A realidade prática da iniciação esportiva: uma proposta de extensão universitária La realidad práctica de la iniciación deportiva: una propuesta de extensión universitaria |
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*Professores orientadores UNIVALI - Campus Biguaçu
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José Carlos Gomes Jr | Nelso Oliveira Ray Israel | Gisely Orsi José Ricardo Paz* Veruska Pires* |
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Resumo O presente relato destaca a análise de uma experiência unversitária evidenciando pontos que nortearam as ações desenvolvidas durante a proposta bem como enfatizam o norte da extensão academica na formação do profissional dos cursos de graduação. A Proposta aplicada intitula-se UNIVALI em Movimento e teve como objetivo como objetivo principal oferecer a prática de modalidades esportivas variadas na comunidade escolar, bem como, oportunizar aos acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVALI, um aprendizado calcado na realidade do sistema de ensino atual, onde espaço físico e materiais disponibilizados para a prática da Educação Física muitas vezes não condizem com os parâmetros ideais de trabalho. Unitermos: Iniciação esportiva. Extensão universitária. Formação docente.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Com base nas experiências de aplicação nos anos de 2007 e 2008 do projeto de extensão intitulado Esporte na Escola do curso de Educação Física – UNIVALI/campus Itajaí, em 2009 a UNIVALI/Biguaçu passa a ofertar para este município o Projeto de extensão UNIVALI em MOVIMENTO. O projeto teve como objetivo principal oferecer a prática de modalidades esportivas variadas na comunidade escolar, bem como, oportunizar aos acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVALI, um aprendizado calcado na realidade do sistema de ensino atual, onde espaço físico e materiais disponibilizados para a prática da Educação Física muitas vezes não condizem com os parâmetros ideais de trabalho.
Neste sentido, o presente relato destaca a análise de tal experiência unversitária evidenciando pontos que nortearam as ações desenvolvidas durante a proposta bem como enfatizam o norte da extensão academica na formação do profissional dos cursos de graduação.
A extensão universitária, atualmente, é discutida no contexto universitário pelo espaço que ela vem ocupando no processo de qualificação dos acadêmicos, e na relação cada vez mais forte entre universidade e comunidade. Ao comtemplar espaços de vivências do que real na futura profissão escolhida por cada aluno, permite também que a sociedade vislumbre e entenda este “mundo” do ensino superior almejado por tantos e conquistado por pucos.
È notória a importancia da extensão na constituição do tripé que compõe o papel universitário – Ensino, pesquisa e extensão. No entanto, a aplicabiblidade e o fomento da pesquisa e do ensino muitas vezes são mais perceptíveis do que os dos projetos de extensão. O desafio das ações extensionistas está na necessidade de refletir, na prática, o que a pesquisa e o ensino apresentam como teórias refletidas nos livros, textos, seminários, entre outros.
Já em 1999, Maria Luiza Pires levantava a discussão sobre a extensão na universidade afirmando que “Nunca é demais salientar que ensino, pesquisa e extensão, embora atividades distintas, são complementares na elaboração do conhecimento” (p. 45). Para a autora o processo se dá como elos que desenvolvem distintamente seu papel, mas que são inseparáveis na busca por uma melhor qualidade na educação. Ela ainda complementa:
Esse tripé, que constitui o fio condutor do projeto idealizado de universidade, tende, internamente, a oxigenar as discussões em sala de aula, trazendo sempre elementos novos para o debate acadêmico e, externamente, a contribuir como uma via de solução no enfrentamento das dificuldades diárias, apresentando-se como suporte das mudanças na sociedade. (PIRES, 1999, p.45)
Tais afirmações instigaram a reflexão, aqui apresentada, sobre uma proposta extensionista desenvolvida pelo Curso de Educação Física da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI – SC, o projeto intitulado UNIVALI em Movimento.
Destacando a aplicação do projeto elencamos dois eixos que justificaram pedagogicamente sua execução. Eixo 1: oferecimento de práticas corporais diferenciadas para a comunidade – As práticas corporais que envolvem as modalidades esportivas Futsal, Handebol, Basquetebol, Voleibol e as ginásticas fundamentaram a proposta buscando o entendimento das modalidades através da valorização da individualidade e a capacidade de cada participante, que perpassa suas técnicas e táticas. Sendo que, a construção de um espaço que possibilite as relações interpessoais, uma aceitação natural de respeito às regras, e autoconhecimento, torna-se fundamental nesta concepção de igualdade.
