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Método scout aplicado ao futsal

El método de análisis aplicado al futsal

 

Universidade Federal de Santa Maria, UFSM

Centro de Educação Física e Desportos, CEFD

Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação

para a Educação Física e Saúde, NEMAEFS

(Brasil)

Fábio Saraiva Flôres

Camila Biazus Dalcin

Profa. Dra. Luciane Sanchotene Etchepare Daronco

saraiva2703@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O scout é uma prática pouco difundida entre os profissionais da área da Educação Física. Devido a isso, o presente estudo teve por objetivo conhecer por quais motivos o scout é usado e de que forma ele é empregado em equipes de futsal. Apresentaram-se as formas de avaliação e como analisar o adversário dentro do método scout. Concluiu-se a necessidade de uma maior difusão desse método, visto que esta é uma nova e próspera área de atuação para os professores de Educação Física e que os avanços tecnológicos contribuem para a otimização do futsal. Realizou-se uma revisão bibliográfica para a construção deste estudo.

          Unitermos: Scout. Futsal. Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Antigamente conhecido como futebol de salão, ainda hoje existe grande controvérsia a respeito de sua origem, e segundo Melo e Melo (2006) não existem documentos que visem esclarecer o real surgimento dessa modalidade, contudo, o que se sabe ao certo é que esta modalidade surgiu nos anos 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, Uruguai (SANTINI e VOSER, 2008). Com o passar dos anos, difundiu-se por vários países por todo o mundo, sendo que no Brasil é o esporte com maior número de praticantes.

    O futsal, por ser um jogo dinâmico, caracteriza-se pelo confronto, ou seja, oposição entre duas equipes. Ele tem características como à brusca aceleração e desaceleração do atleta, somado a mudanças de direção (ALMERON, PACHECO e PACHECO, 2009). Kurata, Junior e Nowotny (2007) falam também que o futsal é uma modalidade que necessita realização de esforços em alta intensidade e curta duração, intercalados com períodos de menor intensidade e duração variada.

    Com a evolução do futsal, os espaços diminuíram, a disposição tática se tornou mais eficiente e os atletas têm a necessidade de exigências físicas mais elevadas, o que torna equivalentes os componentes físicos e técnicos do jogo. Os fatores determinantes para esse novo cenário, sem dúvida alguma, são o aumento do número de estudiosos na área, e a presença da tecnologia durante os processos que envolvem a modalidade. Por tais motivos, o scout passa a ser ferramenta fundamental para todas as equipes que desejam resultados mais expressivos.

Objetivo

    Pretendeu-se, com esse estudo, conhecer acerca do método scout nas equipes de futsal, bem como explicar qual a importância do método por meio de citações de outros autores.

Metodologia

    Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio das bases de dados Lilacs, Scielo, Google Acadêmico e literaturas. Nestes locais de pesquisa foram buscados materiais de aporte para uma melhor explicação sobre o tema referido, cujos autores discutem diferentes assuntos ligados diretamente ao foco principal, que é o scout.

Desenvolvimento

    Existem poucos estudos relacionando o scout ao futsal, sendo que a grande maioria destes origina-se do futebol de campo, handebol e voleibol. Segundo Filho e Alves (2006) este é o motivo pelo qual não se sabe qual a melhor metodologia a ser empregada nas análises das partidas.

    O scout, termo proveniente da língua inglesa que significa “observador”, é uma ferramenta que tem o intuito de dar assistência as comissões técnicas das equipes de futsal, identificando os pontos fortes e fracos dos jogadores, sem estes adversários ou da própria equipe. É utilizado também para um melhor planejamento do treinamento e ações que irão influenciar a obtenção de resultados positivos, individuais ou coletivos.

    Para Gomes e Souza (2008), o scout é definido como método de quantificação, onde as ações de jogo são registradas, divididas em setores onde os mais variados fatores são analisados. Conforme Loss (2007) este método é o estudo da análise do posicionamento de atletas e suas respectivas ações durante a partida.

    Já Drubscky (2003) define o scout como um mapa técnico e tático dos jogos. Pode também ser definido, conforme Greco (2000), como um processo de percepção seletiva, concentrada e planejada, que consiste no registro de processos, eventos e reações das pessoas, com dependência de determinadas situações de jogo.

