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Breve relato sobre o futebol no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil

Breve relato sobre el fútbol en el estado de Mato Grosso do Sul, Brasil

 

*Departamento de Clínica Cirúrgica

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

**Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul – ESP/SES/MS

Instituto de Ensino Superior da Funlec – IESF

Faculdade Unigran Capital

Petr Melnikov*

Joel Saraiva Ferreira**

falecomjoel@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi fazer um breve relato sobre os aspectos históricos da prática da modalidade futebol no estado de Mato Grosso do Sul. Para isso foram consultadas referências bibliográficas relacionadas ao tema e ligadas à especificidade da localidade em questão. Os resultados do breve levantamento bibliográfico evidenciaram dois períodos distintos da prática da modalidade no estado de Mato Grosso do Sul: um com os clubes locais disputando competições de âmbito nacional, que perdurou até meados da década de 1980, e outro com os clubes disputando, quase exclusivamente, competições regionais, iniciado em meados da década de 1980. Tal constatação leva a conclusão de que é preciso levantar uma discussão entre as instituições/clubes envolvidos com a modalidade futebol em Mato Grosso do Sul, a fim de identificar as fragilidades que têm impedido o avanço da modalidade nos últimos anos, assim como as potencialidades para a busca de soluções para os problemas detectados.

          Unitermos: Futebol. Mato Grosso do Sul. Esporte coletivo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A modalidade de futebol desperta o interesse da população brasileira há muitos anos. Tamanho é o interesse dos brasileiros pelo esporte que há uma auto-titulação do Brasil como o “país do futebol”.

    Para entender melhor o interesse dos brasileiros pelo futebol, é necessário compreender o contexto histórico que esse esporte teve em cada localidade. Assim, há diferentes interesses na prática dessa modalidade, que variam de um momento de lazer entre amigos até os enormes montantes financeiros envolvidos no ambiente profissionalizado.

    Ao mesmo tempo, o futebol possibilita uma compreensão das características locais, pois identifica-se equipes de maior representatividade em competições nacionais e internacionais nas regiões que agregam maiores condições de desenvolvimento econômico-industrial.

    Talvez, por isso, localidades em que a economia está alicerçada na agropecuária ou em outras atividades menos industrializadas, coincidentemente não concentram grande número de equipes participando regularmente das disputas de âmbito nacional e internacional.

Referencial teórico

    O futebol é uma modalidade esportiva praticada em dezenas de países em todos os continentes que se tornou atualmente o esporte com maior número de praticantes em todo o mundo. Essa popularidade remonta a períodos longínquos e, talvez isso explique a ausência de consenso sobre a origem deste jogo (BRUNORO e AFIF, 1997).

    Há relatos de atividades competitivas, com características semelhantes as do futebol, praticadas por civilizações antigas, tais como a romana, grega e chinesa. Porém, nesses casos, os jogos não possuíam a forma organizacional atual, com regras definidas em relação aos praticantes e implementos utilizados nas disputas. Mesmo assim, tais relatos evidenciam o interesse do ser humano por atividades esportivas com bola (FREIRE, 2006).

    Foi na Inglaterra, no século XVII, que o jogo de futebol foi organizado e sistematizado a partir de regras que o diferiam das versões anteriores, principalmente pelo fato de não permitir ações violentas entre os atletas. Isso fez com que o esporte se tornasse mais popular, pois estudantes e membros da nobreza também passaram a praticá-lo e não somente os soldados, como freqüentemente acontecia anteriormente (BRUNORO e AFIF, 1997).

    A partir da popularização do esporte na Inglaterra e sua difusão para outros países, houve mais interesse pelo rendimento cada vez melhor de seus atletas, o que culminou com a profissionalização do esporte, tanto por parte dos jogadores quanto dos demais profissionais que os acompanham e orientam na rotina de treinamentos (WEINECK, 2004).

    A organização atual do futebol determina que o esporte seja disputado, em competições oficiais, por duas equipes com onze jogadores em cada uma delas. O campo de jogo tem dimensões que variam de 100 a 110 metros de comprimento e de 64 a 75 metros de largura. A duração de uma partida é de 90 minutos, sendo este tempo dividido em dois períodos de 45. Ao final deste tempo, é declarada vencedora a equipe que conseguir marcar o maior número de gols, os quais são obtidos com a passagem da bola entre as traves da equipe adversária, que delimitam o espaço de 7,32 metros de largura e 2,44 metros de altura (BORSARI, 2002). Como a sistematização das regras do futebol aconteceu na Inglaterra, tanto a terminologia utilizada quanto as medidas adotadas no desenvolvimento da partida, refletem a origem britânica desse esporte.

    No Brasil o futebol chegou por intermédio do paulistano Charles Miller, que foi ainda criança estudar na Inglaterra, onde conheceu a modalidade esportiva e se interessou pela prática do futebol. Quando retornou ao país de origem, trouxe uma bola e as regras do jogo, que naquela época já era bastante popular na Europa (ARAÚJO, 1998).

