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Fatores predisponentes ao tabagismo na adolescência

Factores que predisponen al consumo de tabaco en la adolescencia

 

*Pós-graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior

pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Graduando em Enfermagem pela UNIMONTES.

**Graduando em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Bolsista de Iniciação Científica

***Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Integradas

Pitágoras de Montes Claros - FIP-MOC

****Doutorando em Ciências da Saúde pela UNIMONTES

Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade

Estadual de Montes Claros - MG.

*****Graduando em Enfermagem e bolsista da iniciação científica

da Universidade Estadual de Montes Claros - MG

José Rodrigo da Silva*

Rummenigge Oliveira Silva**

Francielen Sá Almeida***

Maria Fernanda Santos Figueiredo****

Luiz Paulo Souza e Souza*****

rodrigomaiss@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo buscou identificar os possíveis fatores que levam os adolescentes a consumirem cigarros precocemente e verificar os fatores de risco para a saúde destes adolescentes fumantes. Utilizou como amostra artigos e livros de caráter científico que contemplasse esse assunto, e os dados foram coletados durante o primeiro e o segundo semestre de 2009. Constatou-se, que a maior parte dos fumantes e ex-fumantes começaram a prática ainda na adolescência. O tabaco e o fumar tabaco ainda têm uma conotação negativa para os jovens, incluindo os que fumam. O trabalho confirmou também que muitos jovens tiveram a sua iniciação tabágica no contexto do grupo social, e que esse aspecto representa um título de mais importância ou busca de aceitação pelo grupo de amigos. A auto-eficácia dos jovens para recusar fumar ou não fumar quando estão com outros que fumam é baixa. Em relação aos profissionais da enfermagem, notou-se que as suas atitudes são de caráter ímpar na conscientização e em relação à prevenção do tabagismo, pois os jovens condicionam o seu comportamento interventivo. Dessa forma, torna-se relevante a implementação de ações mais efetivas, sendo indispensável à participação do enfermeiro, bem como uma educação continuada sobre os malefícios desse hábito. Sugere-se, a elaboração de mais estudos relacionados ao assunto, a fim de promover um atendimento que contemple as necessidades dos jovens e demais envolvido neste contexto.

          Unitermos: Tabagismo. Adolescente. Prevenção.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O tabagismo é, hoje, uma das principais causas de enfermidades que são evitáveis e prematuras que chegará a ser a primeira causa de morte evitável neste século. A cada ano morrem cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo devido ao tabaco (BRASIL, 2004).

    Segundo Roeder (2003) a Organização Mundial de Saúde estima que para os próximos 30 a 40 anos, a epidemia tabágica será responsável por 10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento. No Brasil, em 1989, uma pesquisa nacional de base populacional (PNSN), demonstrou que de aproximadamente 30 milhões de adolescentes entre 10 e 19 anos, 2,7 milhões eram fumantes.

    Embora o tabagismo seja uma droga ilícita e se faz presente no cotidiano de muitas pessoas, é notório seu poder de destruição. No entanto, sendo socialmente aceitos os malefícios do seu consumo que refletem na vida de quem o faz como na sociedade em geral, uma vez que, esta é composta por famílias como principais vítimas do tabagismo (MUSS e ALMEIDA, 2006).

    Cavalcante (2002) relata que o consumo de tabaco é a causa de aproximadamente 4,9 milhões de mortes anualmente no mundo, e estima-se que nos países em desenvolvimento 2,4 milhões de pessoas morrem a cada ano por doenças associadas ao tabaco. Isso faz do tabagismo o fator de risco modificável com maior número de mortes atribuídas. A quase totalidade dos fumantes adquire o hábito durante a adolescência. Os mesmos ainda relatam que apesar dos programas e campanhas de prevenção desenvolvida, muitos adolescentes começam a fumar ainda em idade escolar.

