Trajetória da pós-graduação stricto-sensu na área de Educação Física: um estudo de revisão La trayectoria de la posgraduación stricto-sensu en el área de Educación Física: un estudio de revisión |
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Programa de Mestrado em Educação Física da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (Brasil) |
Professor Mestrando Helder Madruga de Quadros Professora Doutora Mariângela da Rosa Afonso |
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Resumo Os programas de pós-graduação stricto-sensu no Brasil, nas últimas décadas, vêm se constituindo como um grande processo de expansão formativa e de consolidação do conhecimento da comunidade científica, tanto em nível de mestrado como de doutorado. Na área de Educação Física não é diferente, com enormes desafios e crescimento desde a sua implantação em 1977. Assim, buscou-se nesta pesquisa descrever a trajetória atual especificamente na área da Educação Física, uma vez que acontece o aumento substancial dos programas stricto-sensu em nosso país, com mudanças no cenário. Para a realização deste estudo utilizou-se o método descritivo em forma de revisão bibliografica. No estudo destaca-se o grande aumento de programas nos ultimos anos, principalmente nas regiões sul e sudeste, chegando em 2011 a 23 programas de mestrado e 13 de doutorado, contudo o estudo revela uma grande preocupação com a concentração geografica destes programas em apenas duas regiões do país. Unitermos: Pós-graduação. Stricto-sensu. Educação Física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Os programas de pós-graduação stricto-sensu no Brasil, nas últimas décadas, vêm se constituindo num processo de expansão formativa e de consolidação do conhecimento da comunidade científica, tanto em nível de mestrado como de doutorado. De acordo com Noronha (2009), estes programas contribuem no fortalecimento das diferentes áreas do conhecimento, com a atuação do egresso, mestre e doutor, no ensino superior, tanto na graduação como na pós-graduação.
O fortalecimento das áreas do conhecimento pelos programas de Pós-Graduação pode ser evidenciado no IV Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), Brasil (2004), ao descrever que “cabe à pós-graduação a tarefa de produzir os profissionais aptos a atuar nos diferentes setores da sociedade e capazes de contribuir, a partir da formação recebida, para o processo de modernização do país”.
No aspecto conceitual a pós-graduação no Brasil, como é mencionada na sua própria denominação, pode ser definida como a realização de cursos e/ou programas após a conclusão da graduação. Estes cursos e programas podem ser classificados em cursos de pós-graduação lato-sensu e programas de pós-graduação stricto-sensu. Para Saviani (2000), os cursos de pós-graduação lato-sensu, visam a um aprimoramento (cursos de aperfeiçoamento) ou aprofundamento (cursos de especialização) da formação profissional básica obtida no curso de graduação correspondente, enquanto que a pós-graduação stricto-sensu, organizada sob as formas de mestrado e doutorado, diferentemente dos cursos de graduação que estão voltados para a formação profissional, se voltam para a formação acadêmica traduzida especificamente no objetivo de formação de pesquisadores.
Em relação a pós-graduação stricto-sensu na área de Educação Física no Brasil, temos que relatar, primeiramente, a sua formação como área do conhecimento que, segundo Pelegrini (2008), se consolidou, somente a partir do decreto lei 705, de 25 de julho de 1969, no qual intensifica o uso ideológico da Educação Física dentro do espaço educacional superior, estendendo sua obrigatoriedade a todos os níveis e setores de ensino.
Com a reforma escolar, o projeto de expansão da Educação Física incluiu a formação de professores, onde foi aprovada a licenciatura curta em Educação Física, a partir de 1971, que possibilitou um processo de aceleração significativo para atendimento da demanda proveniente do sistema escolar reformado, (PELEGRINI, 2008).
Para Afondo (1992), com a crescente demanda na área da Educação Física e com objetivos semelhantes ao da pós-graduação em geral que era o desenvolvimento científico e tecnológico do país é criado o primeiro curso de mestrado em educação física do Brasil e da América Latina em 1977 na Universidade de São Paulo.
Devido a estes fatos e sabendo-se da importância do tema abordado, a presente investigação tem o objetivo de descrever os caminhos da pós-graduação stricto-sensu em nosso país na área da Educação Física, desde a sua origem até os dias atuais.