    Tani (2001) relata que, como as exigências do esporte de rendimento estão se tornando mais elevadas, não basta a preparação técnica, tática e física: as equipes necessitam ter infra-estrutura mais complexa, que cuide de aspectos até alguns anos antes não imaginados, como a estatística esportiva. Vendite et al (2005), diz que as estatísticas são fundamentais para o avanço do esporte. Por esse motivo, a preparação para o rendimento tem exigido cada vez mais equipes de trabalho multidisciplinares, que atuam não apenas nas quadras, mas também em laboratórios multidisciplinares.

    O scout permite avaliar variáveis fisiológicas, técnicas e táticas, bem como observar parâmetros comportamentais dos jogadores em campo, e a análise do jogo é determinada pelos objetivos estabelecidos pela comissão técnica de cada equipe envolvida. Para Zago (2008) o scout é à maneira da comissão técnica obter informações relevantes sobre determinada equipe, para assim potencializar o desempenho e consequentemente os resultados futuros.

    Garganta (2001) em seus estudos, diz que diferentes fases constituem o processo de análise de jogo, entre elas a observação dos acontecimentos, a coleta e a interpretação de dados. Estas fases permitem avaliar a organização das equipes e das ações na competição; planificar e organizar o treino e as estratégias de trabalho; estabelecer estratégias adequadas aos adversários, além de regular os processos de ensino, aprendizagem e treinamento (GARGANTA, 1997; GARGANTA, 1998).

    Com um scout realizado de forma correta, por exemplo, a comissão técnica das equipes de futsal pode entender os motivos que levam sua equipe a uma derrota ou vitória, ou também, porque a sua equipe não conseguiu realizar determinadas jogadas ensaiadas, movimentos defensivos e ofensivos ou ainda os padrões de jogo pré-estabelecidos em momentos específicos da partida.

    Ventide et al (2005) explica que todo jogo transmitido pela televisão apresenta cada vez mais informações e curiosidades a respeito das partidas para os tele espectadores, e isto nada mais é do que uma forma de estatística esportiva. Contudo, alguns cuidados devem ser tomados, pois uma leitura equivocada pode acarretar uma interpretação totalmente errada da situação e mostrar uma visão que não esteja completamente de acordo com a realidade da partida.

    Quando falamos do futsal, principalmente com objetivos de rendimento, existe a necessidade de estudar o adversário com o intuito de dificultar ao máximo suas estratégias ofensivas e buscar maior êxito ao opor suas estratégias defensivas. Como por exemplo, qual a melhor estratégia para o ataque se opor e levar vantagem sobre uma equipe que marca em zona, ou que marca de forma individual. Ou também, qual movimentação ofensiva predomina no adversário, é a paralela, a diagonal ou vai e volta? Com isso, o scout torna-se fundamental para o estudo das ações e análises dos jogos.

Formas de avaliação

    A observação dos itens avaliados pode ser feita de duas formas diferentes. Em tempo real, através de coleta direta dos dados – que é realizada ao vivo no local da partida – e coleta indireta dos dados – que é realizada ao vivo, porém através da televisão. Greco (2000) diz que a coleta indireta pode ser influenciada negativamente pela distância do evento, pois analisar uma partida por meio da televisão pode não proporcionar o mesmo campo de visão do ginásio. Ou em tempo posterior, na qual a coleta dos dados é realizada utilizando-se vídeos e materiais extras, como tabelas e mapas dos jogos. Como um exemplo bem sucedido de coleta de dados em tempo real, percebemos as Seleções Brasileiras de Voleibol Masculino e Feminino, que através de uma superestrutura faz a coleta de forma direta, ou seja, ao vivo no local da partida.

O que avaliar?

    Dentre os itens avaliados pelas equipes profissionais multidisciplinares, estão incluídos aspectos como os desarmes, passes certos e errados, retomadas de bola, bolas perdidas, jogadas de linha de fundo e jogadas ensaiadas, faltas, escanteios, finalizações à gol e fora do gol, assistências, volume, intensidade, efetividade, contra ataques, bloqueios, padrões de jogo, quantidade de tempo com a posse de bola e quantidade de tempo na quadra adversária, ou seja, todas as ações coletivas e individuais de uma partida. Pode ser feito também o registro das lesões, cartões e o resumo da arbitragem. Sendo assim, quanto maior o número de variáveis analisadas, maior embasamento e mais completo será o relatório final a ser analisado pela comissão técnica.

