Educação na formação e atenção em Psicologia do Esporte La educación en la formación y la atención en Psicología del Deporte |
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*Profª assistente. Departamento de Educação. Campus Universitário Darcy Ribeiro Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros **Prof. Assistente. Hospital Universitário Clemente Faria, Montes Claros **Profª adjunta. Departamento de Educação. Campus Universitário Darcy Ribeiro Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros |
Simone Vilas Trancoso Souza* Linton Wallis Figueiredo Souza** Juliane Leite Ferreira*** (Brasil) |
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Resumo O esporte é condição essencial para o desenvolvimento humano, freqüentemente negado, principalmente, às camadas sociais de baixa renda. Um dos maiores desafios para a área da psicologia do esporte, sem dúvida, é a construção de uma política voltada para a população de crianças e adolescentes que considere suas peculiaridades e necessidades. Este estudo retrospectivo, documental e analítico tem por objetivo avaliar a produção editorial do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério do Esporte (ME) referente às políticas públicas de saúde em geral, com ênfase no campo da psicologia do esporte. Conclui-se que, praticamente inexistem produtos editoriais educacionais públicos que fazem referência à psicologia do esporte. Unitermos: Produtos editoriais. Psicologia. Educação. Esporte.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O esporte, conforme preconiza o artigo 217 da Constituição Federal Brasileira, é direito de cada cidadão. Constitui dever do Estado garantir seu acesso à sociedade, o que contribui para a reversão do quadro de vulnerabilidade social, atuando como instrumento de formação integral dos indivíduos e, conseqüentemente, possibilitando o desenvolvimento da convivência social, a construção de valores, a promoção da saúde e o aprimoramento da consciência crítica e da cidadania. O esporte é condição essencial para o desenvolvimento humano, freqüentemente negado, principalmente, às camadas sociais de baixa renda1. Um dos maiores desafios para a área da psicologia do esporte, sem dúvida, é a construção de uma política voltada para a população de crianças e adolescentes que considere suas peculiaridades e necessidades. Até recentemente, a lacuna existente no setor público favoreceu a criação e o fortalecimento de instituições totais, cujo modelo de atenção não focaliza ações de promoção de saúde que visem a uma atenção integral, voltada para a reinserção familiar, social e cultural2,3.
Historicamente, o vazio no campo da atenção pública aos atletas, assim como para crianças e adolescentes, influencia diretamente no desenvolvimento de atividades que criem uma melhor adequação psicológica às expectativas do indivíduo como cidadão ou mesmo no esporte de alto rendimento. Expectativas que podem em última instância levar a transtornos ou dificuldades sociais, criando então a necessidade de uma diretriz política de educação em saúde esportiva com uma produção editorial de atenção à saúde em psicologia esportiva, que até o momento permanece inexistente. Assim, esse modelo torna-se paradoxal àquele de assistência à saúde proposto pela reforma educacional no esporte4,5.
Para se promover um desenvolvimento saudável para os cidadãos nesse período especial de suas vidas e alcançar o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, a sociedade, por meio do Estado, precisa assegurar mecanismos de educação otimizando as informações que cheguem tanto aos profissionais de saúde quanto aos pacientes e seus familiares. Com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente daqueles que se encontram em áreas de vulnerabilidade social5.
No campo específico da política editorial de atenção à psicologia do esporte, as diversas instituições implicadas com esses grupos, não raro, desenvolvem iniciativas que se superpõem ou se contrapõem, dispersando esforços, apontando assim para a necessidade de constituição de uma rede de informação (textos, livros, meios eletrônicos) de atenção em psicologia do esporte, sendo fundamental que essa rede seja pautada na intersetorialidade e na co-responsabilidade. O acesso à informação e ao conhecimento gerado pelas instituições públicas amplia as bases para a cooperação com gestores estaduais e municipais, profissionais, pesquisadores, educadores e usuários dos serviços de promoção e desenvolvimento do esporte, bem como favorece a articulação com outros segmentos da sociedade, mobilizados para a conscientização em defesa dos direitos humanos5,6. No campo da saúde pública direcionada ao desenvolvimento do esporte, a disponibilidade de informações com qualidade configura-se como um processo vital para o alcance dos objetivos e das prioridades. O acesso à informação, especialmente para os dirigentes e profissionais da área, a fim de se obter o conteúdo preciso, na forma adequada e com a agilidade necessária, é indispensável para a adoção de medidas de promoção, proteção e recuperação da saúde pública com foco no esporte1,4.
