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Duplo produto indicativo de trabalho 

imposto ao miocárdio, durante exercício de força

El doble producto indicativo del trabajo impuesto al miocardio, durante el ejercicio de fuerza

Double product indicative of forced myocardium work, during power exercise

 

*Graduando em Educação Física

** Graduado em Educação Física

*** Professor Especialista do Curso de Educação Física da Faculdade Dom Bosco

**** Professora Mestre do Curso de Educação Física da Faculdade Dom Bosco.

***** Professor Doutor do Curso de Educação Física

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

(Brasil)

Bruna Aparecida Bueno*

Marcelo Romanovitch Ribas***

Jhonatan Matheus Wichert**

André Frasson**

Keith Sato Urbinati***

Julio Cesar Bassan****

bruna_bueno3@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

           Objetivo: Verificar o comportamento do Duplo Produto (DP) durante a execução de exercício de Força (EF) e exercício Aeróbio Contínuo (EAC). Participaram da pesquisa, seis voluntários (04 homens e 02 mulheres), com idade entre 18 e 30 anos, realizaram no Agachamento Smith 1; 6; 20 repetições com 90%; 70%; 40% da carga de 1 RM, respeitando o intervalo de três minutos entre cada série e (EAC) de 20 min. As mensurações durante (EF), foram realizadas para a (FC) ao final de cada série e (PA) nas penúltimas e últimas repetições. Para o (EAC) as mensurações ocorreram no 5º; 10º; 15º e 20º min. As variáveis foram testadas por meio de ANOVA para medidas repetidas, seguida de testes post-hoc Tuckey, com significância (p < 0,05). A pesquisa conclui que o Duplo Produto, pode ser utilizado como indicativo de trabalho imposto ao miocárdio durante o trabalho de Força.

           Unitermos: Força. Aeróbio. Duplo produto.

 

Abstract

           Objective: To verify the double-product (DP) during the execution of power exercise (PE) and continuous aerobic exercise (CAE). This research involved six volunteers (04 men and 02 women) aged between 18 and 30 years, performed in Smith Squats 1; 6; 20 repetitions with 90%; 70%; 40% of 1 RM load, respecting the three-minute interval between each series and (CAE) for 20 minutes. The measures during (PE) were performed for the (CF) at the end of each series and (BP) in the penultimate and last repetitions. For the (CAE) measurements occurred at 5º; 10º; 15º and 20º minutes. The variables were tested by ANOVA for repeated measures followed by Tuckey post-hoc tests, with significance (p<0.05). The research concludes that the double product, can be used as an indicator of forced myocardium work during power exercise.

           Keywords: Power. Aerobic. Double product.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Devido ao crescente número de adeptos, que o treinamento de Força vem conquistando ao longo dos anos, muitas pesquisas científicas nesta área estão sendo desenvolvidas para melhor quantificar a segurança das prescrições deste tipo de treinamento, Maior (2008), cuja característica marcante é trabalhar com cargas elevadas e poucas repetições durante a sua execução (FLECK; KRAMER, 1999).

    Uma forma de tentar trabalhar com segurança seria a perfeita manipulação das variáveis agudas do programa, o que proporcionaria uma progressão ótima ao longo do tempo Chandler e Brown (2009), porém a literatura se mostra empírica quanto à influência dessas variáveis na prescrição do treinamento de Força para os diferentes sistemas do corpo (RHEA et al., 2003).

    Em relação, ao sistema cardiovascular, os pesquisadores têm se preocupado em analisar e compreender as adaptações sofridas durante o treinamento aeróbio e de Força sobre as variáveis hemodinâmicas (Freqüência Cardíaca, Pressão Arterial e Duplo Produto) Farinatti e Assis, (2000); Leite e Farinatti, (2003), para se estabelecer um padrão de segurança a partir da intensidade, volume ao prescrever a atividade física (MAIOR, 2008).

    Segundo Leite e Farinatti (2003); Polito e Farinatti (2003) e Miranda et al. (2005), o Duplo Produto (DP) é uma variável pouco utilizada pelos profissionais da saúde. Considerado o melhor indicativo não invasivo, esta variável se apresenta como uma estimativa de intensidade do trabalho imposto ao miocárdio, seu valor é obtido a partir da multiplicação da Pressão Arterial Sistólica (PAS) pela Frequência Cardíaca (FC) (MIRANDA et al., 2006). A queda do Duplo Produto (DP) com o treinamento possibilita uma maior capacidade na realização do exercício (MCARDLE; WILLIAM, 2008).

