A influência da postura corporal em relação ao desempenho motor de adolescentes praticantes de futsal La influencia de la postura corporal en el rendimiento motor de adolescentes practicantes de futsal |
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*Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Feevale **Acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Universidade Feevale (Brasil) |
Jeferson Luciano Barossi* Juliana Benin da Silva** | Carolina Berté Chesini** Natiela Lerner** | Natiele Ponath Michaelsen** Gabriela Marília Rauber** | Daniela Menezes Tronquini** |
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Resumo Diagnosticar os níveis de desempenho motor, principalmente em crianças e adolescentes, além de proporcionar importantes informações para o desenvolvimento das capacidades motoras envolvidas em diversas modalidades esportivas, pode favorecer a prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional resultando em melhores condições de saúde e de qualidade de vida para a população. Entre as variáveis de desempenho motor, a potência muscular e a agilidade são freqüentemente citadas como características fundamentais em modalidades esportivas que exigem grandes acelerações e mudanças rápidas na direção do movimento. A resistência muscular, a força/potência de membros inferiores, a agilidade e a flexibilidade são capacidades físicas consideradas essenciais para a prática do futsal. O propósito do presente estudo foi analisar as características posturais de 26 crianças e adolescentes praticantes de futsal e, posteriormente, relacionar com o seu desempenho motor. Para tal foram realizadas avaliações da postura, impressão plantar, tomada de estatura e peso corporal, análise do índice de massa corporal (IMC). Para verificação do desempenho motor foram realizados os testes de agilidade e de velocidade de deslocamento. Os resultados apontaram que o excesso de peso e as alterações posturais nos membros inferiores não influenciaram no desempenho motor dos adolescentes quanto à velocidade, pois metade da amostra analisada apresentou desempenho bom e excelente, respectivamente. Entretanto, em relação à agilidade, tanto o excesso de peso quanto as alterações posturais podem ter influencia no resultado, visto que 80,7% da amostra apresentou desempenho classificado como muito fraco. Unitermos: Desempenho motor. Alterações posturais. Futsal.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Academia Americana de Ortopedia define a postura como o estado de equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentado ou deitado (ADAMS et al, 1985). Consiste numa relação estável entre o sujeito e o meio, o que resulta numa estabilização espacial. Dessa forma, quando o indivíduo se percebe, tem a impressão de estabilidade no espaço por ele ocupado (NORRÉ, 1990).
As crianças, bem como os adolescentes, apresentam-se em uma fase de mudanças posturais decorrente do crescimento e desenvolvimento. Assim, fatores ambientais, como o treinamento esportivo, podem influenciar essas mudanças, uma vez que contribuem para o desenvolvimento de força, equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora, podendo desenvolver padrões posturais característicos, diferentes da postura de crianças não atletas (GUIMARÃES; SACCO; JOÃO, 2007).
Diagnosticar os níveis de desempenho motor, principalmente em crianças e adolescentes, além de proporcionar importantes informações para o desenvolvimento das capacidades motoras envolvidas em diversas modalidades esportivas, pode favorecer a prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional resultando em melhores condições de saúde e de qualidade de vida para a população (GUEDES; BARBANTI, 1995).
Entre as variáveis de desempenho motor, a potência muscular e a agilidade são freqüentemente citadas como características fundamentais em modalidades esportivas que exigem grandes acelerações e mudanças rápidas na direção do movimento (BARBANTI, 1996; BLOOMFIELD, ACKLAND & ELLIOTT, 1994). A resistência muscular, a força/potência de membros inferiores, a agilidade e a flexibilidade são capacidades físicas consideradas essenciais para a prática do futsal (BELLO JR, 1998).
O propósito do presente estudo foi analisar as características posturais de crianças e adolescentes praticantes de futsal e, posteriormente, relacionar com o seu desempenho motor, obtido através dos testes de agilidade e de velocidade de deslocamento.
Materiais e métodos
A coleta de dados foi realizada entre os meses de março e maio de 2011 por estudantes do curso de Fisioterapia da Universidade Feevale, sob supervisão do professor responsável.
