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Avaliação do estado de hidratação de 

atletas de remo do município de São Paulo

Evaluación del estado de hidratación de remeros de la ciudad de Sao Paulo

 

*Alunos do Curso de Nutrição

do Centro Universitário São Camilo, São Paulo

**Nutricionista, Professora do Centro Universitário São Camilo

e da Universidade Presbiteriana Mackenzie

(Brasil)

Alessandra Hellbrugge* | Camila Felix Nascimento*

Carla Pacheco Costa* | Fernanda Regina Pinto Cabanas*

Pedro Simonsen Teixeira Multari* | Marcia Nacif**

alessandra_hellbrugge@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estado de hidratação do atleta é um fator determinante para sua saúde e para um bom desempenho no esporte. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado de hidratação de atletas de remo do Município de São Paulo. Trata-se de um estudo transversal, realizado com 12 atletas de remo, com idade entre 18 e 27 (20,83 ± 3,33) anos. Após um teste em remoergômetro com distância de 2000 metros, foram calculadas a taxa de sudorese e a porcentagem de perda de peso dos atletas. Verificou-se uma taxa de sudorese média de 24,26 mL/min (± 42,43) e porcentagem de perda de peso de 0,7% (± 0,99). Faz-se necessária a realização de estudos para elucidar estratégias de hidratação para atletas de remo.

          Unitermos: Hidratação. Taxa de sudorese. Remo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O remo é descrito como um dos esportes de maior demanda fisiológica, promovendo um elevado gasto energético (SANTINONI; SOARES, 2006). Estudos indicam que remadores de elite são capazes de realizar altas cargas de exercício ao extremo. Antes de campeonatos mundiais, o volume de treinamento pode atingir 190 minutos diários, dos quais aproximadamente 55% a 65% são realizados no barco, e o restante é composto de exercícios não específicos (STEINACKER et al, 1998).

    O estado de hidratação do atleta de remo é um fator determinante para a prática de atividade física, fazendo com que o conhecimento deste estado se torne importante para manutenção do desempenho (ACSM, 2009).

    O equilíbrio hídrico corporal representa a diferença líquida entre a ingestão e a perda de líquidos. Dessa forma, um nível adequado de hidratação em pessoas que praticam atividades físicas, só é mantido se ingerirem quantidade suficiente de líquidos antes, durante e depois dos exercícios. Segundo Tavares (2008) a dificuldade de se manter um balanço entre a perda e o consumo de líquidos ocorre devido a limitações na freqüência da ingestão de líquidos, esvaziamento gástrico e absorção intestinal.

    A redução do rendimento de atletas por conta do consumo inadequado de líquidos já é relatada, como verificado no estudo de Swaka e Montain (2000), no qual atletas desidratados apresentaram uma diferença de até 22 segundos a mais para completar a simulação de uma prova de 2 mil metros em comparação aos hidratados.

    A desidratação acarreta, ainda, efeitos deletérios sobre a dinâmica cardiovascular e a regulação da temperatura. Aumenta também a incidência de sintomas, como dor de cabeça, fadiga, diminuição do apetite, intolerância ao calor, boca seca e outros (TAVARES, 2008).

    Estes efeitos podem ocorrer mesmo que a desidratação seja leve ou moderada. Com 1 a 2% de desidratação inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4°C para cada percentual subseqüente de desidratação. Em torno de 3%, há uma redução importante do desempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica, e a partir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte (SBME, 2009).

    Atletas que praticam exercícios de alta intensidade em conjunto com atividades prolongadas de baixa intensidade, como o caso do remo, são mais propícios à desidratação, além disso, as competições ocorrem freqüentemente em altas temperaturas fazendo com que o risco se eleve. Sendo assim, o esporte em questão merece uma atenção especial (SARTINONI; SOARES, 2006).

    Visto a escassez de trabalhos científicos sobre o esporte de remo, assim como a importância de uma adequada hidratação de remadores, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado de hidratação de atletas de remo do Município de São Paulo, assim como seus conhecimentos sobre hidratação no esporte.

