Evolução física e técnica durante período pré competitivo em alunos de escolinha de futebol de campo na categoria sub-17 Evaluación física y técnica durante el período precompetitivo en alumnos de una escuela de fútbol de campo de la categoría sub-17 |
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*Universidade Federal do Paraná. Centro de Estudos em Performance Física (UFPR – CEPEFIS) **Universidade Estadual do Centro Oeste Do Paraná (UNICENTRO) (Brasil) |
Raul Osiecki* | Rogério Manoel da Silva Filho* Larissa Bobroff Daros** | Luiz Fernando Novack* Vitor Nascimento* | André Montanholi Fornaziero* |
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Resumo O presente estudo teve como objetivo verificar a evolução física e técnica durante período pré-competitivo em praticantes futebol de campo na categoria sub-17. Foram avaliados 13 indivíduos do gênero masculino com idade de 15 a 17 anos que mantiveram treinamento de duas sessões semanais durante 8 semanas. Os sujeitos foram submetidos a avaliação no inicio do treinamento e após 8 semanas (pré e pós teste). As variáveis avaliadas foram: peso corporal (61,11 ± 5,72 - 62,30 ± 5,52), Percentual de gordura (16,25 ± 3,77 - 16,06 ± 5,37);Flexibilidade (30,46 ± 5,30 - 30,08 ± 5,79); Impulsão vertical (cm) (265 ± 5 - 268 ± 7); Impulsão horizontal (cm) (187 ± 12 - 191 ± 14); Velocidade 20 m. (s) (3,70 ± 0,02 - 3,41 ± 0,27); Velocidade 40 m(s) (6,30 ± 0,35 - 5,88 ± 0,43); Velocidade 40 m. lançado (s) (5,89 ± 0,53 - 5,44 ± 0,45); FC máxima (195,85 ± 7,24 - 194,61 ± 6,71); FC repouso (69,61 ± 10,85 - 70,08 ± 9,45); VO2máx (esteira) (50,95 ± 3,64 - 52,81± 2,62); VO2máx (Léger) (46,96 ± 2,87 - 44,99 ± 4,89); Drible (11,35 ± 1,21 - 11,66 ± 1,35); Passe (71,15 ± 23,02 - 81,15 ± 18,39); Finalização (4,00 ± 2,12 - 2,54 ± 1,61). Observou-se diferença estatística entre pré e pós teste nas seguintes variáveis: Impulsão vertical, Velocidade de 20m, velocidade de 40 m e velocidade de 40 m lançado, e nas variáveis de desempenho técnico foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no passe e na finalização. Assim pode-se concluir que parece ter ocorrido melhora no desempenho físico e técnico dos alunos em escolinha de futebol na categoria sub-17, mesmo com apenas 2 sessões semanais. Unitermos: Avaliação. Futebol. Treinamento.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O esporte de alto rendimento possui suas várias peculiaridades, necessitando de perfeita harmonia entre os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos para alcançar os objetivos esperados (GOMES, 2002), e de acordo com Viana (2008), o adolescente que queira se tornar um atleta de futebol profissional tem que dominar as habilidades especifica do futebol. Glaner e Pires Neto (1997) comentam que uma avaliação diagnóstica é fundamental, pois auxilia no processo de seleção e possibilita um melhor atendimento individual. Como em qualquer modalidade esportiva, no futebol existem fundamentos básicos, chamados de técnica (FERNANDES, 1994) além disso, as sessões de treinamento tem caráter físico, focando à preparação técnica e também tática (BARROS e GUERRA, 2004).
Para ajudar um atleta a chegar ao auge da sua performance, é necessário realizar testes para mensurar suas capacidades físicas e técnicas, para Fernandes Filho (1999) o processo de avaliação dos resultados obtidos através da bateria de testes utilizados, são importantes para que se possa desenvolver um bom programa de treinamento físico e realizar uma seleção de talentos adequada, minimizando a quantidade de erros.
Os objetivos do estudo foram verificar a evolução física e técnica durante período pré-competitivo em praticantes de futebol de campo na categoria sub-17 e analisar a relação do desempenho físico com o desempenho técnico do grupo.
2. Material e métodos
Sujeitos
Fizeram parte do estudo 13 indivíduos do gênero masculino participantes de futebol de campo com idade de 15 a 17 anos, de todas as posições, que mantém treinamento de duas sessões semanais. A primeira coleta de dados ocorreu na apresentação do grupo e a segunda coleta de dados após 8 semanas de treinamento.
Procedimentos
Primeiramente foram obtidos valores de estatura e peso corporal dos sujeitos, e realizada a avaliação da composição corporal utilizando-se a equação descrita por Petroski (1995).
A altura tronco-cefálica, altura total, envergadura, perímetros, diâmetros ósseo e dobras cutâneas foram coletadas seguindo os protocolos de Petroski (1999).
O teste de flexibilidade foi realizado por meio do banco de Wells.
