Atividade física na gestação Actividad física en el embarazo |
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*Graduada em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia Especialista em Pedagogia do Esporte pela Faculdade Adventista de Hortolândia **Doutora em Educação Física pela Unicamp Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia |
Natália Verônica Machado* Helena Brandão Viana** (Brasil) |
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Resumo A gestação é um momento único para algumas mulheres, e neste período a necessidade de cuidados com o bem estar físico é imprescindível. Na gravidez há muitos desconfortos, incluindo tendência à formação de varizes, dores nas costas, nas articulações e músculos, que podem ser aliviados com atividade física, a qual tem sido indicada por médicos quando há uma gravidez sem riscos. Mas há sempre um questionamento sobre qual atividade e exercício físico é a mais adequada para gestantes. Para apresentar solução para este questionamento, objetivou-se nesse trabalho, apresentar uma revisão de pesquisas de campo com intervenções em grupos de gestantes. O método usado foi revisão de literatura e revisão de artigos com pesquisa de campo selecionados a partir do Google Acadêmico, utilizando os seguintes critérios: artigos publicados de 2003 em diante, e que apresentassem dados de intervenção de atividades físicas e exercícios físicos e a análise estatística desses dados. A partir desses dados chegamos à conclusão que as atividades e exercícios físicos mais adequados a serem praticados por esse público é aquele que proporcione prazer ao ser praticado, seja ele, hidroginástica, natação, yoga, exercícios resistidos, alongamento ou caminhada. O importante também é sempre respeitar os limites das gestantes e que elas sejam acompanhadas por profissionais capacitados, educadores físicos que tenham conhecimento para trabalhar com esse público. Unitermos: Atividades físicas. Gestação. Prescrição.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Devido à procura na melhora da qualidade de vida ter aumentado nos últimos anos, proporcionando o aumento do público praticante de atividade física, as gestantes não poderiam ficar fora desse grupo. Por ser um momento único na vida de algumas mulheres, a gravidez exige certos cuidados com o bem estar das mesmas, pois estas sofrem várias mudanças físicas nesse período, como aumento da pressão arterial, aumento da freqüência cardíaca, aumento de peso, maior disponibilidade para formação de varizes, dores nas costas e articulações, problemas esses que podem ser aliviados com a prática de atividades e exercícios físicos regular. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção da atividade física e do exercício físico durante a gravidez proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher, a menos que a mesma apresente algum problema de saúde. Castro (2008) cita que a prática de atividade física não só pode beneficiar a mulher no período gestacional, mas também depois da gravidez, pois a mesma é recomendada como uma estratégia para evitar o ganho de peso excessivo e melhorar a perda de peso no período pós-parto. Segato (2009), também diz que o exercício físico é considerado um grande aliado no processo de redução e controle do estresse. Para Nobre, Alves e Souza (2009), a atividade física é importante, pois ajuda a diminuir o stress e ansiedade, fortalece os músculos da pelve, dos abdominais e os dorsais, além de diminuir a formação de varizes e aliviar as dores nas costas; ajuda na circulação sangüínea e reduz o inchaço nas pernas. A atividade física além de proporcionar todos esses benefícios citados acima, pode auxiliar a mulher a ter um parto sem complicações, ajudar no controle do estresse e minimizar alguns sintomas que ocorrem durante este momento. Mas ainda fica a pergunta: qual atividade física é mais adequada para a gestante? Para apresentar solução para este questionamento, objetivou-se nesse trabalho, apresentar uma revisão com trabalhos que mostrassem intervenções em grupos de gestantes.
