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Os eventos e os torcedores como principais 

fontes de potencial mercadológico do esporte

Los eventos y los simpatizantes como fuentes principales de mercado potencial del deporte

 

*Docente do Programa de Mestrado em Ciência e Atividade Física

da Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO

**Mestrando do Curso de Ciência e Atividade Física

da Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO

José Maurício Capinussú*

Wallace Apicelo Lima**

wallaceapicelo@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem como objetivo analisar o potencial mercadológico do esporte como produto com base em dois fatores, o evento esportivo e o número de torcedores e praticantes. Ambos constituem o que denominam os alicerces do moderno processo de gestão e marketing esportivo. O potencial econômico do esporte como produto, se traduz no aumento de receita, na valorização da marca esportiva e no aumento do número de torcedores e praticantes.

          Unitermos: Esporte. Evento esportivo. Torcedor.

 

Abstract

          This article is abject analyze the market potential of sports as a product based on two factors, the sporting event and the number of fans and athletes. Both are what are called the foundations of modern process management and sports marketing.
The economic potential of sport as a product, translates into increased revenue, branding at sports in increasing the number of fans and athletes.
          Keywords: Sport. Sporting event. Fans.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O esporte, além de uma atividade física, é uma opção de entretenimento e lazer. Como produto se traduz em diversas modalidades com suas características próprias. É uma atividade altamente emocionante que se expande cada vez mais em todo o mundo e assume a condição de espetáculo quando se apresenta ao público sob a forma de evento.

    O esporte como produto tem dois grandes potenciais mercadológicos; como evento e como fonte de venda de produtos. No primeiro caso, eventos, o seu potencial econômico se traduz na venda do direito de transmissão de jogos e competições para as redes de TV e na cotas de patrocínio e publicidade dos clubes, equipes e atletas.

    O evento esportivo pode ser conceituado como uma atividade no âmbito esportivo que visa atrair ou elevar a presença do público. Esta atividade pode ser desde a realização de uma competição de alguma modalidade esportiva ou até mesmo um número maior jogos como uma Copa do Mundo, ou, ainda, a realização de várias competições englobando várias modalidades como os Jogos Olímpicos.

    No segundo caso, a venda de produtos, o esporte se revela um produto de elevado potencial mercadológico devido ao seu número de torcedores e praticantes. Essa é a razão principal do grande interesse que os fabricantes de material esportivo têm no esporte.

2.     Referenciais teóricos

    O marketing esportivo é uma das estratégias, dentro de um planejamento, que utiliza o esporte para atingir suas metas. É o processo de elaborar e programar atividades de produção, formação de preço, promoção e distribuição de um produto esportivo para satisfazer as necessidades ou desejos de consumidores através do processo de troca, e realizar os objetivos da empresa. (Afif, 2000; Pitts; Stotlar, 2002; Mullin; Hardy; Sutton, 2004).

    Para Melo Neto (1995), a emoção do espetáculo esportivo é transferida inconscientemente, estabelecendo a associação da marca e do produto com os ingredientes emocionais do esporte.

    Oliveira e Pozzi (1996) complementam que as mensagens transmitidas por patrocínios de eventos esportivos chegam sutilmente aos consumidores mediante associações, garantindo prestígio e credibilidade às marcas que patrocinam. Esse é o tipo de ação que tem a capacidade de reforçar ou mesmo mudar as atitudes de um consumidor em relação a uma marca.

    "Não dá mais para um atleta chegar à sala de um grande industrial e pedir uma ajuda, para poder treinar e competir", diz Siomar (apud Freitas, 2005, p. 1), da New Sports Marketing e entertainment, empresa que cuida daquele que pode ser o maior evento de música do Brasil, o Kaiser Music. Para Siomar (apud Freitas, 2005, p. 2), o marketing esportivo "é um mercado crescente”, e não há empresa importante que fique de fora de grandes espetáculos esportivos ou de eventos de entretenimento, pois para “atender essa massa de consumidores, empresas e agências precisam realmente saber o que têm nas mãos"

    Afif (2000) discorre sobre algumas ações que as empresas podem efetuar com o marketing esportivo: Alternativa à Mídia Convencional: para companhias que almejam atingir um público específico, o marketing esportivo é um meio eficiente de comunicação, pois alcança excelentes resultados, trabalhando com verbas menores se comparado com os custos de uma campanha de televisiva. Outra conveniência é que a marca participa do ambiente do jogo, por meio da publicidade estática ou mais ativamente, se estiver patrocinando alguma equipe ou atleta. Reforço ou construção da imagem institucional: A imagem institucional de uma empresa é largamente favorecida quando se associa ao esporte por tudo aquilo que representa como força, aventura, emoção, etc.