Metodologia

    Trata-se de um estudo transversal que foi realizado com 12 atletas de remo, com idade entre 18 a 27 (20,83 ± 3,33) anos, que treinavam de segunda a sábado em uma raia olímpica de uma Universidade do município de São Paulo. O tamanho reduzido da amostra deve-se a escolha do grupo de atletas ser apenas de alto rendimento, bem como ao número de praticantes de remo no município de São Paulo. O estudo contou com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário São Camilo sob o número Coep 097/06 e todos os avaliados assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, atendendo a todas as exigências da legislação brasileira sobre experimentos com seres humanos.

    Para avaliar a taxa de sudorese e a porcentagem de perda de peso, os atletas foram pesados em balança digital com sensibilidade de 100g e capacidade de 150 kg, antes e após o exercício.

    O teste teve a distância de 2000 metros e os atletas deveriam completar a distância no menor tempo possível. Foi feito em um remoergômetro da marca Concept 2 Modelo E. Os testes foram efetuados em dois dias distintos com temperatura de 25ºC e 21ºC, respectivamente.

    Para o cálculo da taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso, utilizou- se as seguintes fórmulas:

    Foi acompanhada a ingestão hídrica para possibilitar o cálculo da perda de líquidos em mL.

    Para avaliar os conhecimentos dos atletas de remo sobre hidratação foi aplicado um questionário contendo 16 questões referentes ao modo de se hidratar, utilização de repositores hidroeletrolíticos e uso de suplementos.

Resultados e discussão

    Foram avaliados 12 atletas com idade média de 20,83 anos (± 3,33). Destes, um indivíduo não pôde realizar o teste.

    Os valores registrados de peso inicial e final, tempo de exercício e ingestão hídrica, assim como os valores encontrados para taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso foram descritos na Tabela 1.

Tabela 1. Valores de peso inicial e final, tempo de exercício, ingestão hídrica, taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso de cada atleta. São Paulo, 2011

    No presente estudo, observou-se que alguns atletas apresentaram desidratação leve (1%), de acordo com a porcentagem de perda de peso corporal. Tal resultado pode ser explicado pela curta duração do teste realizado. Porém, é importante destacar que mesmo em casos de desidratação leve e moderada, já se pode observar sintomas clínicos como fadiga, perda de apetite e sede, pele avermelhada, intolerância ao calor, tontura, oligúria, e aumento da concentração urinária. Estas manifestações podem agravar-se para dificuldade de engolir, perda de equilíbrio, pele seca, murcha e dormente, olhos afundados e visão turva, disúria, delírio e espasmos musculares caracterizando assim uma desidratação grave (SBME, 2009).

    A média encontrada para taxa de sudorese dos atletas de remo foi de 24,26 ± 42,46 mL/min. Os valores apresentaram-se superiores aos verificados no estudo realizado com atletas universitários brasileiros de karatê (4,9 mL/min), e outro com jogadores de futebol juvenil em um clube de São Paulo (8,8 mL/min) (ROSSI; TIRAPEGUI, 2007; REIS; AZEVEDO; ROSSI, 2009).

    Os elevados valores de desvio padrão da taxa de sudorese apresentados pela amostra pode, em parte, ser explicado pelas variações na ingestão hídrica, levando em conta que este foi um fator limitante do estudo, uma vez que, o consumo de líquidos pelos atletas pré-teste (anterior e até 24 horas) é considerado um fator interveniente na taxa de sudorese.

    Outras possíveis hipóteses para a grande variação dos resultados pode estar na diferença de idade dos indivíduos, a porcentagem de gordura corporal de cada um, assim como a ingestão alimentar pré-teste.

