Motivos de adesão e aderência à corrida de rua em atletas com faixa etária acima de cinqüenta anos: da idade adulta à melhor idade Motivos de adhesión y adherencia a las carreras de calle en atletas en la franja etárea por arriba de los cincuenta años: de la edad adulta a la mejor edad |
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*Graduandas do Curso de Licenciatura em Educação Física **Orientadora. Professora Pós-DoutoraDepartamento de Educação Física Universidade Federal do Paraná (Brasil) |
Adriana Regina da Silva Lima* Aline Marchalek Cueto* Viviane Denise Silva de Jesus* Maria Gisele dos Santos** |
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Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar alguns fatores determinantes na adesão e permanência em corridas de rua na cidade de Curitiba e com base nos dados da coleta traçar um perfil do estilo de vida destes atletas. A coleta de dados aconteceu durante prova organizada pela Prefeitura Municipal de Curitiba, foram utilizados apenas os dados de participantes com mais de cinqüenta anos, de ambos os sexos. Os resultados foram analisados e demonstrados em forma de gráficos para melhor interpretação. O estudo demonstra que apesar da adesão das mulheres a pratica ter crescido nos últimos dez anos, não existem diferenças relevantes nos motivos de adesão e permanência na pratica da atividade. A preocupação com qualidade de vida e a sociabilidade ocupam lugar significativo nas justificativas dos atletas independente de gênero. Unitermos: Corrida. Estilo de vida. Adultos. Idosos.
Abstract The aim of this paper is to present some determining factors in the adhesion and permanence in street races in Curitiba and based on the data collection to draw a profile of the lifestyle of these athletes. Data collection took place during the race organized by the Municipality of Curitiba, we used only data from participants with more than fifty years, of both sexes. The results were analyzed and shown in graphs for better interpretation. The study demonstrates that despite the accession of women to practice has grown over the past ten years, no significant differences in the motives for membership and stay in practice the activity. The concern with quality of life and social skills have a significant role in the justification of the athletes regardless of gender. Keywords: Race. Life style. Adults. Elderly.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A pesquisa visa apontar os motivos que levam os adultos acima de 50 anos, de ambos os sexos, a iniciarem a prática de uma atividade física regular específica, corrida de rua, bem como ilustrar os motivos que os fazem permanecer nesta atividade. Busca-se entender estes motivos para levantar argumentos, apoiados à literatura e a coleta de dados, para enumerar os benefícios que uma vida com exercícios regulares, associados à boa alimentação e horas de sono adequada podem promover uma melhora na qualidade de vida desses atletas.
Como “qualidade de vida”, entende-se que é um conceito que se aplica quando do bom funcionamento das capacidades cognitiva, social e motora, e melhora à resistência às doenças cardiovasculares. Conforme Salvador apud Okuma (1998. p. 73), “A atividade física regular incrementa o pico de massa óssea, ajudando na manutenção da massa óssea existente e diminuindo sua perda associada ao envelhecimento” e Salvador (apud Otto, 1987),
o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a cada 10 anos e pode recuperar 10% através de atividades físicas adequadas. Estas atividades também atuam como antidepressivos, sendo benéficos para todas as idades e sexos.
Metodologia
Para a coleta dos dados foi realizada uma pesquisa qualitativa quantitativa, a fim de selecionar o grupo alvo, que responderia perguntas sobre os motivos de adesão e aderência à prática da corrida de rua, através de questionário e entrevista.
A pesquisa foi realizada após a 2ª Etapa do Campeonato SMELJ de Corridas de Rua, na manhã do dia 12 de junho de 2011, na cidade de Curitiba. A Corrida teve inicio as 07h40min e teve a largada e chegada em frente ao prédio do curso de Administração, no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná. O percurso foi aferido em 10 km e 5 km, o número de participantes em categorias acima de cinqüenta anos foi de 256 atletas do sexo masculino na prova de 10 km e 15 participantes na prova dos 5 km, entre as atletas o número de inscritas foi de 60 na prova dos 10 km e 19 atletas na prova de 5 km. A entrevista foi realizada com 23 atletas do sexo masculino e 22 atletas do sexo feminino, ambos com idade superior a 50 anos.