    Há tempos atrás, os exercícios com pesos, foram associados a grandes aumentos de (FC) e (PA), não sendo considerados seguros para populações de risco Fardy et al. (2001), no entanto estudos recentes sobre atividade física com peso demonstraram segurança e grandes benefícios para a saúde, quanto utilizado volume e intensidade adequados (POLLOCK et al. 2001).

    Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo verificar o comportamento do (DP) durante a execução de exercício de Força (EF) e exercício Aeróbio Contínuo (EAC) e adotando-o como trabalho imposto ao miocárdio.

Metodologia

    A amostra foi constituída por 06 voluntários (04 homens e 02 mulheres), com idade entre 18 e 30 anos, adotando-se como fatores de exclusão: a) os alunos que se apresentaram durante o processo de avaliação com lesões musculoarticulares. b) os alunos que possuíam alguma doença crônica degenerativa. c) utilização de medicamentos que pudessem afetar as respostas fisiológicas durante os testes. d) alunos com tempo de treinamento de força inferior a um ano. e) resultado para o teste Par – Q positivo. f) (PAS) e (PAD) em repouso superiores, respectivamente, a 139 e 89 mmHg. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a resolução CNS 196/96. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco sob o nº 00130301000-10.

    A coleta de dados ocorreu em três momentos, na sala de musculação onde os voluntários realizavam seus treinos diários e consistiu de três testes de Força e um teste Aeróbio contínuo realizado em dois dias. No primeiro dia os voluntários foram submetidos à aplicação do teste Par-Q. O questionário se resume em sete perguntas onde só existem duas opções de resposta, (sim ou não), sendo que se em qualquer uma das questões o avaliado responder sim, não poderia continuar o processo avaliativo (PITANGA; GODIM, 2008).

    Os testes de Força foram realizados no Agachamento Smith, este exercício foi escolhido por solicitar de 1/6 a 1/7 de toda a musculatura esquelética (CHANDLER; BROWN, 2009). Todos os testes foram supervisionados para efeito de segurança e não permitir manobra de Valsava. Antes de ser testado o sujeito permanecia em repouso sentando por 5 min. Logo após a realizava - se o teste de 1RM (uma repetição máxima), o qual seguiu os seguintes procedimentos: estipulava-se uma carga inicial subjetivamente e o voluntário era instruído a realizar o exercício.

    Em seguida, dava-se um intervalo de descanso de 5 min. e nova carga era acrescentada para nova execução. O teste era concluído quando o voluntário alcançasse a carga que o levasse à falha mecânica de execução, ficando estabelecida como sua carga máxima a última carga a qual conseguiu executar o exercício sem falha mecânica concêntrica.

    Após dois dias da execução do teste de 1 RM, os voluntários foram submetidos à execução do trabalho de força onde usaram o exercício Agachamento no Smith da marca Righetto Linha High-on, para tanto deveriam fazer 1 repetição com 90% da carga de 1 RM, 6 repetições com 70% da carga de 1RM e 20 repetições com 40% da carga de 1RM, respeitando o intervalo de três minutos entre cada série.

    Durante o teste foi mensurada a (FC) por meio do Frequêncimetro da marca Polar modelo S610 e a (PA) por meio de um esfigmomanometro digital da marca Oregon, em dois momentos: o primeiro momento foi em repouso com o sujeito sentado durante um período de 5 min. e após este tempo foi mensurada a (FC) e a (PA), no segundo momento a (FC) foi mensurada ao final de cada série e a (PA) nas penúltimas e últimas repetições (FARINATTI ; ASSIS, 2000).

    Após o trabalho de força 1 (RM), 6 (RM) e 20 (RM), novamente foi respeitado o intervalo de dois dias para a realização do terceiro momento da pesquisa, a realização do teste Aeróbio onde o voluntário executou uma atividade moderada 70 a 80% da Frequência cardíaca máxima durante 20 min., em uma esteira rolante elétrica da marca Moviment. Para o cálculo da (FC) máxima foi utilizada a fórmula FCmáx = 208 – (0,7 x idade), (TANAKA et al., 2001). Foi dado ao avaliado 5 min. para que pudesse alcançar a faixa da frequência estipulada. A mensuração da (FC) e da (PA) foi realizada em dois momentos: o primeiro momento em repouso antes de iniciar o teste e o segundo momento durante o (EAC) onde as mensurações ocorreram no 5º min.; 10º min.; no 15º min. e 20º min.