O envolvimento no projeto de extensão da recreação e da dança em uma ação educativa tornou-se importante na medida em que atendeu às demandas da comunidade. Dessa forma a inserção da recreação e danças contribuiu para a consolidação do processo de produção e dinamização do conhecimento na área da Educação Física, especificamente relacionado a manifestações culturais que vem adquirindo expressiva visibilidade e despertando curiosidade de Educadores, lideres comunitários, pesquisadores e interessados de todo o estado e de outras regiões do País abrindo possibilidades para novas formas de fomentar cultura numa perspectiva de formação para a cidadania.
Eixo 2: Possibilidade de efetivação dos princípios teóricos filosóficos propostos pelo curso de Educação Física – Licenciatura campus Biguaçu em uma prática real e viável (laboratórico de práticas pedagógicas). A intenção se concretiza na instrumentalização aos acadêmicos para uma prática pedagógica responsável, crítica e criativa, onde a mediação é traduzida por uma nova visão de educação resgatando a importância do aluno no processo e o sentido do saber ser e fazer. A proposta deste projeto de extensão vem dar continuidade as discussões que já estão sendo estabelecidas no curso de Licenciatura em Educação Física/Biguaçu da UNIVALI, com o intuito de se entender a área não apenas por suas características motoras, mas vislumbrando em sua prática o entendimento de uma formação sustentada nos aspectos biopsicomotor dos alunos.
A proposta extensionista aplicada
O Projeto de extensão UNIVALI em Movimento foi desenvolvido inicialmente em uma escola da rede pública de Biguaçu -SC, que disponibilizou o local e material para a realização (o espaço físico e material, que a escola possuia). Esta foi definida a partir de critérios como: necessidade de um programa esportivo, trabalho em conjunto com os professores da disciplina na busca de reflexões sobre a área na escola, disponibilidade de horário para a utilização dos espaços disponíveis e aceitação da execução do programa. Neste local um acad~emico desenvolveu a prática do voleibol e basquetebol Ao finalizar as atividades em dezembro de 2009, 50 alunos da escola estavam participando das atividades. A aulas eram ministradas uma vez por semana com turmas compostas por alunos e alunas na faixa etária dos 7 aos 14 anos de idade.
No campus da universidade foi ofertado uma vez por semana a modadlidade de Futebol Sete, também para meninos e meninas da faixa etária dos 7 aos 14 anos de idade. Neste mesmo local atendiamos 30 meninas com a modalidade de dança e ginástica e devido a procura a partir do mês de maio de 2009 iniciamos um trabalho com um grupo de 25 mulheres com mais de 55 anos.
Em agosto, o projeto integrou-se ao “espaço Encanto dos Jogos” uma proposta da Biblioteca universitária que disponibilizava um espaço para jogos de todo mundo e desafios dentro da biblioteca da instituição. Esses jogos e desafios eram adquiridos através de reciclagem de papel, todo o papel da instituição era arrecadado para que o dinheiro fosse revertido na compra de jogos, “O papel velho vira jogo novo”.
Após conversas e discussões sobre a importância dos jogos no desenvolvimento de habilidades cognitivas, e a importância de se trabalhar com jogos de forma lúdica com qualquer idade, surgiu à idéia do projeto encanto dos jogos tornar-se itinerante, assim atingimos não só pessoas com acesso a UNIVALI, mas sim pessoas de todas as idades, locais e classes sociais.
O grupo de trabalho que era constituído por dois professores e quatro bolsistas do curso. Em síntese as ações se desenvolviam a partir de um planejamento semanal das artividades, a aplicação das ações porpostas e reuniões de análise e avaliação de todo o processo. Era neste momento que o grupo levantava as necessidades e passou a constituir moentos de estudos com intuito de fundamentar teoricamente a aplicação do projeto.
Na prática a realidade pode ser outra...
