Contribuição da musculação e do condicionamento aeróbio na melhoria da capacidade funcional de indivíduos hemiplégicos. Um estudo de caso Aportes de la musculación y del condicionamiento aeróbico en la mejora de la capacidad funcional de personas hemipléjicas. Un estudio de caso |
|||
*Faculdade de Ciências da Saúde Centro Universitário de Patos de Minas, UNIPAM **Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, SENAC (Brasil) |
Sergio Luis Carlos da Cunha* Patrícia Mendes Silva** Cristiano Lino Monteiro de Barros* |
|
|
Resumo Objetivo. Avaliar, analisar os efeitos do treinamento resistido e aeróbio na capacidade funcional de indivíduos hemiplégicos quanto à velocidade da marcha. Método. Foi feito um estudo de caso, com um voluntario escolhido aleatoriamente, com fraqueza residual e espasticidade do dimídio afetado que conseguisse deambular sem ajuda de dispositivos de ajuda por doze minutos e com tolerância ao exercício por 45 minutos também estando clinicamente estável evidenciado por atestado medico. Resultados. Após treinamento constatou- se uma melhora substancial no deambular do voluntario com uma melhora de 46% no teste de caminhada de 28 metros e um aumento de 26% no teste de caminhada (T6’). Conclusão.Concluímos que um programa de atividade física orientada, pode ajudar o hemiplégico a adaptar-se às suas deficiências, favorecer sua recuperação funcional motora com um deambular mais rápido e correto. Unitermos: Acidente vascular cerebral. Musculação. Treinamento aeróbio.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
1. Introdução
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser definido como uma disfunção neurológica aguda que ocorre em conseqüência de uma anormalidade da irrigação sanguínea cerebral. Essa anormalidade implica em sinais e sintomas correspondentes a comprometimento de áreas focais do cérebro. É popularmente conhecido como “derrame” (SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o AVC como um sinal clínico de rápido desenvolvimento de perturbação focal da função cerebral, de suposta origem vascular com mais de 24 horas de duração. Causa líder de incapacidade em adultos, o AVC traz conseqüências funcionais dos déficits neurológicos que, geralmente, predispõem aos sobreviventes um padrão de vida sedentário, com limitações individuais para as atividades de vida diária (AVD’s) e reserva cardiológica reduzida (CACHO, MELO, OLIVEIRA, 2004. p. 82-86).
Os principais mecanismos que acarretam o AVC são os isquêmicos e os hemorrágicos. Os isquêmicos são resultados de imobilismo ou problemas que causam baixas pressões na perfusão sistêmica. A escassez do fluxo sanguíneo cerebral priva o cérebro de glicose e oxigênio prejudicando o metabolismo celular provocando a lesão e a morte tecidual. O trombo é resultado da adesão e agregação plaquetária em placas.
Dessa forma, o termo trombose cerebral se refere à formação ou ao desenvolvimento de um coágulo sanguíneo ou trombo dentro das artérias cerebrais ou de seus ramos. Os êmbolos cerebrais são fragmentos de substâncias em deslocamento e formados em outro local, que são liberados na corrente sanguínea e vão para as artérias cerebrais, onde se alojam em um vaso provocando sua oclusão e o infarto. Os AVCs isquêmicos também podem decorrer de uma perfusão sistêmica baixa, como resultado de uma de insuficiência cardíaca ou perda importante de sangue. A literatura elege os AVCs isquêmicos como o mais freqüente respondendo por 61 a 81% dos AVCs, (SULLIVAN, SCHMITZ, 2004).
O AVC hemorrágico é causado com maior freqüência pelo aneurisma sacular hipertensivo rompido e pelas malformações atrioventriculares (AV). A hemorragia maciça frequentemente resulta de doença cardio-renal hipertensiva e provoca sangramento no tecido cerebral em uma massa oval ou redonda que desloca as estruturas da linha média. O mecanismo exato da hemorragia não é conhecido. Acredita-se que os aneurismas saculares resultam de defeitos nas camadas média e elástica que se desenvolvem com o passar dos anos. Esse defeito muscular é associado ao estiramento excessivo da membrana elástica (BARROS, 2003).
Dentre os fatores de risco destaca-se a hipertensão arterial, doença cardíaca e diabetes, sendo o primeiro o fator mais importante. Independente da faixa etária considera-se que a pressão sistólica e/ou diastólica, a pressão de pulso e a variabilidade de pressão fortes previsores de um AVC (RYERSON, 1994).