O estudo foi motivado a partir do fato de ser um pós-graduando de um programa de mestrado em Educação Física, o que possibilitou a vivência cotidiana de angústias, incertezas, preocupações e expectativas que se tem em relação a pós-graduação stricto-sensu na área da Educação Física que é pouco explorada, situando-se em investigações sobre a avaliação dos programas de mestrado e doutorado e sobre as linhas de pesquisas e suas bases epistemológicas.
O estudo foi realizado através de uma fundamentação teórica, de identificação de publicações que foi feita por meio dos sistemas de busca de bibliografia cientifica.
2. A Pós-Graduação no Brasil
Como descrito no IV Plano Nacional de Pós-Graduação, Brasil (2004), concordamos que em função dos resultados já alcançados, pode-se afirmar que a pós-graduação se constitui numa das realizações mais bem sucedidas no conjunto do sistema de ensino existente no país, e essa afirmativa é bem anterior ao plano, já que no documento do MEC sobre a discussão da pós-graduação brasileira, descrevia que no país ela constituía, sobretudo, um programa admirado e elogiado, mesmo nos países desenvolvidos e para os vizinhos da América Latina e também entre outros países em desenvolvimento, o programa brasileiro apresenta-se como um modelo invejável.
O IV Plano Nacional de Pós-Graduação, Brasil (2004) também ressalta em dos seus objetivos fundamentais a importância da expansão do sistema de pós-graduação que leve a expressivo aumento do número de pós-graduandos requeridos para a qualificação do sistema de ensino superior do país, do sistema de ciência e tecnologia e do setor empresarial.
Na perspectiva de uma pós-graduação bem sucedida e que tem como objetivo fundamental o expressivo aumento do número de pós-graduandos e conseguinte um grande aumento de egressos é que traçamos a base teórica do nosso estudo.
E como meta inicial nessa perspectiva teórica do estudo destaca-se Saviani (2000), que descreve que na década de 1930, quando são oficialmente criadas as primeiras universidades do Brasil, acontece uma forma de “formação em serviço” dos professores universitários, que acontecia nas próprias universidades.
Segundo o Parecer 977/65, Brasil (1965), a pós-graduação no sentido estrito é definida como ciclo de cursos regulares em segmento à graduação, sistematicamente organizados, visando desenvolver e aprofundar a formação adquirida no âmbito da graduação e conduzindo à obtenção de grau acadêmico.
Antes de destacar o surgimento da pós-graduação no Brasil é importante lembrar a sua juventude recente e que de certo modo tem uma relação muita próxima com as características do surgimento do ensino superior. Faz-se necessário uma rápida lembrança do surgimento do ensino superior em nosso país, visto que é por intermédio dele que se constitui a pós-graduação.
O ensino superior no Brasil teve seus primórdios no século XIX através de iniciativas isoladas, além de algumas tentativas fracassadas no começo do século XX, até que em termos formais foi concretizado através do decreto 14.343, de 7 de setembro de 1920, que criou a Universidade do Rio de Janeiro. Mas, a consolidação do ensino superior veio somente após a Revolução de 1930, com as reformas “Francisco Campos”, que instituíram o regime universitário no Brasil através do decreto 19.851, de 11 de abril de 1931 que tratou do Estatuto das Universidades Brasileiras, Saviani (2000).
Esta descrição do surgimento do ensino superior nos mostra uma grande similaridade com os primórdios da pós-graduação no Brasil. Desde a “Reforma Campos” os cursos de pós-graduação no Brasil existem, mas durante décadas eles se resumiram a um número pequeno de cursos e programas de iniciativa de algumas instituições.
O surgimento da pós-graduação no Brasil, segundo Santos (2003), ocorreu na década de 1930, com a proposta do Estatuto das Universidades Brasileiras, Decreto Nº 19.851, de 11 de abril de 1931, encaminhado por Francisco Campos através da implantação nos moldes europeus. O curso de direito da Universidade do Rio de Janeiro e a faculdade nacional de filosofia da Universidade de São Paulo foram contemplados com este modelo.
O termo “pós-graduação foi utilizado formalmente pela primeira vez na década de 1940, no Estatuto da Universidade do Brasil em seu artigo nº. 71. A partir de 1950 iniciou-se uma série de convênios entre escolas e universidades do Brasil e dos Estados Unidos através de acordos entre os dois países possibilitando intercâmbio entre professores, pesquisadores e estudantes.
