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Introdução

    Qualquer movimento corporal que seja decorrente de contração muscular e que gere dispêndio de energia é definido como atividade física. O aumento das necessidades de melhoras de saúde e qualidade de vida faz crescer o número de adeptos aos exercícios em todas as faixas etárias e populações. Praticar atividade física regularmente demonstra a opção por uma vida mais saudável, onde, relacionado ao comportamento humano se integram fatores biológicos e psico-socioculturais.

    Estudiosos demonstram que grávidas ativas ou sedentárias, ao manterem uma rotina de exercícios, têm seu peso controlado, se sentem melhor tanto física quanto psicologicamente, além de proporcionar ganho de peso para o feto. (DI MASI e BRASIL 2006).

    Na Grécia Antiga, a atividade física era desenvolvida na forma de ginástica que significava “a arte do corpo nu“. Estas atividades eram desenvolvidas como treinamento para a guerra. Hoje, praticar exercícios físicos deixou de ser uma obrigação e se tornou sinônimo de qualidade de vida, saúde e possibilita que as pessoas sejam mais dispostas e aptas a manterem sua rotina.

    Com o passar dos anos, o número de gestantes que praticam exercícios aumentou consideravelmente. Estudos realizados por Batista (2003) demonstram que antigamente as grávidas eram aconselhadas a reduzirem a freqüência da prática de exercícios, afirmando que a atividade física poderia prejudicar a saúde da mãe e do feto. Hoje, embora estudos e pesquisas que tratem desse assunto não sejam aprofundados, sabe-se que as grávidas que mantêm um ritmo de atividades, tomando as devidas precauções, têm um período gestacional e pós parto muito mais tranquilo e saudável.

    Um programa de exercícios realizado pelas gestantes deve ser composto de exercícios de flexibilidade, aeróbicos e de fortalecimento muscular de abdômen, lombar e assoalho pélvico, regiões que sofrem mais com a sobrecarga decorrente do aumento de tamanho e de peso do útero gravídico.

    Para ACOG (2003), ainda não existem recomendações que padronizem os exercícios ideais para as gestantes. Contudo, para a ACMS (2006), os exercícios devem ser realizados numa freqüência de três a quatro vezes por semana, com duração de 20 a 30 minutos e também indica atividades com sustentação de peso, relaxamento e exercícios que tragam conforto a quem os pratica.

    Mittelmark et al. (1991) citam os seguintes benefícios para as praticantes de atividade física: melhora na circulação sanguínea; melhora da resistência e da flexibilidade muscular; melhora da tolerância à dor e melhor recuperação pós-parto. Os exercícios na água são mais aconselhados devido à flutuação, que diminui risco de lesão muscular e á redução dos edemas, que são comuns na gestação em função da pressão hidrostática, dentre esses se destaca a hidroginástica.

    Atualmente, embora estudos e pesquisas que tratem desse assunto não sejam aprofundados, sabe-se que as grávidas que mantêm um ritmo de atividades, tomando as devidas precauções, têm um período gestacional e um pós parto muito mais tranquilo e saudável (ARTAL; WISWELL, 1999 apud BROWN et al, 2002). Tanto os exercícios com sustentação de peso (caminhada aeróbica de baixa intensidade) quanto os exercícios com pouca sustentação (natação e hidroginástica) são recomendados durante a gestação, porém a possibilidade de minimizar o impacto e o peso corporal facilita a execução de movimentos propiciando uma prática de atividades físicas mais saudáveis.

