Recortes midiáticos: o universo feminino na cultura esportiva brasileira Recortes mediáticos: el universo femenino en la cultura deportiva brasileña |
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*Graduada em Educação Física. Licenciatura (2008) e Bacharelado (2011) pela Universidade Federal de Santa Maria. Integrante LACEM (Laboratório de Análise dos Cenários Esportivos na Mídia) - CEFD/UFSM **Professor (categoria adjunto) do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. Coordenador LACEM/CEFD/UFSM |
Camila Valduga* Antonio Guilherme Schmitz Filho** schmitzg@terra.com.br
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Resumo Este artigo debate a importância do papel da mulher na construção da cultura esportiva brasileira, revisando sua relação com a sociedade e analisando a influência dos meios midiáticos na construção de sua identidade quanto elemento constituinte do cenário esportivo. O objetivo deste trabalho é averiguar a inclusão e/ou exclusão da mulher na prática esportiva. Ao longo do seu desenvolvimento, ele discute a história, a hierarquização do masculino, e a criação de padrões de comportamento no esporte. Procura, ainda, discutir o papel da mídia na produção e reprodução de uma ideologia esportiva, e insere a questão da prática de movimentos como indispensável para criação de uma cultura esportiva adequada. Ressalta a importância em estimular relações igualitárias e não hierarquizadas na sociedade como um todo. Unitermos: Mulher. Esporte. Cultura. Mídia. Análise.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Para se obter um profundo conhecimento de uma sociedade é necessário estudar seus padrões e instituições culturais; Os padrões de comportamento e os pensamentos comuns, partilhados pela maioria dos indivíduos de uma população, formam a cultura de um determinado meio. Nesse sentindo, entende-se o esporte como um dos meios culturais mais significativos do mundo contemporâneo, assumindo papel de fenômeno social.
Caracterizado como fenômeno social, o esporte encontra-se em constante transformação, podendo representar as características e os valores de uma determinada sociedade, em um determinado tempo. Esses fatores socioculturais, adquiridos e incorporados ao longo das décadas interferem decisivamente na prática de um esporte, atraindo algumas pessoas e afastando outras, dando características específicas a cada modalidade, em cada época e em cada contexto. É nesse ponto que o esporte feminino surge como fenômeno social recente.
O avanço das mulheres no mundo do esporte vai desde o espaço muito limitado que tinham na época em que a noção de fragilidade feminina imperava, até a gradual conquista de atuação esportiva diversificada, tanto no nível do esporte amador quanto profissional. Apesar de o esporte feminino ter aumentado significativamente no decorrer dos anos, ainda é precário o incentivo à prática de esporte para as mulheres.
O tema apresentado nesse trabalho refere-se aos recortes midiáticos do esporte, especificamente à participação da mulher e à desvalorização do seu papel enquanto elemento constituinte do cenário esportivo. O artigo vai defender que a falta de incentivo à inclusão da mulher no esporte, dada, sobretudo, à importância que assumiu na formação e no fortalecimento de uma sociedade estruturada nas diferenças entre o masculino e o feminino, acaba por excluir a participação feminina da prática esportiva.
A discussão será pautada nas idéias preconcebidas da sociedade e no papel da mídia na ideologização de uma cultura esportiva predominantemente masculina. Discute também a real participação da mulher no mundo do esporte, os seus desafios e suas conquistas. A importância dada ao cenário esportivo baseia-se na concepção de que o esporte, por ser um instrumento social, produz e reproduz os processos de construção de valores morais e culturais em torno da prática de movimentos.
O artigo questiona ainda a importância do papel da mídia na difusão de idéias não generalizadas. Discute e compara as diferentes formas e oportunidades de participação feminina no esporte; ressaltando a importância em estimular relações igualitárias e não-hierarquizadas entre os sexos, a fim de incentivar a prática esportiva como um todo.
2. Justificativa
É inquestionável a visibilidade que o esporte, nas suas mais diferentes dimensões, tem na cultura contemporânea. No entanto, quando se trata da relação esporte e mulher, nota-se a desvalorização do papel feminino frente ao mundo esportivo.
As condições de acesso e participação das mulheres, se comparadas às dos homens, no campo das práticas corporais, sejam elas no esporte de rendimento, no lazer, na educação física escolar ou na visibilidade conferida pela mídia, são insuficientes no que diz respeito à motivação e incentivo à prática esportiva. Ou seja, ao longo da história foram e são distintos os apoios, as visibilidades, as oportunidades e as relações de poder conferidas a mulheres e homens, seja no âmbito da participação, seja na gestão ou na administração do esporte nacional.