Para Santos (2003), foi na década de 1960 que ocorreu um grande salto para os cursos de pós-graduação do Brasil, com iniciativas na Universidade do Brasil na área de ciências físicas e biológicas e engenharia e também com a implantação do mestrado em Matemática da Universidade de Brasília, o doutorado do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o mestrado e doutorado na Escola Superior de Agricultura de Viçosa, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, assim como os cursos de pós-graduação no ITA e na UnB.
A formalização da pós-graduação brasileira, segundo Machado & Alves (2006) se deu há quatro décadas, aproximadamente, com o Parecer nº 977/65 do Conselho Federal de Educação, de autoria de Newton Sucupira, que teve como objeto a conceituação da pós-graduação.
De acordo com Saviani (2000), neste mesmo ano teve início o primeiro Programa de Pós-Graduação em Educação no Brasil em nível de mestrado que foi o da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Em 1969 o mesmo conselheiro foi o relator do parecer 77/69, aprovado em 11 de fevereiro de 1969, que regulamentou a implantação da pós-graduação no Brasil e, também nesse ano, é instituído o Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Educacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Segundo Kuenzer e Moraes (2005) “A pós-graduação brasileira foi implantada com o objetivo de formar um professorado competente para atender com qualidade à expansão do ensino superior e preparar o caminho para o decorrente desenvolvimento da pesquisa científica.”
Os objetivos da pós-graduação podem ser descritos orientando-se pelos Planos Nacionais de Pós-Graduação descritos no IV PNPG (2004):
Em relação ao I PNPG (1975-1979) destacam-se os seguintes aspectos:
Institucionalizar o sistema, consolidando-o como atividade regular no âmbito das universidades e garantindo-lhe financiamento estável;
Elevar os atuais padrões de desempenho e racionalizar a utilização de recursos;
Planejar a sua expansão, tendo em vista uma estrutura mais equilibrada entre áreas e regiões.
O II PNPG (1982-1985) que tem como objetivos:
Formação de recursos qualificados para as atividades docentes, de pesquisa e técnicas visando o atendimento dos setores públicos e privados;
Qualidade do ensino superior através da institucionalização e aperfeiçoamento de processos avaliativos.
Para o III PNPG (1986-1989), os objetivos foram:
A consolidação e a melhoria do desempenho dos cursos de pós-graduação;
A institucionalização da pesquisa nas universidades para assegurar o funcionamento da pós-graduação;
A integração da pós-graduação ao setor produtivo.
Já em relação ao IV PNPG ele tem como um dos seus objetivos fundamentais uma expansão do sistema de pós-graduação que leve a expressivo aumento do número de pós-graduandos requeridos para a qualificação do sistema de ensino superior do país, do sistema de ciência e tecnologia e do setor empresarial.
De acordo como Velloso (2002), a pós-graduação brasileira, foi formalmente instituída em meados dos anos 60, quando foi regulamentada, na época contava com 38 cursos no país, sendo onze de doutorado e a maioria de mestrado, para o autor, o modelo seqüencial de pós-graduação brasileiro, no qual o mestrado habitualmente precede o doutorado, foi originalmente concebido tendo em vista, naquele nível, o aperfeiçoamento do quadro para o ensino superior e, neste, também a formação do pesquisador cientificamente independente.
Para Dias (2009), isso traz conseqüências para a pós-graduação, especialmente nos cursos de mestrado. Na medida em que aumenta o número de pessoas com graduação concluída, aumenta a pressão da demanda por vagas na pós-graduação.
Este fato é concretizado pelo aumento significativo de cursos de ensino superior no Brasil em todas as áreas de concentração (PINTO, 2004).
Parte das pessoas que demandam essa formação não foi formada na graduação numa cultura científica. Assim, o mestrado tem um curto intervalo de tempo para compensar a deficiência na formação anterior e formar um cientista, Kuenzer e Moraes, (2005).
Embora a intenção dos mestrados seja a formação científica, eles atendem a uma demanda pela formação de docentes por parte de discentes e da população.
Estes fatos nos levam a entender o começo da trajetória da pós-graduação no Brasil, como descreve Saviani (2000), a fase de implantação atinge o seu ápice nos dois anos seguintes, pode-se, contudo, considerar que a fase de implantação já se completara uma vez que em 1976 tem início a instalação do nível de doutorado num claro indício de que se iniciava o período de consolidação da Pós-Graduação no país.
