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Introdução

    A adolescência é uma fase caracterizada por transformações na vida do ser humano, tanto física como psicossociais. Nessa etapa, existem parâmetros que auxiliam na avaliação das influências que a puberdade exerce sobre o desenvolvimento do ser humano, podendo citar, entre eles, a maturação sexual. É interessante ressaltar, ao se avaliar os indivíduos, que uma grande diversidade maturacional pode ser encontrada entre os pares com a mesma idade cronológica.¹ Alguns hormônios provenientes da hipófise anterior, entre eles somatropina, corticotropina, tirotropina, gonadotropina e prolactina apresentam papel importante durante o processo de crescimento e maturação do ser humano.²

    A evolução da adolescência ocorre concomitante à produção de testosterona, tendo o crescimento da concentração dos hormônios como responsável pela determinação das mudanças das características sexuais primárias e secundárias que são caracterizadas pelo desenvolvimento das gônodas e órgãos sexuais. No sexo feminino, a adolescência é manifestada pelo aumento das mamas (telarca), dos pêlos pubianos (pubarca) e também pelo acontecimento do primeiro fluxo menstrual denominado menarca,³ que também é caracterizada como um indicador da maturidade sexual,⁴ pois envolve transformações de ordem somática, metabólica, psicossociais e neuromotoras.

    De acordo com Eckert⁵ uma das mudanças que ocorrem em indivíduos do sexo feminino com a chegada da menarca, diz respeito às variações do perfil antropométrico, acontecendo um aumento da massa corporal e estatura e, consequentemente, no índice de massa corporal (IMC) das adolescentes. Esse aumento de massa corporal, além de estar ligado à maturação sexual, pode também estar associado ao comportamento sedentário que acomete os adolescentes⁶. Estudos têm sido desenvolvidos no intuito de se investigar a influência dos altos índices de massa corporal sobre os aspectos que dizem respeito à manifestação de doenças crônico-degenerativas na vida adulta⁷.

    Considerando os aspectos acima, o presente estudo teve como objetivo descrever as características antropométricas (massa corporal total, estatura e IMC) de meninas nos períodos pré e pós menarca.

Materiais e métodos

    A amostra constituiu-se de 50 meninas, pertencentes ao Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) 275 – Itaocara/RJ, cujas idades variaram entre 10 a 14 anos e 11 meses. A partir da aplicação de um questionário validado por Oliveira Junior⁸ para a identificação da presença e/ou ausência da menarca, as mesmas foram divididas em dois grupos: pré- menarca (G1) (n=25) e pós-menarca (G2) (n=25). A coleta dos dados foi realizada a partir da autorização dos pais que foram orientados quanto aos procedimentos do estudo, sendo que todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Autônoma de Assunção (UAA – PY) sob o n° 09/10, datado de 20 de agosto de 2010.

    A massa corporal total (MCT) foi obtida através de uma balança digital da marca Plenna com precisão de 0,1Kg; a estatura foi determinada através de uma trena da marca Cescorf® tendo 2m de comprimento e precisão de 0,1mm e o índice de massa corporal (IMC) calculado por meio da razão entre a MCT e estatura elevada ao quadrado.⁹

    A análise descritiva apresentada foi composta por um conjunto de medidas que teve por objetivo definir o perfil de cada grupo estudado, obtendo-se valores representativos dos dados obtidos, por meio das medidas de tendência central (média), caracterizando-se a variação destes dados, por meio de medidas de dispersão (desvio padrão).¹⁰

Resultados

    Através dos resultados obtidos após a aferição das medidas antropométricas dos grupos pré-menarca (G1) e pós-menarca (G2), respectivamente, é possível a visualização de um aumento da massa corporal, estatura e IMC no grupo pós-menarca.

Tabela 1. Medidas antropométricas do grupo pré-menarca (G1)

	Idade (ano/mês)	Massa (Kg)	Estatura (cm)	IMC (Kg/m2)
Média	10,5	39,2	147,8	17,8
DP(±)	0,6	8,0	5,2	2,8

 

Tabela 2. Medidas antropométricas do grupo pós-menarca (G2)

N°	Idade (ano/mês)	Massa (Kg)	Estatura (cm)	IMC (Kg/m2)
Média	13,4	55,5	160,2	21,6
DP(±)	0,7	9,4	6,6	3,1

Discussão

    Os trabalhos publicados sobre o tema desenvolvido neste artigo têm, na maioria das vezes, proposto uma associação direta entre a idade da menarca e estatura final.¹¹ De acordo com Mckinney,¹² nos indivíduos do sexo feminino, o incremento do crescimento acontece bem próximo a idade de ocorrência da menarca. Posteriormente à maturação sexual, essa mesma aceleração vai diminuindo até a estabilização. No presente estudo, através dos resultados acerca das características antropométricas, pode-se observar que o grupo composto por meninas pós menarca obtiveram índices mais elevados, o que corrobora com os estudos de Pozzobon¹³ quando a mesma também encontra valores superiores no que se refere à massa corporal, estatura e IMC para o grupo de meninas pós menarca em detrimento às pré menarcas. Biassio et al¹⁴ converge com os dados do presente estudo e também com o trabalho realizado por Mota et al,¹⁵ pois ambos descrevem aumento significativo da massa corporal e estatura em meninas nos estágios maturacionais mais avançados. Convergindo com o presente estudo, Roman et al¹⁶ demonstram diferenças entre indivíduos em estágios maturacionais mais avançados com aqueles mais tardios.

    O aumento da massa corporal é um fator que demanda inúmeros trabalhos por parte dos estudiosos, uma vez que o aumento da mesma, dentre outros fatores, influenciam nos níveis de desempenho do grupo em questão,² Convergindo com o estudo anterior, Mirwald et al¹⁷, diz que a avaliação da massa corporal, quando relacionada à adolescentes, é de grande importância para um efetivo programa motor. Linhares et al.⁴ enfatizam que, por ser uma fase de constantes e grandes mudanças, a puberdade e suas variáveis requer dos profissionais que atuam diretamente com a população que se encontra nesse estágio, conhecimentos detalhados em relação ao crescimento e ao desenvolvimento, a fim de facilitar e propiciar um trabalho motor determinante, evitando excessos em relação ao estágio em que se encontra o adolescente.

Conclusão

    Partindo dos pressupostos teóricos e resultados obtidos, foi observado que o grupo pós-menarca possui maior massa corporal, estatura e IMC. Desta forma, necessário se faz identificar a presença da menarca no momento de se avaliar as características antropométricas de adolescentes, uma vez que a mesma apresenta-se como um importante marcador da maturação biológica.

    Observa-se ainda a necessidade de estudos semelhantes com o intuito de verificar o impacto da menarca nestas variáveis no decorrer da puberdade.

Bibliografia

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16. ROMAN, EP; RIBEIRO RR; GUERRA JÚNIOR G; BARROS FILHO AA. Antropometria, maturação sexual e idade da menarca de acordo com o nível socioeconômico de meninas escolares de Cascavel (PR). Revista da Associação Médica Brasileira, 2009; 55(3)317-321.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 161 | Buenos Aires, Octubre de 2011 © 1997-2011 Derechos reservados