Tendo em vista as vivências e observações realizadas durante o curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura, buscou-se, na literatura, subsídios para a reflexão e compreensão das diferenças socialmente criadas e de suas influências na inserção da mulher no esporte, já que durante as aulas ministradas e observadas foi nítida a dificuldade em buscar conteúdos que falassem sobre a participação feminina em diferentes esportes. Assim como era evidente o preconceito por parte de alunos, e até mesmo pelos próprios professores, que acabavam freqüentemente excluindo a participação feminina de algumas práticas esportivas.
Tomando estudos históricos, de ensino (artigos, livros, revistas), recortes midiáticos (jornais, sítios na internet, televisão) e vivências adquiridas (aulas ministradas, treinos de equipe, participação em projetos de extensão) em torno da presença da mulher no esporte, como base pessoal e investigativa, busca-se problematizar a questão da discriminação das mulheres no cenário esportivo; observando suas conseqüências na construção da cultura esportiva brasileira.
Acredita-se que estudos sobre a participação feminina no esporte se fazem necessários para compreender os processos históricos e contemporâneos através dos quais se deu a inserção, permanência e ampliação da participação das mulheres no campo das práticas corporais e esportivas.
A experiência no meio esportivo, vivido nas suas mais diferentes instituições (escola, universidade, competições, sociedade em geral), e a base acadêmica (estudos, aulas) justificam a escolha desse tema pela proximidade e visão real da inserção da mulher no esporte. Visto que se tem como “bagagem” vivências como atleta, praticante, professora e treinadora de equipe, assim como participação em estudos acadêmicos e projetos.
Têm-se como intenções pessoais buscar respostas para a falta de incentivo dado às atletas femininas nas diferentes modalidades esportivas, assim como falta de publicações e menções sobre a importância da mulher no mundo do esporte.
O que faz com que homens e mulheres ainda sejam vistos como essencialmente diferentes no mundo esportivo? Por que esta diferença constitui uma hierarquização, onde o masculino, por vezes, se impõe ao feminino como? Por que da exclusão da mulher do mundo esportivo? Por que a educação física, invariavelmente, dificulta os alunos de vivenciarem atividades tidas como do sexo oposto? Qual a real contribuição da mídia e do profissional de Educação Física na construção de uma cultura esportiva inclusiva?
Observa-se esse trabalho, como uma maneira de buscar respostas a essas indagações, assim como uma forma de contribuir para a inclusão social e o incentivo às práticas esportivas levando o esporte feminino à comunidade e desenvolvendo aspectos pertinentes ao jogo como, por exemplo, auto-estima, socialização, cooperação e bem estar.
Além disso, a reflexão em torno da inclusão da mulher no esporte permite reconstituir conhecimentos e recursos para intervir no processo educativo, no desenvolvimento de estratégias diferenciadas para o entendimento esportivo, na formação de uma cultura esportiva inclusiva e fundamentalmente na concepção de novas possibilidades de ensinar, pesquisar e interagir com a comunidade através do esporte.
Este texto evidencia que a participação das mulheres no esporte brasileiro, ainda que tenha aumentado significativamente nas últimas décadas, merece ser analisada mais profundamente, destacando os pontos positivos e repensando nos fatores negativos dessa inclusão.
3. Objetivo geral
Diagnosticar como os meios midiáticos apresentam os conceitos relacionados a presença feminina no esporte e os problemas de ordem teórico-esportiva que podem ser constatados nessa análise.
3.1. Objetivos específicos
Conhecer a realidade em relação à participação feminina no esporte.
Propor reflexão em torno da inserção e/ou exclusão da mulher no universo esportivo brasileiro.
Auxiliar no entendimento e compreensão da importância do papel da mulher na construção cultural, social e histórica do esporte no Brasil.
4. Metodologia
As perspectivas de análise baseiam-se na relação entre mídia, sociedade-cultura, esporte e mulher. Fundamentalmente na forma como se da a apreciação jornalística em torno do esporte feminino no Brasil.
Neste sentido, pretende-se revisar, em relação à participação feminina na cultura esportiva, os seguintes pressupostos: a) a condição da “essência feminina” (atributos fisicos) apregoada jornalisticamente em relação as habilidades no esporte, b) talentos esportivos listados e relacionados a mulher, c) sentidos conferido a participação feminina na prática esportiva brasileira e d) análise e compreensão da relação mulher e esporte no Brasil.