Em 1976, são criados os programas de mestrado na Universidade Federal de São Carlos e Universidade Federal do Paraná, programas de doutorado da PUC do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1977 a expansão do mestrado prossegue com a abertura de dois programas na Universidade Federal do Ceará e Universidade Federal da Paraíba. Em 1978 são criados programas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na Universidade Federal de Pernambuco, na Universidade Federal do Espírito Santo e na Universidade Federal de São Carlos. Em 1979, os programas seguem em expansão com a criação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e na PUC-SP.
Destaca-se que a fase de consolidação se completa aí no início da década de 1980 quando se reduz o ritmo de abertura de novos programas. De acordo com Saviani (2000), de fato, durante cinco anos (entre 1979 e 1984) não surgem novos mestrados. E quanto ao doutorado, o lapso de tempo é ainda maior, não havendo a ocorrência de novos programas ao longo de sete anos (entre 1982 e 1989).
A expansão é retomada em 1984, com a criação dos programas de mestrado da Universidade Estadual Paulista e da Universidade Federal de Santa Catarina, prosseguindo, em 1986, com três novos programas: Universidade Católica de Petrópolis, Universidade Federal de Goiás e Universidade de Ribeirão Preto.
Saviani (2002) destaca que após a criação do mestrado da Universidade do Amazonas em 1987 surgem, em 1988, quatro novos programas: CEFET-MG, UNESP de São Paulo, Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. E a década de 80 se fecha com a abertura do mestrado em na Universidade Santa Úrsula no Rio de Janeiro em 1989.
A expansão se acelera na década de 90 quando surge um grande número de novos programas de mestrado dentre os quais doze obtiveram o reconhecimento da CAPES, (SAVIANI, 2000).
De acordo com Santos e Azevedo (2009), o sistema de pós-graduação no Brasil possui reconhecimento por parte da comunidade científica, nacional e internacional.
Concordamos com as autoras quando escrevem que o reconhecimento é devido ao formato e à seriedade das políticas públicas para a pós-graduação desde a década de 1960. As autoras destacam que nos anos de 1960, havia 38 cursos instalados no país; em 2008 eram 2.588.
Um dos grandes problemas que ainda assolam o sistema de pós-graduação são as diferenças regionais, já que na Região Sudeste se localizam 61,1% dos programas com mestrado e doutorado, Santos e Azevedo (2009).
Segundo Cury (2004) apud (SANTOS E AZEVEDO, 2009), pode-se identificar um claro avanço quantitativo, que também foi acompanhado de um avanço qualitativo, tal sucesso se deve a uma atuação efetiva do Estado brasileiro. Estes avanço em termos de números absolutos, segundo a última avaliação trienal da CAPES, o Brasil conta com 2.718 programas de pós-graduação Stricto Sensu, com 139.736 titulados no período de 2007 a 2010. (CAPES, 2010).
3. Pós-Graduação na área Educação Física no Brasil
O surgimento do primeiro mestrado acadêmico na Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), em 1977, teve como finalidades a capacitação de docentes para o ensino superior e a promoção do desenvolvimento de conhecimentos na área através da pesquisa, (AMADIO, 2007).
Esse fato, para Kokubun (2006), originou-se na medida em que foi percebida a necessidade de capacitar profissionais para a atuação no ensino superior para formar profissionais da área com o objetivo de aplicar e conduzir o conhecimento adquirido no curso de graduação.
De acordo com Afonso (1992), fazia-se necessário a Pós-Graduação, com isso, destaca-se diversos empreendimentos do Governo Federal que traduziam uma preocupação com a área da Educação Física, dentre eles:
A inclusão obrigatória nos currículos plenos dos estabelecimentos de ensino de primeiro e segundo graus;
O maciço investimento na construção de ginásios e parques poliesportivos;
O estímulo à criação de cursos de formação de docentes;
A concessão de bolsas de estudo com o intuito de facilitar o aperfeiçoamento de docentes no exterior;
A consolidação de convênios internacionais.
Para Afonso (1992), essa situação representava uma pressão política e, psicológica, no sentido da criação dos cursos de mestrado em Educação Física, independente da existência ou não de um nível necessário, de um amadurecimento acadêmico ou mesmo da existência de um grupo de docentes qualificados.
