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Equipe de enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de 

Urgência (SAMU) de Montes Claros, MG e os riscos ocupacionais

El equipo de enfermería del Servicio de Atención Móvil de Urgencia (SAMU) de Montes Claros, MG y los riesgos ocupacionales

 

* Enfermeiros graduados pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros

** Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo

Professora do Departamento de Enfermagem das Faculdades

Integradas Pitágoras de Montes Claros - FIP-Moc

***Enfermeiro graduado pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

Especialista em Didática e Metodologia pela Universidade Estadual de Montes Claros

**** Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

(Brasil)

Jair Gomes Junior*

Renato Santos Araújo*

Ana Augusta Maciel Souza**

José Rodrigo da Silva***

Luiz Paulo Souza e Souza****

rodrigomaiss@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se com esta pesquisa a identificação de fatores ocupacionais que acometem a equipe de enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU- de Montes Claros – Minas Gerais, bem como a disponibilidade e uso dos equipamentos de proteção individual pela equipe e existência do treinamento adequado para a realização das atividades por esses profissionais. Estudo de caráter quantitativo e descritivo, realizado na central de regulação do SAMU na cidade de Montes Claros- Minas Gerais, abrangendo uma parte dos funcionários da equipe de Enfermagem. O estudo revelou que a equipe de enfermagem do SAMU está mais exposta aos riscos biológicos (31%) e físicos (25%), 100% da equipe relatou a existência dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) preconizados pelo Ministério da Saúde, porém ainda há uma pequena parcela que não os utiliza (20%). A razão apresentada para a não utilização desses foi o desconforto (40%) e a displicência (60%). Todos os funcionários relataram ter recebido treinamento especifico para realização das atividades e que o mesmo foi considerado suficiente. Com este estudo percebeu-se o quanto a equipe de enfermagem está exposta a diversos riscos ocupacionais e que mesmo assim ainda há colaboradores que não utilizam o EPI, fazendo necessário que o enfermeiro como líder da equipe sensibilize seus funcionários sobre os benefícios do uso dos equipamentos, sendo essa educação de forma continuada.

          Unitermos: Riscos ocupacionais. Saúde do trabalhador. Enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No Brasil, a área de urgência e emergência é um importante componente da assistência à saúde. As atuais políticas de saúde demonstram que houve uma crescente pela demanda dos serviços em consequência do aumento do número de acidentes, da violência urbana e da insuficiente estruturação da rede, fatores estes que têm contribuído decisivamente para esta sobrecarga, baseada na Portaria GM nº 2048 de 5 de novembro de 2002. Diante desta realidade, em 2001, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências a qual estabelecer diretrizes e responsabilidades institucionais, sendo que estas enfatizam a importância de medidas relacionadas à promoção da saúde e prevenção de seus agravos (MAFRA et al., 2008).

    A utilização de barreira para proteção, como os EPI’s e o uso correto desses é de suma importância, pois permite a realização de procedimentos de forma segura, tanto para o profissional que está prestando assistência como para o paciente (MAFRA et al., 2008).

    As equipes de saúde que atuam na unidade de emergência devem receber treinamento específico, tanto técnico e científico, quanto uma educação continuada voltada para o autoconhecimento, o que exige deles domínio de suas próprias emoções e conhecimento de seus limites e de suas possibilidades (TACSI; VENDRUSCOLO, 2004).

    Os trabalhadores da área da saúde estão submetidos a diversos riscos ocupacionais; entre eles encontram-se os riscos biológicos, os físicos, os químicos, os psicossociais e os ergonômicos. Tais riscos predispõem os trabalhadores a se tornarem enfermos e a sofrerem acidentes de trabalho (AT), quando medidas de segurança não são adotadas (ROBAZZI; MARZIALE, 2004).

    As cargas ou os riscos ocupacionais do trabalho de enfermagem em serviços de Urgência e Emergência não têm sido muito abordados na literatura nacional, o que levou a realizar este estudo. Portanto, objetivou-se verificar os riscos ocupacionais que acometem os profissionais da equipe de enfermagem do SAMU, bem como a disponibilidade e utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a existência de um treinamento específico para a realização das atividades exercidas pelos profissionais.

Material e métodos

    Optou-se por uma pesquisa de caráter quantitativo e de natureza descritiva. Foram entrevistados 25 profissionais da equipe de Enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da cidade de Montes Claros – Minas Gerais sendo 10 Enfermeiros e 15 Técnicos de enfermagem, selecionados intencionalmente. Foi aplicado um questionário estruturado com 07 questões fechadas sobre os riscos ocupacionais que esses profissionais estão sujeitos bem como a utilização de EPI's. Todos os preceitos éticos foram respeitados, de acordo com Conselho Nacional de Saúde- CNS/2003 – através da resolução 196/96, para realização de pesquisas em seres humanos. Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética das Faculdades Unidas do Norte de Minas sob o parecer nº 01493/10. A pesquisa foi realizada no período de Março a Abril de 2011.