    Ao observar a porcentagem de perda de peso, o valor médio encontrado no presente estudo foi de 0,70 ± 0,99%. Em estudos como de Reis, Rossi e Azevedo (2009) com jogadores juvenis de futebol e Rossi e Tirapegui (2007) com atletas de karatê, foram encontrados valores de 0,9% e 1,4%, respectivamente. Estes resultados aproximam-se dos obtidos em remadores tanto no presente estudo como com os valores citados pela ACSM (2007) para esta modalidade.

    Os valores máximos e mínimos encontrados no presente estudo são similares, ainda, aos encontrados no estudo de Prado et al (2009) (1,66% a 0,69%) em nadadores da cidade de Aracaju ao utilizarem água para sua hidratação.

    De acordo com o questionário aplicado aos atletas, todos relataram ter o costume de se hidratar. Durante os treinos, a opção de sempre se hidratar foi assinalada por 91,7% (n=11) dos participantes do estudo. Durante as competições 66,7% (n=8) dos atletas relataram nunca se hidratar, 16,7% (n=2) deles se hidratam às vezes, enquanto que apenas 25,0% (n=3) disseram sempre realizar a reposição hídrica. Porém, os atletas que afirmaram se hidratar às vezes ou sempre durante as competições, podem ter interpretado a pergunta de forma errada, visto que durante uma competição de remo não é possível parar o barco para fazer a hidratação.

    A água é uma boa opção de rehidratação para o exercício por ser facilmente disponível, de baixo custo e por ocasionar esvaziamento gástrico relativamente rápido (SBME, 2009). No entanto, observou-se maior consumo (61,5%) desta solução apenas antes dos treinos e competições se comparado a bebida carboidratada, já durante o exercício há uma preferência de 69,2% pelo consumo de bebida carboidratada e 42,9% após treinos e competições, em relação à água.

    Observou-se consumo de bebidas carboidratadas, de diferentes tipos e marcas, por 100% dos entrevistados, sendo o sabor limão o preferido.

    Notou-se uma maior preocupação no verão (66,7%) quanto à necessidade de hidratar-se, destacando-se assim uma necessidade de orientar esta população quanto à importância deste ato independente da estação do ano.

    Os sintomas mais relatados pelos atletas do presente estudo, durante treinos e competições foram sede muito intensa, sensação de perda de força, dificuldade de realização de um movimento técnico e alterações visuais. Além de outros sintomas menos assinalados como dor de cabeça, dificuldades de concentração, fadiga generalizada, palidez, sonolência, insensibilidade das mãos e até desmaios.

    Metade dos atletas respondeu que achava que sua hidratação deveria ser feita por 0,25mL de líquido a cada 15 minutos, e 58,3% dos remadores disseram que a temperatura do líquido ingerido costuma ser normal, e o restante (41,7%) prefere a solução moderadamente gelada.

Conclusão

    Em geral, os indivíduos souberam questões básicas sobre hidratação no esporte, porém revelaram ter pouca orientação especializada sobre o assunto. Estes apresentaram desidratação considerada de leve a moderada, e ainda, uma grande variação da taxa de sudorese no grupo.

    Dessa forma, evidenciou-se a importância de uma ingestão hídrica adequada, com o objetivo de não prejudicar o desempenho tanto durante treinamentos como em competições. Destaca-se, a necessidade do acompanhamento continuado dos atletas por profissionais da área de nutrição, para uma melhor orientação.

    Por fim, a hidratação se faz importante não somente no remo, mas em todas as modalidades esportivas. Faz-se necessário a realização de estudos posteriores para elucidar estratégias em relação ao consumo hídrico de atletas de remo.

Referências bibliográficas

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  • SWAKA, M.N.; MONTAIN, S.J. Fluid and electrolyte supplementation for exercise heat stress. The American Journal of Clinical Nutrition. v. 72 (suppl), p. 564-572, 2000.

  • TAVARES, R.G. et al. Importância da reposição hídrica em atletas: aspectos fisiológicos e nutricionais. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 119, Abr., 2008. http://www.efdeportes.com/efd119/reposicao-hidrica-em-atletas.htm

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