar nos dois meses que antecederam ao estudo, ou a realização de qualquer tipo de procedimento cirúrgico nos seis meses que antecederam ao estudo.

    Os idosos foram avaliados através do teste de função pulmonar - espirometria e a força muscular respiratória foi avaliada através da manovacuometria antes (pré-teste) e após (pós-teste) o programa de tratamento.

    Os idosos foram divididos em dois grupos: G1 com sete indivíduos e G2 com oito indivíduos. A composição de cada grupo foi feita de forma aleatória.

    O programa de tratamento foi realizado numa freqüência de duas vezes na semana durante um período de nove semanas perfazendo um total de 18 sessões para cada grupo.

    O programa de tratamento consistia na realização de 20 manobras de pressão máxima inspiratória (PImáx), 20 manobras de pressão máxima expiratória (PEmáx) utilizando um manovacuômetro, e ao final da sessão, os pacientes respiravam através do Treshold por um período de 15 minutos, sendo a carga determinada como 40% da força muscular respiratória.

    Para participar do estudo, todos os pacientes foram informados dos objetivos, benefícios, riscos e a metodologia que seria aplicada para a realização do trabalho. Antes das avaliações todos os pacientes assinaram o termo de consentimento informado.

Resultados e discussão

    A média de idade dos indivíduos estudados foi de 72,40 anos, a média de peso foi de 67,33 Kg e a média de altura foi de 1,54m.

    A diferença entre as médias dos sujeitos agrupados, segundo as variáveis quantitativas foram estimadas através do teste t de Student (pareado) e do teste de correlação de Pearson. Ao final do estudo constatou-se que, ao treinar a PImáx e a PEmáx, os valores obtiveram aumento significativo. Em função disso, os valores de FEV1 (p=0,02) e PFE (p=0,03) tiveram significância estatística, proporcionando a melhora dos sujeitos avaliados; quatro deles melhoraram o grau do distúrbio obstrutivo, dois passaram do grau moderado para o grau leve e dois do grau leve para o normal.

Conclusão

    A partir dos resultados obtidos após o programa de tratamento muscular respiratório, pode-se concluir que o protocolo utilizado foi eficaz na melhora da força muscular respiratória. Observou-se que tanto a força muscular inspiratória quanto à força muscular expiratória obtiveram melhora significativa.

    A melhora da força muscular respiratória repercutiu na evolução de alguns parâmetros do exame espirométrico como o Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF1) e o Pico de Fluxo Expiratório (PFE), ambos determinados em manobra expiratória forçada. A melhora dessas variáveis espirométricas determinaram que alguns pacientes mudassem a sua classificação quanto ao grau do distúrbio ventilatório, reduzindo a gravidade do mesmo.

    Devido à repercussão da patologia na vida dos indivíduos, estudos como este que visam a melhora da função pulmonar são imprescindíveis para a melhora da qualidade de vida dos mesmos.

    Através do protocolo de tratamento respiratório proposto neste estudo pôde-se determinar melhora da força muscular respiratória que repercutiu em melhora da função pulmonar. Assim, programas eficazes, podem determinar que as repercussões das afecções respiratórias no sistema respiratório possam ser amenizadas de forma que isso se reflita na melhora da qualidade de vida dos idosos acometidos pelas DPOC.

    Portanto, o tratamento aqui desenvolvido passa a ser uma proposta de programa de treinamento respiratório para ser utilizado no tratamento de idosos portadores de DPOC da sociedade em geral.

Referências

  • Arcodaci CS, Cuello AF. Bronco Obstrução. São Paulo: Panamericana; 1987.

  • Bethlem N. Pneumologia. 4º ed. São Paulo: Atheneu; 1996.

  • Chaimovicz F. A saúde dos idosos brasileiros as vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Revista de Saúde Pública 1997,31(2):184-00.

  • Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

  • Nahemow L, Pousada L. Diagnósticos Geriátricos. São Paulo: Andrei Editora Ltda, 1987.

  • Scot I, Tecklin JS. Fisioterapia Cardiorespiratória. 2ª ed. São Paulo: Manole; 1994.

  • Senger J. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. In: Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.p.344-52.

  • West JB. Fisiopatologia Pulmonar Moderna. 3ª ed. São Paulo: Manole; 1996.

  • Zimerman GI. Velhice: Aspectos Biopsicosociais. Porto Alegre: Artmed; 2000.

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