A impulsão vertical foi medida por meio do Sargent Jump Test (JONHNSON & NELSON, 1979), que tem como finalidade medir a potência de membros inferiores através da capacidade de impulsão vertical.
A impulsão horizontal e a velocidade foi medida de acordo com o PROESP – Br. A velocidade foi medida através de três distâncias diferentes: 20 metros, 40 metros e 40 metros lançados. O percurso foi demarcado com cones do início ao fim nas três distâncias. Nos 40 metros lançados também foi demarcado um espaço de 5 metros anterior aos 40 metros, o avaliado iniciou a corrida nesses 5 metros, porém o cronômetro foi ativado somente quando o aluno inicia a distância de 40 metros.
Para o teste de esforço máximo na esteira os avaliados foram equipados com um Polar S625x, registrando a freqüência cardíaca a cada 15 segundos. Foi estabelecido a FCMax e a FC de repouso de cada um dos avaliados. O protocolo do teste foi progressivo com velocidade inicial de 6 Km/h e incrementos de 1 km/h a cada 1 minuto até a exaustão voluntária do avaliado. A inclinação da esteira permaneceu constante a 1%. Após o término do teste, o avaliado caminhou a uma velocidade de 3 km/h por 3 minutos.
O VO2máx foi mensurado em mL/kg/min pela seguinte equação proposta pelo ACSM (2005):
VO2máx = (0,2 x velocidade) + (0,9 x velocidade x % inclinação) + 3,5
Além do teste de esforço máximo em esteira também foi realizado o teste de Léger (1982), onde o último estágio atingido era anotado, para se obter o V02 em ml/kg/min, através da equação de Léger et al (1982), proposta para indivíduos com idade entre 6 e 18 anos.
Para a realização dos testes com objetivo técnico utilizou-se os protocolos propostos por Mor & Christian (1979).
Procedimentos estatísticos
Para o tratamento estatístico foi utilizado o software Statistica 7. Para testar a normalidade dos dados utilizou-se o teste de Shapiro Wilk, sendo que os mesmos apresentaram distribuição normal, desta forma foi realizado um teste “t” de Student pareado, para verificar as diferenças entre as variáveis no pré-treinamento e no pós-treinamento, adotando-se como significativo p<0.05.
Para determinar relações entre conjunto de variáveis antropométricas, composição corporal, potência e explicar a natureza de relações entre as mesmas, foi utilizado um modelo estatístico multivariado que facilita o estudo de inter-relações entre conjuntos de múltiplas variáveis dependentes e múltiplas variáveis independentes, chamado de Análise de Correlação Canônica, adotando-se como significativo p<0.05.
3. Resultados e discussão
Nesse capítulo são apresentados os resultados obtidos durante o desenvolvimento do estudo. Inicialmente, são apresentados os resultados das variáveis antropométricas dos indivíduos avaliados no pré e pós treinamento. Em seguida, os resultados das capacidade físicas comparando os resultados no pré e pós treinamento.
Tabela 1. Resultados das variáveis antropométricas no pré treinamento e pós treinamento
Nas variáveis antropométricas coletadas, pode-se observar na Tabela 1 uma diferença significativa entre o pré e o pós-treinamento no peso corporal, estatura total, perímetro de braço direito e esquerdo e direito contraído, perímetro de abdômen, perímetro de quadril, perímetro de coxa esquerda e no peso magro da composição corporal.
Mesmo não havendo melhora e diferença significativa em relação a gordura corporal, de acordo com Malina & Bouchard (2002) a gordura relativa sofre uma modificação progressiva durante a adolescência juntamente com a gordura absoluta. Nos meninos ocorre aumento até por volta dos 11 aos 12 anos de idade, porém alcança seu percentual mais baixo entre os 16 e 17 anos, aumentando gradativamente até a idade adulta. Os dados coletados 16,25 ± 3,77 no pré-treinamento e 16,06 ± 5,37 no pós-treinamento, as classifica como satisfatória para a faixa etária, segundo a classificação proposta por Lohman (SILVA, 2002), que considera como parâmetros ótimos, valores entre 10% a 20% de gordura relativa para os meninos, o que vai de encontro com o estudo de Alves et al (2009), que ao descreverem e compararem os níveis de aptidão física de futebolistas infantis e juvenis encontraram valores de gordura relativa de 14% para o grupo infantil e de 13,29 % para o grupo juvenil, sendo também considerados como satisfatórios para a faixa etária.
Já com relação a evolução das variáveis de capacidades físicas e neuromusculares, encontramos diferença significativa na impulsão horizontal e em todas as velocidades coletadas: de 20 metros, 40 metros, ambos com saída estática e 40 metros lançado. Mesmo tendo ocorrido uma melhora no VO2MÁX mensurado indiretamente pelo protocolo na esteira, não houve diferença significativa, de acordo com a tabela abaixo.
