Futebol de 5 na reabilitação do
cego Soccer 5 in the rehabilitation of the blind |
|||
Aluno da Graduação de Licenciatura em Educação Física Monitor das disciplinas Atletismo e Treinamento de força, UNIVERSO (Brasil) |
Fernando Mesquita de Souza |
|
|
Resumo Este trabalho apresenta elementos, propostas e conhecimentos para que o profissional de educação física conheça o que é a deficiência visual e suas conseqüências e necessidades para trabalhar na reabilitação do deficiente visual com a utilização da pratica do futebol de 5 nas escolas, clube, e projetos sociais com a inclusão, socialização nas aulas praticas ilustradas neste artigo. Unitermos: Educação Física. Futebol de 5. Reabilitação. Inclusão. Deficiente visual.
Resumen
Este trabajo presenta elementos, propuestas e ideas para el
profesional de la Educación Física sobre la deficiencia visual y sus
consecuencias y el trabajo en la rehabilitación de los discapacitados
visuales con el uso de la práctica del fútbol 5 en escuelas, clubes y
proyectos sociales con inclusión, la socialización en las clases
prácticas ilustradas en este artículo.
Abstract
This work presents elements, proposals and knowledge to the
physical education professional to know what are the visual deficiency and
its consequences and needs to work on the rehabilitation of the visually
impaired with the use of soccer 5 practice in schools, clubs, and social
projects with the inclusion, socialization in class practices illustrated
in this article.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
O objetivo desse artigo é ampliar e orientar o futebol de 5 na reabilitação do cego e sua inclusão na sociedade através do desporto.
Na sociedade moderna em que vivemos, onde recebemos estímulos visuais a todo
instante, a pessoa com deficiência visual além de encontrar-se em
desvantagem, ainda sofre com muitas dificuldades nos seus aspectos motor,
social e emocional (JUNIOR & SANTOS, 2007). A
inclusão social é o principal papel e fundamental na reabilitação do cego.
Não é porque o sujeito é cego que está fadado a não ter sucesso na vida.
Através da prática do esporte, o deficiente visual sente que pode se
dedicar, ser bom e ter sucesso na vida e ver seus sentidos e valências
melhorados, tanto quanto quem enxerga.
O esporte é igual para todos e assim torna-se ferramenta indispensável para
que a sociedade perceba o potencial do deficiente. Como trabalhar com
materiais alternativos e locais impróprios.
Capacitar os profissionais de educação física a trabalhar com futebol de 5 nas escolas clubes aonde for possível trazendo atividades e informações sobre a modalidade.
1. Deficiente
Muitos consideram que a palavra ‘deficiente’ tem um significado muito forte, carregado de valores morais, contrapondo-se a ‘eficiente’. Levaria a supor que a pessoa deficiente não é capaz; e, sendo assim, então é preguiçosa, incompetente e sem inteligência. A ênfase recai no que falta, na limitação, no ‘defeito’, gerando sentimentos como desprezo, indiferença, chacota, piedade ou pena.
Esses sentimentos, por sua vez, provocam atitudes carregadas de paternalismo e de assistencialismo, voltadas para uma pessoa considerada incapaz de estudar, de se relacionar com os demais, de trabalhar e de constituir família. No entanto, à medida que vamos conhecendo uma pessoa com deficiência, e convivendo com ela, constatamos que ela não é incapaz. Pode ter dificuldades para realizar algumas atividades mas, por outro lado, em geral tem extrema habilidade em outras. Exatamente como todos nós. Todos nós temos habilidades e talentos característicos; nas pessoas com deficiência, essas manifestações são apenas mais visíveis e mais acentuadas. Diante disso, hoje em dia se recomenda o uso do termo ‘pessoa portadora de deficiência’, referindo-se, em primeiro lugar, a uma pessoa, um ser humano, que possui entre suas características (magra, morena, brasileira etc.) uma deficiência – mental, física (ou de locomoção), auditiva ou visual.