Benefícios da atividade e exercícios físicos para gestantes
A atividade física é definida como qualquer movimento que a pessoa realiza, do qual possa dispender energia de uma forma maior que o estado de repouso, permitindo um incremento de força física, flexibilidade e resistência, e conseqüentes modificações, sejam na composição corporal ou na performance esportiva (BATISTA et al., 2003 apud SIMÕES et al., 2008). Para Matsudo e Matsudo (2004) apud Reinehr e Siqueira (2009), exercício é um tipo de atividade física mais estruturada, que envolve intensidade, freqüência, duração, tendo como objetivo melhora da aptidão física e, por conseguinte da saúde. Assim, quando a mulher caminhar, for ao mercado ou a qualquer outro lugar, com um determinado número de passadas/min, para percorrer a referida distância em um determinado intervalo de tempo ela estará fazendo um exercício. Mas em décadas passadas as gestantes eram aconselhadas a reduzirem suas atividades físicas e nos estágios finais da gravidez até mesmo pararem com as mesmas, pois se acreditava que a atividade física aumentaria o risco de parto pré-maturo (ARTAL; GARDIN, 1999 apud BATISTA et al., 2003), mas em meados da década de 90 o American College of Obstrecicions Cologistis (ACOG), reconheceu a importância e os benefícios da atividade física para gestantes, desde que as mesmas apresentassem condições apropriadas para a prática (ACOG, 1999 apud BATISTA et al., 2003). De acordo com Finkelstein et al. (2006), atividade física e exercício físico na gestação são recomendados na total ausência de qualquer anormalidade, mediante avaliação médica especializada e prescrição realizada por um profissional de Educação Física. Góis Leandro et al (2009), apud Finkelstein et al (2006), diz que a atividade física e o exercício físico durante a gestação resultam em adaptações fisiológicas da mãe e no aumento da disponibilidade de nutrientes e oxigênio no espaço feto-placentário. Entre essas adaptações fisiológicas o aumento da freqüência cardíaca e a pressão arterial constituem um dos principais problemas da obstetrícia contemporânea. A hipertensão arterial na gestação é um dos problemas que mais afetam esse público. Oliveira e Almeida (2005) e Oliveira et al. (2006) apud Amadei e Merino (2010), relatam que cerca de 10 a 22% das gestantes desenvolvem esta doença, onde um dos principais fatores é o sedentarismo, ou seja, a falta de atividade física. Outros benefícios da atividade física ou exercício físico são o alívio a certos desconfortos causados no período gestacional. Almeida e Tumeleiro (2003) citam que a predisposição à formação de varizes, dores nas costas, nas articulações e músculos podem ser amenizada com a prática regular e bem orientada de exercícios físicos, assim como podem também fortalecer e tonificar os músculos mais solicitados durante a gravidez: os músculos da pelve, os abdominais e os lombodorsais. Os autores ainda relatam que, um bom programa de exercícios pode ainda melhorar a postura, que é seriamente afetada pelo crescimento do útero e pela expansão do abdômen, causando uma inclinação anterior da pelve. Além desses benefícios os exercícios podem fortalecer os músculos das nádegas, costas, ombros e barriga para ajudar a manter o corpo alinhado e reduzir o desconforto associado à má postura.
A gravidez ainda provoca alterações psicológicas que podem atingir a percepção corporal e a auto-estima da gestante, e exercício físico pode ajudar na formação dessa imagem corporal a tornando positiva e a proporcionar uma melhora na auto-estima da mesma (TEIXEIRA et al., 2008). Matsudo e Matsudo (2000) apud Simões et al. (2008), complementa falando sobre os benefícios biológicos para a gestante que realiza exercícios físicos como: menor adiposidade materna, ausência de diferenças significativas em idade gestacional, duração do parto, peso ao nascimento, tipo de parto, valores de APGAR e complicações maternas e fetais, menor risco de parto prematuro, menor tempo de hospitalização, além de benefícios psicológicos e sociais como: melhora da auto-imagem e auto-estima, bem-estar, diminuição da sensação de isolamento social, diminuição da ansiedade, do estresse e do risco de depressão. Além desses benefícios o exercício físico é recomendado como uma estratégia para evitar o ganho de peso excessivo e melhorar a perda de peso durante o pós-parto (CASTRO, 2008). Sendo assim podemos destacar que, o exercício físico para gestantes deve ser orientado por profissionais da área, sendo o educador físico é o que mais atuará com este público e, ao trabalhar com esta clientela deve obter os conhecimentos e cuidados necessários para que possa orientar as atividades dentro dos padrões de qualidade e segurança, sendo necessário que se tenha plenos conhecimentos dos conceitos de gravidez, atividades e exercícios físicos, para então relacionar os temas e conduzir um programa de atividades adaptando-as às necessidades da futura mamãe, proporcionando assim grandes benefícios (REINEHR e SIQUEIRA, 2009). O exercício físico além de propiciar benefícios físicos pode ser também mais um momento de muito prazer em que à mulher percebe as transformações trazidas pela gravidez, vivencia as mínimas sensações de seu corpo e do seu bebê e assim se prepara para a maternidade (NASCIMENTO, 2007 apud REINEHR; SIQUEIRA 2009).
