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Dispêndio energético nas aulas de aero jump

El gasto energético en las clases de aero jump

 

Curso de Pós Graduação em Fisiologia e Performance

do Exercício Físico. Centro Universitário Toledo, Araçatuba SP

(Brasil)

Karina Larios Ribeiro

Sergio Tumelero

kalarios@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A perda e o controle do peso vêm sendo considerados um desafio tanto para médicos, nutricionistas como para profissionais de educação física. Doença caracterizada pelo excesso de gordura corporal pode aumentar os riscos do individuo desenvolver várias condições, como diabete, pressão alta, doenças do coração e algumas formas de câncer. A maioria das pessoas procura a academia com o objetivo de perder peso ou para amenizar problemas que já estão associados à patologia. Foram estudados três indivíduos do sexo masculino, que praticam aero jump em uma academia na cidade de Araçatuba. As aulas foram coreografadas com uma intensidade de 65% a 85% e os alunos foram acompanhados durante três meses com atividades sendo realizadas três vezes por semana. O monitoramento ocorreu em três datas distintas. No primeiro mês houve uma avaliação de percentual de gordura, protocolo de Pollock, havendo uma reavaliação no terceiro mês. Para o protocolo de FC Max, foi utilizado o de Karvonen e para a análise do dispêndio energético foi utilizada a tabela de Franks (1989) que usa como parâmetros o peso e a intensidade da aula. O estudo pleiteia suprir uma carência de estudos científicos relacionados às aulas de ginástica sistematizadas e proporcionar uma melhor compreensão dos efeitos fisiológicos, buscando mais segurança ao professor e proporcionando ao aluno melhor eficiência no alcance de seus objetivos.

          Unitermos: Aero Jump. Dispêndio de energia. Gasto calórico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A atividade física é essencial para longevidade do ser humano, as pessoas buscam cada vez mais melhorar sua aptidão física por motivos de saúde ou por padrões de beleza estabelecidos pela sociedade.

    Nesse contexto as academias estão cada vez mais lotadas e a procura por atividades motivantes vem crescendo, não só pelo caráter de evitar a monotonia, mas porque a ginástica, como o próprio nome já diz é uma atividade praticada através de métodos sistematizados e em grupo que buscam a melhora de várias capacidades físicas de uma maneira segura e eficiente.

    O estudo do corpo é fascinante se entendermos como o nosso organismo reage e se adapta as demandas de intensidade e de resistência aplicados durante o exercício. Para entendermos melhor o que acontece durante as aulas, mais especificamente as aulas de Aero Jump, precisamos relacionar as intensidades, a freqüência cardíaca, o VO2 Máx., a zona alvo de treinamento e calcular o dispêndio energético para avaliar se o objetivo do aluno está sendo alcançado.

    O Aero Jump é uma modalidade que tem como prioridade o sistema aeróbio, mas exige do aluno capacidades motoras como o equilíbrio, coordenação motora, percepção do espaço, consciência corporal, agilidade e ritmo que irão influenciar na taxa de energia gasta durante a aula.

Obesidade

    A obesidade hoje é considerada uma doença caracterizada pelo excesso de peso no corpo bem como também está relacionada ao sedentarismo. Os indivíduos ficam obesos por vários fatores, entre eles, as influências genéticas, os fatores emocionais, as influências fisiológicas, a ingestão de comida, os transtornos alimentares, o estilo de vida, a progressão do peso em relação à idade, os medicamentos, a gravidez e os fatores orgânicos.

    Dependendo do grau de obesidade, o indivíduo pode apresentar um quadro clínico que varia com sintomas desde leve, como falta de ar, insônia, apnéia do sono, varizes na perna etc., ou sintomas mais graves que podem evoluir para doenças crônicas como a hipertensão, diabetes e colesterol alto que pode vir a acarretar morte súbita.

    No Brasil a obesidade já atinge 40% da população adulta, aos quais 50.000 a 100.000 morrem precocemente a cada ano em decorrências das patologias associadas à obesidade, isso representa para os dias de hoje um problema de saúde pública.