2. Deficientes visuais
No entanto, convém, em primeiro lugar, compreender o significado de deficiência visual ou de cegueira. O termo deficiente poderia induzir à idéia de que se trata de uma pessoa não eficiente, cujas capacidades são limitadas. Isso não é verdade: a convivência com essas pessoas, que apresentam características diferentes de grande parcela da população, rompe com esse tipo de preconceito ao mostrar que são pessoas tão ou mais inteligentes do que as outras e tão ou mais esforçadas do que as outras. As deficiências de cunho visual cobrem um grande leque de possíveis distúrbios da visão, podendo atingir à cegueira total. No que se refere às atividades cotidianas, há um mito que de essas pessoas não podem fazer as mesmas atividades que todas as outras. A própria prática do futebol para cegos é um exemplo desse mito.
2.1. Conseqüências
A cegueira adquirida ocasiona perda de identidade. Segundo Thomas J. Carroll ocorrem: Perdas básicas em relação à segurança psicológica; Perdas nas habilidades básicas (mobilidade e técnicas da vida diária); Perdas na comunicação; Perdas na apreciação (percepção visual do belo); Perdas relacionadas à ocupação e situação financeira; Perdas que implicam na personalidade como um todo (autoestima, adequação social, independência pessoal, etc.).
2.2. Mitos
Educação especial e a reabilitação possibilitam a superação de muitas de suas dificuldades. Não sinta pena dela. Ela não necessita Procure não encarar a cegueira como desgraça, nem pensar que a pessoa cega seja inútil e incapaz. Saiba que a de piedade, mas, sim, de oportunidades.
Cegueira não pega, algumas pessoas hesitam em tocar o cego, com medo de serem contagiadas pela “doença”. A cegueira é uma deficiência sensorial, não é uma enfermidade. E deficiência não passa de uma pessoa para outra. Você já viu alguém “pegar” surdez?
O famoso sexto sentido. Não pense que os cegos têm um sexto sentido ou que a natureza os compensou pela falta da visão. O que há de tão “surpreendente” nos cegos, é o simples desenvolvimento de recursos latentes em todos nós. Você, com o mesmo treinamento, serão tão “extraordinários” quanto eles!
3. Histórico do Futebol de 5
Existem relatos que no Brasil na década de 50, cegos jogavam futebol com latas ou garrafas, mais tarde, com bolas envolvidas em sacolas plásticas, nas instituições de ensino e de apoio a estes indivíduos, como o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, Instituto Padre Chico, em São Paulo, Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais no Brasil. A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Contudo, o IPC - Comitê Paraolímpico Internacional reconhece como primeiro campeonato entre clubes, o acontecido na Espanha, em 1986.
Na América do Sul, apesar da realização de alguns torneios anteriores, o primeiro reconhecido e organizado pela IBSA foi a Copa América de Assunção, em 1997, onde o Brasil foi o grande campeão. Participaram quatro seleções: Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai. O primeiro mundial aconteceu no Brasil, em 1998, em Paulínia, São Paulo. O Brasil foi o primeiro campeão mundial, vencendo a Argentina na final. A participação do futebol de 5 nos Jogos Paraolímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas, 2004. Também, neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos pênaltis, os argentinos por 3 a 2.
4. O jogo
4.1. Regras
As regras são, de modo geral, as mesmas utilizadas no futebol de salão convencional. Algumas daquelas que diferem são: dois tempos de 25 minutos, sendo os dois últimos de cada tempo cronometrados e um intervalo de 10 minutos; uma pequena área de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem pegar na bola de cinco por 2 metros; após a terceira falta, é cobrado um tiro livre da linha de 8 metros ou do local onde foi sofrida a falta.
4.2. Equipe
Cada time é formado por cinco jogadores: um goleiro, que tem visão total e quatro na linha, totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos para deixá-los todos em iguais condições, já que alguns atletas possuem um resíduo visual (vulto) que dão, nesta modalidade, alguma vantagem a estes.
4.3. Quadra
O futebol de cinco é exclusivo para cegos. As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada com uma banda lateral (barreira feita de placas de madeira que se prolonga de uma linha de fundo a outra, com 1metro e meio de altura, em ambos os lados da quadra, evitando que a bola saia em lateral, a não ser que seja por cima desta), mas desde os Jogos Paraolímpicos de Atenas também vem sendo praticado em campos de grama sintética, com as mesmas medidas e regras do futebol de salão.
4.4. Terço
Este terço é determinado por uma fita que é colocada na banda lateral, dividindo a quadra em três partes: o terço da defesa, onde o goleiro tem a responsabilidade de orientar; o terço central, onde a responsabilidade é do técnico e o terço de ataque, onde a responsabilidade da orientação é do chamador.