    Cardia (2004) define patrocínio esportivo como sendo o investimento que uma entidade pública ou privada faz em um evento, atleta ou grupo de atletas com a finalidade precípua de atingir públicos e mercados específicos, recebendo, em contrapartida, uma série de vantagens encabeçadas por incremento de vendas, promoção, melhor imagem e simpatia do público. D. Sandler e D. Shani apud Pozzi (1998) atestam que patrocínio esportivo pode ser definido como a “provisão de recursos (financeiro, humano e físico) por uma organização diretamente a um evento ou atividade esportiva em troca de uma associação direta com o mesmo. A organização provedora poderá então usar essa associação direta para atingir seus objetivos corporativos, como de marketing e de comunicação.”.

    O marketing de patrocínio representa uma oportunidade para uma organização e suas marcas focarem sua comunicação para públicos restritos, específicos e altamente desejáveis. O patrocínio não é substituto de nenhum dos conceitos do mix promocional, mas pode ser usada como forma de propaganda, a promoção de vendas, e, certamente como elemento de relações públicas. (Shimp, 2003; Cardia, 2004)

    Para Contursi (2003), patrocínio é a aquisição dos direitos de afiliar ou associar produtos, eventos e/ou marcas, com o intuito de diversificar e/ou ampliar os benefícios obtidos com esta associação. Em geral, não se espera que a utilização do marketing de patrocínio substitua as formas mais tradicionais de comunicação, e sim que as complemente. (Shimp 2003).

    Costa (2004) diz que o patrocínio difere de outras formas de comunicação em vários sentidos, incluindo controle, encaminhamento da mensagem e implementação: em termos de controle, difere da propaganda, pois o patrocinador tem pouco controle sobre a cobertura dada ao evento patrocinado; o encaminhamento da mensagem é mais passivo nas ações de patrocínio que na comunicação tradicional; as distinções quanto à implementação referem-se aos gastos com a realização do patrocínio. A imissão feita normalmente inclui somente o direito de o patrocinador associar seu nome ao evento.

    Shimp (2003) mostra que um dos aspectos da comunicação de marketing com maior crescimento tem sido o patrocínio, e, pelo menos quatro fatores respondem por esse crescimento, conforme especificado a seguir: ligando seus nomes a eventos e causas especiais, as empresas podem evitar o ruído intrínseco à publicidade nos meios de comunicação de massa; os patrocínios ajudam as empresas a reagir às variações de hábitos de mídia dos consumidores; contribuem com as empresas a serem aprovadas por vários públicos; o patrocínio de eventos a causas especiais permite, aos profissionais, pelo marketing, direcionar seus esforços de comunicação de promoção a regiões específicas e/ou grupos de estilos de vida específicos.

    O esporte é uma importante área de trabalho e se caracteriza como produto por ter elementos tangíveis e intangíveis. Para Brooks (apud Pozzi, 1998), o esporte pode ser definido como qualquer forma de atividade física que confronta o talento de alguém contra um oponente. Como produto, o esporte não é diferente de qualquer outro produto de consumo, já que possui tanto aspectos tangíveis, produto principal, como intangíveis (emoções e experiências geradas pelo esporte).

    Conforme afirma Brooks (apud Pozzi, 1998), outros artifícios expõem o quanto é difícil entender o esporte como produto, além do produto principal (o jogo em si) e, para que este se realize, os principais componentes são os eventos/astros, o ingresso, a organização, a arena, o equipamento, os uniformes e a imagem. Além deles, existem os serviços relacionados (entusiasmo, sentimento de coletividade, rivalidade, identificação, sucesso e outros); há, também, o pessoal e os processos (interação entre família e organização, funcionários agindo com cortesia); e, por fim, o mercado, que compreende: o mercado participante (produtoras do esporte); o mercado espectador (telespectadores, torcedores); o mercado voluntário (ajuda ao esporte); o mercado anunciante (mídia publicitária importante); o mercado patrocinador (querem acesso aos espectadores e se diferencia da concorrência); e o mercado de afinidade (utilização de símbolos, logos e marcas registradas que retratem personalidades do mundo dos esportes).

