Efeito de 12 semanas de treinamento de força em jovens El efecto de 12 semanas de entrenamiento de la fuerza en jóvenes |
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*Prof. Educação Física – IF Muzambinho e Especialista em Musculação e Personal Trainer (Gama Filho SP) **Prof. Educação Física – IF Mato Grosso do Sul e Ms. em Treinamento Esportivo (Universidade Castelo Branco, RJ) |
Márcio Luiz de Almeida Bueno* Pablo Teixeira Salomão** (Brasil) |
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Resumo A força muscular é um importante componente da aptidão física, sendo utilizada desde a seleção desportiva até nas tarefas do nosso cotidiano. Nos últimos anos houve um crescimento na literatura cientifica no que se diz respeito ao treinamento de força para jovens. Muitos mitos norteiam as academias evidenciando riscos ao treinamento com pesos para jovens. Entretanto, vários estudos demonstram que um treinamento bem orientado e respeitando a individualidade de cada um causa apenas benefícios ao contrário do que muitos falam. Este trabalho tem como objetivo verificar o efeito de 12 semanas de treinamento de força em jovens, analisando as variáveis de Potencia de Membros Inferiores e Força de Membros Superiores em alunos do Instituto Federal do Sul de Minas – Campus de Muzambinho MG, os alunos foram divididos em dois grupos, sendo Grupo experimental que realizou o programa de treinamento e Grupo Controle que ao longo do experimento não realizou nenhum treinamento. Após as 12 semanas houve mudança significativa nas duas variáveis coletadas do grupo experimental ao se comparar o pré com o pós teste com um p-valor ≤ 0,05 em todos os testes e o grupo controle não houve nenhuma alteração do pré para o pós teste com um p-valor ≥ 0,05, mostrando assim que mesmo em um período curto de tempo e com sessões semanais pequenas é possível promover benefícios do treinamento de força em jovens. Unitermos: Treinamento de força. Jovens. Força.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Nos últimos anos nota-se uma maior tendência a adesão de crianças e adolescentes às salas de musculação, no entanto o treinamento de força para crianças e adolescentes vem se tornando tema de várias discussões e estudos tentando quebrar vários mitos existentes a cerca de prováveis danos causados pela musculação em jovens.
Segundo Kraemer e Fleck (2001) e Benjamin (2003) as crianças podem se beneficiar da participação em um programa de treinamento de força apropriadamente prescrito e supervisionado. Sendo que os principais benefícios são aumento de força muscular, potência e resistência muscular localizada, diminuição das lesões nos esportes e atividades recreativas e melhora do desempenho nos esportes.
Weineck (1986) relatando sobre o treinamento de força para a criança e o adolescente cita que o treinamento de força desempenha um papel importante na formação corporal polivalente das crianças e adolescentes.
Para Uchida et al (2003) não existe uma idade mínima para se iniciar um treinamento de força, devendo sempre associar a carga com o estágio de desenvolvimento e treinamento do indivíduo.
Problema
Quais os benefícios de 12 semanas de treinamento de força em jovens do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de minas – Campus Muzambinho?
Objetivo geral
Verificar o efeito de 12 semanas de treinamento de força para jovens do ensino médio estudantes do IFET Sul e Minas.
Objetivos específicos
Verificar e analisar aumento da força de membros superiores após 12 semanas de treinamento de força;
Verificar e analisar aumento da força de membros Inferiores após 12 semanas de treinamento de força;
Procedimentos metodológicos
Pesquisa de campo, descritiva com enfoque quantitativo de caráter experimental. Este tipo de Investigação permite obter informações acerca de condições existentes com respeito a variáveis ou condições numa situação (Flegner e Dias, 1995).
População da amostra
O estudo foi limitado, quanto a sua amostra (36 alunos), sujeitos do gênero masculinos, adolescentes (entre 15 e 20 anos), aparentemente saudáveis e não atletas (ACSM, 2003), estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, localizada em Muzambinho, MG.
A amostra foi selecionada de forma intencional de acordo com Flegner e Dias (1995) e constituída de voluntários obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão segundo Costa Neto (2002).