Quando o exercício físico é contra-indicado
A falta de atividade física ou exercício físico regular é um dos fatores associados a uma susceptibilidade maior a doenças durante e pós a gestação (HAAS et al., 2005 apud LIMA e OLIVEIRA, 2005), mas há alguns casos que atividade física não deve ser praticada. Ramos (2002) apud Reinehr e Siqueira (2009) relata que as patologias que podem determinar a prática ou não da atividade física ou exercício físico podem ser:
Absolutas (alterações nas quais é terminantemente proibida a prática de atividade física): doença miocárdia, insuficiência cardíaca, doença reumática, e tromboflebite, embolia pulmonar, risco de prematuridade, hemorragia interna, hipertensão, nenhum atendimento pré-natal;
Relativas (depende do grau patológico): anemia, doença cardíaca conhecida, doença da tireóide, diabetes melito, obesidade excessiva, sedentarismo.
Já para Andrade e Lopes (2005), as contra-indicações absolutas do exercício na gestação incluem diabetes do tipo I, histórico de dois ou mais abortos espontâneos, gravidez múltipla, tabagismo e ingestão excessiva de álcool; as contra indicações relativas são histórico de parto prematuro, anemia, obesidade, diabetes do tipo II e histórico de condicionamento físico precário antes da gravidez.
Para Bennell (2001) apud Lima e Oliveira (2005), a atividade física e o exercício físico não são recomendados para mulheres com as seguintes complicações:
Contra-indicações absolutas: doença miocárdiaca descompensada; insuficiência cardíaca congênita; tromboflebite; embolia pulmonar recente; doença infecciosa aguda; risco de parto prematuro; sangramento uterino; isoimunização grave; doença hipertensiva desconpensada; suspeita de estresse fetal e paciente sem acompanhamento pré-natal.
Contra-indicações relativas: hipertensão essencial; anemia; doenças tireoideanas; diabetes mellitos descompensada; obesidade mórbita e histórico de sedentarismo extremo.
Exercícios físicos não recomendados para gestantes
Antes de iniciar qualquer atividade física e exercício físico, a mulher deve ser examinada por um médico obstetra, para saber quais os exercícios que deve evitar e quais são as atividades contra-indicadas para o seu caso (REINEHR, SIQUEIRA, 2009).
Na gestação ocorre um aumento normal da freqüência cardíaca, dentre outras modificações físicas e fisiológicas: abdômen protuso, expansão da caixa toráxica, ascensão do diafragma, modificações posturais, com tendência de projeção dos ombros para frente, desvio do centro de gravidade e perda do equilíbrio, menor estabilidade das articulações de joelhos e tornozelos e tensão na coluna vertebral e quadril (CHISTÓFALO; MARTINS; TUMELERO, 2003; LANDI; BERTOLINI; GUIMARÃES, 2004 apud SIMÕES al et., 2008), devido a tantas mudanças no corpo da mulher é necessário que a mesma tenha cuidado com a atividade a ser praticada, e o tempo de prática da mesma. Matsudo e Matsudo (2000) apud Simões et al. (2008), não recomendam atividades contínuas que durem mais de 1 hora. A World Health Organization (1995) alerta que, gestantes que praticam atividades intensas, podem aumentar de 20 a 30% o risco de obter parto prematuro. De acordo com Gorgatti e Costa (2005) apud Reinehr e Siqueira (2009), recomenda-se que a gestante realize exercícios leves, regularmente de três a cinco vezes por semana, evitando movimentos de balanço, fazendo sempre exercícios sobre uma superfície macia que não ofereça impacto ou choque aos pés e articulações. Alguns tipos de exercício são contra-indicados como, por exemplo, aqueles onde haja necessidade de equilíbrio preciso, qualquer atividade competitiva com movimentos repentinos e saltos, artes marciais, levantamento de peso, flexão ou extensão profunda das articulações (pois na gestação já existe frouxidão ligamentar), prática de mergulho (condições hiperbáricas predispõem a embolia fetal na descompressão) e esportes de contato (MANN et al., 2009).