Análise estatística

    Na análise descritiva dos dados foram determinadas: média e desvio padrão, onde a influência dos fatores observados (séries) sobre (FC), (PAS), (PAD) e (DP), foi testada através de ANOVA (Análise de Variância) para medidas repetidas, seguida de testes post-hoc Tuckey, adotando-se como limiar de significância (p < 0,05).

Resultados

    Os resultados para as variáveis hemodinâmicas e (DP) em repouso, (EF) e (EAC) serão apresentados por meio dos gráficos 01, 02, 03 e 04 respectivamente.

    O Gráfico 01 exibe o comportamento esperado para (FC), seu valor aumentou de acordo com os exercícios realizados em relação ao repouso (p ≤ 0,01). Em se tratando do repouso, o valor médio da (FC) manteve-se a (73±16,38) bpm. Quando da execução do (EF) para 1 RM, o valor da (FC) foi (112,67±15,88) bpm, para 6 RM a (FC) foi (127±18,89) bpm e para 20 RM a (FC) foi (147,83±24,32) bpm. Para o (EAC) a (FC) média encontrada não se apresentou com diferença significativa para o 5º min. foi (156,83±11,36) bpm, para 10 min. foi (156,67±12,74) bpm, no 15º min. foi (156,33±12,86) bpm e ao 20º min a (FC) foi (158,33±12,47) bpm. Demonstrando que o pico de (FC), ocorreu no 5º min.

Gráfico 01. Comportamento da freqüência cardíaca durante exercício de força e aeróbio

    O Gráfico 2, exibe o comportamento da (PAS), seus valores aumentaram durante o exercício em comparação ao repouso (p ≤ 0,01). Em repouso a (PAS) foi (114,83±19,40) mmHg, que sofreu aumento durante o exercício realizado. Durante o (EF) de 1 RM foi (152,50±18,91) mmHg, a 6 RM o seu valor diminuiu (145,83±18,01) mmHg e a 20 RM a (PAS) foi (157,50±17,82) mmHg. Não ocorreu diferença significativa entre as series de Força (p ≥ 0,05).

    Já no (EAC) os valores encontrados da (PAS) em 5º min. foi (151,67±26,39) mmHg, aos 10º min. seu valor aumentou para (162,50±31,58) mmHg, aos 15º min. a (PAS) foi (174,17±28,71) mmHg e aos 20º min. a (PAS) se apresentou em (185±31,46) mmHg. Não foram apresentadas diferenças estatísticas significativas (p ≥ 0,05).

Gráfico 02. Comportamento da pressão arterial sistólica durante exercício de força e aeróbio

    O Gráfico 3, exibe o comportamento da (PAD), seus valores aumentaram durante o exercício em comparação ao repouso (p ≤ 0,01). A (PAD) apresentou em repouso o valor médio de (75,67±4,97) mmHg. Ao longo da execução do (EF) a (PAD) não sofreu muita alteração, apresentando a 1 RM o valor de (87,50±7,58) mmHg, a 6 RM o valor médio diminuiu para (80,83±8,01) mmHg e a 20 RM o valor médio da (PAD) foi (85±5,48) mmHg, não apresentou valores significativos (p ≥ 0,05).

    No (EAC) o valor da (PAD) apresentado ao 5º min. de atividade foi (88,33±4,08) mmHg, ao 10º min. foi (90±0,00) mmHg, ao 15º min. a (PAD) foi (91,67±4,08) mmHg e ao 20º min. de atividade a (PAD) foi (93,33±5,16) mmHg, valores não significativos (p ≥ 0,05).

Gráfico 03. Comportamento da pressão arterial diastólica durante exercício de força e aeróbio

    O Gráfico 4 exibe o (DP), esse apresenta um valor médio em repouso de (8.430,17±2.678,59) bpm.mmHg, o aumento progressivo do (DP) deu-se conforme o aumento das contrações localizadas, (p < 0,01). Durante o (EF) o valor encontrado do (DP) para 1RM foi (17.181,67±3.420,25) bpm.mmHg, em 6RM o (DP) foi (18683,33±4636,58) bpm.mmHg, em 20 RM o (DP) foi (23.424,17±5.614,68) bpm.mmHg.

    O (EAC) mostrou valores mais elevados para o (DP), ao 5º min. de atividade o valor médio encontrado foi (23.890±5.355,53) bpm.mmHg, ao 10º min. de exercício o (DP) foi (25.610±6.747,61) bpm.mmHg, no 15º min. foi (27.341,67±6.093,21) bpm.mmHg e no 20º min. o (DP) foi (29.421,67±6.625,64) bpm.mmHg. A solicitação imposta ao miocárdio quando comparado o (EF) e (EAC), o segundo método apresentou - se significativamente superior (p<0,001). É percebido que os valores de (DP) tendem a estabilizar após os primeiros 5º min. de atividade aeróbia (p<0,05).