    A hidroginástica se encaixa numa destas atividades, pois é um programa realizado na água, local em que existem propriedades físicas que beneficiam as gestantes, como, por exemplo, a sensação de peso corporal diminuída devido ao peso hidrostático e diminuição de edemas das partes submersas na água, conseqüência da pressão hidrostática da água, relaxamento muscular devido à temperatura mais elevada (31°C), diminuição do impacto e do estresse e aumento do retorno venoso, possibilitando uma melhor circulação sanguínea e menor esforço da bomba do coração. Fatores estes que propiciam uma maior adesão a esta prática (MITTELMARK et al, 1991 apud CHISTÓTALO; MARTIN; TUMELERO; 2003). A hidroginástica é um programa de condicionamento, desenvolvido na água, que inclui exercícios do tipo aeróbios e exercícios para o desenvolvimento da resistência muscular localizada, força muscular e flexibilidade. Surgiu na Alemanha, para atender inicialmente um grupo de pessoas com mais idade, que precisava praticar uma atividade física, segura, sem causar riscos ou lesões articulares e que lhes proporcionassem bem estar físico e mental. No Brasil, ela chegou a 27 anos, sendo desenvolvida em vários locais como: clubes, academias, spas, etc., e apresenta-se sobre vários programas denominados como hidroaeróbica, hidropower, aquanástica, hidrofitness, hidroesporte, fitness aquático, entre outros (FIGUEIREDO, 1996).

    Assim, este estudo pretende esclarecer a seguinte dúvida: a atividade física realizada durante o período gestacional é capaz de proporcionar benefícios para a mãe? Para responder a este questionamento, a pesquisa tem como objetivo geral: analisar os efeitos da atividade física no meio aquático no período gestacional. E como objetivos específicos: identificar os benefícios físicos e possíveis alterações comportamentais observadas na perspectiva da gestante praticante de exercícios no meio aquático; e as alterações comportamentais das praticantes pela perspectiva do professor de hidroginástica.

Metodologia

    O presente estudo se utiliza da pesquisa qualitativa, por ser desenvolvida ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação de problemas até a satisfatória apresentação dos resultados, e assim, por melhor se adequar aos objetivos da mesma. Também foi uma pesquisa de campo, descritiva- exploratória, que teve por objetivo descrever completamente determinado fenômeno, podendo ser encontradas tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas quanto à acumulação de informações detalhadas, como as obtidas por intermédio da observação participante (MARCONI e LAKATOS, 2002). A amostra deste estudo foi composta intencionalmente por cinco mulheres, com idade entre 26 e 31 anos, gestantes saudáveis, com idade gestacional entre a 13 e a 30ª semana, praticantes de aulas de hidroginástica da turma de hidrogestante de uma Escola particular de natação de Porto Alegre e pelo professor que ministravas as aulas. Como instrumentos foram utilizadas as técnicas de interrogação: o questionário e a entrevista, e a observação não-participante. O questionário por traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos e por construir o meio mais rápido e barato para obtenção de informações, e a entrevista por possibilitar o auxilio ao entrevistado, bem como a análise do seu comportamento não verbal. A observação também foi aplicada pelo fato de conseguir informações e utilizar os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade que os indivíduos não têm consciência, mas orientam seu comportamento (MARCONI e LAKATOS, 2002). O primeiro procedimento adotado para a realização da coleta de dados foi o contato com o coordenador da Escola de Natação para explicar os objetivos da pesquisa e solicitar a autorização da mesma. Após a autorização, foi agendada a observação de duas aulas de hidrogestante, a entrevista com o professor e a aplicação do questionário com as gestantes. Com os dados obtidos, foi feita a análise descritiva dos questionários e da observação, e a análise de conteúdo com os dados da entrevista.

Resultados e discussão

    A amostra deste estudo foi composta por cinco gestantes e o seu professor. Inicialmente, serão apresentados os dados referentes às gestantes que foram obtidos através do questionário.

    A média de idade das gestantes foi de 28,2 anos, sendo a máxima de 31 e a mínima de 26 anos; todas elas tinham profissões distintas, conforme aparece no Gráfico 1.

Gráfico 1. Profissão das gestantes. Fonte: As autoras (2010)

 

Gráfico 2. Motivo da prática. Fonte: As autoras (2010)

    A maioria das gestantes, 80%, procurou a hidroginástica por esta proporcionar uma melhora no condicionamento físico; e somente 20% delas iniciou a atividade por indicação médica, conforme dados apresentados no Gráfico 2.