4.5. Chamador
Há ainda um guia, o Chamador, que fica atrás do goal, orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção do goal, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre. Contudo, o chamador não pode falar em qualquer ponto da quadra, e sim, quando seu atleta estiver no terço de ataque.
4.6. Bola
A bola possui guizos, necessários para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde ela está de onde ela está vindo e podem conduzi-la.
4.7. Torcida
A modalidade, ao contrário do futebol convencional, deve ser praticada em um ambiente silencioso. A torcida, bastante desejada nesta modalidade, deve se manifestar somente quando a bola estiver fora do jogo: na hora do goal, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralização da partida.
4.8. Voy
Ao contrário do que se imagina, a modalidade tem muitas jogadas plásticas, com jogadas de efeito inclusive. Muitos toques e chutes a goal. Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola Voy (vou em português), sempre que se deslocarem em direção a bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouvir, ele marca falta contra a equipe cujo jogador não disse o Voy.
4.9. Divisões dos atletas do futebol de 5
Os atletas são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (blind, cego em inglês).
B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.
B2 – Jogadores já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5 graus.
B3 – Os jogadores já conseguem definir imagens. Da acuidade visual de 2/60 a acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus.
5. Orientações ao se ministrar aulas de Futebol de 5
O desenvolvimento de um programa de Futebol de 5 para indivíduos com deficiência visual, deve levar em conta algumas características que esse aluno possui como conseqüência de sua limitação.
Problemas posturais, na marcha, na coordenação motora, na movimentação, na socialização etc., são algumas dessas conseqüências. Mas o que é mais prejudicial no processo de desenvolvimento motor de uma criança deficiência visual é a restrição de oportunidades (FILHO et al, 2006). Restrição essa causada pela superproteção da família, professor e estranhos, que acham que o deficiente visual não é capaz de realizar coisas, e acabam reduzindo as oportunidades desses indivíduos em explorar o ambiente, e acabam ensinando-os que são incapazes e totalmente dependentes, o que certamente gera atrasos em suas capacidades de percepção, de cognição e de movimentos (WINNICK, 2004).
O Futebol de 5 servirá justamente como um campo de estimulação, buscando compensar esses déficits, de forma que esses alunos possam adquirir mais autoconfiança, através do conhecimento de seu próprio corpo, como diz Cutsforth (1969), citado por Junior e Santos (2007), que para a criança que possui visão normal se desenvolver, ela precisa de um campo de estimulação cada vez maior, e já criança deficiência visual, deve buscar esse campo de estimulação no seu próprio corpo. A partir daí ela começa a descobrir seu meio ambiente, descobrindo em si mesma o que as outras crianças de visão normal encontram no ambiente: a motivação e o estímulo para realizar qualquer tipo de ação.
Como o deficiente visual passa a utilizar mais da sua habilidade de percepção, ele precisa adquirir mais habilidade motora, tanto para sua locomoção quanto para manipulação.
Esse tipo de deficiência gera comprometimentos e problemas psicomotores, levando também a descontroles no lado psicológico. Isso o faz se sentir mais dependente, inseguro, com medo de situações que não sejam conhecidas, isolamento social, sensação de incapacidade diante de atividades motoras, o que o tornará diferente do grupo. Diante disso, mais do que incentivos para superar as dificuldades é necessário que seja estabelecido métodos e ações para se trabalhar com esse público (JUNIOR & SANTOS, 2007).
Para atender a um planejamento que realmente tenha utilidade na prática das aulas, e realizar um trabalho efetivo com alunos deficiência visual, segundo Caderno Texto do Curso de Capacitação de Professores Multiplicadores em Educação Física Adaptada (2002, p.78): “É importante que o professor de Educação Física, juntamente com outros profissionais da escola, saiba identificar os distúrbios de comportamentos (...), de percepção e de motricidade apresentados pela criança para poder direcionar seu planejamento de ensino às suas necessidades”.