Artal, O’Toole e White (2003), e Batista et al, (2003) apud Simões (2008), complementam dizendo que, os exercícios que não devem ser praticados são: mergulho e qualquer exercício que utilize a posição supina, além daqueles que possam trazer riscos de quedas ou traumas abdominais como: esquiar, futebol, hóquei no gelo, basquete, ginástica, ou esportes em lugares altos (acima de 2500m), principalmente para gestantes fumantes, além daqueles que possam causar rompimento de ligamentos, como o trote, a corrida e o tênis. Cabe a cada mulher se identificar com a modalidade que lhe proporcione melhor benefício.
Material e método
Neste trabalho analisamos cinco artigos que continham pesquisas de campo com atividades praticadas por gestantes e os benefícios proporcionados a elas, pelas diferentes atividades.
Teixeira et al. (2008)
Teixeira et al. (2008), fizeram um estudo com gestantes ativas fisicamente e irregularmente ativas de duas comunidades para comparar a auto-estima e imagem corporal desses dois grupos. Os autores compararam 31 gestantes com idade de 18 a 42 anos, com 8 semanas de gestação todas liberadas por seus médicos, sendo 20 alunas de três academias em São Paulo (SP) e 11 não incluídas em programas regulares de atividade física sendo pacientes do programa de pré-natal da rede de saúde pública de São Caetano da Sul (SCS). Foi elaborado um questionário pelos autores especificamente para esse trabalho com objetivo de determinar as informações em relação ao peso (Kg) e estatura (cm) antes e durante a gestação, semana gestacional, profissão, numero de filhos, estado civil, relato de restrição médica e uso de algum medicamento, para classificar o nível de atividade física das gestantes os autores usaram questionário internacional de nível de atividade física (IPAQ), a auto-estima foi avaliada com a escala Janis-Field de inadequação dos sentimentos e para avaliação da auto-estima e a imagem corporal com questionário de imagem corporal (BSQ), as quais foram comparadas por meio de análise de variância paramétrica e não-paramétrica, o nível de significância adotado foi de p<0,05. As gestantes alunas das academias praticavam hidroginástica de 2 a 3 vezes por semana em dias alternados e com duração de 45 minutos por sessão, já as gestantes atendidas pelo programa de saúde publica de São Caetano Sul não praticavam atividades físicas em programas regulares, mais praticavam alguma forma de atividade física. O questionário aplicado para determinar o nível de atividade física “IPAQ”, 8° versão curta, contendo questões relacionadas à freqüência em dias por semana e a duração em minutos por dia de atividades físicas do tipo caminhada, moderada e vigorosa realizadas na última semana. As perguntas incluíam atividades físicas realizadas no trabalho, como forma de transporte ou locomoção realizadas por lazer, por esporte, por exercício ou como atividade doméstica. Apenas foram consideradas pelos autores atividades realizadas por mais de 10 minutos contínuos. Através deste questionário as gestantes foram divididas em dois grupos: suficientemente ativas e insuficiente ativas. Elas foram classificadas de acordo com CELAFISCS e o Center For Disease Control (CDC), que considera os critérios de freqüência e duração, os quais são divididos em cinco categorias.
Sedentária: não realiza nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos a última semana.