A aplicação da proposta levantou questões que mereceram uma reflexão mais profunda do grupo de trabalho, algumas situações provocaram questionamentos que promoveram um novo olhar sobre a proposta e até mesmo sobre conceitos já estabelecidos. Assim, na análise final do programa referente à prática pedagógica foi possível destacar três aspectos: uma constante necessidade de adaptação da prática esportiva; o interesse dos alunos e da escola pelo projeto; e a relação da aplicabilidade do projeto com as discussões teóricas das disciplinas do curso.
Já nas primeiras etapas verificou-se a necessidade da incorporação pelos bolsistas de uma mudança de atitude, isto é tinha-se como proposta aplicar os esportes coletivos, a dança e a ginástica, sabendo que nem na escola e nem nos espaços do campus existia as condições idéias para tais práticas. Assim, ficou evidente que o olhar sobre a prática esportiva não estava condicionado somente à técnica, mas sim a objetivos mais globalizados.
A prática dos esportes na escola necessita de mudanças influenciadas por perspectivas que permeiam o sistema educacional como um todo, buscando identificar a cada momento seu objeto de estudo e seu objetivo principal na formação e educação do aluno. Segundo Coletivo de Autores (1992), os aspectos que permeiam a escolha dos conteúdos a serem trabalhos devem ser analisados a partir da finalidade, objetivos e benefícios que estes possam oferecer. Levar em consideração a realidade da escola como: espaço físico e materiais disponíveis são importantes no instante em que se estabelecem algumas necessidades adaptativas para uma realidade geralmente deficitária.
Ao analisar a categoria prática pedagógica evidenciou-se o aluno como foco do processo. Hildebrandt e Laging (1986) alertam para uma prática voltada aos interesses e expectativas do aluno, sendo estes aspectos fundamentais para um alcance satisfatório dos objetivos da Educação Física. O receptor de todos os esforços pedagógicos no ensino da Educação Física (e não só nesta matéria) é o aluno. “Ele deverá ser capacitado a dominar situações de vida atuais e futuras através da aquisição de formas de comportamento e capacidades que possibilitem a crítica, a reflexão, a auto e co-determinação e poder-fazer” (p. 19).
Desta forma, buscou-se conhecer o que os alunos participantes do projeto objetivavam para esta prática, para a grande maioria “aprender a jogar e poder competir” determinava a participação no projeto. Neste momento surgiu a primeira necessidade de mudança, que talvez não estivesse ligada aos bolsistas, mas sim ao público alvo envolvido. A idéia norteadora das intervenções era estabelecer a importância da prática de atividade física, ou a participação de jovens em espaços que possibilitem a simples participação pelo prazer gerado e não pelo resultado conquistado, resgatando-se conceitos que justifiquem as ações impulsionadas pela igualdade, pela massificação, pela oportunidade para todos.
Vargas (1995) resgatou a discussão promovida em 1988, na Segunda Conferencia Internacional de Ministros e Altos Funcionários Encarregados da Educação Física, em Moscou, promovida pela UNESCO, que entre outras recomendações foi estabelecida “a importância do fomento da Educação Física e do esporte nos colégios e universidades, e da promoção do esporte popular a todos os grupos humanos” (p.25).
Percebe-se também esta problemática, em outros campos de atuação esportiva, como em escolinhas que objetivam o ensinamento de modalidades esportivas específicas, geralmente oferecidas por clubes ou escolas como atividades extra curriculares. Santana (1996), ao destacar o papel das escolinhas de futsal, questiona o que estes espaços de práticas esportivas, devem proporcionar as crianças. Segundo o autor, há muito mais á oferecer a estes jovens praticantes do que a técnica dos fundamentos e as jogadas ensaiadas.
Neste sentido, percebeu-se a necessidade de um trabalho voltado para a participação efetiva de todos os alunos, já que o jogo pode ser um aliado fundamental no desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança.
A prática de atividades físicas por parte da comunidade representa um conjunto de elementos que contribui para o bem estar físico, mental e consequentemente elevação da qualidade de vida da população. Reconhecer que todas as questões de bem estar não ficam restritas ao atendimento de necessidades básicas da comunidade, permite um olhar para as questões de lazer e de cultura, entre outros, sendo que este pressupõe o direito da conquista de tais espaços, como por exemplo, as possibilidades de práticas esportivas formais e não formais.