A investigação será norteada pelos seguintes procedimentos: 1) busca, aquisição e organização do material referente à cobertura da mídia esportiva em um período pré-determinado; 2) estudo e avaliação do material adquirido; e 3) Elaboração de um roteiro (com indagações) para confecção de uma planilha inicial de análise e descrição.
Para tanto, a organização metodológica toma referência em SCHMITZ (2005), fundamentalmente à ênfase que o autor apresenta para estudos cartográficos como forma de detectar as relações entre os sistemas esportivo e jornalístico e as tensões e retroalimentações entre eles e o ambiente.
O autor estabelece um roteiro de indagações que ajuda a pontuar questões específicas e auxilia na manutenção de uma visão geral do ordenado metodologicamente. Tomando por base às sugestões apresentadas, algumas indagações serão adaptadas. São elas:
Quais as demandas jornalísticas que são determinantes para o desenvolvimento das apreciações em relação ao papel da mulher na cultura esportiva brasileira?
Como a notícia age na formatação de um entendimento e de uma compreensão da relação esporte-mulher?
Como a informação referente a participação feminina na prática esportiva é tratada em diferentes situações?
Qual o papel da mídia na construção de uma cultura esportiva feminista?
Observando-se as indicações sugeridas, será desenvolvido um roteiro (SCHMITZ, 2005), que servirá para alinhavar uma planilha de análise coerente com as proposições estabelecidas.
Para efeito de ênfase nos recortes que serão utilizados na descrição, vai ser utilizado um movimento de readequação (de macro > para micro análise), para uma compreensão mais especifica em torno do objetivo do trabalho.
A constituição do material empírico tomará base na ánalise de um jornal (caderno de esportes). Posteriormente e em conformidade aos episódios e fatos mais relevantes relacionados à participação feminina no esporte, outras fontes serão relacionadas à verificação como complemento do estudo, como televisão e sítios na internet.
5. Discussão teórica
5.1. Esporte e mulher: história e cultura
O esporte como instrumento social, reflete na sociedade uma gama de valores e características, podendo assim interferir diretamente na construção cultural de um determinado meio em uma determinada época. No que se trata da prática de movimentos o esporte tem o poder de incluir ou excluir participantes.
A relação, esporte e cultura, encontra-se em constante transformação e acaba influenciando na visão da sociedade no que diz respeito à prática de movimento. Segundo BERGER e LUCKMANN (2002), a sociedade é construída pelo próprio homem e ao mesmo tempo em que o homem constrói e molda essa sociedade é por ela influenciado e é por ela moldado.
A história da mulher no esporte reflete a maneira como ela, mulher, era/é vista nos diferentes momentos históricos nos quais o esporte foi pensado, construído, organizado e praticado. De uma forma geral, Marcelo Mauss, apud KOFES (1992) coloca que: “[...] o corpo aprende e é cada sociedade específica, em seus diferentes momentos históricos e com sua experiência acumulada que o ensina (...) nele marcando as diferenças que ela reconhece e/ou estabelece [...]”.
Na Grécia antiga, por exemplo, a mulher era condenada à submissão e à obediência. No que diz respeito ao esporte não podiam participar e nem assistir às competições. O veto às mulheres estava no primeiro item do regulamento Olímpico, que proibia a participação delas em qualquer modalidade. Na Idade Média, sob influência da Igreja, a prática esportiva continuou proibida às mulheres.
As mudanças foram lentas e vários séculos se passaram antes que as mulheres começassem a conquistar o direito de praticar esportes. Foi a partir do Renascimento que elas foram liberadas a praticar algumas modalidades. A participação efetiva do sexo feminino nos esportes competitivos aconteceu apenas nos Jogos Olímpicos de 1900. Desde então, a participação feminina nos Jogos vem crescendo constantemente. No Brasil, as primeiras iniciativas de participação de mulheres em práticas esportivas podem ser observadas na segunda metade do século XIX.
Segundo Goellner (2005), apesar da inserção da mulher em meados do século XIX, é somente nas primeiras décadas do século XX que a participação feminina se ampliou e elas começaram a ocupar o campo do esporte, seja nas dimensões do lazer, da educação escolar ou da competição. Hoje, quando se mapeia o território esportivo, verifica-se que a mulher está presente na prática de quase todas as modalidades esportivas; e, simultaneamente, assistimos a uma transformação visível das representações sociais face à sua infiltração nessa prática.