    Para que essa patologia seja resolvida, infelizmente não existe nenhum milagre que promova a perca de peso sem a colaboração e motivação do individuo, os sacrifícios, portanto precisam ser conhecidos. Uma das primeiras providências a ser tomada é a reeducação alimentar, necessária e fator principal no tratamento. Também deve se aliar a um programa de atividade física incluindo exercícios de força e exercícios aeróbios.

Exercícios aeróbios

    Exercícios aeróbios são muito utilizados nas aulas de ginástica de academia, de tempos em tempos sempre há novidades chegando ao mercado fitness, muitas delas ficam e outras acabam sendo esquecidas. O aero jump tem por característica principal o componente aeróbio e por isso temos que definir essa capacidade.

    Barbanti (1979) entende que é a capacidade de resistir á fadiga nos esforços de longa duração e intensidade moderada realizados com suficiente quantidade de oxigênio.

    As adaptações fisiológicas serão visíveis e comprovadas ao longo da prática, o individuo que possui uma adequada resistência aeróbia tem uma diminuição no risco de doenças do coração, porque terá um coração mais eficiente com menor gasto energético em relação à sobrecarga do trabalho cardiovascular, também terá diminuição da FC de repouso, um aumento no volume sistólico e da FCmáx., aumento do VO2 Máx., aumento da densidade capilar, aumento do fluxo de sangue para os músculos e aumento da mobilização e utilização de gordura.

    Segundo Guiselini (2007) entendem que:

    Os exercícios aeróbios que aumentam a freqüência cardíaca e se mantém na zona alvo de treinamento cardiorrespiratório por um longo período de tempo, propiciam o aumento de desempenho, queimam uma grande quantidade de calorias e trazem muitos benefícios para a saúde.

    Dentro das salas de ginásticas, o professor enfrenta vários problemas, um deles, é que o trabalho em grupo se torna heterogêneo, pois, temos na mesma aula, alunos avançados, intermediários e iniciantes.

    A pergunta que se faz é como o professor pode estar trabalhando com essas três variantes, sem perder a qualidade do seu trabalho?

    Primeiramente o professor deve compreender os aspectos fisiológicos e a aplicação prática de cada componente de um programa de exercícios, que tem por objetivo o desenvolvimento da capacidade aeróbia.

    Segundo Guiselini (2007) temos seis componentes importantes na elaboração de uma aula. Dentre eles:

    Dentro destes componentes, o professor precisa ter em mãos a avaliação física do aluno, que indicará quais os parâmetros a serem seguidos em relação ao treino.

Aquecimento e esfriamento

    O aquecimento nas aulas de aero jump prepara o corpo para atingir uma maior demanda em seus sistemas fisiológicos que serão ativados e exigidos durante a atividade. Essas mudanças ocorrem tendo em vista o aumento da necessidade energética decorrente do exercício físico, a função neuromuscular e adaptação ao exercício, a função cardiovascular e adaptação ao exercício, as adaptações metabólicas e as adaptações pulmonares e neuroendócrinas ao exercício.

    O esfriamento vem no final da aula fazendo com que o corpo volte a ao limite gradativamente e proporcionando um ajuste na homeostase.

Principais componentes para prescrição

Modalidades de exercícios

    O aluno só deverá ser indicado para praticar aula, depois da fase de adaptação que ocorre na musculação ou se de início querer praticá-la, deverá sentir-se confortável e possuir afinidades com a modalidade.

    O Colégio Americano de Medicina Esportiva recomenda de três a cinco vezes por semana para maioria dos programas aeróbios.

    Segundo Guiselini (2007) entendem que:

    Alunos que estão iniciando um programa de exercícios com impacto, como corrida e exercícios aeróbios com música e, portanto, devem suportar o peso do corpo, precisam ter pelo menos 36 a 48 horas de descanso entre uma sessão e outra, para prevenirem possíveis lesões por esforço repetitivo e possibilitar um descanso adequado para as articulações estressadas. Essa recomendação é importante, sobretudo para indivíduos obesos.