    Segundo Costa e Silva (2004) o controle do tabagismo é uma das medidas que do ponto de vista da saúde coletiva, provocaria maior impacto na redução das taxas de morbimortalidade das doenças cardiovasculares. Nos Estados Unidos, diariamente cerca de 3000 adolescentes fumam pela primeira vez, sendo a idade média de 10,7 anos entre os meninos e 11,4 anos nas meninas.

    Dessa forma, recentemente tem-se observado uma forte tendência no sentido da diminuição da idade para o início do hábito de fumar. Tendo em vista que a maioria dos adultos tabagistas começou a fumar na adolescência, e considerando o aumento da prevalência deste hábito entre os adolescentes, novas campanhas de prevenção devem ser especialmente elaboradas para essa população.

    Sendo assim, a identificação dos motivos e os fatores determinantes que levam os adolescentes ao tabagismo, é de suma importância para o desenvolvimento e implementação dessas campanhas. Frente a esse quadro, vê-se a necessidade desse trabalho que poderá ajudar a organizar programas que atuem na prevenção do início do vício na população jovem. Para o desenvolvimento de uma campanha de combate à iniciação ao tabagismo, é de fundamental importância determinar fatores ligados a cada grupo distinto, possibilitando, desse modo, agir em cada uma das correlações sociais e psicológicas preditoras do contato inicial e do desenvolvimento futuro de dependência à nicotina.

Metodologia

    Optou-se pela modalidade revisão bibliográfica. O universo da pesquisa restringiu-se a artigos, livros e outros documentos científicos que contemplavam o assunto proposto. Como critério de inclusão adotou-se artigos e sites científicos que apresentaram o conteúdo de acordo com os objetivos do trabalho; livros que continham o conteúdo sobre tabagismo; artigos em língua portuguesa ou traduzidos publicados preferencialmente entre 2000 e 2009. Os dados foram coletados durante o primeiro e o segundo semestre de 2009, através de pesquisa feita via internet no site da BVS (Biblioteca Virtual de Saúde).

    Para construção da revisão bibliográfica foram utilizados documentos científicos (artigos, livros e outros), que forneciam informações que atendiam ao tema proposto buscando consolidar ao máximo os estudos e dados concretos do objetivo geral e dos específicos. Foram usadas como descritores nas pesquisas as seguintes palavras: tabagismo, efeito da nicotina, jovens, prevalência, prevenção dentre outras que se enquadram nos objetivos específicos.

    A etapa de análise foi reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos. É condição necessária que os fatos devem ser mencionados, pois constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmos nada explicam. As informações foram sintetizadas, os dados interpretados e determinadas as tendências, na medida do possível.

Resultados e discussão

O tabaco e a relação com doenças

    Como encontrado na literatura, o hábito de fumar é considerado o principal fator de risco de morte evitável no mundo todo e causa mais mortes do que as determinadas pela AIDS e causas externas.

    Batista et al. (2007) concordam com essa idéia afirmando que o consumo de tabaco é associado a um aumento da morbi-mortalidade por doença cardiovascular, doença pulmonar obstrutiva crônica e neoplasias (pulmão, laringe, cólon), além de prejudicar a saúde bucal, reduzir a capacidade física e causar dependência à nicotina.

    Essas doenças causadas pelo uso do tabaco são provocadas por substâncias presentes na sua composição que consisti em sua maioria de componentes carcinógenos.

O adolescente e a busca de identidade

    A adolescência é um período da vida em que o indivíduo inicia a procura da sua identidade, e, aparentemente, alguns hábitos são formados, os quais podem permanecer na vida adulta, entre eles os hábitos relacionados ao uso de álcool, tabaco e outras drogas. Neste período ocorrem modificações somáticas, psicológicas e sociais importantes no indivíduo. O processo de transformação física do adolescente é, normalmente, acompanhado de um processo de evolução psicológica e de um comportamento típico desta fase de desenvolvimento.