Mesmo com essa inserção feminina crescente, o ambiente esportivo, de maneira geral, ainda é bem “machista” em seus vários níveis. Por exemplo, há mais atletas masculinos, mais equipes masculinas inscritas nas competições nacionais, mais técnicos, comentaristas, repórteres especializados, assim como mais homens do que mulheres em cargos administrativos.
Baseando-se nessa premissa de que o esporte é um universo predominantemente masculino, e considerandando-se que gênero é uma categoria fundamental na vivência das práticas corporais, no jogo e no lazer, falar sobre questão de genêro na prática esportiva é de suma importância para o desenvolvimento e compreensão do papel feminino no mundo esportivo.
A utilização do termo gênero tem por objetivo enfatizar o caráter social das distinções baseadas no sexo. Busca-se por meio de definições dos conceitos de gênero tentar explicar uma das razões da exclusão da participação feminina relacionada ao esporte.
(SCOTT, 1995)Ao discutir a situação feminina na sociedade, especificamente no esporte, é indispensável refletir sobre os aspectos relacionados ao gênero. O gênero se torna uma categoria útil de análise que nos permite compreender conceitos, valores e representações circulantes na nossa sociedade.
O feminino e o masculino ainda têm valores desiguais na nossa sociedade (desiguais, não quer dizer diferentes), e isso se reflete também no cenário esportivo. Meninos e meninas são limitados a experiências que condizem apenas com seu gênero. Ou seja, há tarefas e comportamentos normais de um ou de outro sexo, o que acaba limitando as vivências no que diz respeito ao desenvolvimento motor, tanto de meninas quanto de meninos.
Levando em consideração as diferenças socialmente criadas, a prática esportiva acaba colocando em cheque a graciosidade, a delicadeza e a beleza da mulher, atributos esses colocados como de “essência feminina”. São essas características socialmente pré-estabelecidas (mulheres frágeis, homens fortes) que acabam operando como mecanismos de exclusão e inclusão em diferentes modalidades esportivas. Posicionam as mulheres, demarcam seus espaços de sociabilidade, pois insistem em afirmar que determinadas atividades não são apropriadas aos seus corpos.
Essa cultura esportiva “machista” vem desde a infância, meninas não devem correr, pular, se sujar, isso são coisas de meninos. Meninos devem ir para escolinhas de futebol, de luta, e quantas escolinhas de esporte feminino podem ser encontradas?
Esses estereótipos criados sustentam as desigualdades como modelos. Essa simbolização acaba por ser refletida no ambiente social. Esse tipo de demanda diferenciada para meninos e meninas acaba sendo negativo para ambos. E no caso das mulheres em especifico, acaba afastando-as da prática de atividades físicas e assim limitando sua experiência de movimentos e afastando o gosto pelo esporte.
(LOURO, 1997, p. 63 e 64)É de esperar que os desempenhos nas diferentes disciplinas revelem as diferenças de interesse e aptidão "características" de cada gênero? (...) E quando ocorre uma situação oposta à esperada, ou seja, quando encontramos meninos que se dedicam a atividades mais tranqüilas e meninas que preferem jogos mais agressivos, devemos-nos "preocupar", pois isso é indicador de que esses/as alunos/as estão apresentando "desvios" de comportamento?
A presença da mulher no mundo do esporte representa assim, dentro de um universo construído e dominado por valores masculinos, uma luta constante pela afirmação de que elas também são capazes de praticar com êxito as mais diferentes modalidades esportivas. Essa presença crescente, constante e expressiva de mulheres, praticando, competindo e sendo bem-sucedidas no cenário esportivo, cria uma nova representação sobre a mulher na sociedade, diminuindo assim, aparentemente, as desigualdades e preconceitos.
5.2. Mulher e o esporte de alto rendimento: uma história de conquistas
O envolvimento da mulher em eventos esportivos cresceu significativamente nas últimas décadas. Segundo Simões (2003), é estatisticamente certo que a frequência das mulheres nos diferentes tipos de esporte é um fenômeno representado pelas transformações institucionais e estruturais por que se passou e passa o esporte contemporâneo. O modelo de mulher frágil e passiva, cultivado excessivamente pela sociedade de outrora, está em decadência no mundo dos esportes. Hoje é cada vez mais comum vermos mulher jogando futebol, lutando, jogando basquete, modalidades essas tidas como essencialmente masculinas em outras épocas.