Como relatado anteriormente a Pós-Graduação em nível de mestrado em Educação Física no Brasil teve início em 1977, na USP, com a criação do primeiro mestrado da área. Dando ênfase a este programa, é destacado por Amadio (2003), que a Pós-Graduação da USP fez dessa Instituição a maior formadora de recursos humanos pós-graduados na área de Educação Física, o autor destaca que até dezembro de 2001 o programa já tinha outorgado 221 graus acadêmicos em nível de mestrado e 20 em nível de doutorado.
Em 1979 e 1980, respectivamente foram criados os mestrados na Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Federal do Rio de Janeiro, ambos por motivos de avaliação da CAPES deixaram de ser recomendados, embora a Universidade Federal do Rio de Janeiro tenha conseguido em meados dos anos 2000 voltar a ter seu mestrado recomendado.
Martins & Souza e Silva (2005), relatam que o primeiro mestrado em uma instituição privada foi o da Universidade Gama Filho do estado do Rio de Janeiro no ano de 1985. As mesmas autoras descrevem que em 1988 e 1989, respectivamente, foram criados os mestrados na Universidade Estadual de Campinas e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além do mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais também em 1989.
Na década de 1990, o aumento dos programas de mestrado na área de Educação Física prosseguiu, em 1991 foi a vez da Universidade Estadual Paulista, em 1993 a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Universidade Castelo Branco teve seu em mestrado criado em 1995, e a década fecha com dois mestrados em Santa Catarina, um em 1996 na Universidade Federal de Santa Catarina e outro 1997, na Universidade do Estado de Santa Catarina e um mestrado em Brasília, na Universidade católica no ano de 1998. (MARTINS & SOUZA E SILVA, 2005).
Nos anos 2000, vários outros mestrados foram criados, hoje segundo a CAPES (2011), existem 23 programas de mestrado e 13 de doutorado no Brasil, sendo que apenas quatro programas de mestrado estão localizados fora das regiões sul e sudeste e destes apenas um tem nível de doutorado.
No quadro abaixo estão descritos os programas de pós-graduação stricto-sensu na área de Educação Física no Brasil atualmente com o conceito de cada um segundo a ultima avaliação trienal da CAPES.
Quadro nº 1. Programas de Mestrado e Doutorado na Área de Educação Física
UF |
Universidade |
Sigla |
Programa |
Nível |
Conceito |
RN |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte |
UFRN |
Educação Física |
M |
3 |
MG |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro |
UFTM |
Educação Física |
M |
3 |
RJ |
Universidade Salgado de Oliveira |
UNIVERSO |
Ciências da atividade Física |
M |
3 |
SC |
Universidade do Estado de Santa Catarina |
UDESC |
Ciências do movimento humano |
M/D |
3 |
DF |
Universidade de Brasília |
UNB |
Educação Física |
M |
3 |
ES |
Universidade Federal do Espírito Santo |
UFES |
Educação Física |
M |
3 |
MG |
Universidade Federal de Viçosa |
UFV |
Educação Física |
M |
3 |
RJ |
Universidade Federal do Rio de Janeiro |
UFRJ |
Educação Física |
M |
3 |
RS |
Universidade Federal de Pelotas |
UFPEL |
Educação Física |
M |
3 |
PE |
Fundação Universidade de Pernambuco |
UPE |
Educação Física |
M |
3 |
MG |
Universidade Federal de Minas Gerais |
UFMG |
Ciências do esporte |
M/D |
4 |
SP |
Universidade Cruzeiro do Sul |
UNICSUL |
Ciências do movimento humano |
M/D |
4 |
DF |
Universidade Católica de Brasília |
UCB |
Educação Física |
M/D |
4 |
RJ |
Universidade Gama Filho |
UGF |
Educação Física |
M/D |
4 |
SP |
Universidade Metodista de Piracicaba |
UNIMEP |
Educação Física |
M |
4 |
SP |
Universidade São Judas Tadeu |
USJT |
Educação Física |
M |
4 |
SP |
Universidade Estadual de Campinas |
UNICAMP |
Educação Física |
M/D |
4 |
PR |
Universidade Estadual de Londrina |
UEL |
Educação Física |
M/D |
4 |
RS |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
UFRGS |
Ciências do movimento humano |
M/D |
5 |
PR |
Universidade Federal do Paraná |
UFPR |
Educação Física |
M/D |
5 |
SC |
Universidade Federal de Santa Catarina |
UFSC |
Educação Física |
M/D |
5 |
SP |
Universidade Estadual Paulista |
UNESP |
Ciências da motricidade |
M/D |
6 |
SP |
Universidade de São Paulo |
USP |
Educação Física |
M/D |
6 |
Fonte: CAPES, 2011
O panorama da Pós-Graduação na Educação Física brasileira oculta aindas enormes desafios a serem enfrentados por meio de ações que necessitam ser incorporadas na agenda dos agentes responsáveis pelo desenvolvimento da área. (KOKUBUN, 2003)
No entendimento de Tani (2000) apud Kokubun (2003), alguns dos principais desafios já foram apontados compreendendo os seguintes aspectos:
Expansão do sistema sem perda de qualidade dos programas já existentes;
Reflexão sobre a base epistemológica dos programas;
Aumento da quantidade e qualidade da produção intelectual e redução da heterogeneidade da produção docente;
Integração com a graduação;
Formação de docentes de ensino superior que realizem pesquisas e não só ensinem;
Diminuição dos desequilibrios regionais.