    A adolescência por si só constitui um momento vulnerável para a prática do tabagismo, em alguns estudos realizados por Segat et al. (1998) apud Batista et al. (2007) demonstram que há uma redução do consumo do tabaco em adultos, sendo que a mesma atitude não procede em relação aos jovens, já que a maioria desses experimenta essa droga cada vez mais precocemente.

    Vários estudos avaliaram os fatores de risco relacionados ao tabagismo na adolescência, visando traçar um perfil destes jovens. Como a adolescência é uma fase de experimentação, a maioria dos adolescentes faz o uso do tabaco para não ser diferente do grupo ao qual pertencem. Nesta fase da vida, o adolescente liga o consumo de cigarro com independência, satisfação pessoal, prazer, auto-afirmação, aceitação social, o que o torna mais vulnerável a manutenção do hábito.

O adolescente e o tabaco

    Na adolescência o tabaco surge associado também a problemas nas esferas relacional, comportamental e emocional. Os jovens fumantes manifestam distanciamento em relação à família e à escola. Tanto aqueles que já experimentaram tabaco como os consumidores regulares apresentam um perfil de distanciamento em relação aos colegas no meio escolar e um maior convívio com os amigos fora desse local. Apresentam também, com maior freqüência, comportamentos de consumo alcoólico e outras drogas ilícitas e envolvimento em situações de violência na escola (MUSSI e ALMEIDA, 2006).

    Em concordância com os dados acima Matos et al. (2003) demonstram que tanto os jovens que experimentam tabaco quanto os consumidores regulares referem ver mais televisão do que o habitual, - quatro ou mais horas por dia. Na esfera emocional também se observam dados relevantes. Esses jovens afirmam ser menos felizes e mencionam, com mais assiduidade, sintomas de mal estar físico e psicológico, possuem uma alimentação menos saudável, fazem mais dietas e expressam maior desagrado com a imagem do seu corpo.

    Na fase de experimentação, há um conjunto de fatores que podem levar a esse consumo, dos quais se destacam: a curiosidade, a vontade de pertencer a um grupo, o desejo de diversão, o medo da exclusão do grupo, a disponibilidade da droga, a ilusão da resolução de problemas, uma representação positiva das substâncias, entre outros. O consumo experimental poderá não ser apenas esporádico ou habitual, mas pode tornar - se dependência. Já o recreativo está associado à diversão e ao lazer, sendo uma de suas principais características, a busca por prazer imediato (CASTILLO e CORDEIRO, 2009).

    Outro fator de suma importância é a influência familiar, que pode interferir de forma positiva ou negativa o adolescente ao tabagismo. Pais fumantes têm a capacidade de influenciar essa faixa etária mais do que qualquer outro membro familiar, principalmente se for a figura materna.

    Diante dessa idéia, Precioso et al. (2007) dizem que o tabagismo dos pais, assim como a atitude desses no que diz respeito ao tabaco têm sido relacionado ao tabagismo dos filhos. Para esses autores as crianças criadas em ambientes no qual os adultos não fumam e nem aprovam o consumo de tabaco possuem uma probabilidade menor de se tornarem consumistas do tabaco.

    A influência dos pais então, parece ter uma grande importância nesse período, e se é possível influenciar as atitudes dos pais diante do tabaco, esta poderá minimizar o tabagismo entre os jovens.

    Outro fator determinante para a escolha e uso do tabaco é a condição financeira do jovem. Indivíduos com maior poder aquisitivo, tendem a usar drogas mais pesadas, e se tornam usuários mais facilmente.

    Soldera et al. (2004 apud COELHO, 2005) constataram que o jovem que exerce algum tipo de profissão tinha um risco 2,5 vezes maior de se tornar um consumidor de tabaco do que o que não trabalha. Além disso, o uso de drogas por estudantes de escolas situadas na periferia era 4 vezes menor do que o consumo por estudantes de escolas centrais.

Prevenção do tabagismo na adolescência

    A prevenção do tabagismo na adolescência tem início com ações contra o tabagismo na gestação e no ambiente familiar. Batista et al. (2007) afirmam que o incentivo ao diálogo aberto ajuda a minimizar as dificuldades na relação entre pais e filhos na abordagem do problema.