Irregularmente ativa: reporta realizar atividade física a) Vigorosa: < três dias/sem e < 20 min/dia de atividade ou b) Moderada ou caminhada: entre um a quatro dias/sem, por menos de 30min/dia
Ativa: cumprir as seguintes recomendações a) Vigorosa: ≥ três dias/sem e ≥ 20 min/dia ou b) Moderada ou caminhada: ≥ cinco dias/sem e ≥ 30 min/dia ou c Qualquer atividade somada: ≥ cinco dias/sem e ≥150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa)
Muito ativa: cumprir as seguintes recomendações a) Vigorosa: ≥ cinco dias/sem e ≥ 30 min/dia ou b) Vigorosa: ≥ três dias/sem e ≥ 20 min/dia + moderada e/ou caminhada: ≥ 5 dias e ≥ 30 min/dia.
Gasto calórico semanal (foi calculado em unidades metabólicas [MET] de acordo com a atividade praticada): o resultado final corresponde ao gasto da semana (min/dia/sem).
Para analisar a imagem corporal das gestantes foi utilizado o questionário Body Shape Questionnaire, composto por 34 questões subjetivas, com 6 possibilidades de resposta, que avaliam preocupações com a forma do corpo e a aparência física, a preocupação coma freqüência em relação a sua forma física, o sentimento de vergonha do corpo, o uso de algum artifício para sensação de estar mais magra (laxante, provocar vômito, fazer exercícios), e se corpo afeta as relações sociais. Conforme a somatória dos pontos a distorção de imagem corporal foi classificada em:
Leve (70 a 90 pontos)
Moderada (91 a 110 pontos)
Intensa (> 110 pontos).
Para analisar a auto-estima foi utilizada a escala Janis-Field de inadequação de sentimentos. Esta escala contém 20 questões objetivas que avaliam a sensação de incapacidade de fazer algo, preocupação sobre a opinião dos outros sobre elas, se conseguem lidar bem com pessoas desconhecidas, se sentiam-se bem sucedidas e se confiavam nas suas próprias capacidades. Os pontos são somados de acordo com as respostas (muitas vezes, com freqüência, às vezes, raramente, quase nunca) e quanto mais à pontuação se aproximar de 100 pontos, melhor a auto-estima.
Através desse estudo Teixeira et al (2008), chegaram à conclusão que as gestantes ativas participantes de um programa de atividade física estruturado apresentaram uma auto-estima significantemente maior em relação ás irregularmente ativas, porém a imagem corporal não diferiu, sendo que esta associação não foi encontrada em gestantes não envolvidas nesse tipo de atividade física.
Finkelstein et al. (2006)
O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da freqüência cardíaca (FC) ao longo da gestação, antes, durante e após as aulas de hidroginástica, e o da pressão arterial (PA) antes e após o mesmo exercício. A amostra foi composta por sete gestantes isentas de problemas físicos selecionadas por voluntariedade, com idade entre 26 e 34 anos. Todas as gestantes iniciaram o programa de hidroginástica entre a 11ª e a 13ª semana gestacional e seguiram com ele até a 38ª semana, totalizando, aproximadamente, 28 semanas de treinamento, com uma freqüência de duas a três sessões semanais.
As aulas de hidroginástica eram realizadas em uma piscina com a profundidade de imersão variando entre cicatriz umbilical e apêndice xifóide, e com a temperatura da água mantida entre 30 e 32ºC. A aula era composta de um aquecimento articular cefalocaudal com duração de cinco minutos, seguido de aquecimento orgânico de cinco minutos. A parte principal era composta por uma parte aeróbica, com duração de 20 a 30 minutos, e uma parte de resistência muscular localizada, composta por exercícios de membros superiores, membros inferiores e abdominais, com duração de cinco a 10 minutos.
A leitura da FC foi realizada em três momentos: 1) na artéria radial, em 15 segundos, antes do exercício, na posição sentada; 2) após 20 a 30 minutos do início do exercício, que foi realizada entre 13 e 14 na escala de percepção subjetiva de esforço (escala de Borg 6-20) na posição em pé, com água na altura do apêndice xifóide; 3) após, aproximadamente, 20 minutos do término da aula, na posição sentada. A medida de PA foi verificada antes e após o exercício nas condições descritas anteriormente. As medidas foram realizadas uma vez por semana no decorrer da gestação. Utilizou-se estatística descritiva, ANOVA para medidas repetidas e teste post-hoc de Bonferroni com p < 0,05.