No entanto, as dificuldades para a mulher vencer no esporte ainda são enormes, pois além dos desafios comuns (adversários, treinamentos intensos, pressão, viagens constantes), a sociedade no geral discrimina a profissão de atleta. Por mais alto que alguém chegue como atleta, a cobrança da sociedade ainda é grande em relação à vida pessoal da atleta/mulher. Espera-se que além dos resultados, ela seja bonita, tenha um corpo “perfeito” e represente o lado vitorioso da mulher.
Sociedade e esporte testam o sucesso feminino pela capacidade de produzir resultados positivos. Isso mostra que a mulher-atleta é um ser humano forte, que depende principalmente de seus resultados e por conseqüência da provisão de valor e de reconhecimento social.
(KNIJNIK e SOUZA, 2007)[...] apesar do crescente número de mulheres participando do esporte de competição, vê-se claramente que estas ainda estão submetidas a diversos padrões e modelos de comportamento marcados por ranços seculares, sobretudo no que se refere aos estigmas relacionados ao corpo e à sexualidade das atletas. E estes estereótipos estão indubitavelmente ligados à mídia esportiva, que os reproduz cotidianamente em seus diversos veículos, muitas vezes priorizando estes aspectos àqueles vinculados ao rendimento esportivo propriamente dito das atletas.
No Brasil, a inclusão da mulher no esporte de alto rendimento também vem crescendo. Toma-se por base os números dos Jogos Olímpicos, maior competição esportiva do mundo, para confirmar essa afirmação. (Ver tabela 1)
Tabela 1. Evolução da participação feminina de atletas brasileiras nos Jogos Olímpicos
Ano |
Local |
Participantes |
Mulheres |
1992 |
Barcelona |
197 |
51 |
1996 |
Atlanta |
225 |
66 |
2000 |
Sydney |
205 |
94 |
2004 |
Atenas |
247 |
122 |
2008 |
Pequim |
277 |
133 |
Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro, 2011
Em Atlanta, 1996, as mulheres brasileiras conquistaram suas primeiras medalhas Olímpicas da história: ouro para Jacqueline Silva e Sandra Pires, prata para Mônica Rodrigues e Adriana Samuel, no vôlei de praia; prata para o basquete feminino e bronze para voleibol.
Nos Jogos de Sydney, Daniele Hypólito, então com 16 anos, obteve, com o 20º lugar geral, o melhor resultado da história da ginástica artística brasileira nos Jogos. A seleção brasileira feminina de basquete ganhou a medalha de bronze. A equipe de vôlei conquistou o terceiro lugar. E no vôlei de praia, Adriana Behar e Shelda ganharam o segundo lugar, e Adriana Samuel e Sandra Pires levaram o bronze.
Em Atenas, o futebol feminino ganhou sua primeira medalha, a de prata. Adriana Behar e Shelda também ganharam medalha de prata.
Na Olimpíada em Pequim Ketleyn Quadros se tornou a primeira medalhista olímpica individual feminina do esporte brasileiro com medalha de bronze no judô. No salto em distância, Maurren Maggi conquistou a primeira medalha de ouro olímpica individual das mulheres. As meninas do vôlei também conquistaram o ouro. Na vela, Fernanda Oliveira e Isabel Swan, foram as primeiras brasileiras a conquistar medalha (bronze) na modalidade. No futebol feminino, a segunda prata. Bronze para Natália Falavigna, do taekwondo, a primeira da modalidade.1
Apesar dessas conquistas importantes para o esporte brasileiro, a valorização da atleta feminina no Brasil está longe da ideal. Isso significa afirmar que não são iguais as condições de acesso e participação das mulheres, se comparado aos homens, no campo das práticas corporais e esportivas, no esporte de rendimento, na visibilidade conferida pela mídia, nos valores de alguns prêmios atribuídos aos vencedores e vencedoras de competições esportivas, entre outras.
Isso deve-se ao fato da mulher não ter reconhecimento quanto a sua real contribuição no processo de criação e manutenção do esporte no Brasil. BORELLI (2001), complementa explicando que os eventos esportivos, como movimentos sociais, não se limitam apenas a representar uma competição, pois refletem também características culturais, econômicas, sociais, políticas, étnicas, religiosas. Assim, os acontecimentos esportivos assumem a condição de fatos complexos, que trazem um conjunto de dimensões das relações interculturais, onde os atores sociais não são apenas os competidores, mas a platéia, os dirigentes, os meios de comunicação, os patrocinadores, os diretores esportivos, etc.