    Os dados deste gráfico nos permitem observar a preocupação da mulher com a sua saúde, ou seja, mesmo que em um primeiro momento a gestante não procure orientação médica, ela já está ciente de que a prática de exercícios é muito importante também no período gestacional. Historicamente, as recomendações de exercício físico durante a gestação se alteraram, uma vez que essa prática já foi contra indicada durante certo período da gestação (LEITÃO et al., 2000). Porém, já se sabe que a atividade física durante o período gestacional é indicada tanto para mulheres ativas quanto inativas, devendo fazer parte deste treinamento os exercícios aeróbios e de condicionamento neuromuscular.

    A frequência com que as gestantes realizavam as aulas de hidroginástica também foi relevante para o estudo. Elas freqüentavam as aulas de hidroginástica duas vezes por semana e cada aula tinha a duração de 45 minutos. Em média, 40% delas faziam aulas de hidroginástica há mais de um ano, 40% há menos de três meses, e apenas 20%, entre três e seis meses, ou seja, começaram após o início da gestação.

    Segundo a ACMS os exercícios devem ser praticados de três a quatro vezes por semana, num período de tempo de 20 a 30 minutos. Dessa maneira, os benefícios, como ampliação do equilíbrio muscular, aumento da percepção muscular correta, preparação da musculatura para o peso do feto e a diminuição da ansiedade e da depressão se tornam companheiros da gestante (BATISTA, 2007).

Gráfico 3. Atividade realizada anterior a hidroginástica. Fonte: As autoras (2010)

    Quando questionadas sobre a prática de atividade física anterior a gestação, a maioria das grávidas já era praticante de algum tipo de atividade física, tanto no meio aquático, como natação, quanto nas atividades físicas convencionais, entre elas podem ser ressaltadas as de academia (43% - musculação e ginástica); e apenas 14% não realizavam nenhuma atividade, conforme os dados do Gráfico 3.

Gráfico 4. Benefícios mais citados. Fonte: As autoras (2010)

    Apesar disso, nenhuma gestante relatou problemas de saúde, e quando questionadas se haviam percebido algum benefício/malefício que a hidroginástica lhe trouxera, 86% responderam que sim, perceberam benefícios e apenas 14% afirmaram não ter notado nenhuma diferença. Os benefícios mais citados foram: melhora no condicionamento físico, mais resistência cardiovascular, ânimo e agilidade. Afirmaram também gostar de praticar hidroginástica, pois havia possibilidade de continuar se exercitando em um meio que é muito agradável. Conforme relata uma gestante “[...] adoro poder continuar a me exercitar e adoro a água [...]” (Gráfico 4).

    A partir da idéia de identificar os benefícios mais citados pelas gestantes, outro estudo realizado com mulheres grávidas e praticantes de hidroginástica, teve como principais benefícios citados: a recuperação mais rápida 30%, tônus muscular 20%, benefícios psicológicos 20%, diminuição da pressão abdominal 10%, relaxamento muscular 10% e abertura da bacia 10% (MELEM, 1997). Estes dados vão ao encontro do presente estudo, que também verificou melhoras no ponto condicionamento físicas relacionadas ao relaxamento muscular, e aos benefícios psicológicos que se relacionam ao ânimo.

    A autoestima e a melhora na disposição para realizar outras atividades também foram fatores citados em outros estudos. Para Krasevec e Grimes (2002), os efeitos das atividades realizadas no meio líquido relacionadas aos aspectos psicológicos são: tendência à elevação da autoestima, alívio dos níveis de estresse, maior disposição para enfrentar as atividades cotidianas, entre outros. A atividade física no meio aquático é recomendada pela maioria dos obstetras e outros especialistas, pois, tanto a natação quanto a hidroginástica trazem, comprovadamente, inúmeros benefícios a gestante, tais como o favorecimento da boa evolução da gravidez, ativação da circulação sanguínea e melhoria da oxigenação. Assim, ficou evidente a relação existente entre a melhora do humor e da disposição diária com a realização de atividade física regular.