Ao tentar estabelecer a importância da prática de atividade física, ou a participação de jovens em espaços que possibilitem a simples participação pelo prazer gerado e não pelo resultado conquistado, resgatam-se conceitos que justifiquem as ações impulsionadas pela igualdade, pela massificação, pela oportunidade para todos. Surgiu então a necessidade de uma preparação especial de todos os atores do processo, acadêmicos e alunos. O entendimento concreto deste processo traduz a realidade do esporte no contexto escolar formal e não formal, a participação efetiva de todos, valorização das capacidades individuais dos alunos e a prática igualitária de vivências motoras que ampliem a cultura corporal dos educandos.
Contudo, ainda se vê como uma realidade em propostas esportivas (aqui se reforça as ginásticas) a exclusão de muitos e a valorização de poucos. Caracterizando uma falsa democracia esportiva, isto é, acreditando-se que fomentar a massificação do esporte, é oportunizar a todos os benefícios embutidos em suas práticas. A idéia norteadora foi refletir sobre as práticas já existentes buscando subsídios que justifiquem as diretrizes teóricas almejadas para a Educação Física e os esportes de oposição. A análise de pontos comuns a todas as modalidades esportivas coletivas levou ao entendimento de que o aluno acima de tudo deverá analisar a lógica desta prática, resgatar os gestos motores básicos para uma possível aplicabilidade e o seu papel neste contexto. Ao nos debruçarmos sobre esta forma de aplicabilidade dos conteúdos, também estávamos alertando para a necessidade de mais estudos na área da Educação Física que contribuam e esclareçam aos professores diferentes possibilidades didática-pedagógica da sua prática do cotidiano escolar.
Nesta perspectiva o projeto voltou-se para a prática social do esporte, objetivando a formação dos indivíduos, o ensinamento dos fundamentos destes esportes, será utilizado como instrumento na conquista dos objetivos propostos. Assim, o aprendizado foi o elo na relação esporte/formação do indivíduo/qualidade de vida.
Buscou-se práticas que a cultura corporal do movimento apresentava-se como objeto de estudo de uma perspectiva de ensino crítica emancipatória. Neste sentido, os saberes se constituíram numa proposta fundamentada no “saber”, no “saber fazer”, e no “saber ser”, isto é o processo de ensino aprendizagem permitiu a ruptura de uma prática habitual da aprendizagem centrada na memorização de conceitos e sistemas conceituais, promovendo a quebra de “tradição pedagógica” que coloca no aluno a responsabilidade da assimilação dos conteúdos. A contribuição dos esportes coletivos se concretiza na prática de modalidades que estão enraizadas na cultura do movimento, mas que, no entanto serão encaradas sob um novo prisma que se constitui numa evidencia ao gesto motor e a lógica cognitiva da prática destas modalidades.
A abordagem esportivista deu lugar a uma visão de iniciação esportiva universal (Greco, 2000), que se inicia na formação do repertório motor, no uso da inteligência na escolha das habilidades motoras e nos aspectos socioeducacionais. Assim, foi oportunizado aos acadêmicos, um aprendizado calcado na realidade do sistema de ensino atual, onde espaço físico e materiais disponibilizados para a prática da Educação Física muitas vezes não condizem com os parâmetros ideais de trabalho.
As práticas corporais da escola necessitam de mudanças influenciadas por perspectivas que permeiam o sistema educacional como um todo, buscando identificar a cada momento seu objeto de estudo e seu objetivo principal na formação e educação do aluno. Masseto (2005) acredita que a aprendizagem universitária deve promover ao aluno a aquisição e domínio de um conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas científicas de forma crítica e autônoma, adotando posturas e procedimentos que complementem sua formação. Para Farias, Shigunov & Nascimento (2001) a formação inicial é o período: “...em que os futuros docentes irão adquirir os conhecimentos indispensáveis para a sua atuação. É a partir da formação inicial que serão desenvolvidas as atitudes, ações, o projeto político-pedagógico do professor”. (p.26).