O questionário levantou perguntas que nortearam o estudo, do tipo:
Qual o motivo de adesão à pratica?
Qual o motivo de permanência na prática?
Quanto tempo pratica corrida de rua?
Para você, hábito saudável é...?
Além disso, através de entrevista, pudemos coletar informações pessoais que demonstravam a afeição que depositam a está prática e o apoio que recebem dos familiares, com os quais moram, bem como o incentivo às pessoas a ingressarem na corrida de rua. Entre os entrevistados pode ser observada uma diversidade significativa com relação à profissão.
Resultados e discussão
O gráfico 1 mostra que entre os atletas entrevistados 49% eram do sexo feminino e 51% do sexo masculino, estes dados proporcionam um equilíbrio nas informações obtidas entre ambos os sexo.
Gráfico 1
Apesar dos dados apresentados no gráfico 1 a diferença entre o número de participantes é bastante evidente se comparado ao número total de atletas inscritos em uma prova de corrida de rua.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Curitiba, em seu site oficial no último dia 12/06, foram 2.348 atletas inscritos, sendo que destes apenas 513 eram do sexo feminino.
Gráfico 2
O gráfico 2 demonstra que a atividade física tem sido prioridade entre atletas das mais variadas regiões, superando obstáculos ambientais. Conforme o gráfico, apesar da participação da região central ser maioria a participação da região metropolitana e cidades próximas também marcam presença. Veja abaixo um mapa demonstrativo das regiões.
Gráfico 3
O gráfico 3 demonstra que as mulheres além de serem a minoria, iniciaram a atividade mais tarde, com menos de 18% das entrevistadas correndo a mais de dez anos, já entre os homens este percentual foi de mais de 38%. A inclusão da mulher na prática de uma atividade como a corrida, ao longo da história, foi vista com certo preconceito e muitas restrições. O gênero feminino tinha que optar por praticas de menor impacto e desgaste físico, uma vez que este corpo tinha que estar disposto e saudável para a reprodução. A partir da ultima década, com as exigências das tarefas diárias e o aumento de doenças conhecidas por “mau do século”, vem sendo observado uma crescente preocupação com a qualidade de vida e hábitos saudáveis.
Gráfico 4
Os resultados referentes à freqüência semanal de treino demonstram conformidade com a literatura onde se diz que os indivíduos devem estar em constante busca de atitudes e padrões de comportamento que os guiem a uma boa qualidade de vida. Em conformidade com Ribeiro (200-)
‘O organismo, além de ser resultado da sua programação genética, sofre também as conseqüências dos impactos, hábitos de vida e do meio ambiente a que foi submetido’. CANÇADO (1994, p. 34) Uma das grandes possibilidades para a ocorrência desta mudança funcional do organismo, de forma satisfatória, consiste na prática sistematizada de atividade física. A não-realização de exercício físico por parte das pessoas com certeza proporcionará uma deteriorização mais rápida do organismo. Portanto, a sua prática constante é considerada grande fator de longevidade.
Ribeiro (200-), em seu artigo, ainda aponta as teorias do envelhecimento de Bauer e Egeler (1984) onde explica a teoria da atividade:
onde o papel da atividade física é importante, favorecendo a independência pessoal e o gosto pelo contato social, demonstrando até que pessoas ativas (que praticam atividade física sistemática por toda a vida) são capazes de resultados comparados a sedentários de quase três décadas anteriores, resultado de Cooper em idoso ativo de 60 anos comparado ao de 25 anos sedentário. Este foi o milagre da atividade física: juventude.
Segundo Matsudo (2009) o exercício deve variar entre 3 e 5 vezes na semana, até 50 minutos diários, sendo que, deve ser dividido entre aeróbio, força e flexibilidade. A análise do gráfico 4 apresenta conformidade com a autora, uma vez que dos 23 atletas masculinos, 22 treinam 3 ou mais vezes na semana. Entre as 22 atletas femininas entrevistadas, 14 treinam no mínimo 3 vezes na semana.