    As alterações sofridas pelas mulheres durante todo o período gestacional ocorrem de diversas formas e podem ser evidenciadas pela mudança na composição corporal, assim como aumento de peso, e dificuldades para a realização de movimentos simples como abaixar-se, por exemplo. A maioria das gestantes do presente estudo relatou, anteriormente, perceber os benefícios que a hidroginástica lhes trouxera. Dessa maneira, buscou-se em um estudo realizado por D’Aquino (2006), identificar alterações semelhantes ocorrentes com as gestantes durante o período gestacional. O aumento de peso é atenuado devido a pratica de uma atividade física regular, assim como as dores lombares e diminuição dos edemas e dores nas articulações, devido à pressão hidrostática e ao peso hidrostático da água. Também identificou-se uma melhora na autoestima, devido o controle de peso corporal e mais disposição para realização das atividades diárias.

    Como já se sabe, a mulher passa por diversas alterações hormonais, respiratórias, cardiovasculares e musculoesqueléticas quando está grávida. Essas mudanças acarretam, além de alterações comportamentais, como desânimo, euforia, depressão, ansiedade, entre outros, também mudanças físicas, como hiperlordose lombar, cansaço para a manutenção da postura ereta e, o mais citado, aumento do peso corporal. Assim, a relação existente entre a prática regular de exercícios físicos durante a gestação atenua esses transtornos, e torna esse período mais tranquilo e feliz, tanto para a mãe quanto para o feto.

    No que diz respeito à relação existente entre a prática regular de exercícios físicos e as alterações que ocorrem com o feto, não foram encontrados dados pertinentes a este tema, visto que este não foi um dos objetivos do presente estudo. Porém, devido à relevância desse fato, buscaram-se subterfúgios em outros estudos para uma melhor compreensão dos aspectos relacionados ao bebê.

    Assim, um ponto muito importante a ser observado nos estudos relacionados à atividade física para gestantes é a relação entra a intensidade e o volume dos exercícios. Em um estudo de revisão realizado em 2008, um dos aspectos citados foi o efeito da atividade física nos desfechos gestacionais. Hatch et al. (1993) detectaram redução de 351g nos recém-nascidos das mulheres que trabalhavam mais de 40 horas semanais com alto escore de esforço, ou seja, ficar em pé, andando e carregando objetos. Aguir (2001), em um estudo caso controle concluíram que quanto maior for a sobrecarga física, maior o risco de prematuridade. Ainda relacionando a atividade durante a gestação. Takito et al. (2009 apud Magann et al., 1996), identificaram menor peso ao nascer e aumento no risco de prematuridade associados com o gasto energético diário inferior a 2500kcal.

    Estudos que analisavam a prática regular de exercícios encontraram associação positiva com o crescimento fetal. Hatch et al detectaram aumento do peso ao nascer em bebês de mulheres que se exercitavam em intensidades baixas, com acréscimo de peso ao nascer de 97g no segundo e terceiro trimestre, respectivamente. Com relação à regularidade, a intensidade, o volume e duração, Campebel e Motolla (2001) detectaram aumento de risco de baixo peso ao nascer quando 401 mulheres, sem restrição à prática de exercícios, realizavam exercícios menos de três vezes por semana e também quando realizavam cinco vezes ou mais.

    A partir disso, é plausível supor que a realização de atividade física adequada ao condicionamento físico da gestante seja benéfica ao crescimento fetal, sendo os extremos, a inatividade ou sedentarismo e a duração prolongada em intensidades vigorosas, sejam potencialmente prejudiciais ao suprimento das necessidades para o aumento fetal adequado. Assim, podemos identificar como adequada a frequência com que era praticada a hidroginástica pelas grávidas do presente estudo, uma vez que elas não apresentaram nenhum fator de risco durante a gestação, assim como foi constatada nos períodos após as aulas.

    Para compreendermos melhor como era a aula, perguntamos às gestantes se estas conseguiam realizar todas as atividades propostas e se eram a favor da dinâmica de aula do professor. Todas responderam SIM para ambas as perguntas, o que nos possibilita observar que a aula é produtiva para todas. E isso fica mais evidente quando, ao serem questionadas sobre a motivação e o incentivo que o professor transmitia durante as aulas, todas responderam que foi de fundamental importância o incentivo do professor durante a realização das atividades, para que se sentissem motivadas a retornarem na próxima aula.