Ou seja, ao longo da história do esporte nacional foram e são distintos os incentivos e as oportunidades conferidos a mulheres e homens, seja no âmbito da participação, seja na gestão ou administração. A mulher é ainda muito discriminada quando se trata de esporte de alto rendimento.
A superliga de vôlei conta com 15 equipes masculinas frente a 12 femininas.2 O Nacional de Basquete conta com 15 equipes masculinas e 8 femininas3. E o que dizer do futebol, que praticamente ignora a versão feminina, apesar de termos atletas excelentes?
E não é somente como atletas que as mulheres são minoria, outro campo de atuação ainda muito restrito para as mulheres quando comparado os homens é a atuação como técnicas esportivas. Esse ainda é um espaço de domínio masculino, em especial, nas equipes de alto nível.
Dentro da própria escola de Educação Física, nota-se que o espaço destinado a prática feminina é escassa. O ambiente do esporte é fechado, limitando a prática e experiências com o treinamento esportivo, necessários ao aprendizado das profissionais da área interessadas no desenvolvimento do entendimento adequado do jogo.
Enfim, o lugar das mulheres nos esportes de alto rendimento, apesar de ter evoluído, ainda é precário comparado ao campo masculino, os salários são mais baixos, os investimentos das empresas em equipes femininas é menor e a valorização pela sociedade ainda não é a esperada.
5.3. O Futebol Feminino no Brasil
Quando se fala em esporte no Brasil, o futebol assume um lugar de destaque, concentra praticamente toda a atenção da população. O futebol brasileiro vai além de uma simples modalidade esportiva; levando em consideração aspectos históricos, sociais e culturais é possível percebê-lo como referência de popularidade. Explorado por todos os meios de comunicação, este esporte coletivo que é o “xodó” nacional, influência direta na cultura do brasileiro, atrai todos os gêneros, raças, e faixa etárias.
Particularmente no caso brasileiro, o futebol é parte fundamental da cultura do país tomada como representação da identidade nacional, incorporando na sua prática os valores da sociedade. O futebol é espetáculo popular. Constitui, portanto, fenômeno social observável na vida cotidiana que se articula com símbolos culturais, produção cultural, economia e política.
No cenário esportivo brasileiro, no entanto, no que diz respeito ao futebol feminino são poucos os incentivos. Franzini (2005) fala que a presença feminina dentro das quatro linhas ainda busca sua afirmação. Segundo dados recentes da Confederação Brasileira de Futebol, o país tem cerca de 400 mil jogadoras, número irrisório se comparado ao dos atletas profissionais masculinos. Uma das possíveis causas da exclusão das mulheres do mundo do futebol é a cultura de que “futebol é coisa para macho” e que mulher não entende nada de jogo. Essas idéias preconcebidas acabam padronizando o envolvimento feminino com o jogo e dificultando assim o acesso delas ao mundo do futebol.
Como o futebol é em sua origem um espaço eminentemente masculino, as mulheres não são vistas como contribuintes importantes para a construção histórica desse esporte. O que torna o futebol feminino um dos aspectos menos conhecidos e debatidos no Brasil.
O número de mulheres brasileiras que hoje praticam o futebol em clubes e área de lazer aumentou se comparado à década anterior; e os campeonatos regionais e nacionais proliferam a lento modo. Entretanto a presença feminina nesse desporto ainda busca seu espaço.
(GOELLNER, 2005)[...] ainda é precária a estruturação da modalidade no país pois são escassos os campeonatos, as contratações das atletas são efêmeras e, praticamente, inexistem políticas privadas e públicas direcionadas para o incentivo às meninas e mulheres que desejam praticar esse esporte, seja como participantes eventuais, seja como atletas de alto rendimento. Para além destas situações a mídia esportiva pouco espaço confere ao futebol feminino e quando o faz, geralmente, menciona não tanto os talentos esportivos das atletas, árbitras ou treinadoras mas a sua imagem e o seu comportamento.
Exemplo claro da desvalorização da atleta no Brasil é a jogadora Marta4, mesmo ganhando cinco vezes (2006, 2007, 2008, 2009 e 2010) o prêmio de melhor jogadora de futebol do mundo, não tem seu talento devidamente reconhecido no país, comparando com o destaque que a mídia brasileira proporciona aos atletas homens.