Para Diehl (2006), geralmente as crianças deficiência visual por possuírem uma educação geral não muito adequada e pouca estimulação, apresentam um desempenho inferior na parte motora, cognitiva e social-afetiva, comparando-se com aquelas que não possuem essa deficiência. E devido a ela, aparecem algumas defasagens psicomotoras, como: esquema e imagem corporal, mobilidade, marcha, locomoção, expressão facial e corporal, coordenação motora, direcionalidade, lateralidade, maneirismos, dificuldade de relaxamento etc. Vale ressaltar que as dificuldades a nível cognitivo é uma situação conjuntural e não estrutural. Isso porque há limitação na captação de estímulos, nas experiências práticas, e na falta de relação entre o objeto percebido visualmente e a palavra.
Como forma de compensação, a percepção auditiva e tátil se torna mais apurada. E para atividades motoras se faz necessário estímulos através de informações sonoras e táteis, percebidas através do sentido sinestésico, do toque.
Uma atenção especial a ser desenvolvida na aula de Futebol de 5 é um trabalho de orientação e mobilidade, já que a locomoção é uma tarefa complicada para muitos deficientes visuais. A orientação refere-se ao uso dos sentidos remanescentes para estabelecer a posição do corpo relacionando-o com o ambiente e seus objetos; e mobilidade refere-se à resposta através do movimento a estímulos internos e externos.
Distúrbios de ordem motores, perceptivos e comportamentais se referem a movimentos inquietos, movimentos limitados, movimentos retardados, rígidos e sem energia, falta de equilíbrio, distúrbios de concentração. Os perceptivos referem-se à falta e orientação espaço-temporal, no esquema corporal, falta de percepção de formas e estruturas, e comportamentais como medo, agressividade, indiferença e grande necessidade de contato físico.
Estar atento a esses sintomas irá permitir ao professor elaborar melhor seu trabalho, fazendo sempre que necessárias avaliações para poder melhorar sua prática e atender melhor o seu grupo.
Ao realizar um trabalho com alunos PNEE, o professor deve ser paciente, não acumulando muita expectativa em obter resultados imediatos, pois ele deve levar em conta se esse aluno possui ou não alguma experiência no seu repertório motor, para que também não o coloque numa situação em que ele se sinta frustrado por não conseguir realizar o que tenha sido proposto. E também incentivar, dar apoio a cada atividade que ele consiga realizar, para que haja progressos no seu trabalho nas aulas de Futebol de 5.
O sentimento de competência que surge dos subseqüentes microêxitos constrói as condições das quais decorrerá o êxito final de um desempenho prolongado. O sentimento de incompetência surgido de pequenos fracassos, ao contrário, tende a originar estados de ansiedade e de depressão dos quais decorrem alterações (...) corroendo o rendimento e a eficácia do desempenho (FONSECA, 2004, p.140).
É necessário estar atento ao ambiente que será oferecido a esse aluno, para que ele se sinta mais seguro, permitindo também ao professor evitar riscos durante as aulas. Cidade e Freitas (2002, p.2) enfatizam que:
No caso de deficiência visual, o professor deverá assegurar-se de que o aluno esteja familiarizado com o espaço físico, percursos, inclinações do terreno e diferenças de piso. Estas informações são úteis, pois previnem acidentes, lesões e quedas. É importante que toda instrução seja verbalizada, dando possibilidade para que o aluno com deficiência visual entenda a atividade proposta.
É importante que se tenha atenção à alguns cuidados nas aulas com aluno deficiência visual para que se evitem possíveis problemas com no andamento da aula. O professor deve estar ciente de que o comando verbal é o primeiro contato para boa relação com o aluno e aluno-aluno; explicar de forma clara e objetiva; não mudar o local da atividade, para que o aluno não perca a direção da origem da informação; quando o comando verbal não for suficiente, passar as informações através do tato; incentivar autonomia, orientando sobre o espaço físico onde estão os materiais da quadra, para que organize seu mapa mental (DIEHL, 2006).
Incluir o aluno deficiência visual nas atividades é considerar o seu potencial e limitações, mesmo que seja necessário reestruturar os conteúdos. Em se tratando do próprio corpo, numa visão de que ele é autônomo, mas que também depende do outro, deve significar para o aluno que ele não apenas tem um corpo, mas que é um corpo, e que esse corpo se integra ao meio, ou seja, ao ambiente e as pessoas, relacionando-se com o meio físico, social e cultural (DARIDO E RANGEL, 2005).