1. Amostra
A amostra foi composta por 26 indivíduos, com idade entre 10 e 15 anos, pertencentes a um projeto social de futsal desenvolvido no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo / RS. Os dados foram coletados entre março e junho de 2011.
2. Instrumentos
Os instrumentos utilizados corresponderam às seguintes etapas: realização de uma avaliação postural, verificação do formato dos pés através de impressão plantar, tomada do peso corporal e estatura, verificação do desempenho motor através da realização dos testes de agilidade (teste do quadrado) e velocidade e deslocamento (teste corrida de 20 metros).
3. Procedimentos
A avaliação postural foi realizada com os adolescentes em posição ortostática, trajando calção, de pés descalços e sem camisa. A avaliação se deu nas vistas frontal, lateral e posterior, de acordo com o descrito por Santos (2005).
Para a verificação do formato dos pés foi realizada a impressão plantar utilizando-se um pedígrafo da marca Suavepie®, onde a partir da mesma foi calculado o índice de contato de acordo com o descrito por Volpon (1993).
A estatura foi medida usando-se fita métrica simples fixada à parede. O peso foi aferido utilizando-se uma balança digital da marca Plenna®.
O IMC - índice de massa corporal foi determinado através do cálculo da razão entre a medida de massa corporal em quilogramas pela estatura em metros elevada ao quadrado (IMC = Massa (Kg) / Estatura (m)²). Como referência foi utilizada tabela 1, conforme Conde e Monteiro (2006).
Tabela 1. Tabela de referencia para o IMC, onde BP= baixo peso, EP= excesso de peso e OB=obesidade (CONDE e MONTEIRO, 2006)
Para análise da agilidade foi aplicado o teste do quadrado, utilizando-se o seguinte material: um cronômetro, um quadrado desenhado em solo antiderrapante com 4m de lado e 4 cones de 50 cm de altura. Os indivíduos foram orientados a partir da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, o mesmo deslocava-se até o próximo cone em direção diagonal. Na seqüência, corre em direção ao cone à sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal (atravessa o quadrado em diagonal). Finalmente, corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. O indivíduo deveria tocar com uma das mãos cada um dos cones que demarcavam o percurso. O cronômetro foi acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizou o primeiro passo tocando com o pé o interior do quadrado. Foram realizadas duas tentativas, onde foi registrado o melhor tempo de execução. A medida foi registrada e anotada em segundos e centésimos de segundo, sendo utilizadas duas casas após a vírgula. Os resultados foram confrontados através da tabela 2.
Figura 1. Teste do quadrado (GAYA e SILVA, 2007)
Tabela 2. Valores de referencia para o teste do quadrado (GAYA e SILVA, 2007)
Para verificação da velocidade e deslocamento, foi realizada uma corrida de 20 metros. Para isto, usou-se um cronômetro e uma pista de 20 metros demarcada com três linhas paralelas no solo da seguinte forma: a primeira (linha de partida); a segunda, distante 20 metros da primeira (linha de cronometragem ou linha de chegada) e a terceira linha (linha de referência), marcada a dois metros da segunda (linha de chegada). A terceira linha serviu como referência de chegada, evitando que se iniciasse a desaceleração antes de cruzar a linha de cronometragem. O cronometrista deveria acionar o cronômetro no momento em que o avaliado deu o primeiro passo (tocar ao solo), ultrapassando a linha de partida. Quando o aluno cruzou a segunda linha (dos 20 metros) é interrompido o cronômetro. O tempo do percurso em segundos e centésimos de segundos é registrado e anotado pelo cronometrista, usando-se duas casas após a vírgula.
Figura 2. Teste de corrida de 20 metros (GAYA e SILVA, 2007)
Tabela 3. Valores de referencia para a corrida de 20 metros (GAYA e SILVA, 2007)
Análise e discussão dos resultados
Tabela 4. Caracterização da amostra (n=26)
A tabela 4 apresenta os dados relativos à amostra. Observa-se que o IMC encontra-se adequado para a faixa etária analisada. Entretanto, quando analisamos o percentual de indivíduos com excesso de peso, constatamos que 38,46% apresentam esta condição.