O grau de disfunção motora vai depender da localização, extensão e da associação ou não do comprometimento sensorial. No início pode ocorrer uma diminuição do tônus muscular, movimentos estereotipados, extensão do occipto, uso de músculos paracervicais, elevadores do ombro, e elevadores pélvicos, verificando-se a hiperatividade dos músculos antigravitacionais durante a posição ereta (BARROS, 2003).
A intervenção do exercício físico pode ser realizada na fase aguda, subaguda e crônica do AVC e inclui atividades aeróbias, exercícios de força, flexibilidade, alterações dos hábitos de vida ou outras estratégias. O fortalecimento muscular, conseguido através de levantamento de pesos (musculação) ajuda na estabilidade articular, força muscular e resistência, melhorando a postura, a deambulação e as demais atividades da vida diária. Os exercícios podem ser isotônicos (aqueles com movimentos de contração e relaxamento muscular) ou isométricos (aqueles sem movimentos, onde o músculo é capaz de manter a contração por determinado tempo). A carga de cada série deve ser estipulada pelo paciente, controlando o nível de dor e capacidade de contração.
A problemática desta pesquisa pautou no questionamento de que os AVCs interferem de forma significativa nas atividades de vida diária do indivíduo, e diante disto indagamos: a musculação associada a exercícios aeróbicos de forma regular e orientada poderá influenciar no ganho de força muscular e no ritmo da marcha dos hemiplégicos contribuindo para melhoria de sua independência funcional? Pode o melhor condicionamento físico e reforço muscular modificar o quadro de incapacidade funcional do hemiplégico?
Esta pesquisa teve como objetivo mensurar a contribuição da musculação e do condicionamento aeróbio na capacidade funcional de indivíduos hemiplégicos quanto à velocidade da marcha.
2. Materiais e métodos
A metodologia utilizada neste estudo foi um ensaio clínico prospectivo com a coleta de dados antes e depois da execução das atividades propostas. A amostra foi constituída por um indivíduo hemiplégico com evolução de AVC de três anos, selecionado aleatoriamente a partir do interesse do mesmo. Após a avaliação do educador físico, o sujeito pesquisado apresentou os critérios necessários para nosso estudo. A pesquisa foi realizada durante seis semanas, nas dependências da academia e na piscina com os testes sendo realizados na pista de atletismo do Campus do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do UNIPAM, com o protocolo nº113/09 e o voluntário assinou um termo de consentimento para participar da pesquisa.
Um dos critérios para a realização da nossa pesquisa foi o de que o sujeito pesquisado tivesse entre 30 e 65 anos com evolução pós AVC entre 9 meses a 10 anos confirmados por tomografia. Além disso, outros critérios, também deveriam ser atendidos, como fraqueza residual e/ou espasticidade no dimídio afetado, deambular por 12 minutos sem utilizar dispositivos de auxílio; tolerância ao exercício por 45 minutos e estar clinicamente estável evidenciado por um atestado médico.
O teste de Velocidade da Marcha (m/s) foi aplicado ao voluntário, ao qual foi solicitado, deambular numa velocidade natural, usando um calçado usual numa distância de 28m. O tempo gasto para percorrer essa distância foi registrado com uso de um cronômetro digital. Três medidas foram obtidas e a média entre elas foi computada para análise. Esta medida apresenta alto índice de fidedignidade entre os examinadores e sensibilidade, sendo utilizado para detectar ganhos funcionais associados a treinamento em pacientes hemiplégicos (TEIXEIRA, 2003).
O Teste de caminhada de seis minutos (TC6’) conforme preconizado pela American Thoracic Society (2002) foi realizado em uma pista plana. O indivíduo foi orientado a caminhar a maior distância possível, sem incentivo verbal. Não sendo utilizadas palavras e frases de incentivo como “vamos mais rápido”.
O Programa de Treinamento foi realizado na academia de musculação e na piscina e os testes realizados na pista de atletismo do UNIPAM. O sujeito da pesquisa foi submetido a 12 sessões de fortalecimento muscular na academia e 12 de condicionamento aeróbio na piscina. As mesmas foram realizadas duas vezes por semana, durante seis semanas, com duração de 50 minutos cada sessão. No início e no final de cada sessão foram aferidas a freqüência cardíaca e a pressão arterial, como também foi feita a pesagem da massa corporal. O programa para esse treinamento foi adaptado às limitações do pesquisado, desde os exercícios preparatórios, o treinamento aeróbio, o fortalecimento muscular e a volta a calma. O período de aquecimento foi de 5 a 10 min. com caminhada na esteira e alongamentos.