Se já é escassa a quantidade de jogadoras de futebol profissional, não há um número considerável de mulheres nas comissões técnicas dos clubes de futebol feminino, nem no nível administrativo das entidades que regem este esporte. O que evidencia ainda mais a exclusão feminina nesse meio.
Mesmo com todos os obstáculos apresentados, há mulheres presentes no futebol brasileiro. Vão aos estádios, assistem campeonatos, treinam, fazem comentários, divulgam notícias, arbitram jogos, são técnicas, compõem equipes dirigentes... Enfim, participam do universo futebolístico mesmo sendo minoria absoluta. Essas mulheres transgridem ao que convencionalmente se designou como sendo próprio de seu corpo e de seu comportamento, confrontam a hegemonia esportiva masculina historicamente construída e culturalmente assimilada e enfrentam os preconceitos e também as estratégias de poder que estão subjacentes a eles. E é somente assim que o futebol feminino ganhará sua afirmação como constituinte do esporte brasileiro.
Em se tratando de um país como o Brasil, onde o futebol é discursivamente incorporado à identidade nacional, torna-se necessário pensar, o quanto este ainda é, para as mulheres, um espaço não apenas a conquistar, mas, sobretudo, ressignificar alguns dos sentidos que a ele estão incorporados de forma a afirmar que esse espaço é também feminino.
5.4. A representação feminina na mídia esportiva
Na relação esporte e cultura, o sistema midiático, pela sua ação reguladora na construção de valores e atributos, tem o poder de criar uma ideologia esportiva. Essa ideologia padroniza o envolvimento das pessoas com o jogo, incluindo ou excluindo a participaçãncluindo ou excluindo a participaço envolvimento das pessoas com o jogo, e como uma das muitas consequ delas ao mundo do futeboo de um determinado grupo. Portanto, os esportes que estão em evidência nas mídias, geralmente são os mais praticados pela sociedade.
De acordo com, BORELLI (2001) na cobertura de espetáculos esportivos, a mídia mobiliza estratégias para chamar a atenção de seu público e manter, assim, uma audiência elevada. Nesta perspectiva, cada mídia, com seus interesses, agregam acontecimentos de acordo com estratégias que satisfaçam a todo um conjunto de fatores envolvidos: os patrocinadores, a audiência, o dono da empresa de comunicação, etc.
A sociedade transporta para o ambiente do esporte a lógica que o sistema esportivo auxiliado por uma ou por um conjunto de mídias constrói como o ideal. Assim, indiretamente, a mídia acaba dificultando o acesso feminino às práticas esportivas. Conforme RUBIO & SIMÕES 1999, mais uma vez temos o esporte como uma tela onde se projetam os valores culturais de cada sociedade na qual ele é praticado, reproduzindo seus sistemas e também suas peculiaridades sociais.
Levando-se em consideração que a concepção de esporte é mutável, conforme o tempo ou o tipo de sociedade, já se observam inúmeras transformações referentes a inclusão de homens e mulheres em atividades tidas como exclusivamente femininas e masculinas. Antigamente acreditava-se que esportes masculinos (lutas, futebol, basquete), se praticados por mulheres, poderiam masculinizá-las; e esportes tidos como femininos (dança, ginástica, vôlei), se praticados por homens, poderiam torná-los efeminados. Hoje, aos homens é dado o direito de dançar sem riscos para a sua masculinidade, e o basquete, por exemplo, passou a ser um esporte também para as mulheres.
Mesmo com o avanço acerca da igualdade de sexo perante o esporte, este não deixou de ser generificado. Ainda é considerado uma atividade predominantemente masculina na maioria das modalidades esportivas. Às mulheres, cabe o destaque de suas qualidades femininas, frisando-se que são atletas, mas continuam mulheres.
Apesar da participação das mulheres em qualquer esporte (individual ou coletivo) ter alavancado nos últimos anos, a mídia esportiva ignora as conquistas femininas nesse campo, evidenciando sempre os valores masculinos do esporte. Os homens são apresentados de forma a destacar suas habilidades físicas e atléticas, enquanto as mulheres são exibidas em termos de sua feminilidade e atrativos físicos em detrimento do talento esportivo.
Segundo KNIJNIK e SOUZA (2007) alguns estudos internacionais mostram como a mídia esportiva privilegia os esportes masculinos, quando comparados aos femininos, e apesar da crescente participação das mulheres em eventos desportivos de competição, as mesmas ainda são submetidas a estereótipos, sobretudo relacionados ao corpo e à sexualidade. A falta de cobertura da mídia para os eventos esportivos femininos reflete não só as crenças culturais existentes que associam os esportes com as masculinidades, mas também reproduzem uma hierarquia institucional na qual os homens dominam e controlam aquilo que se discute na mídia esportiva.