4. Considerações finais
A pós-graduação stricto-sensu na área da Educação Física, assim como em todas as áreas em nosso país, vem crescendo gradativamente, com períodos de maior e menor aceleração. Embora, alguns autores tenham a preocupação com a qualidade deste processo, é inegavel que este avanço poderá transformar em curto período o nosso país em uma potência na produção de pesquisa e investigações em todos os setores e na melhora da qualificação profisssional.
A Educação Física segue o caminho do Brasil, no entanto, vale ressaltar que o aumento de programas de mestrado e doutorado nesta área ainda é concentrado na regiões sul e sudeste. Este fato deve ser discutido e avaliado de forma mais contundente pelos orgãos competentes e pela sociedade, possibilitando uma reflexão maior sobre o tema, tentando mudar uma situação que é desfavorável geograficamente.
Referências bibliográficas
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AMADIO, A. C. Consolidação da Pós-graduação “stricto sensu” da escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo: trajetória acadêmica após 30 anos de produção. Revista brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v.21, p.25-36, dez. 2007.
_______. Decreto-Lei nº 705, de 25 de julho de 1969. Diário Oficial da União, Brasília, 1969.
_______. Parecer nº. 977, de 03 de dezembro de 1965. Diário Oficial de União, Brasil, 1965.
_______. Plano Nacional de Pós-Graduação 2005/2010. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Ministério da Educação – MEC, 2004.
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KOKUBUN, E. Pós-graduação em Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 20, p. 31-32, set. 2006.
____________. Pós-graduação em Educação Física no Brasil: indicadores objetivos dos desafios e das perspectivas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 24, n. 2, p. 9-26, jan. 2003.
KUENZER, A. & MORAES, M. C. M. Temas e tramas na pós-graduação em educação. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 26, n. 93, 2005.
MACHADO, A. M. N. & ALVES, V. M. Recuperando origens e trajetórias do sistema de pós-graduação brasileiro em educação. UNI revista – Vol. 1, n° 2, 2006.
MARTINS, N. R. & SOUZA E SILVA, R. V. Pesquisas brasileiras em Educação Física e Esportes: tendências das teses e dissertações. Sistema de publicação eletrônico de teses e dissertações. Uberlândia: UFU/NUTESES, 2005.
NORONHA, D. P.; POBLACIÓN, D. A.; ASSIS, L. S.; HYODO, T. Egressos dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação: por onde andam os doutores. Perspectiva em Ciência da Informação, v.14, n.2, 2009.
PELEGRINI, T. Educação Física, ciência e hegemonia – uma análise das políticas públicas para o ensino superior e para a pós-graduação (1969-1985). Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2008.
SANTOS, A. L. F. & AZEVEDO, J. M. L. A pós-graduação no Brasil, a pesquisa em educação e os estudos sobre a política educacional: os contornos da constituição de um campo acadêmico. Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 42 set./dez. 2009
SANTOS, C. M. Tradições e contradições da pós-graduação no Brasil Educação e Sociedade. Campinas, vol. 24, n. 83, 2003.
SAVIANI, D. A pós-graduação em Educação no Brasil: trajetória, situação atual e perspectivas. Revista Diálogo Educacional - v. 1 - n.1 - p.1-95 - jan./jun. 2000.
VELLOSO, J. A pós-graduação no Brasil – formação e trabalho de mestres e doutores no país. Brasília: CAPES, 2002.
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