Ao focar a preparação do professor de Educação Física que venha ao encontro desta nova realidade proposta para o processo de aprendizagem, se faz necessário refletir sobre como os cursos de graduação em licenciatura estão se estruturando para atender estas questões. Os professores devem trabalhar com os acadêmicos além dos conhecimentos científicos, os pedagógicos “...e as competências necessárias para enfrentar adequadamente a carreira docente.” (CARREIRO DA COSTA, 1994, p.27)
Nas reuniões de avaliação do projeto algumas hipóteses foram levantadas para entender melhor algumas desistências do projeto por parte dos alunos como, a proximidade das férias escolares, a chegada do inverno provocando doenças típicas desta estação, o grande número de atividades além do projeto oferecidas no bairro.
Percebemos que alguns alunos tinham extraclasse muitas atividades, e não conseguiam efetivamente acompanhar todas. Verificamos que a falta de comprometimento com as aulas aplicadas na escola por parte dos alunos, estava relacionado ao apoio da escola para com o projeto, as atividades desenvolvidas dentro do campus universitário a participação dos alunos foi efetiva.
Esta contextualização nos levou a acreditar que os esclarecimentos de cada ponto determinante na metodologia de trabalho do professor devem ser baseados em experiências práticas dos professores (o aprendizado do dia-a-dia) e estudos científicos (referências bibliográficas que sustentam o aperfeiçoamento e a atualização teórica), pois é com a união da construção profissional e a fundamentação teórica que será possível caracterizar os aspectos relevantes deste processo.
Ao refletir sobre os espaços físicos para as aulas destacamos que em nenhum dos espaços encontramos a estrutura ideal. Para a prática da Ginástica o ginásio tinha o chão de cimento e utilizávamos um tapete e um colchão de “solteiro” como auxilio para as acrobacias, os materiais móveis estavam sucateados. A Estratégia foi trabalhar junto com os alunos na construção do próprio material.
Para Gaio (1996), a criação de novos aparelhos deve ser realizada pelas crianças, mas com o incentivo e a orientação do professor. Sendo explorados pelas várias possibilidades manipulativas, combinados com elementos corporais, tendo como uma próxima etapa a elaboração de composições e a utilização do acompanhamento musical. Considera-se também, a relação sobre materiais alternativos elaborada por Tibeau (1994), onde ela considera este tipo de aparelho como estimulante das funções sensoriais e cognitivas, que auxiliam na desinibição e no conhecimento do esquema corporal, ampliando as possibilidades de associações, desenvolvem a percepção espaço temporal e a coordenação óculo-manual, e ainda são motivantes, possibilitam a dupla empunhadura assegurando a independência e fluidez da mão não dominante, além de serem adquiridos por um baixo custo e podem ser confeccionados por alunos.
Respeitando a proposta inicial do projeto os bolsistas ministraram as aulas com as condições que a escola oferecia, muitas vezes precárias para uma prática satisfatória. Entretanto, ficou evidente que com o interesse dos estagiários em encontrar alternativas para as situações que se apresentavam a própria escola se empenhava na busca dos materiais necessários inclusive comprando-os. Em algumas escolas os bolsistas também arrumaram tabelas, redes, traves, pinturas de quadra, entre outros.
Com um maior tempo de execução das atividades propostas foram se delimitando temáticas que se apresentaram necessárias para serem discutidas e que fundamentavam as estratégias desenvolvidas. Entendemos que o projeto se configurou como um laboratório que relaciona os conteúdos tratados nas disciplinas do curso com a realidade da prática pedagógica. Para Farias, Shigunov & Nascimento (2001) a formação inicial é o período: “... em que os futuros docentes irão adquirir os conhecimentos indispensáveis para a sua atuação. É a partir da formação inicial que serão desenvolvidas as atitudes, ações, o projeto político-pedagógico do professor”. (p. 26)
O aporte teórico construído no processo de desenvolvimento do estágio se deteve as práticas pedagógicas necessárias para a aplicação das aulas de cada modalidade esportiva em questão, isto é as leituras e estudos realizados objetivaram o preparo do bolsista para ministrar as aulas e do aprofundamento e aperfeiçoamento dos conteúdos específicos de cada modalidade. Não conseguimos estabelecer momentos de estudos para as questões que envolviam o projeto como, por exemplo, a relação da escola com a equipe executora, a participação e interesse dos alunos, entre outros.