    Finalmente, ao montarmos um modelo de Scout devemos observar fatores dimensionais básicos, a saber: temporal, espacial e tarefa. Segundo Zago (2007), o temporal refere-se aos períodos de ocorrências dos eventos no jogo, tempo de realização das ações, tempo de posse de bola, tempo de duração de um ataque ou contra ataque, enfim, tudo que possa ser avaliado em função do tempo; o espacial relaciona os eventos ocorridos às regiões do campo, como o posicionamento das equipes com ou sem bola, ou resumidamente, todas as ações que possam ser relacionadas com o espaço de jogo; e a tarefa, que é o tipo de ação realizada em uma jogada preestabelecida, qualificando e quantificando o ocorrido.

    O importante a se levar em consideração ao fazer um scout, é ter em mente o que é estritamente fundamental de se avaliar, para que tópicos que desnecessários não venham a atrapalhar o momento da coleta, principalmente se esta for realizada em tempo real por meio de coleta direta dos dados.

Considerações finais

    Por meio deste estudo é possível conhecer mais sobre o método scout em equipes de futsal, além de algumas de suas características básicas. Com isto pretende-se mostrar que, por meio do desenvolvimento tecnológico, o futsal evolui de forma acentuada com a utilização de novos e modernos métodos de análises das ações dos atletas. Sugere-se que os professores de Educação Física estejam atentos para este ramo de atuação dentro do futsal, pois é uma função de grande importância para as equipes que buscam o alto rendimento, tendo em vista o melhor planejamento dos treinamentos e a adequação às características dos oponentes.

Referências

  • ALMERON, M.M. PACHECO, A.M. PACHECO, I. Relação entre fatores de risco intrínsecos e extrínsecos e a prevalência de lesões em membros inferiores em atletas de basquetebol e voleibol. Revista Ciência & Saúde. Porto Alegre, v.2, n.2, p. 58-65, 2009.

  • DRUBSCKY, R. O universo tático do futebol: escola brasileira. Belo Horizonte: Health, 2003. 336 p.

  • FILHO, L.A.O.R. de; ALVES, D.M. Análise do Scout individual da equipe profissional de futebol do Londrina Esporte Clube no Campeonato Paranaense de 2003. Revista Treinamento Desportivo, vol.7, n.1, p. 62-67, 2006.

  • GARGANTA, J. Modelação tática do jogo de futebol: um estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Porto, 1997.

  • GARGANTA, J. Analisar o jogo nos Jogos Desportivos Coletivos: Uma preocupação comum ao Treinador e ao Investigador. Horizonte, XIV (83), 7-14, 1998.

  • GOMES, A.C. SOUZA, J. Futebol. Treinamento Desportivo de Alto Rendimento. Porto Alegre: Artmed, 2008.

  • GRECO, J.P. Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol. Belo Horizonte: Health, 2000.

  • KURATA, D.M. JUNIOR, J.M. NOWOTNY, J.P. Incidência de lesões em atletas praticantes de futsal. Iniciação Científica CESUMAR, v.09. n.01, p. 45-51, 2007.

  • LOSS, J. Formas de análise de ações e posicionamentos de atletas de futebol e suas respectivas utilidades. 16. Ago. 2007.

  • MELO, R. MELO, L. Ensinando Futsal. Rio de Janeiro, RJ. Sprint, 2006.

  • SANTINI, J. VOSER, R.C. Ensino dos esportes coletivos: uma abordagem recreativa. Canoas: Ed. Ulbra, 2008.

  • TANI, G. Aprendizagem motora e esporte de rendimento: Um caso de divórcio sem casamento. In: J. V. Barbanti; A. C. Amadio; J. O. Bento; A. T. Marques. (Org.). Esporte e atividade física: Interação entre rendimento e saúde. São Paulo: Manole, 2001, v., p. 145-162.

  • VENDITE, C. C. et al. Scout no futebol: uma ferramenta para a imprensa esportiva. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – UERJ, 2005.

  • ZAGO, L. O Scout no futebol. 06. Dez. 2007.

  • ______ . Scout e suas ferramentas complementares. 10. Abril. 2008.

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