Ingestão calórica elevada e diminuição da atividade física têm sido apontadas como os principais fatores responsáveis pelo aumento dos índices de obesidade. Um nível socioeconômico elevado propicia maior acesso aos alimentos e à informação, podendo também interferir no nível de atividade física. Essas relações, porém, não parecem simples nos países em desenvolvimento (SARLIO-LAHTEENKORVA; LAHELMA, 1999). Até o final da década de 80, os estudos demonstravam uma relação positiva e consistente da obesidade com a condição socioeconômica nas sociedades em desenvolvimento, sendo o excesso de peso e a obesidade uma afecção exclusiva das elites socioeconômicas (BALL; CRAWFORD, 2010). Entretanto, no cenário atual, o aumento da obesidade tem sido constatado com maior intensidade nos países em desenvolvimento e inclusive no Brasil, nos grupos de menor condição socioeconômica (MONTEIRO et al, 2004). Os sujeitos avaliados em nosso estudo pertencem a uma classe socioeconômica com menor condição. Apesar disto, uma boa parte dos indivíduos encontra-se fora do peso ideal. Isto pode ser explicado devido aos maus hábitos alimentares, visto que grande parte dos adolescentes apresenta uma dieta rica em gorduras e carboidratos.
A correlação negativa com as atividades físicas ativas (deslocar-se para a escola e brincar e/ou praticar exercícios formais) e a correlação positiva com as atividades físicas sedentárias (televisão e/ou videogame) mostram que as crianças mais ativas têm menor percentual de gordura e menores valores de IMC (BALL et al, 2001; TROST et al, 2003; VINCENT et al, 2003). A média de tempo gasto nas atividades físicas ativas concorda com outros estudos nos quais esses valores variaram de 1,8 hora/dia a 2,2 horas/dia (1,8). Nas atividades físicas sedentárias, a média encontrada coincide com dados recentes de duas a três horas/dia (30-32).
Gráfico 1. Alteração postural ao nível dos joelhos (n=26)
Na prática esportiva em todas as idades, o joelho é sem duvida a articulação mais lesionada. Na criança, quer seja pelo desenvolvimento lento, mas progressivo da marcha ou pela vulnerabilidade anatômica da própria articulação do joelho ocorrem às lesões mais diversas. É importante salientar que as lesões osteoarticulares e epifisárias são de diagnóstico difícil e demanda do examinador uma avaliação crítica, objetiva e criteriosa tanto clínica como de imagem da articulação traumatizada (RENTON apud VELLOSO; MUNIZ; BARBOSA, 2004).
Segundo Hebert e Xavier (2003), o varismo do joelho significa um desvio do eixo longitudinal em direção lateral, com afastamento entre as duas articulações, enquanto que o joelho valgo é caracterizado por uma angulação com desvio medial, no qual os côndilos femorais se tocam entre si e os maléolos se encontram afastados.
Em um estudo realizado por Rego e Scartoni (2008) sobre alterações posturais em alunos de 5ª e 6ª séries de uma EE Fundamental de Teresina / PI foram avaliados 47 alunos. Destes, 16 apresentaram alterações posturais ao nível dos joelhos (34%). Destes, 9 apresentaram joelhos valgos (56,25%) e 7 joelhos varos (43,75%). Em nosso estudo encontramos resultados um pouco divergentes quanto à incidência de joelhos valgos e varos. Dos 26 indivíduos avaliados, 8 (30,7%) apresentaram alterações posturais ao nível dos joelhos. Destes, 6 (75%) apresentaram joelhos varos, ao passo que 2 (25%) apresentaram joelhos valgos.
Em um estudo realizado por Ribeiro et al (2003) foram avaliados 23 atletas. Destes, 55,5% apresentaram joelhos valgos e apenas 18,5% joelhos varos. Em relação à rotação interna e externa do joelho, os resultados foram semelhantes ao nosso estudo no que diz respeito ao tipo de rotação predominante, onde 13% da amostra apresentou rotação interna e 8,7% rotação externa. Em nosso estudo, 34,6% apresentaram joelhos rotados internamente e 7,7% apresentaram joelhos rotados externamente.