Freqüências das sessões (aulas)

    A freqüência está relacionada ao número de sessões de exercícios realizados durante a semana. Depende do grau de condicionamento e conseqüentemente a duração e a intensidade da sessão. Na pesquisa foram utilizada freqüência de sessões de três vezes por semana, indivíduos em condicionamento avançado, duração de 60 minutos, intensidade de 65% a 85%.

Durações das sessões (aulas)

    A duração está intimamente ligada com a intensidade do exercício, quanto mais tempo o exercício durar, mais será o gasto calórico do indivíduo, não esquecendo que ele deve trabalhar na zona alvo de treinamento, ou seja, o esforço tem que estar no limiar do seu objetivo.

    Os alunos iniciantes devem praticar de 10 a 20 minutos, em um nível mais intermediário, o tempo aumenta de 15 a 45 minutos e para os mais avançados de 30 a 60 minutos. (ACSM, 1991; POLLOCK, 1984).

Intensidades das sessões

    Intensidade de treinamento é uma medida do esforço sentido em uma sessão de treinamento, normalmente expressa em um percentual da freqüência cardíaca máxima ou consumo de oxigênio.

    A intensidade refere-se á velocidade ou a carga (resistência) do exercício. Como regra geral, quanto mais o indivíduo estiver condicionado, maior será a intensidade do exercício, para que produzam benefícios e que aumentem a capacidade aeróbia.

    Os outros componentes fazem parte de uma aula bem planejada, devemos estar atento ao objetivo e aplicar todo o conhecimento teórico e prático, para que o aluno se sinta seguro e motivado.

Aero Jump

    A procura nas academias pela perca e controle do peso, é um dos motivos pelos quais o aero jump se torna um instrumento fundamental de combate a obesidade. A intensidade varia de moderada à alta e a freqüência cardíaca entre 75% a 85%, durante as aulas, alguns movimentos se destacam mais, como os saltos, as corridas estacionárias, além dos movimentos coreografados sobre a mini cama elástica, que suporta até 150 kg. (MANHÃES, 2006)

    Furtado, Simão & Lemos (2004) entende que:

    É um programa de exercícios ritmados sob um mini trampolim, sendo os seus benefícios considerados os mesmos que alcançados pela prática regular de exercícios aeróbios. O sucesso desse exercício é o prazer e motivação que a atividade proporciona, além do alcance e manutenção dos níveis adequados de condicionamento físico.

    O individuo se posiciona em cima de uma superfície elástica que tem um sistema de fixação de molas de especial resistência, permitindo assim, a realização de exercícios que envolvam a força da gravidade, aceleração e desaceleração. As propostas coreográficas são muito dinâmicas e motivadoras, se apresentam através de movimentos de fácil execução, mesmos para iniciantes.

    O jump é uma modalidade acíclica, os padrões de movimentos não se repetem e mudam constantemente durante a sua execução, sobretudo quando estão em forma de rotinas coreográficas ou pré- coreográficas. Por isso, a taxa de energia gasta é altamente dependente do nível de habilidade do praticante.

    Para aqueles alunos que gostam da modalidade, mas têm dificuldade para realizar as habilidades, o professor deve ter um processo de ensino-aprendizagem específico, utilizando um método adequado para que se consiga atingir a intensidade desejada.

    Durante as aulas, o professor precisa ter um ótimo comando de voz, antecipar os movimentos que acontecerão durante a coreografia, orientar o aluno a conhecer os seus limites e sempre trabalhar em um limiar de esforço, ao qual o aluno sinta-se confortável.

    O Jump proporciona aos praticantes vários benefícios, entre eles:

Gastos calóricos das rotinas coreografadas

    A intensidade das rotinas coreografadas está relacionada com a energia eliminada que, por sua vez, depende do quanto intenso o aluno exercita-se durante a realização da coreografia, quer seja uma coreografia básica ou avançada.

    Uma vez que a coreografia envolve a participação de grandes grupos musculares e requer a participação de outras habilidades de locomoção e estabilização, a resposta cardiovascular tende a um gasto energético em um nível comparável à caminhada ou à corrida.