A atuação da política editorial deve potencializar o desempenho institucional em aspectos como a promoção de maior comunicação com comunidades, do intercâmbio técnico-científico entre o estado e as instituições promotoras de saúde e, principalmente, do uso adequado do produto editorial nas ações direcionadas a saúde esportiva. Os objetivos são legitimar e qualificar o processo editorial, ampliar a circulação e avaliar a efetividade do conjunto de ações e produtos informacionais, bem como estimular a produção editorial com as demandas e os perfis dos públicos4,6.
Nesse contexto, a definição de uma política editorial como um instrumento apropriado para explicitar objetivos e procedimentos, institucionalizar iniciativas e aperfeiçoar o processo de gestão editorial deve resultar na elaboração e na disseminação de produtos qualificados que contribuam para a consecução das políticas e das prioridades do setor, favorecendo a tomada de decisões, o intercâmbio, a participação e o controle social. Assim, considerando a velocidade e os avanços tecnológicos que ocorrem nos meios de comunicação e a diversidade de recursos existentes na sistematização, na produção e na difusão da informação, esta política visa abranger os produtos elaborados em diferentes suportes - impressos, eletrônicos, - audiovisuais ou outros - e busca ampliar a capacidade de pesquisa, produção, registro, armazenamento, segurança, disseminação e acesso a dados e informações de interesse público no setor da psicologia do esporte4.
Este estudo retrospectivo, documental e analítico tem por objetivo avaliar a produção editorial do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério do Esporte (ME) referente às políticas públicas de saúde em geral, com ênfase no campo da psicologia do esporte, que tenha o propósito de estabelecer princípios, diretrizes e responsabilidades que proporcionem a sociedade brasileira produtos editoriais que subsidiem efetivamente gestores, trabalhadores, conselheiros, professores, pesquisadores, estudantes e demais interessados no setor, favorecendo a consolidação da emancipação do indivíduo levando a participação, o controle social e a construção da cidadania. Consideram-se como produtos editoriais os materiais educativos, informativos, normativos, técnicos e científicos produzidos e veiculados em diferentes suportes e mídias no contexto das ações, das atividades, dos serviços, dos programas e das políticas públicas do setor Saúde.
Materiais e métodos
Estudo observacional e documental de um total de 314 produtos editoriais produzidos pelo Ministério da Saúde e Ministério dos Esportes até 2011, sendo que foram na sua maior parte direcionados às informações sobre gestão e atenção básica em saúde. (figura 1). A maior limitação do estudo foi a falta de digitalização eletrônica de todos os produtos editoriais que foi corrigido pela busca ativa em bibliotecas universitárias através do serviço de transferência de dados. Critérios de inclusão foram os produtos editoriais realizados em manuais, livros e notas técnicas impressas ou eletrônicas. Foram excluídos folders de divulgação de congressos e simpósios. A análise estatística foi feita pelo teste exato de Fisher com análise bicaudal, considerando p< 0,05 para significância estatística.
Figura 1. Freqüência de produtos editoriais de acordo áreas de conhecimento.
Resultados
Avaliação da Política Editorial
Nível de abrangência temática da produção editorial com relação à política e às prioridades do setor de psicologia do esporte – abordagem direcionada a produtos que dizem sobre o benefício da prática de esportes à saúde psicológica e social, principalmente na infância.
Relação entre produtos editoriais previstos e os produtos executados – na previsão de universalização da informação os produtos são adequados, pois estão disponíveis gratuitamente, tanto na mídia impressa quanto na eletrônica.