6. Um Modelo de aula de Futebol de 5
Com essa aula o aluno poderá aprender um pouco mais sobre o “futebol de cinco”, modalidade para-olímpica para deficientes visuais, semelhante ao futsal. Além disso, irá vivenciar atividades que estimulam a sensibilização e a consciência corporal, pois estimulam o aluno a utilizar outros sentidos, que não a visão, para se orientar no espaço e para orientar sua ação com a bola. Outro objetivo é possibilitar o toque, o respeito e o cuidado com o outro.
Duração das atividades duas aulas de 50 minutos Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno, não são necessários.
Estratégias e recursos da aula
Atividade I: 25 minutos
Em uma sala com recurso para reprodução de vídeo, os alunos receberão vendas e serão provocados a prestar atenção no vídeo, estando de olhos vendados. O vídeo possui o recurso do áudio descrição, desenvolvido para facilitar a compreensão de deficientes visuais. Em seguida, eles poderão observar o mesmo vídeo, utilizando também a visão. É importante que os alunos comentem sobre esta experiência, suas emoções e sensações.
Atividade II: 25 minutos
Na quadra, pedir que os alunos façam duplas A cada rodada, uma pessoa da dupla é vendada e conduzida através do espaço por seu par, buscando reconhecer os sons e as sensações do ambiente. É muito importante ressaltar nesse momento a necessidade de confiança no colega e a responsabilidade de quem esta guiando, pois seu (a) parceiro (a) pode se machucar caso esbarre em alguém, em algum objeto ou tropece em algo. Cada um deve ter a oportunidade de reconhecer as distâncias da quadra os sons produzidos pelas traves.
Atividade III: 25 minutos
Nesse momento, cada dupla receberá uma bola embrulhada em uma sacola plástica, para que o seu som seja melhor percebido. Uma pessoa da dupla ficará vendada e deverá lançar a bola rasteira para o seu colega, seguindo as orientações do mesmo. . Depois, a mesma pessoa vendada deverá lançar a bola com os pés a uma curta distância para o seu colega. Na seqüência, a pessoa vendada deverá tentar acertar o passe para o colega comum lançamento mais longo, ou ainda, tentar conduzir a bola por uma curta distância até chegar perto do colega. Como último desafio, as duplas deverão tentar trocar passes a uma curta distância, estando ambos de olhos vendados.
Atividade IV: 20 minutos
Na última atividade, a turma será dividida em quatro equipes e será realizado um mini torneio de pênaltis, onde somente os goleiros estarão sem vendas.
Avaliação: 10 minutos
A avaliação deverá ser construída em uma discussão final do grupo e poderá ser desenvolvida seguindo a linha das atividades propostas, ou seja, em uma assembléia onde todos estejam vendados e com uma calma música instrumental ao fundo.
7. Reabilitação, inclusão e sociedade
Os alunos com deficiência aprendem: melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas; que podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas; a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças.
A acessibilidade e inclusão são inseparáveis. Garantir o acesso é fundamental para o profissional que trabalha em educação. Propiciar acesso ao aprendizado através de estratégias de ensino e de conteúdos adequados ao nível cognitivo dos deficientes. Propiciar acesso às atividades físicas, de esporte e lazer através de políticas públicas é basilar para o processo inclusivo.
Ribeiro (2001) explica que a inclusão proporciona a participação de pessoas com deficiência em ambientes que eram considerados exclusivos, sob este aspecto é interessante que o professor de educação física possa compreender o processo pelo qual a inclusão ocorre. O esporte pode viabilizar uma ação inclusiva. Ribeiro (2001) reforça que as atividades esportivas fizeram e ainda fazem parte do processo de construção do homem no seu meio cultural. A inclusão através da prática da atividade esportiva pode ser efetivada a partir da compreensão de possibilidades de jogar e menos na busca do movimento técnico.
8. Como o esporte ajuda na reabilitação do portador de deficiência
De várias formas. Nos aspectos físicos e motores, o esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização com pessoas portadoras e não portadoras de deficiências, torna o indivíduo mais independente para a realização de suas atividades diárias e faz com que a sociedade conheça melhor as potencialidades dessas pessoas especiais. No aspecto psicológico, o esporte melhora a autoconfiança e a autoestima das pessoas portadoras de deficiência, tornando-as mais otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos.