    Segundo Franks (1989) as calorias gastas nas aulas coreografadas estão relacionadas com o peso do aluno e a respectiva intensidade do exercício.

Objetivos

    Avaliar o dispêndio energético dos alunos praticantes assíduos das aulas de Aero Jump. Monitoramos a freqüência cardíaca através de uma aula pré-coreografada que teve por objetivo o trabalho aeróbio na Zona Alvo e com isso buscamos comprovar que as aulas em grupos, desde que sejam monitoradas e bem orientadas pelo professor, conseguem atingir e melhorar a performance, auxiliando na redução da obesidade dos respectivos alunos participantes da pesquisa.

Metodologia

    Foram avaliados três indivíduos praticantes de atividade física a mais de um ano, com idades que variam de 32 a 48 anos, sendo a média 40 anos, praticantes de aero jump. Todos responderam a um questionário fechado e participaram de avaliação do percentual de gordura corporal proposto por Pollock. Estas avaliações foram realizadas em duas ocasiões uma no início e ao final do acompanhamento.

    A Freqüência Cardíaca de repouso foi aferida logo após os alunos chegarem à academia e ficarem deitados por 5 minutos. Também foi aferida FC durante as aulas com duração de 60 minutos de dois em dois minutos utilizando o Pollar da marca Sescorf. Para calcular e analisar a intensidade dessas aulas foi utilizado o protocolo de Karvonen para Freqüência Cardíaca Máxima e Zona Alvo de treinamento entre 65% a 85%. O dispêndio energético foi calculado pela tabela de Franks (1989) que utiliza como parâmetro o peso e a intensidade da aula.

Resultados

    O primeiro gráfico é do avaliado nº 1, idade 38 anos e zona alvo de treinamento é de 146 bpm a 166,7 BPM. No gráfico podemos analisar que a freqüência nas três aulas monitoradas, em alguns momentos exige uma intensidade além da zona alvo.

    O que podemos observar também é que no gráfico nº 2 o avaliado nº 1, emagreceu 4 kg em três meses, lembrando que ele pratica duas vezes por semana musculação além do aero jump. O percentual de gordura diminui de 30,5% para 22,5%, e conseguiu manter o dispêndio energético em torno de 24,3, a média durante as aulas seriam 1458 kcal/ min..

    O terceiro gráfico é do avaliado nº 2, idade 32 anos e zona alvo de treinamento de 145,65 a 169,85 BPM. Na maioria da aula, ele se mantém acima do nível de segurança.

Gráfico nº1

 

Gráfico nº 2

 

Gráfico 3

    O que podemos observar é que no gráfico nº 4 o avaliado nº 2, emagrecendo 2 kg em três meses, ele também pratica musculação duas vezes por semana. O percentual de gordura diminui de 20% para 17%, o dispêndio energético manteve-se em torno de 11,5, a média durante as aulas seriam 690 kcal/ min..

    O quinto gráfico é do avaliado nº 3, idade 48 anos e zona alvo de treinamento de 135,25 a 156,27 BPM. Sua freqüência foi a que menos oscilou durante os movimentos que exigiam maior sobrecarga cardiovascular em comparação outros avaliados.

    O que podemos observar é que no gráfico nº 6 o avaliado nº 3, emagreceu 1,75 kg em três meses, dos avaliados ele é o único que não pratica musculação e não faz dieta nutricional. O percentual de gordura diminui de 26% para 24,8%, conseguiu manter o dispêndio energético em torno de 8,9, a média durante as aulas seriam 534 kcal/ min.

Gráfico 4

 

Gráfico 5

 

Gráfico 6

Conclusões

    Podemos concluir que a modalidade Aero Jump favorece a perda de peso corpora, com colaboração na diminuição do percentual de gordura corporal e conforme aumenta a capacidade do indivíduo na intensidade do exercício aumenta também a queima calórica por minuto. Assim podemos afirmar que o Aero Jump apresenta em seus diferentes métodos de treinamento variações que incrementam o dispêndio energético.

Referências

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