Risco de cardiopatias em escolares da rede pública estadual do município de Tuparendi, RS El riesgo de enfermedades cardíacas en escolares de las escuelas públicas en el municipio de Tuparendi, RS |
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*Especializando em Educação Física, Desempenho Motor e Saúde, UFSM **Professor do Instituto Federal de Santa Catarina Mestre em Treino de Alto Rendimento UTL/FMH – Portugal ***Mestrando em Geomática, UFSM ****Acadêmico de Educação Física, UFSM Acadêmico de Medicina, UFSM *****Acadêmica de Fisioterapia, UNIFRA ******Drª. Ciência do Movimento Humano, UFSM (Brasil) |
Lucas Rossatto Cancian* Kenji Fuke** | Jeovani Peripolli*** Diego Both**** | Eloyve Vanz**** Daniela Rambo***** | Daniela Lopes dos Santos****** Silvana Corrêa Matheus****** |
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Resumo Desde a década de 80, estudos têm demonstrado um substancial aumento na prevalência da obesidade tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, atingindo todas as faixas etárias, especialmente as crianças. A medida das circunferências de cintura e quadril é uma ferramenta importante para verificar sobrepeso e obesidade, identificando, assim, aquelas que apresentam risco ao desenvolvimento de complicações metabólicas e cardiovasculares. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi identificar o risco que alunos de séries iniciais das escolas da rede pública estadual do município de Tuparendi-RS tem de desenvolver algum tipo de cardiopatia. Foram avaliadas 122 crianças com média de idade de 8,56 ± 1,35 anos. Foram mensurados perímetros de cintura e de quadril e calculado o RCQ (Relação Cintura/Quadril) das crianças. Os dados obtidos foram analisados através de estatística descritiva. Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Na comparação das médias das variáveis utilizou-se o teste “t” de Student. O nível de significancia utilizado foi de 5%. Para armazenar e analisar os dados foi utilizado o programa estatístico GraphPad Prisma 4. Os resultados permitem concluir que as meninas têm uma predisposição considerável para desenvolver algum tipo de cardiopatia, uma vez que, mais da metade da amostra encontra-se acima dos níveis considerados normais por tabelas normativas. A RCQ dos meninos foi significativamente maior que das meninas, porém, classificando os resultados com tabelas, encontram-se em número maior dentro dos níveis considerados normais. Unitermos: RCQ. Cardiopatias. Crianças.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Desde a década de 80, estudos têm demonstrado um substancial aumento na prevalência da obesidade tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento (WHO, 2000), atingindo todas as faixas etárias, especialmente as crianças (WHO, 1997). Com esse aumento, a habilidade de identificar o mais cedo possível às idades de risco e os fatores de desenvolvimento da obesidade, torna-se bastante importante para o desenvolvimento de estratégias de prevenção (BRAY, 2002).
O diagnóstico da obesidade pode ser feito por diversos métodos, porém, os antropométricos são os de mais fácil manuseio, inócuos, de baixo custo e os mais indicados para a prática diária (ESCRIVÃO et al., 2000). Dentro das técnicas antropométricas, a medida das circunferências de cintura e quadril é uma ferramenta importante para verificar sobrepeso e obesidade em crianças, identificando, assim, aquelas que apresentam risco ao desenvolvimento de complicações metabólicas e cardiovasculares (HIRSCHLE et al., 2005). Em razão de sua facilidade de medida e também por apresentar associação consistente, e geralmente forte, com concentrações alteradas para fatores de risco, é apropriada para estudos epidemiológicos em crianças (FREEDMA et al., 1999; JANSSEN et al., 2002).
Considerando que a prevalência da obesidade na infância e na adolescência tem ocupado papel de destaque nas discussões relacionadas à saúde de jovens, motivando a realização de diversos estudos, uma vez que o excesso de gordura corporal em crianças e adolescentes, assim como em populações com idades mais avançadas, pode representar um perigoso fator de risco para a saúde (BARLOW, 1998), o objetivo desse estudo foi identificar o risco que alunos de séries iniciais das escolas da rede pública estadual do município de Tuparendi-RS tem de desenvolver algum tipo de cardiopatia
Metodologia
Grupo de estudo
Foram avaliados 122 alunos, com idade média de 8,56 ± 1,35 anos, sendo 62 do sexo masculino e 60 do sexo feminino. Esses alunos representam 62,56% dos estudantes dentro da faixa etária proposta, matriculados em escolas estaduais do município de Tuparendi-RS.
Os participantes foram informados verbalmente e por escrito, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a respeito dos procedimentos que seriam adotados na pesquisa e possíveis riscos.
Materiais e métodos
Antes de iniciar as coletas de dados, os alunos foram informados, pelos professores, sobre a pesquisa. Após obter a autorização dos responsáveis, os alunos foram avaliados. As coletas foram realizadas em salas de aula da própria escola, estando presentes apenas os alunos avaliados, quatro por vez, e os avaliadores (dois).