Os dados coletados foram divididos em três períodos de tempo: final do 1º trimestre média das medidas realizadas entre a 11ª semana e a 13ª semana gestacional; final 2º trimestre média das medidas realizadas entre a 25ª semana e a 27ª semana gestacional; e final do 3º trimestre média das medidas realizadas entre a 36ª semana e a 38ª semana gestacional. Através dos dados coletados os autores relatam não ter encontrado aumentos significativos nos valores da FCR (freqüência cardíaca em repouso) ao longo da gravidez. Um fato relevante que eles comentam é que não mediram a FC (freqüência cardíaca) pré-gravídica, para assim comparar com a medida do final do 1º trimestre e poder verificar um aumento abrupto inicial ou não, limitando que esta análise fosse realizada no presente estudo. Já, ao longo do 2º e 3º trimestres, eles não encontraram um aumento gradual, fato que, provavelmente, pode ser ocasionado pelos efeitos do treinamento, que podem ter induzido uma manutenção dos valores da FC, ao longo do programa de hidroginástica. Sendo assim, eles concluem que gestantes submetidas a aulas de hidroginástica apresentaram comportamento constante de FC e de PA ao longo dos três trimestres gestacionais, o que evidenciou um provável efeito crônico do treinamento no meio líquido para esta população.
Pontes Jr et al. (2006)
O objetivo desse trabalho foi verificar o efeito do exercício isométrico com variação no percentual da contração voluntária máxima e no tamanho dos grupos musculares recrutados sobre a resposta cardiovascular materna e fetal. A amostra desse trabalho foi constituída por 37 mulheres saudáveis, sedentárias dividas em dois grupos, grávida (n= 13) e não grávidas (n= 24). As mulheres grávidas estavam no segundo trimestre de gestação, todas foram avaliadas por seus médicos e por um obstetra e informadas sobre os procedimentos e riscos do estudo, elas assinaram um termo de consentimento. Foram realizadas mensurações antropométricas (massa corporal total, estatura), baterias de exames para determinar a contração voluntária máxima (CVM) no dinamômetro de pressão manual (DPM) e no dinamômetro de extensão de costas e pernas (DECP).
Foram realizadas três tentativas para cada dinamômetro e a média das três tentativas. No DPM foi utilizada a mão dominante (a pessoa sentada e braço a 90°) e os intervalos entre as três tentativas para ambos os dinamômetros foram de três minutos. Para o dinamômetro de extensão de costas e pernas foi realizado adotando-se a posição semi-agachamento com pés paralelos e com costas eretas. Durante a manobra as voluntarias foram orientados para gerar tensão tanto pela extensão das pernas como pela tração dos braços/ombros e evitar manobra de Valsava ou respiração bloqueada durante a execução dos movimentos. No dia seguinte foram realizadas contrações isométricas com diferentes porcentuais da CVM (30% e 50%) usando pequena e grande massa muscular. Esses testes só foram realizados depois de dez minutos de repouso em decúbito lateral. A contração isométrica deveria ser mantida por três minutos e a variação maior que 10% (para cima ou para baixo) dos valores pré-estabelecidos determinava o fim do teste. A freqüência cardíaca (FC) foi monitorada com um Polar Sport Tester 4000, em e mulheres grávidas após o período de repouso em decúbito lateral esquerdo (antes da execução da primeira CVM e no intervalo entre a mesma) foram obtidos registros da freqüência cardíaca fetal (FCF) por meio de ultrasonografia transabdominal utilizando um cadiotacógrafo ultrason doppler convencional.
A pressão arterial sistólica (PAS) e a diastólica (PAD) foram determinadas pelo método auscultatório de coluna de mercúrio utilizando-se o esfigmomanômetrode coluna de mercúrio nos mesmos intervalos de FC e FCF. Foi utilizado análise de estatística t de Student, análise de variância (ANOVA) e pós-teste de Tukey.