Quanto ao posicionamento patelar, 34,6% (9 atletas) da amostra apresentou patelas medializadas. Apenas 11,5% (3 atletas) apresentou patelas lateralizadas.
Gráfico 2. Alterações posturais na região lombo-pélvica (n=26)
Conforme o gráfico acima se observa que 61,5% dos indivíduos apresentou o alinhamento da pelve dentro do normal. Das alterações encontradas, 34,6% dos indivíduos apresentaram anteroversão da pelve e somente 3,8% de retroversão da pelve.
A cintura pélvica caracteriza-se como uma complexa estrutura de sustentação do corpo humano, tanto para as atividades estáticas quanto para as dinâmicas. A pelve é mantida por ligamentos fortes de 28 músculos que se originam ou se inserem na estrutura lombopélvica exercendo grande variedade de forças que atuam para a manutenção da estabilidade. De modo geral, as alterações da cintura pélvica nunca são primárias e suas causas sempre estão associadas com mecanismos de compensação nos processos de estabilização da coluna lombar (NETTO; CORRÊA; PASTRE, 1997).
Conforme Bienfait (1995), não há hiperlordose lombar sem anteroversão pélvica. Nesta pesquisa foi detectada que a maioria (90%) realmente apresentou hiperlordose associada com anteroversão. No entanto quando analisamos a retroversão pélvica e a retificação lombar, os gráficos apresentam resultados controversos à literatura. O ângulo pélvico-femoral e inclinação sacra são fatores morfológicos principais na origem das curvaturas da coluna, determinando a eversão ou a retroversão dos quadris e, conseqüentemente, problemas posturais (SÉRGIO SILVA, 2007). A amostra analisada foi composta por praticantes de futsal, os quais estão suscetíveis a grande impacto articular, podendo levá-los a apresentar disfunções lombopélvica. Estas disfunções acometem a articulação sacroilíaca e comprometem a coluna lombar, assumindo uma condição não fisiológica causada pela exposição excessiva a carga mecânica.
Gráfico 3. Formato dos pés (n=26)
A diminuição do arco plantar longitudinal juntamente com a pronação da articulação talocalcaneonavicular (TCN) resulta no pé plano (pé chato), que influenciará em uma rotação medial da tíbia, afetando a articulação do joelho e posicionando-a em valgo. Pode ocorrer tensionamento dos ligamentos plantares e aponeurose plantar, alterando também o comprimento do membro inferior, se o acometimento for assimétrico (VILADOT, 2003). Os desequilíbrios musculares, por causa de sobrecargas e de má distribuição do peso corporal, alteram consideravelmente os arcos plantares, aumentando-os ou diminuindo-os, comprometendo as funções de absorção de impacto e diminuindo a sua mobilidade (VERDERI, 2001). O pé plano adquirido tem como causa, principalmente em crianças, o excesso de peso corporal. Isto se agrava com a carga excessiva da mochila de transporte do material escolar, uso de calçados inadequados, postura alterada e maus hábitos da marcha (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
O aumento excessivo do arco plantar longitudinal caracteriza o pé cavo. As articulações TCN subtalar e transversa do tarso podem ficar travadas a posição de supinação, não permitindo a estas articulações que participem da absorção do choque ou da adaptação a um terreno irregular (NORKIN; LEVANGIE, 2001). O pé cavo pode ter como causas doenças neurológicas, deformidades na coluna e desequilíbrios musculares e posturais do crescimento. Essas alterações podem ser verificadas inicialmente pelo desgaste excessivo do lado medial ou lateral do calçado, quedas freqüentes, dores nos joelhos, quadril, e coluna vertebral. A identificação desta patologia em crianças partindo para a fase da adolescência incentivará o início do tratamento, evitando problemas mais graves quando chegar à idade adulta. Nosso estudo apontou uma prevalência de 6 pés cavos (23%) e 1 pé plano (3,84%). Costa (2009) encontrou uma prevalência de 30% para pés cavos e 15% para pés planos para uma amostra total de 20 adolescentes. Entretanto, Ribeiro et al. (2003) mostraram uma prevalência de 60,8% de pés planos e 4,3% de pés cavos em uma amostra total de 23 adolescentes. Figueiredo (2009) encontrou em seu estudo valores um pouco superiores, sendo uma prevalência de pés cavos de 57,9% e de pés planos de 10,5% para uma amostra de 76 adolescentes entre 15 e 17 anos.