    Contursi (2003) afirma que o patrocínio pode incluir os seguintes pontos, não devendo, no entanto, limitar-se apenas a eles: direitos de utilização de logotipos, nomes, marcas e/ou representações gráficas, significando uma conexão do produto com o evento. Estas regalias podem ser utilizadas em publicidade, promoções, propagandas ou outras atividades de divulgação que sejam empregadas pelo proprietário; o direito de exclusividade na associação de um produto ou categoria de serviços; o direito de intitular um evento ou instalação esportiva; a vantagem de utilizar várias designações na conexão com um produto ou evento, tal como “patrocinador oficial”, “fornecedor oficial”, “produto oficial”, “apoio”, etc.; o direito sobre a utilização de um serviço ou produto, ou o direito do proprietário do produto em deliberar sobre o evento ou produto; o direito de conduzir determinadas ações promocionais, de acordo com o contrato de licenciamento, tais como sorteios ou vendas dirigidas.

    A crescente importância desse evento em específico parece ser equivalente à sua arrecadação. No quadriênio de 1993 a 1996, por exemplo, o COI arrecadou US$ 2.630.000,00 enquanto no quadriênio de 2005 a 2008 a arrecadação aumentou para US$4.187.000,00 (IOC Marketing Fact File, 2006). As principais fontes de renda provêm da venda de direitos de transmissão e de patrocínios, sendo fontes auxiliares o licenciamento e a venda de ingressos para os Jogos.

3.     O evento esportivo como fonte geradora do potencial mercadológico do esporte

    Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, foram investidos mais de 42 bilhões de dólares. A audiência girava em torno de dois bilhões de telespectadores, e o negócio esteve avaliado em 300 milhões de dólares pelos direitos de televisão (Puig, 2006). Estudos especializados afirmam que por volta de 4,7 bilhões de espectadores acompanharam a cobertura dos jogos olímpicos através da televisão, contra 3,9 bilhões dos Jogos Olímpicos de Atenas em 20041. Só a cerimônia de abertura dos jogos foi vista por 840 milhões de telespectadores apenas na China e, aproximadamente, 1,2 bilhão ao redor do mundo. [4]

    Um ouro evento que tem grande interesse é a Copa do Mundo, primeira vez televisionada em 1954, porém, somente para oito países europeus. Hoje, o evento é a competição esportiva mais assistida em todo o mundo, ultrapassando os Jogos Olímpicos. A audiência total na Copa do Mundo de 2002 foi estimada em 2,8 bilhões de telespectadores, sendo que 1,1 bilhões assistiram à partida final. O sorteio, que decidiu a distribuição das seleções nos grupos foi acompanhado por mais de 300 milhões de pessoas2. Na tabela abaixo segue a audiência de todas as emissoras de televisão nas Copas do Mundo de 1986 a 2006 (exceto a copa de 1998)

Tabela 1. Audiência de televisão

    Como outro exemplo de grande interesse do público, A Copa do Mundo de Futebol realizada em 2006 na Alemanha pode ser citada, assistida na televisão 3.359.439 pessoas, representando uma média de 52.491 torcedores por jogo. Na tabela abaixo, é apresentado o número total de torcedores que se utilizaram a televisão para assistir os jogos da Copas do Mundo de 1986 a 2006.

Tabela 2. Média de público

4.     Torcedores e praticantes como fontes geradoras de potencial mercadológico

    Outro fator que chama a atenção são os torcedores e praticantes que atraem as empresas, sobretudo as que fabricam materiais esportivos, pois essas utilizam o esporte para promover suas marcas e produtos e aumentar suas vendas. Atualmente existem diversas marcas de produtos esportivos no mundo que investem em diversos setores do esporte, como na produção de uniformes, alem da confecção de acessórios como bolas, raquetes, redes e demais acessórios,

    No ramo esportivo as empresas têm como principal forma de avaliar onde investir no esporte através da programação das redes de TV e do espaço destinado para a programação esportiva, como pode ser visto na tabela a seguir, que mostra o tempo destinado às programações esportiva da Rede Globo e da Rede Bandeirantes no dia 14 de junho de 2009.