Para mulheres que atuam em modalidades nas quais o domínio masculino é mais evidente, o preconceito e a discriminação são ainda maiores. No futebol brasileiro isso é muito claro. Apesar das conquistas, e dos ótimos resultados internacionais, as atletas brasileiras continuam desconhecidas para maioria da população.
(FRANZINI, 2005)Mesmo as mais recentes tentativas oficiais de incentivo ao futebol feminino no Brasil escorregam no machismo característico de nossa cultura, como foi o caso do Campeonato Paulista Feminino de 2001. À época, reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que um dos pontos do projeto elaborado pela Federação Paulista de Futebol e pela empresa Pelé Sports & Marketing para o torneio condicionava seu sucesso a "ações que enalteçam a beleza e a sensualidade da jogadora para atrair o público masculino". Tradução: calções minúsculos, maquiagem e longos cabelos, presos em rabos-de-cavalo.
Nessa citação fica claro o menosprezo da mulher quanto esportista. As atletas femininas são desvalorizadas nas suas habilidades, mas destacadas em seus atributos físicos. A mídia como informante, poderia igualar as condições das mulheres aos homens; mas, na realidade, não acontece isso.
Cabe, portanto, a iniciativa em se desenvolver ações em conjunto para desvincular o esporte da influência midiática exercida via desvalorização da mulher quanto atleta e praticante de atividade física. Os meios midiáticos, visando levar uma imagem positiva da mulher atleta/praticante, devem destacar o talento esportivo feminino, bem como os benefícios da prática do esporte.
6. Considerações preliminares
A cultura esportiva adequada deve refletir a essência do fenômeno esportivo na sociedade, apresentando o jogo como elemento importante para o desenvolvimento de outros conceitos (sociedade, cultura) justificando sua existência com transformações positivas na vida das pessoas.
Deve-se estimular experiências de movimentos que amenizem as diferenças desde a infância. As chances de experimentação devem estimular o gosto pelo esporte, No que tange à área de educação física em específico, em síntese, propiciar o desenvolvimento global da criança. Permitir que a própria corporeidade manifeste uma intencionalidade operante na respectiva motricidade, sem distinção de sexo, visto que se trata de meninos e meninas, porque vida é constituída de movimento que tem um alcance pessoal, social, cultural e político, independente de sexo.
Assim considerando, é fundamental que as atividades realizadas pelas crianças na rua, nas escolas e nos treinamentos sejam consideradas, pelos professores, como forma de aprendizado. É pelas atividades físicas que emergem a socialização, a imaginação e a criação, direcionando vivências e experiências de caráter social, cultural, de grande significação para a criança.
Acredita-se que para levar uma visão positiva em torno da mulher esportista, é necessário antes, mudar a idéia de que esporte é somente para homens. Nesse aspecto a mídia exerce um papel fundamental, de valorizar as conquistas femininas, desvincular a imagem somente da beleza da mulher e incentivar a prática.
A falta de publicações sobre o esporte vinculado à mulher e o fato dela não ter muita visibilidade no meio esportivo quando comparada ao homem, mostra o quanto se fazem úteis estudos sobre esse tema. Acredita-se que se faz necessário uma nova maneira de ver a mulher no esporte, valorizando seus feitos e conquistas, desenvolvendo assim uma cultura esportiva em prol à igualdade, sem hierarquizações.
A partir das dificuldades que o sistema esportivo e midiático impõem à inclusão da mulher na prática esportiva, nasce a necessidade de investigação de fenômenos sociais e culturais que muitas vezes não são percebidos, nem considerados de acordo com sua real importância no universo do esporte.
Faz-se necessário uma reflexão e análise, devido a complexidade que envolve o tema. O esporte é ainda um mundo predominantemente masculino, no qual as mulheres tiveram e têm barreiras a transpor.
Notas
Fonte no site do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). http://www.cob.org.br/home/home.asp
Fonte no site da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol). http://www.cbv.com.br/v1/superliga/superliga.asp
Fonte no site da CBB (Confederação Brasileira de Basketball). http://www.cbb.com.br/competicoes.asp
Marta é ainda embaixadora da Boa Vontade da ONU pelos ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), com ênfase especial na questão da emancipação feminina.
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