Primeiramente o aluno respondeu um questionário de identificação contendo: nome; data de nascimento; escola; série e sexo. Após foi mensurada a circunferência de cintura e quadril, seguindo o protocolo proposto por Petroski (1999). Para obtenção dessas medidas, foi utilizada uma fita métrica, instrumento apropriado para avaliação perimétrica, da marca Cescorf, com resolução de 0,1cm.
A partir das medidas obtidas calculo-se o RCQ (perímetro da cintura / perímetro do quadril). O valor obtido foi classificado com a tabela proposta por Bray & Gray (1998).
Estatística
Os dados obtidos foram analisados através de estatística descritiva. Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Na comparação das médias das variáveis analisadas entre meninos e meninas utilizou-se o teste “t” de Student. O nível de significancia utilizado foi de 5%. Para armazenar e analisar os dados foi utilizado o programa estatístico GraphPad Prisma 4.
Resultados
Tabela 01. Características gerais da amostra.
Para melhor interpretar os dados e para uma melhor visualização das variáveis, os indivíduos foram separados por sexo. A partir dessa separação, podem-se fazer comparações entre os dois grupos, buscando encontrar características particulares em cada grupo. Comparando os resultados encontrados na RCQ se observou diferença significativa (fig. 01)
Figura 01. Valores médios e DP do RCQ de meninas (0,80 ± 0,03 cm) e meninos (0,83 ± 0,03 cm). ***(P<0.0001)
A literatura propõem que números mais próximos a 1,00, quando se divide circunferência de cintura pela circunferência de quadril, representam riscos maiores à saúde. A Figura 2 expressa como se distribui esse risco para a população estudada.
Figura 2. Valores com percentuais de risco medido pela RCQ em estudantes do município de Tuparendi
Com esse quadro, pode-se notar que o risco de alguma complicação cardíaca é alto, uma vez que mais de 40% da população estudada apresenta risco alto ou muito alto. Para melhor compreendermos esses resultados dividimos também os indivíduos por sexo, uma vez que, existem tabelas normativas diferentes para indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.
Figura 3. Gráficos comparativos de risco de complicações cardíacas, entre meninos e meninos
A partir desses gráficos podemos concluir que as meninas têm tendência maior para desenvolver algum tipo de complicação, enquanto os meninos encontram-se dentro de um limite mais seguro para esse tipo de situação.
Discussão
Os meninos (RCQ: 0,83 ± 0,03 cm) apresentaram valores significativamente maiores que as meninas (RCQ: 0,80 ± 0,03 cm). Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Mascarenhas et al. (2005) que ao comparar a relação cintura/quadril em crianças até 12 anos, também encontraram diferença significativa. As discrepâncias dos resultados entre os sexos podem estar relacionados ao fato de que existe uma distribuição diferenciada de gordura corporal de meninos em relação a meninas (MALINA, 2002).
Conclusão
Com os resultados encontrados, pode-se concluir que para RCQ, as meninas têm uma predisposição considerável para desenvolver algum tipo de cardiopatia, uma vez que, classificando dentro de tabelas normativas, mais da metade da amostra encontra-se acima dos níveis de normalidade, diferente dos meninos que apresentam níveis normais e baixo.
Referências bibliográficas
BARLOW, S.E.; DIETZ, W.H. Obesity evaluation and treatment: Expert Committee Recommendations. Pediatrics. 102(3):E29. 1998.
BRAY, G.A. Predicting obesity in adults from childhood and adolescent weight. AM J Clin Nutr. 76:497-8. 2002.
BRAY, G.A.; GRAY, D.S. Obesity. Part I – Pathogenesis. Western Journal of Medicine. 149 p. 429-441, 1988.
ESCRIVÃO, M.A.M.S; OLIVEIRA, F.L.C.; TADDEI, J.A.A.C.; LOPEZ, F.A. Obesidade exógena na infância e na adolescência – Jornal de Pediatria 76 (supl. 3). s305-s- 309, 2000.
FREEDMA, D.S.; SERDULA, M.K.; SRINIVASAN, S.R.; BERENSON, G.S. Relation of circumferences and skinfold thicknesses to lipid and insulin concentrations in children and adolescents: the Bogalusa Heart Study. Am J Clin Nutr. 69:308-17. 1999.
HIRSCHLE, V.; ARAND, C.; CALCAGNO, M.L.; MACCALINI, G.; JADZINSKY, M. Can waist circumference identify children with the metabolic syndrome? Arch Pediatr Adolesc Med. 159:740-4. 2005.
JANSSEN, I; KATZMARZYK, P.T.; ROSS, R. Body mass index, waist circumference, and health risk. Evidence in support of current National Institutes of Health Guidelines. Arch Intern Med. 162: 2074-9. 2002.
MALINA, R.M.; BOUCHARD, C. Atividade física do atleta jovem: do crescimento à maturação. 1a ed. São Paulo: Roca, 2002.
PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. pp.(11, 30, 40). Ed. Pallotti, Porto Alegre, 1999.
WHO. How much physical activity needed to improve and maintain health. [periódico oline]. 2002. Disponível em http://www.who.int/hpt/physactiv/p.a.how. much.shtml, [2002 dez 03].
WHO. Obesity. Preventing and managing the global epidemic: Report of WHO consultation group on obesity. Geneva: World Health Organization; 1997.
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