Uma perspectiva para o futuro...
O projeto aqui apresentado buscava prioritariamente oferecer a prática de modalidades esportivas variadas na comunidade escola, bem como, oportunizar aos acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVALI, um aprendizado calcado na realidade do sistema de ensino atual, onde espaço físico e materiais disponibilizados para a prática da Educação Física muitas vezes não condizem com os parâmetros ideais de trabalho. Pensando sobre estes objetivos entendemos que a proposta aplicada surtiu resultados. Não negamos uma certa angústia sobre a dificuldade de aproximar a realidade prática encontrada com as teórias discustidas. Mas nos surpreendemos com o preparo e consiência acadêmica dos bolsistas ao verificar que a mudança do que é real só depende do olhar que se estabele.
Oferecemos aos meninos e meninas a oportunidade de participar de uma atividade física saudável estimulando o gosto pelos esportes, através de uma prática voltada para a valorização do indivíduo e de sua participação. Estes vivenciaram novas experiências para a transferência de habilidades e conseguiram através das possibilidades práticas do futsal, voleibol, basquetebol, handebol, dança, recreação e das ginásticas, ampliar o acervo motor, priorizando nas atividades os aspectos psicomotores (equilíbrio, coordenação, agilidade, entre outros).
Através da prática esportiva incentivada pelo projeto UNIVALI em Movimento percebemos maior vínculo entre universidade e a comunidade, fazendo inclusive com que outras escolas interessassem na participação do projeto. Outro fator relevante foi o estímulo para a prática permitindo uma ocupação com maior qualidade do tempo livre dos participantes, comparados com aquelas escolas onde as crianças estavam envolvidas em outras atividades. Neste sentido, os envolvidos demosntraram satisfação por esta relação com a universidade desde a infância.
Os aspectos relevantes identificados durante o andamento do projeto e os resultados encontrados foram socializados com as disciplinas do curso para serem utilizados como questões problemas de seus conteúdos. A proximidade com realidade escolar permitiu um novo olhar sobre a própria teória estudada instigando outros questionamentos e a necessidade de mais aprofundamento teórico.
Assim, para futuras versões do projeto a idéia é ampliar o leque das modalidades oferecidas, estimular os acadêmicos para a participação voluntária mostarndo a importância dos projetos de extensão para a formação profissional, envolver um número maior de escolas, e estreitar as reflexões da prática com a teoria buscando uma maior qualidade ao processo de ensino e aprendizagem do curso de Educação Física da UNIVALI.
Bibliografia
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CARREIRO DA COSTA, F.A.A. Formação de professores: Objetivos, conteúdos e estratégias. In Revista da Educação Física. UEM, v. 5 n 1, 1994.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
GAIO; Roberta. Ginástica Rítmica Desportiva “Popular” uma proposta educacional. São Paulo: Robe, 1996.
HILDEBRANDT, R. & L. R. Concepções Abertas no Ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1986.
MASSETO; M. Docência universitária: repensando a aula. In Ensinar e aprender no ensino superior: por uma epistemologia da curiosidade na formação universitária. São Paulo: Editora Mackenzie, 2 ed., 2005.
PIRES; Maria Luiza. Universidade E Sociedade: Novos Tempos, Novos Compromissos. In Revista Symposium. Ano 3, nº 38 a 47, 1999.
SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: metodologia da participação. Londrina: LIDO, 1996.
SHIGUNOV, V., SHIGUNOV. N. A. (Org). A formação profissional e a prática pedagógica. Londrina, PR: O autor. 2001.
TIBEAU; Cinthia. Aparelhos Alternativos. Polígrafo utilizado no Curso de Pós - Graduação Em Métodos e técnicas da Ginástica de Competição. 1994.
UNIVALI. Documento de Reconhecimento do curso de Educação Física. 2007.
VARGAS, Angelo. Desporto, Fenômeno social. Rio de janeiro: Ed. Sprint, 1995.
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