Tabela 3. Tempo de programação da Rede Globo

Categoria

Tempo

% em 24 horas

Chamadas

8 minutos

0,55%

Propagandas

1 minuto e 36 segundos

0,10%

Programas

3 hs, 33 minutos e 6 seg.

15,83%

Jogo

2 horas

8,33%

Total

5hs, 48 minutos e 42 seg.

24,81%

Fonte: Ushinohama, T.Z. Affini, L.P. Betti, M. (2009)

 

Tabela 4. Tempo de programação da Rede Bandeirantes

Categoria

Tempo

% em 24 horas

Chamadas

9 minutos e 30 segundos

0,66%

Propagandas

3 minutos e 45 segundos

0,26%

Programas

4 horas e 25 minutos

18,40%

Jogo

4 horas e 52 minutos

20,28%

Total

9 hs, 30 minutos e 15 seg

39,60%

Fonte: Ushinohama. T.Z, Affini. L.P, Betti, M. (2009)

    Como se pode ver nas tabelas anteriores, a programação esportiva apresenta um grande espaço na grade de programas das emissoras de televisão mostradas anteriormente. No caso da Rede Globo, a programação esportiva correspondeu aproximadamente a 25% de toda a programação do dia. Já na Rede Bandeirantes esse índice foi ainda maior, totalizando aproximadamente 40% da programação total da emissora.

    O fato de o futebol apresentar um grande interesse do público faz com que as empresas invistam alto nessa modalidade, Para se avaliar o sucesso que a marca terá ao fechar um patrocínio, o fator-chave é a popularidade da modalidade esportiva e o número de torcedores do clube ou de uma equipe, As equipes e clubes com maiores torcidas geralmente apresentam maior valor de mercado, que se reflete nas maiores cotas de patrocínio.

    O gráfico apresentado a seguir, mostra o ranking das maiores torcidas de clube de futebol no Brasil.

Tabela 5. Distribuição dos torcedores

    Como afirmamos anteriormente, o valor do clube e da equipe está fundamentalmente no número de torcedores que, por sua vez, se reflete no valor do patrocínio. A tabela abaixo apresenta os valores de patrocínio dos principais clubes brasileiros;

    Como pode ser observado, as equipe do Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeias que apresentam maior número de torcedores também apresentaram maior valor financeiro nas cotas de patrocínios.

    Quando uma empresa realiza um investimento ele espera obter resultados positivos, Isso pode ser medido pelo seu faturamento anual, crescimento das vendas e participação no mercado. O principal indicador é o número de produtos vendidos ou serviços prestados em relação ao tempo em que se patrocina uma equipe, entidade, evento ou até mesmo um determinado jogador de alguma modalidade esportiva.

    Um exemplo de retorno obtido por uma empresa ao investir no esporte é a empresa italiana Diadora, que fez um acordo com o ex-tenista Gustavo Kuerten, no ano de 2008, lançando a coleção Diadora Gustavo Kuerten. A verba de marketing da Diadora no ano de 2008 foi de 30% maior em relação ao orçamento do ano anterior, grande parte desse aumento por causa da dessa coleção. Tal fato teve a uma ligação direta com a campanha com ano de 2008, em que o tenista um ótimo desempenho nas competições disputadas.

    A coleção, desenvolvida em parceria pela sede da Diadora na Itália, e a filial brasileira, foi apresentada durante a 35 edição da Couromoda, realizada no Anhembi, em São Paulo. A empresa, que registrou crescimento de 20% no faturamento no País nos últimos dois anos. Presente em mais de 80 países ao redor do mundo, a marca italiana fatura cerca de US$ 500 milhões anualmente e já disputa a quarta posição com a marca alemã Puma, no mercado mundial de artigos para futebol. O Brasil é o segundo maior mercado da marca depois da Itália.