    No ano de 1895, um ano após o retorno de Charles Miller ao Brasil, realizou-se o primeiro jogo oficial no país. A disputa foi entre funcionários que ocupavam cargos executivos em empresas inglesas que tinham filiais em São Paulo. Inicialmente o futebol se popularizou entre os membros das classes sociais mais ricas do Brasil, sendo considerado um esporte elitista, inclusive com a proibição da participação de pessoas negras nas equipes (ARAÚJO, 1998).

    Com o passar de algumas décadas o futebol se democratizou, tornando-se popular entre todas as classes sociais e atualmente é o esporte mais praticado no Brasil, sem qualquer distinção de sexo, idade, crença religiosa ou grupo étnico.

    Na região onde atualmente está localizado o estado de Mato Grosso do Sul, o futebol nasceu oficialmente em 30 de agosto de 1938, com a fundação da Liga Esportiva Municipal de Amadores (LEMA), que posteriormente recebeu a denominação de Liga Esportiva Municipal Campo-grandense (LEMC), a qual foi responsável pela organização desse esporte no município e, de forma indireta, em toda a região, já que naquele período Campo Grande pertencia ainda ao estado de Mato Grosso, que não havia sido desmembrado em duas unidades federativas (ARAÚJO, 1998).

    Na década de 60, o futebol adotou características profissionais no sul do estado de Mato Grosso, com a organização de eventos esportivos relacionados à modalidade e a construção de um grande estádio na cidade de Campo Grande, o qual seria capaz de comportar a realização de jogos de maior relevância, acompanhados de grande público (ARAÚJO, 2002).

    Já na década de 70 surgem os primeiros clubes de futebol profissional com sede no município de Campo Grande, que foram o Operário Futebol Clube e o Esporte Clube Comercial, os quais passaram a disputar não só competições locais, mas também nacionais (ARAÚJO, 2005).

    Muitos outros clubes de futebol surgiram nos anos seguintes, tanto na cidade de Campo Grande, capital do novo estado de Mato Grosso do Sul, como nos municípios do interior, dentre os quais podem ser citados o Noroeste Futebol Clube, Esporte Clube Taveirópolis, Esporte Clube Ubiratan, União Futebol Clube, Sociedade Esportiva Noroeste. Outras equipes, cuja origem se entrelaça com os grupos profissionais ou sociais aos quais estavam vinculados seus atletas também foram organizadas, tais como o time dos sapateiros, dos alfaiates, associação desportiva universitária, equipe da colônia japonesa, da base aérea e do exército brasileiro (ARAÚJO, 2002).

    Nas décadas de 70 e 80 alguns desses clubes viveram o período de maior evolução da modalidade no estado de Mato Grosso do Sul. Desde então, o esporte teve um período de declínio em relação às disputas esportivas no âmbito nacional, por parte dos clubes locais. Agora, no início do século XXI, os clubes sediados no município de Campo Grande e em outras cidades do estado, não participam regularmente de competições da divisão de elite nacional da modalidade, atendo-se a disputas regionais e, esporadicamente, disputas com grandes clubes de outros estados brasileiros.

    Essa situação mais recente reflete as condições identificadas em grande parte do Brasil, pois, ao mesmo tempo em que o futebol se popularizou também se profissionalizou ao extremo, exigindo das equipes a presença de investimento financeiro elevado para conseguir manter atletas de alta capacidade física e técnica, capazes de obter resultados de alcance nacional e internacional.

    Desta maneira, as equipes passaram a precisar de apoio financeiro, na maior parte das vezes oriundo de setores como a indústria e o comércio. Quando esse entendimento não está estabelecido no contexto social local, há grande chance da modalidade não conseguir ser disputada com equipes de alta performance.

Considerações finais

    O futebol continua sendo um esporte que interessa a grande parte da população brasileira, quer seja para sua prática, quer seja apenas para comentar ou torcer para a equipe favorita.

    No estado de Mato Grosso do Sul a modalidade de futebol já foi representada por equipes que disputaram grandes competições nacionais e alcançaram reconhecimento das demais unidades da federação. No entanto, parece ter havido uma mudança na cultura local, que ocasionou a diminuição de investimentos financeiros nas equipes, que por sua vez passaram a não conseguir mais os resultados anteriormente obtidos.

    De qualquer forma, independentemente da causa, é necessária uma séria reflexão sobre os encaminhamentos a serem dados ao futebol em Mato Grosso do Sul, aproveitando aspectos considerados adequados e reformulando políticas para inicialmente identificar e posteriormente corrigir as inadequações da modalidade, especialmente no aspecto gerencial nos diversos âmbitos.

Agradecimentos

    Os autores agradecem o apoio recebido da CAPES e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (FUNDECT).

Referências

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