Resultados e discussão

    Inicialmente procurou-se categorizar os profissionais do serviço móvel de urgência entrevistados em relação à idade e sexo no qual se podem observar os resultados nas tabelas abaixo:

Tabela 1. Distribuição dos profissionais, segundo idade e sexo

    Observou-se que nessa categorização obteve-se uma máxima de 48% em relação aos profissionais com idade entre 31 a 40 anos de idade e uma predominância do sexo masculino com 64%. Diferente de outros resultados encontrados em diversos estudos como o de Paiva (2007); Zapparoli e Marziale (2006), Santos Junior et al. (2010) que apontam a predominância feminina em atuação, neste estudo, o sexo masculino foi predominante na população estudada.

    Outra variável analisada foi a ocupação desses profissionais em outros empregos e o turno que desempenham outro emprego. Os resultados são expressos nas seguintes tabelas:

Tabela 2. Distribuição dos pesquisados que possuem outro emprego e o turno o qual o exerce

    É notável uma predominância dos profissionais do SAMU em terem outro emprego em outras instituições, observou-se que 52% dos entrevistados estão assim caracterizados. Esse fato trás certa preocupação já que uma sobre carga de trabalho segundo Santos Júnior et al. (2010) pode acarretar desgaste tanto mental quanto físico, manifestando-se pela doença ou sintomatologia, agravando ainda mais os estressores no qual esse trabalhador está exposto, já que no próprio serviço de atendimento móvel de urgência possui grandes fatores de risco para o desgaste mental e físico. Além de possuírem outros empregos, podemos observar no cotidiano dos profissionais do SAMU a “emenda” de plantões. Um percentual de 46% dos profissionais entrevistados que exercem cargos em outras instituições o fazem no período noturno, aumentando o risco de acidentes de trabalho devido ao cansaço físico e mental. Muitos deles saem dos plantões em outras instituições e vão para o trabalho no SAMU ou saem do SAMU e vão diretamente para outras instituições, colocando em risco tanto o atendimento prestado ao paciente quanto a sua própria integridade física e mental. Marziale (1990) relatou em seu estudo que esta prática pode gerar problemas sociais, familiares e de saúde nos trabalhadores especialmente distúrbios de sono, distúrbios alimentares, dificuldade de concentração e atenção e fadiga.

    Foi questionado aos profissionais do SAMU a respeito dos riscos ocupacionais que estes já haviam sofrido durante o trabalho no Atendimento Pré Hospitalar e encontrou-se as seguintes respostas:

Gráfico 1. Riscos ocupacionais sofridos pelos profissionais de Enfermagem do SAMU. Fonte: Dados da pesquisa, 2011

    Uma grande parcela dos entrevistados (31%) relataram ter sofrido o risco ocupacional biológico, sendo este incidente explicado devido o profissional estar em contato constante com fluidos corporais, sangue e microrganismos. Nhamba (2004) confirma o resultado encontrado já que os profissionais de enfermagem no SAMU prestam atendimento a pacientes em estado crítico e que necessitam de procedimentos mais invasivos. Outro dado relevante é o risco físico mencionado por 25% dos entrevistados. Os profissionais do SAMU trabalham inúmeras vezes em locais que possuem condições inadequadas de iluminação, temperatura, ruído e radiações. Paiva (2007) traz em seu estudo que o risco físico é constante, uma vez que os profissionais em muitos casos têm que prestar atendimento em locais de risco, e ficar em constantes movimentos bruscos dentro das ambulâncias.

    Outro ponto avaliado foi a exposição aos fatores de risco ocupacionais sofridos durante a prestação de serviço no SAMU:

Tabela 3. Distribuição dos pesquisados segundo os principais riscos de possível exposição e os equipamentos de proteção individuais disponíveis para utilização

    O ruído ambiental foi o fator de risco com maior destaque (60%), já que o profissional está ininterruptamente ouvindo o barulho da sirene da ambulância, da buzina, barulho da própria equipe em atendimento, ruídos do local do acidente que se tornam fatores de risco para desencadear doenças relacionadas ao ruído como surdez e estresse. Soerensen (2008) concorda com a afirmativa relatando em seu estudo que os profissionais do APH são expostos o tempo todo a este fator de risco, devendo realizar periodicamente o teste de audiometria para detecção precoce de problemas na audição devido a essa exposição.