    A Olimpikus revela números que mostram que o esporte é um investimento bem rentável. A marca fechou um patrocínio com o Clube de Regatas do Flamengo de 20,6 milhões por um acordo de cinco anos e meio, com a previsão de abertura de 11 lojas oficiais, inclusive uma na sede do clube na Gávea, e um museu no mesmo local. Do faturamento das lojas, menos os impostos, 10% ficará para o clube, que se beneficiará também da à receita do museu. A loja da Gávea terá 1.500 metros quadrados e o museu, mais de 2.000 metros quadrados, o que somado, representa meio campo de futebol.3

    Aliado a boa campanha da equipe do Rio de janeiro no campeonato nacional de 2009, o número de vendas de camisas ultrapassou mais de um milhão, representando um aumento de mais de 600% neste quesito. A marca patrocinou os Jogos Pan-Americanos, produzindo, aproximadamente 70 mil peças de roupas e calçados, fazendo um investimento de 100 milhões nos anos de 2005 a 2007. “A empresa vestiu os 450 integrantes da delegação brasileira em Pequim e de outros sete países latino-americanos. Foram produzidas mais de 53 mil peças para atender aos atletas, nas 28 modalidades esportivas. Também se fez presente nos Jogos Paraolímpicos, fornecendo 14 mil peças.”4

    Além disso, a Olímpikus patrocina a Confederação Brasileira de Vôlei e alguns jogadores da modalidade, como Giba, Bernardinho, Bruninho, Paula Pequeno e Fabi. Ela também é fornecedora de material esportivo das equipes de vôlei Rexona-Ades e Cimed. Atualmente, seu faturamento está em torno de 1 bilhão e 100 milhões.

    Outra empresa com grande representatividade no mercado esportivo é a Puma, que teve sua marca colocada no cenário esportivo pelo Pelé. O jogador tinha sido campeão nas Copas de 1958 e 1962 com a seleção brasileira, mas quando o árbitro ia autorizar o inicio da partida entre Brasil e Peru na Copa de 1970, Pelé pediu ao juiz para amarrar a chuteira, ocasionando uma cena inusitada.

    Este fato era para ser algo normal na partida, mas as câmeras de todo o mundo filmaram, por cerca de 30 segundos, a chuteira que Pelé estava usando com a marca do Puma, naquele momento, sendo vista por mais de 200 milhões de pessoas, Com isso Pelé fechou um contrato de 100 mil dólares por quatro anos e mais 25 mil só para o mundial do México, além de 5% de royalties pela venda dos tênis e chuteiras. Nesse aspecto, a Puma foi pioneira na prática de marketing esportivo de emboscada no mundo do futebol.

    Outro investimento da Puma foi o patrocínio a Usain Bolt, que ao ganhar os 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos de Pequim ergueu suas sapatilhas com o logotipo da empresa. A cena foi vista por volta de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas e trouxe lucros para a empresa até hoje. Atualmente a marca alemã patrocina as seleções de futebol da Itália, Gana, Uruguai, Suíça, Camarões, Áustria, Bulgária, República Tcheca, Polônia, Marrocos, Arábia Saudita, Senegal, Costa do Marfim, Angola, Egito, Bielorússia, Israel, Irã, Tunísia e Togo; além de clubes tradicionais como Cruzeiro, Grêmio, Tottenham Hotspur, Mônaco, Stuttgart, Lazio e Villarreal; e jogadores renomados como Gabriel Heinze (Argentina), Pelé e Rivaldo (Brasil), Samuel Eto’o (Camarões), Peter Crouch (Inglaterra), Gianluigi Buffon (Itália), John Carew (Noruega) e Guti (Espanha). Em termos de atletas, a marca alemã é campeã de exposição firmando patrocínio com ídolos como Serena Williams (tênis).5

    Os números da empresa também são impressionantes, estando em mais de 130 países, no ano de 2009 o faturamento em torno de 2 bilhões e 500 milhões de dólares, tendo um faturamento de quase 129 milhões de dólares nesse mesmo ano. Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca PUMA está avaliada em US$ 3.154 bilhões, ocupando a posição de número 97 no ranking das marcas mais valiosas do mundo. Na Copa do Mundo de 2006, em 36 dos 64 jogos realizados pelo menos uma seleção em campo vestia uniforme PUMA8.