Gráfico 4. Média do desempenho motor dos adolescentes (em segundos)
Considerando a característica individual do estado nutricional com relação ao desempenho motor, estudos constatam uma superioridade no desempenho dos movimentos de crianças eutróficas quando comparadas a crianças com sobrepeso, obesidade e desnutrição. Em relação ao nosso estudo, 38% dos adolescentes analisados apresentaram um peso corporal maior do que o esperado para sua estatura e idade, afetando aparentemente a velocidade de progresso da maturação motora e refletindo no desenvolvimento motor dos mesmos. Conforme estudo realizado por Frey e Chow (2006) com escolares obesos, estes demonstraram resultados não favoráveis principalmente na aptidão aeróbia, força muscular e testes motores de locomoção e controle de objetos.
Para Berleze et al. (2007) as crianças obesas encontram-se, em sua grande maioria, em um estágio de maturidade abaixo do esperado para sua idade. Crianças obesas apresentam atrasos no desempenho motor independente do agrupamento social a que pertencem e do gênero, evidenciado em padrões não maduros de execução em diversas habilidades motoras fundamentais e desempenho inferior quando comparadas aos seus pares eutróficos. Segundo Malina e Bouchard (2002), o excesso de peso corporal pode influenciar de forma negativa o desempenho motor em seu aspecto geral, com destaque nas atividades em que ocorre o deslocamento da massa corporal, como corridas, saltos e atividades que exigem agilidade; desencadeando dessa forma o abandono e desmotivação por essas atividades pelos indivíduos obesos. Em um estudo realizado por Celestrin e Costa (2006) com escolares obesos e com sobrepeso, verificou-se que a atividade destacada como menos prazerosa para os alunos com sobrepeso ou obesidade foi a corrida, para ambos os sexos. O acúmulo de peso decorre do respectivo estilo de vida, atitudes, relacionamentos, prática de exercícios e nutrição (BROWNELL, 1994). Entretanto, no âmbito coletivo, destacam-se mudanças do comportamento infantil em nossa “sociedade moderna” (LEITE, 1990).
A “falta de organização espacial” e projetos urbanísticos incompletos sem a previsão de locais para atividades de lazer, principalmente em conjuntos habitacionais de grande densidade demográfica e, além disso, projetos recreacionais para preencher o tempo livre podem gerar, em muitos casos, a inatividade física, a qual apresenta expressiva associação com o sobrepeso (GAMBARDELLA e NASR, 1998).
Conclusão
Analisando-se os resultados encontrados concluímos que o excesso de peso e as alterações posturais de membros inferiores não influenciaram diretamente no desempenho motor quanto à velocidade, visto que 26,9% da amostra apresentou bom desempenho e 23% muito bom desempenho.
Em relação à agilidade, verificou-se que pode existir influencia tanto das alterações posturais nos membros inferiores quanto do excesso de peso corporal, pois 80,7% da amostra obteve índice muito fraco no teste do quadrado. Destes, todos apresentaram alterações de membros inferiores e 38% apresentaram excesso de peso.
Quanto à pelve e coluna lombar, os sujeitos que apresentaram anteroversão pélvica com conseqüente hiperlordose lombar apresentaram desempenho igualmente muito fraco no teste de agilidade (quadrado). No entanto, em relação à velocidade, esta encontrava-se dentro da normalidade.
Outro fator a ser considerado são as características físicas de cada indivíduo. Provavelmente estas características determinaram o resultado para a amostra analisada. Aspectos como o tipo de fibra muscular predominante, nível de atividades físicas e treinamento específico podem certamente influenciar no resultado.
Sugerimos novas abordagens, com uma amostra mais homogênea, a fim de que possamos apresentar resultados mais conclusivos.
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