    O fator motivacional é sempre muito importante dentro dos objetivos de uma aula, principalmente quando se trata de um público que está passando por tantas alterações comportamentais e psico-fisiológicas, como é o caso das gestantes. O professor que ministra as aulas de hidrogestante deve dar uma atenção especial para a forma como ela é planejada, tanto na elaboração de exercícios, para que esses não se tornem monótonos e repetitivos, quanto na motivação extrínseca para as suas alunas. É muito interessante que o lúdico seja trabalhado durante as aulas, pois esse fator, além de permitir a livre expressão, possibilita a aprimoração de habilidades motoras aquáticas básicas, o que se torna fundamental, principalmente, para as gestantes que iniciarão um programa no meio liquido durante a gestação.

    Todas as grávidas afirmam ter um ótimo relacionamento umas com as outras e também com o professor. Relataram se sentirem acolhidas na turma, o que possibilitou a troca de informações sobre a gestação, dúvidas mais frequentes, experiências e novidades. Perguntamos a elas se acreditavam que a prática de exercícios físicos influenciava no período gestacional e de que maneira. Todas responderam que SIM, destacando que 60% relatou se sentir muito mais disposta para realizar as tarefas cotidianas, auxiliou na liberação do estresse, na diminuição da ansiedade, e ajudou a não engordar; e 20% delas abordou o bem estar geral.

    Todas as gestantes afirmaram que indicariam ou já indicaram a hidroginástica para outras pessoas, gestantes ou não. Contudo, apenas 20% delas afirmou que iria continuar a prática da hidroginástica após o parto, enquanto 60% respondeu que não continuaria e 20% não respondeu.

    Isso nos permite observar que, embora a hidroginástica seja uma prática que proporciona diversos benefícios para quem a pratica, é difundida/vista como uma atividade transitória, tendo como público alvo as populações especiais: gestantes, idosos, indivíduos em reabilitação, entre outros. Este aspecto precisa ser revisto dentro das atividades físicas, uma vez que uma aula de hidroginástica pode ser elaborada para atender os mais variados públicos, desde pessoas que necessitem de atenção especial, como é o caso das gestantes, dos hipertensos, dos obesos e dos idosos, como para indivíduos sem restrições para a prática de exercícios.

    Com relação aos dados obtidos com a entrevista realizada com o professor, foi possível fazer uma análise do andamento e da dinâmica da aula através da sua perspectiva. O acompanhamento de um profissional de Educação Física durante qualquer tipo de atividade física assegura uma prática saudável e segura dos exercícios. No presente, estudo foi realizada uma entrevista com o professor responsável pelas aulas de hidroginástica, com o objetivo de identificar, a partir da sua percepção, as alterações comportamentais das gestantes.

    Ao ser questionado sobre a metodologia que utilizava, afirmou elaborar aulas com exercícios que auxiliassem o trabalho de parto, que atenuassem as dores lombares e musculares advindas do sobrepeso comum a essa fase, que facilitassem a respiração, além de oferecer uma melhora no condicionamento cardiovascular.

    Também afirmou perceber quando as gestantes estavam com alguma dificuldade para realizar os exercícios propostos. Nestes casos buscou sanar essas limitações através de exercícios adaptados, pois com o avanço do período gestacional e o aumento da região abdominal, os movimentos acabam tornado-se mais restritos. Para tanto é muito importante que o responsável pela turma observe, identifique e solucione as dificuldades, tornando agradável e eficiente toda e qualquer prática de exercícios físicos.

    No que diz respeito ao aspecto de relacionamento e entrosamento da turma, o professor relatou que as gestantes compartilhavam umas com as outras e com ele as vivências e alterações da gestação. Afirmou também, que devido à aula de hidrogestante ser mais leve que uma aula de hidroginástica tradicional, as alunas conseguiam conversar durante a execução de alguns exercícios, o que possibilitou um feedback das aulas e de como elas estavam se sentindo durante o período extra-classe, como por exemplo, em casa ou no trabalho.