Diversos autores como Guttman (1976b), Seaman (1982), Lianza (1985), Sherrill (1986), Rosadas (1989), Souza (1994), Schutz (1994) e Give it a go (2001), e ressaltam que os objetivos estabelecidos para as atividades físicas ou esportivas para portadores deficiência, seja esta física mental, auditiva ou individual devem considerar e respeitar as limitações e potencialidades individuais do aluno, adequando as atividades propostas a estes fatores, bem como englobar objetivos, dentre outros:
Melhoria e desenvolvimento de autoestima, autovalorização e autoimagem;
O estímulo à independência e autonomia;
A socialização com outros grupos;
A experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações;
A vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração;
A melhoria das condições organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, reprodutor e excretor);
Melhoria na força e resistência muscular global;
Ganho de velocidade;
Aprimoramento da coordenação motora global e ritmo;
Melhora no equilíbrio estático e dinâmico;
A possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição;
Prevenção de deficiências secundárias;
Promover e encorajar o movimento;
Motivação para atividades futuras;
Manutenção e promoção da saúde e condição física
Desenvolvimento de habilidades motoras e funcionais para melhor realização das atividades de vida diária
Desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas.
Souza (1994), enfatiza que o esporte adaptado deve ser considerado como uma alternativa lúdica e mais prazerosa, sendo este parte do processo de reabilitação das pessoas portadoras de deficiências físicas.
A ACMS (1997), relata que um programa de atividades físicas para os portadores de deficiência física devem observar a princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes convencionais, ou seja, aumentar a resistência cardiorrespiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc. Posteriormente, observar se esta atividade possui um caráter terapêutico, auxiliando efetivamente no processo de reabilitação destas pessoas.
Outro ponto a considerar na elaboração de atividades para os portadores de necessidades educativas especiais, em destaque aqui o portador de deficiência visual, é a necessidade de adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta atividade será realizada.
A redefinição dos objetivos do jogo, do esporte ou da atividade se faz necessário, para melhor adequar estes objetivos às necessidades do processo de reabilitação. Assim como reduzir ou aumentar o tempo de duração das atividades, mas sempre com a preocupação de manter os objetivos iniciais atingíveis.
A realização de atividades físicas, esportivas e de lazer com deficientes, tem que respeitar todas as normas de segurança, evitando novos acidentes, deve-se estar atento a todos os tipos de movimentos a serem realizados, auxiliar o deficiente sempre que necessário, e estimular sempre o desenvolvimento da sua potencialidade.
Conclusão e comentários
À vista da situação acima descrita sobre o futebol de 5 e reabilitação, procurou-se adaptar algumas literaturas técnicas e pedagógicas, mesclando-a com observações retidas da longa atuação profissional nas condições as mais diversas, quer com referência ao elemento humano, quer com relação às condições ambientais - físicas e culturais.
Colocar o futebol de 5 ao alcance de todos que se interessem pelo assunto e militam nessa área, informações e procedimentos que facilitem o trabalho diário de ministrar treinamento de locomotividade às pessoas deficientes visuais.
A situação social do deficiente visual no Brasil em sua maioria são portadores de cegueira congênita ou adquirida ainda na primeira infância. Isto retrata uma situação socioeconômica desprivilegiada tanto em relação às condições natais e de nutrição, quanto com referência às facilidades de acesso ao tratamento médico adequado e oportuno. Por isso, o significado social da cegueira, no Brasil, é altamente negativo tanto para o público quanto para o seu portador. Assim sendo, o instrutor de locomotividade para deficientes visuais deverá levar em consideração tais aspectos ao planejar suas aulas, reservando espaço de tempo e ensejando numerosas oportunidades para o relacionamento social da pessoa cega com o público em geral, antes de considerá-la apta e dispensada de orientação neste sentido.
Atualmente, são inexpressivas as oportunidades face à necessidade de treinamento de pessoal técnico para atuar nesta área. Os profissionais existentes se encontram absorvidos pela demanda da prestação de serviço, tanto a nível institucional, quanto pelo atendimento particular. Em conseqüência disso, não tem sido produzido material técnico baseado na nossa realidade social que em nada se assemelha àquela dos países desenvolvidos.
Assim orienta para que seja feito mais pesquisas para que os professores possuam maior conhecimento para aplicação e difusão do futebol de 5 e todos os esportes adaptadas, para que a qualidade do esporte em nosso pais evolua e cresça mais.