Foram divididos 2 (dois) grupos de 18 alunos de forma aleatória, sendo um grupo denominado Controle e um grupo denominado Experimental.
Materiais
Para a realização do experimento foi utilizada as instalações da academia do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Campus de Muzambinho MG. Foram utilizados para a realização do treinamento os seguintes aparelhos: Leg press 45° marca Riguetto, Peck Deck marca Riguetto, Mesa Flexora e Cadeira Extensora marca Riguetto, Banco para supino, Crossover marca Physicus, Puxador alto Marca Phisycus, barra reta, barra curvada e anilhas marca Metalmix de pesos variados, para a realização do teste de 1-RM de supino foi utilizado um banco apropriado, uma barra reta e uma variedade de anilhas, no teste de Impulsão Horizontal foi utilizado uma fita métrica fixada no chão, uma régua para marcar o ponto de chegada e papel para anotação.
Período de execução do estudo
Os treinos ocorreram no período da tarde, com início no dia 6 de abril de 2009, com término no dia 26 de junho de 2009, totalizando assim 12 (doze) semanas de treinamento.
Método de treinamento aplicado
O método de treinamento utilizado neste estudo é denominado Power Trainning que segundo Tubino e Moreira (2003) é um treinamento com as mesmas características do método de circuito, porém com a utilização de aparelhos de musculação.
O treinamento foi de 12 semanas, com duas sessões semanais de aproximadamente 50 minutos.
Montagem das estações de treinamento
A montagem das estações foi realizada intercalando exercícios de Membros superiores com exercícios de membros inferiores e ao final abdominais, conforme tabela:
Estações e exercícios propostos
O treinamento teve como o objetivo inicial a Resistência Muscular localizada, levar o aluno a uma adaptação aos exercícios propostos e ao longo das semanas houve uma progressão do treinamento através das variáveis números de repetições e carga de trabalho, diminuindo o número de repetições e aumentando conseqüentemente a carga, passando assim para o treinamento com características de hipertrofia e posteriormente com características de força pura.
O controle da carga foi estipulado através de uma zona de repetições (RMs) de acordo com o treinamento, onde era estipulado um numero mínimo e máximo de repetições, assim era preciso ser realizado o movimento dentro deste limite (mínimo/máximo) estipulado de acordo com cada semana, até que se entrasse em isometria ou falha concêntrica durante a execução do movimento.
Ao longo do estudo não foi apresentado nenhuma lesão decorrente do treinamento.
Apresentação e Discussão dos resultados
Caracterização da amostra
A amostra foi composta de 36 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 15 e 20 anos, divido em dois grupos:
Grupo Experimental (GE): Composto por 18 homens (=17,00± 1,02 anos de idade). A média de peso foi de 63,17 e estatura de 1,73 com desvio padrão de peso de 7,41 e estatura de 0,06.
As tabelas a seguir apresentam as características e dados da amostra do Grupo Experimental (GE).
Características do GE
Grupo Controle (GC): Composto por 18 homens (=17,05 ± 1,05 anos de idade). A média de peso foi de 66,8 e estatura de 1,72 com desvio padrão de peso de 6,05 e estatura de 0,05.
As tabelas a seguir apresentam as características e dados da amostra do grupo controle (GC).
Características do GC
Objetivo geral
Verificar o efeito de 12 semanas de treinamento de força para jovens do ensino médio estudantes do IFET Sul e Minas.
Foi possível após as semanas de treinamento verificar diferenças significativas no Grupo Experimental ao compararmos o pós com o pré teste de todas as variáveis estudadas sendo os valores obtidos no teste de força de membros superiores p=0,002 e potencia de membros inferiores p=0,047.
Objetivos específicos
a. Verificar e analisar o aumento de força de membros superiores após 12 semanas de treinamento de força;
Resultado de pré-teste e pós-teste de 1rm supino GC e CE
O grupo controle apresentou no pré teste valor médio de peso supinado de 49 Kg e no pós teste valor médio de 49,9, obtendo assim ganho de pouco menos de 1 Kg ao longo das duas semanas. Já o grupo experimental apresentou no pré-teste valor médio de 52,2 Kg e no pós teste valor médio de 60,4 Kg, obtendo assim um ganho durante as 12 semanas de treinamento de 8.2 Kg. Ao compararmos o GC com o GE o p-valor = 0,01, demonstrando assim diferença significativa após as 12 semanas do experimento.
b. Verificar e analisar o aumento de potencia de membros inferiores após 12 semanas de treinamento de força.