    A escola representa papel significativo na conquista de bons hábitos de vida. As dificuldades escolares devem ser diagnosticadas precocemente visando evitar a evasão escolar e a adoção de comportamento de risco por parte dos jovens. A informação representa uma boa estratégia de intervenção, mas, não pode ser a única.

    Ações conjuntas entre governo, entidades educacionais, família e sociedade ajudam a priorizar a atenção básica em saúde e promover os trabalhos em comunidade, na qual o adolescente deve ser incluído como agente multiplicador em saúde. As campanhas de desestímulo ao álcool e tabaco precisam ser discutidas com os adolescentes. A escuta dos mesmos pode ajudar na elaboração de propagandas adequadas, uma vez que o adolescente representa o principal público alvo da mídia (VAN DER BREE et al., 2004 apud BATISTA et al., 2007).

    O incentivo a hábitos de vida saudáveis, o bom emprego do lazer, o estímulo à prática de atividade física, aliciação social e a criação de um projeto de vida, são fatores que contribuem não só para diminuir o consumo de tabaco, mas também a prevenir outros comportamentos de risco na adolescência.

    Para os profissionais da saúde, é indispensável saber a importância de convencer as pessoas a evitar o tabagismo, ainda mais, sabendo que esse hábito é um fator de risco para várias doenças. É digno de nota também, lembrar que o futuro da saúde brasileira está focado na promoção e prevenção, daí a necessidade de se trabalhar com campanhas e programas educativos nos quais os custos são mais baixos e a possibilidade de combater o tabaco é muito maior.

Considerações finais

    Diante deste estudo percebeu-se que mesmo conhecendo os malefícios causados pelo consumo do tabaco, esta ainda é a droga de maior consumo mundial, tomando um papel de valor na atividade economia global. O tabagismo, além de prejudicar a saúde do indivíduo interfere também no meio ambiente e na economia do país, pois, quando aumenta o consumo quem “ganha” são as indústrias de tabaco, mas por outro lado o gasto do poder público com tratamentos paliativos de suas conseqüências é incomparável.

    A adolescência deve ser considerada uma etapa de suma importância para decidir se o indivíduo irá ou não consumir o tabaco ao longo da sua vida. Como não se encontra com sua personalidade formada, a transição entre a infância e a idade adulta é fortemente influenciada pelas pessoas mais próximas. Os grupos de amigos tabagistas devem ser abordados, pois amigos que fumam exercem forte influência sobre esse comportamento. A experimentação e o fumo casual devem ser combatidos, uma vez que com o passar do tempo, o fumo torna-se um hábito que se incorpora nos costumes diários do indivíduo. Além disso, é muito mais difícil parar, uma vez iniciado o vício.

    É mister salientar que os pais sejam aliados na luta contra o tabagismo, tanto dando bons exemplos, quanto estimulando hábitos de vida saudáveis, como forma de minimizar o consumo de tabaco e prevenir outros comportamentos de risco na adolescência.

    Dessa forma, esta pesquisa demonstrou a importância de intervir sobre os problemas causados pelo uso do tabaco ainda na idade escolar, uma vez que a prevenção primária é a forma mais eficiente de controlar a disseminação deste vício. O levantamento de campanhas preventivas focando os malefícios do tabagismo na adolescência são necessárias, assim como a monitorização periódica do efeito das campanhas através de pesquisas de base populacional ajudará a controlar e levantar dados sobre o controle do uso do tabaco na adolescência.

    Em relação aos profissionais da saúde cabe a prevenção e promoção da saúde, pois estes têm um papel de esclarecer dúvidas, promover ações educativas para diminuir o uso do cigarro nas escolas, diagnosticar e tratar os adolescentes tabagistas, bem como esclarecer aos pais seu papel frente ao adolescente que está iniciando o hábito e ser uma referência em condutas saudáveis.

Referências

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