O programa de fortalecimento foi uma adaptação de treinamento com resistência progressiva. Para aferir o fortalecimento muscular foram utilizados aparelhos de musculação e caneleiras. A carga utilizada foi determinada pela Tabela Subjetiva de Esforço (BORG, 1970) de acordo com a percepção do voluntário no próprio aparelho, sendo aplicada a tabela a cada quatro sessões, usando-se dentro da escala de BORG os números entre 13-Ligeiramente cansado e 15-Cansativo. Foram utilizados os três tipos de contração muscular: concêntrica, isométrica e excêntrica. Cada grupo muscular do dimídio foi trabalhado em três séries com dez repetições para cada exercício, sendo que todos foram realizados unilateralmente e com intervalo de repouso de 1-2 minutos. O período de resfriamento foi de 5 a10 minutos de alongamento com exercícios de relaxamento.
Os aparelhos usados para a realização desta pesquisa foram Abdutor, Adutor, Supino Articulado, Leg Press, Desenvolvimento de ombro, Cadeira extensora, Remada Articulada, Cadeira flexora e Tríceps pulley.
3. Resultados e discussão
Após treinamento de seis semanas o voluntário apresentou uma melhora de 46% no deambular no teste de 28 metros passando de 0,65 m/s antes do treinamento para 0,95 m/s após o período de treinamento (Figura 1).
Figura 1. Velocidade da marcha no teste de 28 metros Antes e depois do período de treinamento
Quatro estudos de Teixeira-Salmela (1999) que realizaram programas de fortalecimento musculares em hemiparéticos crônicos recrutados na comunidade,encontraram melhoras funcionais através da mensuração da velocidade da marcha, da habilidade de subir escadas e do teste de caminhada de seis minutos
No teste de caminhada de seis minutos (T6’) o voluntário aumentou a distância percorrida de 271 para 341 metros após as seis semanas de treinamento, o que representou uma melhora de 26% (Figura 2).
Figura 2. Teste de caminhada de seis minutos (TC6’). Antes e depois do período de treinamento
Os resultados do estudo de Macko (2001). e Teixeira-Salmela(2001). sugerem que o programa de treinamento aeróbio isolado e o condicionamento aeróbio associado ao fortalecimento muscular, respectivamente, melhoram a capacidade funcional e a percepção da qualidade de vida dos indivíduos portadores de seqüela de AVC crônico. Apesar do presente estudo se tratar de um estudo de caso e do protocolo utilizado aqui constituir de seis semanas de treinamento, os resultados encontrados estão de acordo com os achados da literatura que evidenciam um aumento na distância percorrida, sugerindo uma melhora na funcionalidade do participante. Efeitos deletérios observáveis. Por último, o estudo de Yang (2006) utilizando um treinamento de resistência muscular progressiva relacionado a tarefas funcionais durante quatro semanas,encontraram um ganho de força muscular no membro parético de 41,1%,estando significativamente relacionado à melhora no desempenho funcional, avaliado através do teste de caminhada de seis minutos, teste do step e teste timed-up-and-go.
O nosso pesquisado encontrava-se em situação de grande tristeza sem vontade e nem interesse em participar de programas de reabilitação. Com comprometimento da força muscular que ficou evidenciado quando da execução dos exercícios e no deambular. Após o treinamento relatou ter melhorado sua locomoção e que melhorou na execução de suas atividades de vida diárias (AVDs), como demonstraram os testes Velocidade da marcha de 28 metros e o teste de caminhada de seis minutos (T6’), que apresentaram uma melhora significativa, vindo de encontro com o que afirma (Teixeira, 2003). Os déficits de força muscular são responsáveis por alterações funcionais importantes, como deambulação, realização de AVDs, utilização de meios de transporte; limitando, ainda mais, a independência. [...] quando submetidos a programas de treinamento específicos, respondem bem a programas de treinamento envolvendo fortalecimento muscular e condicionamento aeróbico.
Corroboramos com Sulivane e Schmitz (2004) quando afirmam que os programas de reabilitação para pacientes com seqüelas pós AVC melhoram os resultados funcionais e permitem que eles reconquistem sua independência em tempo menor, apesar de que alguns indivíduos melhoram espontaneamente sem necessitar de programas de reabilitação. O autor acrescenta afirmando que a gravidade da deficiência física, a idade, e a persistência de problemas psicológicos e/ou emocionais podem determinar o sucesso contínuo de independência e de qualidade de vida.