Referências
Almeida, J.J.G.; Gorla, J.I. a expressão de uma atividade esportiva: o desporto para cegos. Entrevista com David Farias Costa - Revista Conexões v. 5, n. 1, 2007 108.
Associação Desportiva para Deficientes. Esporte adaptado. Disponível em: http://www.add.org.br, Acesso em: 22 set. 2011.
Brasil Escola. Futebol para cegos. Disponível em: http://www.brasilescola.com Acesso em: 22 set. 2011.
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Caderno da tevê escola: Deficiência visual. Disponível em: http://www.smec.salvador.ba.gov.br, em Acesso em: 23 set. 2011.
Cidade, R.E.; Freitas, P.S. Educação Física e inclusão: considerações para a prática na escola. In: Integração: educação física adaptada. Brasília: MEC/SEF, 2002.
Comitê Paraolímpico Brasileiro. Futebol de Cinco. Disponível em: http://www.cpb.org.br, Acesso em: 22 set. 2011.
Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais. Futebol de 5. Disponível em: http://www.cbdv.org.br, Acesso em: 23 set. 2011.
Costa, A. M.; Bittar, A. F. Metodologia aplicada ao deficiente físico. In: Caderno texto do curso de capacitação de professores multiplicadores em Educação Física adaptada. Brasília: MEC/SEESP, 2002.
Darido, S. C.; Rangel, I. C. A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
Diehl, R. M. Jogando com as diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiências. São Paulo: Phorte, 2006.
Fernandes, L.S.; Vargas, L.; Falkenbach, A.P. Paradesporto futsal para cegos: um estudo das motivações dos atletas participantes. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 132, 2009. http://www.efdeportes.com/efd132/paradesporto-futsal-para-cegos.htm
Filho, C. W. O. et al. As relações do jogo e o desenvolvimento motor na pessoa com deficiência visual. Revista brasileira de ciência do esporte. Campinas, v.27, n.2, p.7-18, Janeiro. 2006.
Give it a go: including people with disabilities in sport and physical activity. Australian Sports Commission Services Unit. Canberra, Australia, Pirie Printers, 2001.
Guttmann, L. (1976b). Textbook of sport for disable. Oxford: HM+M Publishers Ltd. Seaman, J.A & DePauw, K.P. (1982) The new adapted physical education: a developmental approach. Palo Alto, CA, Mayfield Publishing Company.
Junior, W. R.; Santos, L. J. M. Judô como atividade pedagógica desportiva complementar em um processo de orientação e mobilidade para portadores de deficiência visual. EFDeportes.com, Revista Digital. Bueno Aires, Nº 35, 2001. http://www.efdeportes.com/efd35/judo.htm
Lianza, S. Medicina de reabilitação. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1985.
Pimenta, G.H.; Freitas A.F.S. Portal do professor. Futebol Paraolímpico: futebol de cinco. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br, Acesso em: 23 set. 2011.
Ribeiro, SM. Inclusão e esporte: um caminho a percorrer. In: Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada. Temas em educação física adaptada/Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada. [s.l.]: SOBAMA, 2001.
Rosadas, S. C. (1986) Educação Física para deficientes. Rio de Janeiro Ateneu, p. 214.
Schutz, L. K. (1994) The wheelchair athlete. In Buschbacher, R. M. & Braddom, R. L. (Orgs). Sports medicine and rehabilitation: A saport-specific approach. (pp. 267-274). Philadelphia: Hanley & Belfus, Inc.
Souza, P.A. (1994) O esporte na paraplégica e tetraplegia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A.
Tinoco D.F.; Oliveira F.F. A inclusão do portador de deficiência visual nas aulas de Educação Física, EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 138, 2009. http://www.efdeportes.com/efd138/portador-de-deficiencia-visual-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm
Toledo, M. C. Deficiência Visual. Secretaria de Meio Ambiente. Inclusão e Acessibilidade. Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/ea/cursos/ciclo_palestras/visita_monitorada/Visual-ProfaMCecilia.pdf, Acesso em: 22 set. 2011.
Winnick, J. P. Educação Física e esportes adaptados. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 16 · N° 162 | Buenos Aires,
Noviembre de 2011 |