Resultados de pré e pós-teste de salto horizontal GC e GE
No teste de salto horizontal o grupo controle apresentou no pré teste valor médio de distância no salto de 1,9 metros e no pós teste esse valor permaneceu sem alteração nenhuma. Já o grupo experimental apresentou no pré-teste valor médio de 2 metros e no pós teste valor médio de 2,10 metros, obtendo assim um ganho médio durante as 12 semanas de treinamento de 10 centímetros. Ao compararmos o GC com o GE o p-valor =0,001505, demonstrando assim diferença significativa após as 12 semanas do experimento.
Comparação do grupo controle pré-teste X pós-teste
Comparação Grupo controle pré-teste X pós-teste (teste -t)
Demonstra-se através da comparação do pré-teste e pós teste do grupo controle que não houve significância durante o período do experimento. Motivo esse que deve-se ao grupo controle não ter se submetido a nenhum tipo de treinamento durante as 12 semanas do experimento.
Comparação do grupo experimental pré-teste x pós-teste
Comparação do grupo experimental pré-teste X pós-teste (teste-t)
Ao comparar os resultados do pré-teste e pós-teste dos indivíduos do GE podemos observar que todos os valores com p-valor ≤ 0,05, mostrando assim que houve através da intervenção significância nos resultados obtidos.
Segundo Bompa, Pasquale e Cornacchia (2004) o treinamento sistemático resulta em mudanças estruturais e fisiológicas, após quatro a seis semanas de treinamento de força os atletas iniciantes comumente já podem observar aumento visíveis na força.
Para Fontoura et al. (2000) a treinabilidade de força em crianças e jovens é observada assim como em adulto e vários estudos já comprovaram aumento da força em meninos quando adequadamente treinados.
Considerações Finais
Através do presente estudo podemos observar que com um programa bem delineado e respeitando a individualidade de cada um o treinamento de força ao contrario de que muitos dizem pode sim trazer benefícios aos jovens. Mesmo com um período de tempo curto de treinamento e realizado apenas duas vezes na semana pode-se observar no estudo em questão, pelos resultados obtidos, que o treinamento de força em adolescente contribuiu significativamente em uma melhora no percentual de força, potência e resistência, de acordo com os objetivos determinados antes do estudo.
Vale ressaltar que um período mais longo de treinamento e um número amostral maior certamente enriqueceriam o estudo.
Espera-se que este estudo possa oferecer importantes informações que possam contribuir de forma significativa para ampliação de novos conhecimentos na área, tornando uma nova opção de estudos e ainda sugere novas pesquisas com relação ao treinamento de força em jovens.
Referencias bibliográficas
BENJAMIN, H.J. Strength training for children and adolescents. The Physician and Sports Medicine. v. 31, n. 9, p. 593-619, Sep, 2003. (Tradução Nossa)
BOMPA, T.O.; PASQUALE, M.D.; CORNACCHIA, L.J. Treinamento de força levado a sério. 2. Ed. São Paulo: Manole, 2004.
COSTA NETO, P.L.O. Estatística. 2. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2002.
FLEGNER, A.J.; DIAS, J.C. Pesquisa & Metodologia: Manual completo de pesquisa e redação. Rio de Janeiro: Ministério do Exército. 1995.
FONTOURA, A. et al. A perda de força muscular de meninos no período de destreino. Revista Brasileira de medicina do esporte. v. 6, n.5, p. 209, 2000.
KRAEMER, W. J.; FLECK,S. J., Treinamento de força para jovens atletas. 1. Ed. São Paulo: Manole, 2001.
TUBINO, M. J. G. MOREIRA,S. B. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
UCHIDA, M.C; et al. Manual de Musculação - Uma abordagem teórico-prática ao treinamento de força. 4ª. ed. São Paulo: Phorte Editora, 2003.
WEINECK, J. Treinamento ideal. 1. Ed. São Paulo: Manole, 1999.
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