Gráfico 5
No que se refere à quantidade de horas de corrida diária, foi observada uma diferença relevante entre homens e mulheres. Conforme mostra o gráfico 5, as mulheres permanecem em média 1 hora em treinamento, por outro lado, para os homens a media varia para 2 horas. De acordo com Matsudo (2009), as horas de treinamento também dependem do objetivo de cada individuo.
Gráfico 6
A ausência de hábitos saudáveis tem sido motivo de preocupação entre estudiosos. Isto porque, segundo artigo publicado na Revista da Associação Médica Brasileira, a não observância deste fator na infância e adolescência culmina em doenças crônicas, não transmissíveis, na fase adulta e terceira idade. De acordo com Nunes et al. (2007), os hábitos alimentares são adquiridos ainda na infância e adolescência e tendem a permanecer na vida adulta. O gráfico apresenta sincronia entra as respostas de ambos os sexos, sendo que a maioria afirma não fazer uso de suplementos e controle severo da alimentação. Porém, aponta preocupação com uma alimentação balanceada.
Gráfico 7
Os resultados relativos ao sono também não apresentaram diferenças relevantes entre os sexos. Porém, observou-se que as mulheres dormem uma média de duas horas menos que os homens. Conforme Mello et al. (2005, p.204) “verifica-se que o exercício físico e o sono são fundamentais para a boa qualidade de vida e para a recuperação física e mental do ser humano.” A qualidade de vida não está relacionada apenas a bons hábitos alimentares ou à prática de atividade física regular, as horas de sono e a qualidade deste refletem diretamente na disposição, concentração, recuperação celular e prevenção de doenças.
Gráfico 8
A corrida de rua proporciona liberdade quanto aos locais de treinamento, como o próprio nome sugere, as provas acontecem em vias públicas, na maioria das vezes, quando não em parques ou ainda em terrenos montanhosos. Os resultados encontrados reforçam este argumento uma vez que 88% dos entrevistados optam por atividade em locais públicos e menos de 29% se exercitam em academias.
Gráfico 9
Cada vez mais, trabalhos científicos esclarecem que a prática de exercício físico aeróbio, como a corrida, é imprescindível à qualidade de vida, tanto em infantes quanto em idosos. Os benefícios para a saúde, dentre outros, são: “diminuição na concentração de triglicerideos (TG), lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e do colesterol total (CT) (SCHAAN et al., 2004), “aumento nos níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL) e massa corporal magra” (COELHO et al., 2005).
De acordo com Oliveira et al., (2008), a importância com a promoção da saúde, tem crescido em nossa sociedade, e as pessoas começam a entender o papel preventivo do exercício físico. Os dados do gráfico acima estão compatíveis com o autor, pois mais de 37% dos entrevistados iniciaram a prática da corrida de forma preventiva, e apenas 11% já possuíam algum tipo de doença, tornado a atividade física uma forma de controle com bons resultados.
Gráfico 10
De acordo com Samulski (2002), a motivação é caracterizada como um processo intencional, ativo e dirigido a uma meta, o qual depende da relação de fatores pessoais e ambientais. Esta afirmação pode ser observada no gráfico que demonstra os motivos da permanência do indivíduo na prática de uma atividade. Apesar de 51% afirmarem que a aderência está relacionada à manutenção da saúde, outros 22% responderam que são motivados pelo prazer proporcionado pela corrida, seguido de 7% que identificaram entre os motivos a sociabilidade. Para Morris; Salmon (1994), fatores sociais e psicológicos são relevantes no que diz respeito à aderência a algum tipo de atividade, e estão relacionadas a apoio de terceiros, quando se trata de controle da ansiedade e da depressão.
Gráfico 11
Freqüentemente os estudos sugerem que parte da população inclui a atividade como forma de lazer. Segundo Marcellino, (2006) o conceito de lazer é sempre polêmico e nos últimos estudos é fundamentado sob dois pontos, o tempo e a atitude. Para Marcellino “considerado do ponto de vista histórico tempo algum pode ser visto livre de coação ou normas de conduta social”. Deste modo, se observa que toda pratica regular de qualquer atividade física ou social não deve ser entendida como lazer. O gráfico 11 demonstra incompatibilidade com o autor, uma hipótese é de que no senso comum, lazer é entendido como qualquer pratica prazerosa.