Nível de normalização e registro, em bases próprias e de literatura especializada, dos produtos editoriais são adequados às recomendações editoriais da atualidade.
Nível de abrangência e regularidade da distribuição e da circulação dos produtos editoriais – a abrangência da distribuição é adequada, mas falta regularidade na produção de informações de educação em saúde e esporte.
Do total de produtos editoriais apenas 0,32% (p< 0,05, teste exato de Fisher com análise bicaudal) foi direcionado à área de saúde e esporte, mais especificamente dizendo sobre um programa especifico do ME, denominado Diretrizes do Programa Segundo Tempo, desenvolvido de forma continuada, com vigência pré-estabelecida de no mínimo dois ciclos pedagógicos, onde se aplica a proposta pedagógica do programa com vistas a possibilitar múltiplas vivências esportivas aos beneficiados. Seu desenvolvimento é orientado para o público alvo composto de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. Não existindo produto editorial relacionado a atividades esportivas de alto rendimento, ou mesmo diretriz em manuais técnicos que fazem referência a saúde nas atividades desportivas.
Discussão
Para mudar há necessidade ultrapassar limites naturais de comunicação. O território é uma das categorias nocionais mais importantes com que trabalhamos neste campo. É entendido como um campo que ultrapassa em todos os sentidos o recorte meramente regional ou geográfico, que, no entanto, importa nele. O território é tecido pelos fios que são as instâncias pessoais e institucionais que atravessam a experiência do sujeito, incluindo: sua casa, a escola, a igreja, o clube, a lanchonete, o cinema, a praça, a casa dos colegas, o posto de saúde e todas as outras, incluindo-se centralmente o próprio sujeito na construção do território. O território é o lugar psicossocial do sujeito5,6.
A informação veiculada deve catalisar a comunicação entre os setores e as esferas de governo, variadas instâncias do sistema único de saúde, da sociedade civil e da iniciativa privada, de forma a potencializar as condições de gestão, de atuação profissional, de decisão política, de ação do cidadão, do conselheiro e do usuário dos serviços públicos e privados de saúde. O processo de gestão editorial busca transformar informações em produtos editoriais de qualidade e, nesse contexto, as publicações dos Ministérios, devem buscar a escolha da tipologia, da diagramação, da linguagem, das imagens e das ilustrações que facilitem a leitura e o entendimento do conteúdo1,4.
Conclusão
Conclui-se que, praticamente inexistem produtos editoriais educacionais públicos que fazem referência a psicologia do esporte. O objetivo dos produtos editoriais deveriam ser a equidade de acesso e a inclusão social, assim com a quase ausência destes relacionados a psicologia do esporte se faz necessário a realização de esforços junto às universidades, aos centros de ensino e às entidades de atenção aos portadores de necessidades especiais no sentido de se promover a gradativa produção e circulação de produtos editoriais direcionados às atividades esportivas devidamente adaptados às necessidades dos profissionais que trabalham na área esportiva assim como dos indivíduos que necessitam dos processos educativos esportivos em atividades competitivas ou mesmo recreacional.
Referências
Ministério da Saúde do Brasil. Produtos editoriais (homepage na internet). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, c2010 (acesso em 2010 abril 19). Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/editora
Ministério dos Esportes do Brasil. Produtos editoriais (homepage na internet). Brasília: Editora do Ministério dos Esportes, c2011 (acesso em 2011 setembro 23). Disponível em: http://www.esporte.gov.br
Ministério da Saúde do Brasil. Política editorial do Ministério da Saúde (homepage na internet). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, c2010 (acesso em 2010 abril 19). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br
Ministério dos Esportes do Brasil. Diretrizes do programa segundo tempo. Editora do Ministério dos Esportes, 2011.
Martini LA. Fundamentos da preparação psicológica do esportista. In Rubio K. (org.). Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
Rubio K. Origens e evolução da psicologia do esporte no Brasil. (base de dados na internet) Universidad de Barcelona, Barcelona, Espanha. Vol. VII, nº 373.
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