Através desse estudo os autores constataram que mulheres grávidas apresentaram CVM 40% menor no DECP em comparação a mulheres não grávidas, e a pressão arterial media (PAM) foi de 30% e 50% maiores em comparação com não grávidas no DECP intra-grupo. Já a FCF apresentou de 30 a 50% de aumento na CVM na extensão de costas e pernas.
Devido esses resultados o presente estudo chegou à conclusão que o percentual da contração voluntária máxima não afetou a freqüência cardíaca materna e fetal quando uma menor massa muscular foi recrutada (dinamômetro de pressão manual), mas quando uma grande massa muscular foi acionada (dinamômetro de extensão de costas e pernas) o principal fator na determinação da freqüência cardíaca materna e fetal não foi a contração voluntária máxima, mas a quantidade de massa muscular recrutada. Sendo assim, o tamanho de massa muscular recrutada é mais importante que o percentual da contração voluntária máxima para determinação das alterações cardiovasculares da mãe e do feto durante os exercícios isométricos, mas quando realizado nas condições de segurança que o presente estudo apresentou é seguro.
Finkelstein et al. (2004)
O objetivo do presente estudo foi identificar as respostas de freqüência cardíaca (FC), pressão artéria (PA) e peso hidrostático (PH) em grávidas imersas em diversos pontos anatômicos até o processo xifóide. Participaram desse trabalho 11 gestantes com idade de 29 a 37 anos, período gestacional entre 16 a 36 semanas de gravidez e índice de massa corporal entre 21 e 30 Kg/cm². Todas as gestantes praticavam hidroginástica em uma academia de Porto Alegre – RS, sendo liberadas por seus médicos. O estudo teve início com avaliações de massa corporal e estatura, em balança Filizola, medições de circunferência abdominal na posição ortostática, e a altura uterina, na posição de decúbito dorsal, com fita métrica de metal. Como variações independentes consideram-se a posição corporal (decúbito dorsal e em pé) e as diferentes profundidades de imersão. Variáveis dependentes a FC, PA sistólica (PAS), PA diastólica (PAD), PA média (PAM), PH e percentual de redução do peso hidrostático (% RPH). A temperatura da água foi mantida em 31,5°c, sendo considerada como varáveis de controle.
Ao início do procedimento experimental, foram marcados pontos anatômicos em cada gestante avaliada. A seguir essas se posicionavam-se em decúbito dorsal por 10 minutos para avaliar a FC, PAS e PAD em repouso. Após essas medidas as gestantes deslocavam-se para o tanque de imersão, e se posicionavam em pé por dois minutos, ao final deste período realizavam-se as medidas iniciais de FC, PAS, PAD e massa. Em seguida era realizado imersão na água em diferentes profundidades e medido FC, PAS, PAD e PH, após um minuto na posição dos pontos anatômicos de tornozelos, joelhos, quadril, cicatriz umbilical e processo xifóide. A partir da PAS e PAD calcularam os valores da PAM para as diferentes situações experimentais. A partir do PH e da massa calculou-se o %RPH. Para análise desses dados foi utilizado estatística descritiva, teste de Shapiro-Wilks, teste de Levine e one-way ANOVA. Através dos testes aplicados foram encontrados diferenças significativas para FC, PAD e PAM a partir do processo xifóide e para PAS a partir da cicatriz umbilical, também houve diferenças significativas em todas as medidas de percentual de redução do PH. Devidos a esses dados os autores chegaram conclusão que, a diminuição da FC e da PA em imersão aquática comparada ao ambiente terrestre, assim como a redução do peso hidrostático, diminuições essas proporcionais à profundidade de imersão. A diminuição do peso hidrostático influenciará na redução da carga mecânica imposta as articulações dos membros inferiores, uma vez que a carga mecânica depende da força vertical (peso hidrostático) e da aceleração com que o corpo toca o solo. Mediante a esses resultados eles concluem que o ambiente aquático é salutar a essa população e pode ser adequado para a prática de atividades físicas.