    Ainda temos como relatado a exposição à iluminação inadequada (56%) e temperatura elevada (40%) com valores representativos. Florêncio et al. (2003) afirmam que no APH, principalmente no que diz respeito ao Serviço de Atendimento Móvel em Urgência, o profissional está sujeito a sofrer todos os fatores de riscos físicos (ruídos, iluminação inadequada, temperatura elevada, radiações, vibrações) e que a maioria desses fatores de risco ao qual o profissional está exposto pode em muito prejudicar a qualidade do atendimento prestado, além de gerar acidentes e doenças ocupacionais.

    Para a prevenção de todos os fatores de risco mencionados anteriormente é necessário a utilização de mecanismos para a prevenção de danos a saúde do trabalhador, os Equipamentos de proteção individual, como descrito na NR 6, no qual é dever do empregador fornecer os EPI’s necessários para a prevenção e minimização dos riscos que os empregados estão expostos

    De acordo com a Lei 2048 de 2002 o uso de EPI's preconizados no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência são: luvas de procedimento, máscara do tipo cirúrgica óculos de proteção que devem ser utilizados sempre que houver um contato direto com o paciente; as botas emborrachadas e o macacão são de uso obrigatório. Ao analisar os dados encontrados observa-se que todos os EPI's preconizados estão disponíveis para utilização, de acordo com os entrevistados. Isso é um fator positivo, visto que os EPI’s servem como barreira e prevenção de contaminação e risco inerentes a profissão.

    Quando questionados sobre a utilização dos EPI’s disponíveis durante a realização das atividades no SAMU, os entrevistados responderam que:

Tabela 4. Distribuição dos pesquisados segundo adesão dos EPI's durante os treinamentos e os principais motivos da não adesão

    Foi observado que ainda há uma parcela (20%) desses trabalhadores que ainda rejeitam o uso de todos os EPI’s necessários para o atendimento no APH. Mafra et al. (2008) trazem que a mudança de comportamento é um grande desafio para os profissionais de enfermagem sendo que aceitação de técnicas no qual garantam segurança esta envolvido a fatores intrínsecos do sujeito, vícios, a própria vontade dos envolvidos e seu conhecimento.

    É notável que 60% dos entrevistados não utilizam os EPI’s por displicência, e não é concebível esse fato em uma equipe que está exposta a tantos riscos como uma equipe de APH. Outro ponto a ser discutido é o desconforto dos equipamentos (40%). É sabido que há um real desconforto na utilização desses equipamentos, porém o benefício dos EPI’s são maiores do que as limitações para o desuso deles. Mesmo com os entraves dos EPI’s, cabe ao enfermeiro como líder da equipe de enfermagem sensibilizar seu colaborador sobre os benefícios da utilização dos desses equipamentos no serviço (MAFRA et al., 2008).

    Em relação ao treinamento recebido para que os profissionais de enfermagem executem suas tarefas no SAMU houve unanimidade: 100% dos entrevistados disseram ter recebido o treinamento e que este foi considerado como suficiente para a execução de suas tarefas. Lopes e Fernandez (1999) dizem que o treinamento para o atendimento no pré- hospitalar é de suma importância para uma assistência de qualidade ao paciente e que essa deve ser continuada para a revisão de pontos a serem aperfeiçoados.

Considerações finais

    A procura por atendimento do serviço móvel de urgência nos últimos anos vem aumentando significamente e conseqüentemente os fatores de risco no qual os profissionais dessa área expostos.

    São diversos os riscos no qual estes profissionais estão expostos, sendo os mais comuns os riscos físicos e biológicos, colocando muitas vezes a saúde dos trabalhadores em perigo.

    Para agravar ainda mais o quadro da exposição aos riscos, há o fator de que muitos dos trabalhadores possuem outros empregos em horário de risco (noturno), aumentando a questão do cansaço e o estresse psicológico do trabalhador.

    Contudo, há medidas eficazes para a prevenção de alguns fatores de risco no qual esses trabalhadores estão expostos: o uso dos EPI’s. Esse uso é essencial na vida diária não só do profissional do serviço de atendimento móvel de urgência, mas de todos os profissionais ligados à área de assistência a saúde.

    No SAMU, de acordo com os dados encontrados nesta pesquisa, todos os equipamentos preconizados são disponibilizados aos trabalhadores, concluindo que as normas de segurança do trabalhador são cumpridas por parte dos empregadores, porém observou-se que ainda há uma parcela que necessita ser sensibilizada acerca da importância do uso dos equipamentos de proteção individual.

Referências

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