Tabela 2. Resultados das capacidades físicas no pré treinamento e pós treinamento
Com os resultados do estudo, é possível observar uma melhora no desempenho das capacidades físicas e técnicas dos avaliados. Acredita-se que essa melhoria possa ter ocorrido por diversos fatores, como por exemplo, a pratica orientada de atividades físicas, o desenvolvimento físico característico da faixa etária analisada e o aperfeiçoamento dos gestos motores e técnicos devido ao programa de treinamento realizado.
No presente estudo observa-se uma melhora significativa nos testes de velocidade. Um estudo de Guerra et al (2009) foram encontrados valores diferentes ao encontrado no presente estudo. Os autores realizaram um treino de pliometria por 7 semanas, sendo 3 sessões semanais nas 3 primeiras semanas, e 2 sessões semanais nas ultimas 4 semanas, não apresentando diferença significativa nos testes de velocidade de 20 metros, havendo uma queda de rendimento no teste de 40 metros pós-treinamento. Entretanto, Portella (2003) encontrou melhora significativa no quesito velocidade, em um período de oito semanas de treinamento.
Foi encontrado uma melhora significativa no teste de impulsão vertical neste estudo (265 ± 5m pré teste e 268 ± 7m no pós teste), assim como Portella (2003) encontrou diferença significativa no salto vertical e horizontal na categoria sub-8, após um período de treinamento de 8 semanas. Petko e Hunter (1997) descreveram aumento importante na impulsão vertical (8 a 12%) em atletas iniciantes, sendo que ao se tornarem experientes, os ganhos com o treinamento são menores.
Como indicador da capacidade cardiorrespiratória, encontrou-se valores de VO2max na esteira de 50,95 ± 3,64 (ml/kg/min) pré teste e 52,81± 2,62 (ml/kg/min) no pós teste; e no teste de Léger os valores foram de 46,96 ± 2,87 (ml/kg/min) no pré teste e 44,99 ± 4,89 (ml/kg/min) no pós teste. Em um estudos de Neto et al (2007) ao avaliar 102 praticantes de futebol, entre 8 e 17 anos de idade, apresentou resultado para o VO2MÁX de 54,35 (ml/kg/min).
No Teste de Sentar e Alcançar (flexibilidade) não houve diferença significativa nos dois momentos avaliados 30,46 ± 5 (cm) no pré teste e 30,08 ± 5,79 (cm) no pós teste, resultados esses inferiores quando comparados aos estudos de Braz & Arruda (2008) e Verardi (2010) 39,33 ± 7,95. Os resultados apresentados neste estudo mostra que o treinamento de 8 semanas não apresentou efeito na variável flexibilidade.
Nos testes técnicos foram encontradas diferenças significativas nos passes e nas finalizações, porém nas finalizações houve uma piora no rendimento, assim como mostrado na tabela 3.
Tabela 3. Resultados das capacidades técnicas no pré treinamento e pós treinamento
De acordo com Silva et al (2002), os jovens atletas encontram-se em desenvolvimento e sua aptidão física está associada às capacidades motoras, as capacidades físicas, componentes de sua aptidão física e sua constituição corporal. Assim, uma capacidade não se desenvolve independente da outra, mas sim em uma relação de interdependência, em que o desempenho é dependente dos processos de crescimento, desenvolvimento e da idade biológica.
Neste estudo, ao realizar uma análise de correlação canônica entre dois grupos de variáveis, pode-se observar que no pré-treinamento os alunos com uma maior estatura, altura total, altura tronco-cefálica e envergadura eram os que obtinham o melhor desempenho nos testes de impulsão horizontal e vertical, sendo 64.12% da variação explicada pelas medidas antropométricas R=0.94 p=0.002. Entretanto após o período preparatório, a análise estatística demonstra que o grupo se tornou mais homogêneo e as valências físicas se tornaram mais semelhantes, cerca de 60.12 % da variação de desempenho poderia ser explicada pela antropometria, com R=0.67 p=0.567. Sendo assim, os resultados se equipararam e os mais altos deixaram de obter os melhores desempenhos. O mesmo grupo também apresentou diferenças significativas na altura, comprovando que não houve uma estagnação no crescimento dos avaliados.
4. Considerações finais
Os resultados obtidos nas variáveis estudadas não divergem da literatura, ou seja, os indivíduos avaliados encontram-se com resultados dentro de parâmetros e características recomendadas para jovens praticantes de futebol.
Verificou-se no presente estudo que após 8 semanas de treinamento o grupo apresentou uma melhora significativa nas avaliações de velocidade de 20 metros saída estática, 40 metros saída estática e 40 metros saída lançada e impulsão vertical.
De acordo com o objetivo proposto e com os resultados obtidos pode-se concluir que houve melhora no desempenho físico e técnico dos praticantes de futebol na categoria sub-17. Após ter analisado os resultados obtidos constatou-se que a prática de futebol, mesmo com freqüência de duas vezes por semana, parece contribuir para o desenvolvimento de uma melhor condição físico-técnica dos avaliados.
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