Almeida e Tumelero (2003)
Almeida e Tumelero (2003) realizaram um trabalho com gestantes para verificar como a prática de Yoga auxilia durante o período gestacional e quantificar as melhoras relatadas pelas gestantes neste período de prática. Fizeram parte destas avaliações 30 gestantes em academias de Ribeirão Preto e de Jaboticabal nos mais diversos períodos da gestação, com idades entre 21 e 40 anos, que praticavam Yoga com variações de 1 mês a 6 anos. Todas concordaram em participar voluntariamente dos trabalhos, relatando através de perguntas dirigidas quais as melhoras observadas com a prática da Yoga durante este período, sendo avaliadas também através da escala de classificação de esforço subjetivo de Borg. Abaixo temos um quadro onde os autores relatam as melhoras proporcionadas as gestantes com a prática de Yoga e fotos de gestantes fazendo aula.
Figura 1. Benefícios da Yoga
Os autores concluem este trabalho falando sobre as melhoras proporcionadas as gestantes com a prática de Yoga como mostra o quadro acima, onde o fortalecimento muscular teve o maior aumento. Eles relataram também que as gestantes voltaram seu peso ideal rapidamente e logo depois do parto iniciaram a prática de Yoga, e que a prática só traz benefícios dentro e fora da sala de aula, sendo que fatores extrínsecos podem ser controlados, mantendo-se um ambiente agradável e aconchegante para a gestante, e por proporcionar todos esses benefícios a Yoga deveria começar a ser vista com outros olhos, por todos os profissionais da área da saúde.
Considerações finais
A partir da análise desses trabalhos citados a cima, concluiu-se que a atividade física e o exercício físico para gestantes é benéfico desde que, as mesmas, não apresentem nenhuma complicação ou doença que a impeça de praticar alguma atividade ou exercício físico e que seja liberada por seu médico, mas há atividades e exercícios que não devem ser praticados como explica Artal, O’Toole e White (2003), e Batista et al. (2003) apud Simões (2008), que são: mergulho e qualquer exercício que utilize a posição supina, além daqueles que possam trazer riscos de quedas ou traumas abdominais como: esquiar, futebol, hóquei no gelo, basquete, ginástica, qualquer esportes que haja contato físico ou esportes em lugares altos (acima de 2500m), além daqueles que possam causar rompimento de ligamentos, como o trote, a corrida e o tênis, todos esses podem trazer complicações para a gestante e o feto. Conclui-se também que a melhor atividade ou exercício a ser praticada por esse público é aquele que proporcione prazer ao ser praticado (desde que não seja aquelas que tragam risco para a gestante e o feto como citamos acima) seja ela, hidroginástica, natação, yoga, exercícios resistidos, alongamento ou caminhada, sempre respeitando os limites das gestantes e acompanhada por profissionais capacitados, educadores físicos que obtenham conhecimento para trabalhar com esse público. Através dos artigos analisados observou-se que os benefícios gerados pela atividade física e exercício físico como, melhora na auto-estima (TEIXEIRA et al. 2008); melhora no fortalecimento muscular; melhora na tranqüilidade; melhora na resistência física; melhora na postura; menor ganho de peso; melhora na qualidade do sono e maior facilidade de recuperação de peso depois do parto (ALMEIDA e TUMELEIRO, 2003), sem contar na manutenção da freqüência cardíaca e no controle da pressão arterial (FINKELSTEIN et al. 2006), problemas esses que acometem muitas gestantes e podem ser resolvidos com a simples prática de atividade física ou exercício físico, sendo assim, fica evidente que a atividade física e o exercício físico desde que bem orientada só tem a contribuir para saúde tanto emocional e física para essas mulheres neste período importante que é a gestação.
Referências bibliográficas
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BATISTA, Daniele Costa, et al. Atividade física e gestação: Saúde da gestante não atleta e crescimento fetal. Rev. Bras. Saúde Matern Infant, Recife, 3(2): 151-158, abr./jun. 2003.
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Digital · Año 16 · N° 162 | Buenos Aires,
Noviembre de 2011 |