Gráfico 04. Comportamento do duplo produto durante exercício de força e aeróbio

Discussão

    Na literatura verificam-se recomendações favoráveis ao (EF), para indivíduos saudáveis ACMS (2002), e portadores de doenças cardiovasculares (PICKERING et al., 2005). Monitorar o estresse cardiovascular permite trabalhar com segurança durante a execução dos programas de (EF) (FARINATTI; ASSIS, 2000); (POLITO; FARINATTI, 2003); (VELOSO et al., 2003); (LEITE; FARINATTI, 2003).

    Este estudo visou comparar as respostas cardiovasculares durante o (EF) e o (EAC), em uma população de indivíduos praticantes de trabalho de Força não competitivo, normotensos sem comprometimento cardíaco.

    Embora os resultados mostrem que todas as variáveis tendem a aumentar significativamente durante ao esforço, fato já esperado, uma vez que já se tem esclarecido na literatura clássica da fisiologia do exercício que tanto a (FC) quanto a (PAS) aumentam durante qualquer tipo de esforço Mcardle et al (2003) pode-se verificar que durante o (EAC) os valores para (FC), (PAS), (PAD), a partir do 5º min. apresentam seus picos máximos.

    Tais achados vêem a corroborar com o estudo realizado por Farinatti e Assis, (2000), quando analisaram o comportamento da (FC) durante a execução do exercício Pressão de Pernas e 20 min. de atividade aeróbia; Lopes et al. (2006), que analisaram o comportamento da (FC) em três tipos diferentes de exercício, concluindo que o circuito em sala de musculação apresentou menor (FC), sendo mais seguro para cardíacos em relação ao (EAC).

    Segundo Polito e Farinatti, (2003), apesar de esperar um aumento da (FC) quando se pratica (EF), esta situação parece não ocorrer devido ao tempo reduzido do exercício. Por outro lado, em atividades como a caminhada é observado patamares superiores, em virtude de um maior tempo de execução contínua.

    Em relação ao comportamento da (PAS), os maiores índices foram encontrados em series de 20 RM no (EF) e no (EAC) em relação ao repouso. Estes valores vêm a confirmar o estudo realizado por Farinatti e Assis, (2000), onde os maiores valores médios encontrados para a (PAS) se apresentaram durante uma série de 20 RM e o (EAC), demonstrando que poucas repetições, independente da intensidade, se apresentam como atividades seguras para serem realizadas com indivíduos cardiopatas e hipertensos.

    Com respeito à (PAD), ocorreu um fato relevante devido não ter ocorrido diferença significativa entre as modalidades de exercícios. Situação que contraria alguns estudos Farinatti e Assis, (2000); Lopes et al. (2006), os valores encontrados para o (EF) se apresentam com valores ligeiramente inferiores aos encontrados durante o (EAC).

    Finalmente temos os resultados para o (DP). A literatura destaca que em exercícios intermitentes o (DP) não apresenta validade para estimar a captação de oxigênio pelo miocárdio (VELOSO et al., 2003); (LEITE; FARINATTI, 2003). Segundo o ACMS (2002) esse constitui um dos principais indicadores de estresse cardíaco no (EF). Verificou que o (DP) apresentou diferença significativa para o (EF) em relação ao (EAC), e demonstrou ser mais seguro do cunho cardiovascular Farinatti e Assis (2000), afirmam que exercícios dinâmicos de contra-resistência parecem acarretar menores solicitações cardíacas do que em exercícios aeróbios de 75% a 80% da (FC) máxima de reserva, conforme estimado pelo (DP) durante atividades.

Conclusão

    Em conclusão, os resultados do presente estudo indicam que o exercício de Força, independente da intensidade, promove menor aumento na capacidade cardíaca, do que em uma atividade aeróbia. Durante os exercícios de Força o Duplo Produto, associou-se mais ás repetições do que a carga imposta, enquanto no exercício aeróbio o Duplo Produto mostrou-se mais eficiente em relação à intensidade do que a durante a atividade realizada e desta maneira se demonstrou como uma variável positiva para controlar o trabalho imposto ao miocárdio.

    Contudo, o comportamento dos indicadores analisados pode ser diferentes em outras populações e estímulos de esforço, desta forma estudos adicionais se fazem necessários a fim de se verificar o comportamento desses indicadores em outras situações de treinamento.

Referências

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