Gráfico 12
A preocupação com desempenho pode ser um dos motivos pelos quais corredores de rua incluem em seus treinos, outras atividades. Exercícios aeróbios aumentam a capacidade pulmonar entre outros benefícios, isto justifica a aderência ao pedal e a caminhada. Já a musculação auxilia na prevenção de lesões e é indispensável na aquisição de força muscular esta combinação resulta na resistência necessária para atletas fundistas. De acordo com os resultados mais de 80% dos atletas praticam musculação, bicicleta ou caminhada como atividades complementares, e 19 % aderem outras modalidades.
Além destes resultados, foi observado que o publico participante de corrida de rua, entende por qualidade de vida além dos fatores discutidos acima, a sensação de bem estar e a possibilidade de socialização e interação com outras pessoas. De acordo com um atleta quando questionado sobre o que entende por hábitos saudáveis e qualidade de vida, respondeu que: “...o ambiente da corrida de rua é o mais saudável que eu já freqüentei, pois é impossível encontrar alguém de má índole, neste meio, pessoas ruins não se criam”.
Apesar do crescente numero de corredores de rua nos últimos anos, pouco se tem produzido cientificamente sobre o tema, mais especificamente quanto à organização das provas, assessorias esportivas, e influências midiaticas.
Conclusão
Tendo sido feita a coleta e análise dos dados e após buscar apoio na literatura existente para responder as questões levantadas por este trabalho, chegou-se à conclusão que homens e mulheres acima de 50 anos buscam na corrida de rua, em sua maioria, a prevenção de doenças, e se mantêm na prática desta atividade para a manutenção da saúde, mas não somente por isso, mas também o prazer que o exercício e o convívio com os colegas atletas proporcionam.
Pode-se levantar dados que caracterizam a “qualidade de vida” do ponto de vista dos próprios indivíduos que devem ser beneficiados, estruturando medidas apropriadas para garantir uma passagem saudável ao longo dos anos, no processo de envelhecimento.
Em seu artigo, Ribeiro (200-) aponta que as atividades físicas devem ter como meta ao idoso, e no caso deste trabalho, o adulto acima de 50 anos, a garantia de uma “velhice” saudável, qualificando como vida saudável aquela traz a
idéia de multifatoriedade percebendo que a saúde acontece por um processo de construção do Ser em seus mais diversos aspectos. “As circunstâncias favorecedoras da senescência tem a ver, com os fatores genéticos, estilo de vida, trabalhos, ambiente, condicionantes psicossociais, que concorrem para um envelhecimento com melhor ou pior qualidade de vida”. SAYEG (2000, p.59). Dando aos homens e mulheres a possibilidade de alcançar seu auge de vida em plena forma, com dignidade, lucidez, autonomia e independência.
A pesquisa ainda quer destacar a importância de se associar o estímulo à atividade regular de exercícios, à mudança para a adesão a um estilo de vida coerente às exigências impostas ao organismo pela atividade física.
Referências
SALVADOR, M. A importância da atividade física na terceira idade: uma analise da dança enquanto atividade física. Revista Primeiros Passos. Concórdia.
RIBEIRO, A.L. dos S. Atividade física como fator de prevenção e manutenção da saúde do idoso. Trabalho Conclusão de Curso – versão internet. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/saude_idoso.htm, Acesso em: 16/06/2011
MELLO, M.T.; BOSCOLLO, R.A.; ESTEVES, A.M.; TUFIK, S. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Rev Bras Med Esporte, v. 11, n 3, p.204, 2005.
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BORGES, L.J., PELEGRINI, A., SILVA, J. M. F. de L., COSTA, G. de A. Satisfação com a vida de idosos praticantes de atividade física em projetos sociais de Uberlândia. EFDeportes.com, Revista Digital. n. 118 Buenos Aires, 2008. http://www.efdeportes.com/efd118/idosos-praticantes-de-atividade-fisica.htm
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