    Com relação à desistência das alunas, o professor respondeu que não havia casos muito freqüentes, e que isso só acontecia quando as gestantes não conseguiam organizar seus horários ou quando entravam em trabalho de parto. A partir disso, buscou-se identificar em um estudo realizado por Moura et al. (2008), os possíveis motivos sobre a aderência de gestantes a um programa de hidroginástica. Concluiu-se que a maioria das gestantes esperou completar o primeiro trimestre gestacional para ingressar no programa de hidroginástica, a grande parte se exercitou durante o segundo trimestre e algumas ultrapassaram as 37 semanas de gestação praticando hidroginástica. Inúmeros são os motivos que as mulheres grávidas têm para procurar o exercício físico durante a gestação: manutenção da aptidão física e da saúde, diminuição dos sintomas gestacionais e da tensão no parto, controle do peso corporal e melhor recuperação no pós-parto (MOURA et al. 2003 apud BATISTA et al., 2008).

    Ao passo que existem motivos para a aderência, inúmeros são os fatores determinantes para a interrupção da prática de atividade física. Sinais de alerta como sangramento vaginal, dor abdominal ou peitoral, perda de líquido pela vagina, tonturas, náuseas e vômitos, dor forte na região púbica ou nos quadris, contrações uterinas, palpitações no coração e sensação de falta de ar são possíveis razões que justificam a interrupção ou saída do programa. (SORENSEN, et al.2001). Contudo, no presente estudo não foi identificada a desistência ou interrupção da prática de exercícios pela gestante, de acordo com a fala do professor.

    A hidroginástica é capaz de proporcionar diversos benefícios para a gestante, dentre eles a melhora da autoestima, conforme já mencionado por elas anteriormente, foi muito importante para a plena continuidade do programa de exercícios físicos. Ao questionar o professor de hidroginástica sobre a existência da relação da prática regular de atividade física com o aumento da autoestima em mulheres grávidas, ele afirmou que esta relação é real, pois além de todos os benefícios já citados, a atividade física auxilia na manutenção do peso corporal durante a gestação e no pós-parto. O aumento de peso é um dos fatores mais citados nos estudos que relacionam os benefícios da atividade física regular durante a gestação, como a fala do professor: “[...] É muito importante compreendermos essa relação, pois a mulher prioriza muito o bem-estar geral, e estar satisfeita com a sua aparência física é um dos principais indicadores disso. As mulheres são muito cuidadosas com a aparência física e não querem aumentar em demasia o peso durante a gestação, por isso um programa de exercícios elaborados para essa população é tão importante [...]”.

    Dessa forma, as áreas de estudo ligadas as gestantes devem ter bem claro os benefícios da atividade física durante o período gestacional e os objetivos que as praticantes almejam.

Considerações finais

    Realizar exercícios físicos durante a gestação proporciona bem estar físico geral, psico-motor e afetivo-social a gestante e ao feto, tornando essa fase inesquecível para ambos. Este estudo nos permitiu fazer uma análise mais aprofundada dos benefícios psicofísicos sentidos pelas grávidas praticantes de hidrogestante e das alterações comportamentais sofridas pela gestante, através da perspectiva do professor.

    A hidroginástica foi identificada como uma das melhores atividades para as gestantes, sejam elas já praticantes de algum tipo de atividade física ou não. Essa modalidade, do ponto de vista das praticantes e do professor, abrange todas as qualidades de outras modalidades e ainda está livre de impacto, o que para as grávidas é de fundamental importância.

    Este estudo tem relevância por ser constituído de uma revisão de literatura que visa buscar os efeitos da atividade física a partir de artigos científicos e pesquisas longitudinais e transversais, e por constar um estudo de campo que conseguiu identificar todos os aspectos importantes para a elaboração do mesmo.

    Dessa maneira, ficou evidente que o exercício, quando controlado, moderado e regular, tende a trazer benefícios a seus praticantes, não só pelo ponto de vista estético, mas também por proporciona a manutenção da saúde mental. Assim, devemos ter bem claro os objetivos das gestantes praticantes de algum tipo de atividade física para que possamos orientá-las corretamente.

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