    A maior empresa desse setor, a Nike, também mostra números bastante positivos quando se refere a investimento em esporte. Por ano a NIKE desembolsa US$ 1.9 bilhões e, atualmente a empresa gasta milhões de dólares para fornecer materiais esportivos para as seleções nacionais como da França (US$ 62.8 milhões/ano), Brasil (US$ 12 milhões/ano), Estados Unidos, Holanda, Portugal, Rússia, Turquia, Croácia, Coréia do Sul, além de equipes como Barcelona (US$ 44 milhões/ano), Manchester United (US$ 44 milhões/ano), Arsenal (US$ 25 milhões/ano), Porto (US$ 16.4 milhões/ano), Juventus (US$ 16 milhões/ano), Internazionale, Valencia, Atlético de Madrid, Borussia Dortmund, Boca Juniors, PSG, Celtic, Corinthians e Flamengo.6

    A Nike lança a cada três anos 1.800 novos produtos, alguns são direcionados ao público feminino, gerando uma receita de 3 bilhões de dólares, cerca de 20% das vendas totais da marca. No ano de 2009 a Nike teve um faturamento de 19.170 bilhões de dólares.

    Consumido amplamente no momento de entretenimento e lazer e cujas atividades acontecem num clima de emoção e paixão, o esporte ganhou status de esporte-espetáculo. E não é apenas como atividade de entretenimento e lazer que o esporte se expandiu globalmente. Ele cresceu como uma forte indústria de produtos e serviços diversos.

    Também no campo da indústria de produtos esportivos que o esporte surgiu como um produto de grande potencial mercadológico. Com sua variedade de produtos, os fabricantes de material esportivo, ampliaram suas ofertas de produtos esportivos como uniformes em geral, calçados, acessórios, fazendo e utilizando as estratégias mais inovadoras e de forma mais eficaz possível, desenvolvendo enormemente o mercado de consumo de produtos esportivos. Segundo Pitts e Stotlar (2002) o mercado no qual os produtos oferecidos aos compradores relacionam-se a esporte, fitness, recreação ou lazer e podem incluir atividades, bens, serviços, pessoas, lugares ou idéias.

5.     Conclusão

    Uma modalidade esportiva sem eventos, torcedores e praticantes não tem potencial mercadológico, pois seu mercado é inexistente (torcedores e praticantes), sendo poucas as perspectivas de crescimento dessa modalidade como produto. Compete ao profissional de gestão e marketing esportivo, criar e desenvolver ações focadas no aumento do potencial mercadológico do esporte. E para que isso ocorra é necessário mudar o calendário de eventos, com a realização de jogos ou competições, os torcedores voltam e os praticantes retomam suas atividades. Por isso, afirmam que o evento e os torcedores e praticantes constituem a fonte geradora de potencial econômico e mercadológico do esporte. Afinal, esportes que participam de mega eventos esportivos globais, se beneficiam da cobertura da mídia e da ampla divulgação produzida.

    No futuro eventos e torcedores vai representar os princípios de todo o processo de gestão e marketing esportivo. Sem isso nada pode ser feito em favor do esporte, pois no Brasil, poucas iniciativas e torcedores convergem para esse fator. Quando a ênfase é nos eventos, seu planejamento e organização, os espectadores e os praticantes ficam em segundo plano. Uma modalidade esportiva qualquer somente será conduzida para o seleto grupo de bons produtos esportivos, se apresentarem competência na gestão do seu calendário de evento, e no relacionamento, captação e manutenção do conjunto de torcedores novos e atuais.

Notas

  1. Wiki: Jogos Olímpicos de Verão de 2008 Disponível em http://wapedia.mobi/pt/Jogos_olimpicos_de_Verão_de_2008. Acesso em 2 de junho de 2010.

  2. Wiki: Jogos Olímpicos de Verão de 2008 Disponível em http://wapedia.mobi/pt/Campeonato_Mundial_de_Futebol. Acesso em 31 de maio de 2010.

  3. Damato, M. (2010). Disponível em http://blogs.lancenet.com.br/alemdojogo/2008/05/31/flamengo-olympikus-os-numeros/ Acesso em 04/06/10.

  4. Mundo das marcas (2010). Disponível em http://mundodasmarcas.blogspot.com/2007/05/olympikus-invente-seu-jogo.html. Acesso em 04/06/10.

  5. Mundo das marcas (2010). Disponível em http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/nike-just-do-it.html. Acesso em 04/06/10.

  6. Mundo das marcas (2010). Disponível em http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/06/puma-competitividade-alem.html. Acesso em 01/06/10.

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