Nossa pesquisa comprovou que apesar de três anos de evolução do AVC o programa de treinamento muscular e condicionamento aeróbio assistido pode melhorar e muito o deambular do individuo hemiplégico. Segundo POTEMPA et al. (1996) o exercício aeróbico pode aumentar a capacidade funcional e a qualidade de vida em pacientes que sobreviveram ao AVC. Para LYONS & MAKRIDES (2002) o propósito da reabilitação consiste em incrementar o uso do membro parético, visando a minimizar as estratégias compensatórias e seu desuso. Por isso, o nosso programa de treinamento foi realizado unilateralmente para que um membro não compense a fraqueza do outro e pudessem trabalhar de forma igualitária, os membros o afetado e o não afetado.
4. Conclusão
Concluímos que um programa de atividade física orientada pode ajudar o hemiplégico a adaptar-se às suas deficiências, favorecer sua recuperação funcional motora com um deambular mais rápido e correto, promovendo sua integração familiar, social e profissional, devolvendo a auto-estima e o gosto pela vida. Verificamos que o programa desenvolvido com o voluntário hemiplégico contribuiu para melhorar suas atividades de vida diária e sua funcionalidade, tendo em vista que o ganho de força muscular e os exercícios aeróbios favoreceram ao sujeito pesquisado a deambular de forma melhor com um gasto energético menor.
Referências
BARROS, J. E. F. Doença encefalovascular. In: NITRINI, R.; BACHESCHI, L. A. A neurologia que todo médico deve saber. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 171-188.
CACHO, E. W. A; MELO, F. R. L. V; OLIVEIRA, R. Avaliação da recuperação motora de pacientes hemiplégicos através do protocolo de desempenho físico. Revista de Neurociências, v.12(2), p.94-102, 2004.
CHAIMOWICZ, F. Os idosos brasileiros no séc. XXI: demografia, saúde e sociedade. Belo Horizonte: Pos Graduencion, 1998.
MOURA, R.M. F.; LIMA, R. C. M.; LAGE, D. C.; AMARAL, E. A. A. Efeitos do treinamento aeróbio na qualidade de vida e na capacidade funcional de indivíduos hemiparéticos crônicos. Acta Fisiátrica, v.12(3), p.94-99, 2005.
OLIVEIRA, D. L. C; GORETTI, L. C; PEREIRA, L. S. M. O desempenho de idosos institucionalizados com alterações cognitivas em atividades de vida diária e mobilidade: estudo piloto. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.10(1), p.91-96, 2006.
OLIVEIRA, M. R. S; ABRAMO, A; MENDES, M. R. P. Acidente vascular encefálico: análise da função motora de um caso em tratamento na piscina aquecida. Revista Fisioterapia Brasil, v.5(6), p.484-9, 2006.
RYERSON, S. D. Fisioterapia Neurológica. Hemiplegia resultante de dano ou doença vascular. 2.ed. São Paulo: Manole, 1994.
RYERSON, S. D. Reabilitação Neurológica. 4.ed. São Paulo: Manole, 2004.
SULIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004.
TEIXEIRA-SALMELA, L. F. et al. Musculação e condicionamento aeróbio na performance funcional de hemiplégicos crônicos. Acta Fisiátrica, v.10(2), p.54-60, 2003.
TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; LIMA, R. C. M.; LIMA, L. A. O.; MORAIS, S. G.; GOULART, F. Assimetria e desempenho funcional em hemiplégicos crônicos antes e após programa de treinamento em academia. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.9(2), p.227-233, 2005.
TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; NADEAU, S.; MCBRIDE, I.; OLNEY, S. J. Effects of muscle strengthening and physical conditioning training on temporal, kinematic and kinetic variables during gait in chronic stroke survivors. J. Rehab Med, v.33, p.53-60, 2001.
TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; OLNEY, S. J.; NADEAU, S.; BROUWER, B. Muscle strengthening and physical conditioning to reduce impairment and disability in chronic stroke survivors. Am Acad Phys Med Rehab, v.80, p.1211-8, 1999.
TRÓCOLI, T. O.; FURTADO, C. Fortalecimento muscular em hemiparéticos crônicos e sua influência no desempenho funcional. Revista de Neurociências (in press), 2008.
VERONEZI, A. M. G. et al. Avaliação da performance da marcha de pacientes hemiplégicos do projeto hemiplegia. Fisioterapia em Movimento, v.17(1), p.31-38, 2004.
VOORRIPS, L. E. et al. A physical activity questionnaire for the elderly. Medicine and Science in Sports and Exercise, v.23, p.974-979, 1991.
YANG, Y. R.; WANG, R. Y.; LIN, K. H.; CHU, M. Y.; CHAN, R. C. Task-oriented progressive resistance strength training improves muscle strength and functional performance in individuals with stroke. Clin Rehab, v.20, p.860-70, 2006.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 16 · N° 161 | Buenos Aires,
Octubre de 2011 |