A imagem social do professor de Educação Física La imagen social del profesor de Educación Física |
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*Graduada em Jornalismo e Educação Física pela Unisinos/São Leopoldo Mestre e Doutora em Ciência do Movimento Humano pelo CEFD/UFSM Docente do CEFD/DMTD/UFSM - RS, Brasil. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Comunicação e Mídia na Educação Física e Esportes do CEFD/UFSM. Líder de Pesquisa CNPq ** Graduada em Educação Física Licenciatura pelo Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especializanda do curso de Pós-graduação em Educação Física Escolar do CEFD/ UFSM |
Marli Hatje Hammes* Jaqueline Raquel Weiss** (Brasil) |
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Resumo O presente artigo tem por finalidade definir a imagem social do professor de educação física, transmitida por programa(s) de televisão e pelo pensamento do próprio professor de educação física no contexto educacional. Unitermos: Imagem social. Professores de Educação Física. Meios de comunicação. Televisão.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Considerações iniciais
Hoje, no Brasil, o profissional de educação física vem sendo constantemente questionado em vários aspectos. Dentre eles observamos e destacamos a sua capacidade técnica e intelectual e o seu papel como educador. O problema é evidenciado em nosso dia a dia, nos atuais valores culturais, como o culto ao corpo e o esporte de rendimento, ocasionando desta forma a desvalorização da imagem social¹ do professor de educação física.
Educação física é, sobretudo educação, pois envolve o ser humano em movimento dentro de uma globalidade e numa relação dialética com a realidade social. A partir disso, verificamos que a responsabilidade da educação física em conduzir a prática educativa sem esquecer-se do seu comprometimento na formação do ser como uma unidade, é fundamental e, por isso, significativa.
Deve-se pensar que por ser educação, repercute diretamente no homem, não podendo, portanto, preocupar-se somente com seu conteúdo específico e técnico. A educação física deve ser considerada a partir de uma macro visão. Ela deve apoiar-se na assertiva de que todo ato educativo é intencional e pode conduzir a resultados positivos ou negativos. E é neste aspecto que reside também à relevância da presente pesquisa, pois buscaremos definir a importância da televisão e do próprio profissional na elaboração e definição de sua imagem social, que repercute tanto nos seus meios de atuação como na sociedade em geral. Para isso temos necessariamente que considerar a importância e a possível influência dos meios de comunicação no processo educacional.
Embora ainda não seja possível definir o grau de influência dos meios de comunicação na vida das pessoas, acreditamos que ele existe e acontece sob vários aspectos, a saber: cultural, econômico, social, intelectual, educacional, etc.
Considerando o exposto, o presente trabalho tem por finalidade definir a imagem social do professor de educação física, transmitida por programa(s) de televisão e pelo pensamento do próprio professor de educação física.
Diante do exposto, o objetivo deste artigo é analisar a imagem social do professor de educação física. Especificamente pretende-se: verificar se a imagem social do professor de Educação física refletida na televisão é positiva ou negativa; determinar a predominância desta imagem no contexto da educação física escolar.
2. Reflexões teóricas
2.1. A mídia no contexto da educação
A mídia é um excelente meio para a divulgação da imagem do profissional de educação física. Resta-nos, portanto, saber se a imagem transmitida pelos meios de comunicação é positiva ou negativa dentro desse contexto.
O desenvolvimento dos meios de comunicação, tanto eletrônicos quanto impressos, foi significativo nos últimos anos. Com o aperfeiçoamento tecnológico, eles passaram a ocupar um espaço cada vez maior em nossas vidas. Muitas vezes conseguem, inclusive, ditar normas e regras do que deve ser veiculado, bem como orientam o receptor de como o mesmo deve proceder em determinadas circunstâncias.
Os meios de comunicação valem-se ainda de inúmeras técnicas para informar e persuadir. Para que os seus objetivos sejam alcançados são utilizados “lideres de opinião”, “heróis”, “mitos esportivos”, todos criados com um fim específico.
Desde que surgiram, os meios de comunicação, tornaram-se “um mal necessário” em nossas vidas. Muitas vezes, interferem na formação de nossas opiniões, no nosso modo de vestir e na maneira de nos expressarmos ou comunicarmos.
Hoje praticamente tudo o que nos cerca é influenciado por eles embora não possamos mensurar exatamente o grau de influência que exercem. Muitos mitos e símbolos da humanidade foram, sem dúvida, estabelecidos com auxílio ou pela influência dos meios de comunicação.
Quando falamos em televisão, sabemos que há mais de cinco décadas ela faz parte da sociedade brasileira. É possível afirmar, inclusive, que tornou-se , entre nós, uma necessidade. Pela capacidade de construir ou vender imagens, produzir cultura e transmiti-la das mais variadas formas. Milhões de pessoas ouvem as mesmas redes de televisão, cantam os mesmos comerciais e incorporam os mesmos personagens. É a globalização da imagem.
Enfatizando a importância da TV na sociedade, SCHWARTZ (1985) a define como "O segundo Deus", pois assim como Deus ela também está em toda a parte influenciando as pessoas, direta ou indiretamente.
Raras são as famílias no Brasil que não possuem pelo menos um aparelho de televisão em casa. Até nas casas mais humildes, onde muitas vezes se observa a ausência de produtos essenciais como roupas e alimentação, a televisão está presente.
Por percebermos a estreita e importante ligação entre a comunicação e seus meios e a educação física/esporte, é que nos propomos a desenvolver o presente trabalho. Pretendemos nos dedicar ao estudo das relações dos MC e da educação física/esporte, por entendermos que eles têm importante influência na história da educação física e na imagem refletida pela televisão sobre profissional de Educação física.
Diante de tais colocações, acreditamos na relevância do estudo. Em nosso entendimento é fundamental pesquisar a imagem que o professor de educação física tem do professor de educação física. Além disso, é importante também incentivá-lo a elaborar, ainda na universidade, estratégias para (tentar) superar as adversidades do mercado, muitas delas (talvez) estabelecidas pelos MC.
As estratégias somente poderão ser estabelecidas se o profissional conhecer a sua realidade. Melhor ainda se este conhecimento partir das experiências entre a escola, a universidade e os meios de comunicação.
2.2. O professor de educação física
O professor de educação física tem um espaço ampliado no mercado de trabalho, além do tradicional campo de ensino nas escolas de 1°, 2° e 3° graus públicas ou particulares. Ele pode atuar em centros de reabilitação, hospitais, academias, clubes, etc. No entanto, o papel que desempenha ou deve desempenhar, nem sempre fica claro para a sociedade, quando não lhe é dada uma conotação pejorativa.
GHIRALDELLI (1988) ressalta que à medida que se aproxima do final do curso, os estudantes se preocupam com o local de trabalho e, mais que isso, angustiam-se quanto às reais finalidades e possibilidades da profissão escolhida. Muitos perguntam-se, inclusive, sobre o papel do professor de educação física na sociedade brasileira.
Alguns falam que o professor de educação física é um “educador”. Outros dizem que o professor é “um profissional da área paramédica”. Mais recentemente insistem que é um pesquisador, “um cientista do movimento humano.” O profissional de educação física, independentemente da especialidade do seu trabalho, é um intelectual².
A educação física como uma profissão deve se apoiar em profissionais que não possuam apenas habilidades de executar, mas a capacidade de passar essas habilidades a outras pessoas com o objetivo de levá-las ao pleno desenvolvimento de suas capacidades motoras, intelectuais e físicas.
A medida pode evitar distorções na definição das funções do professor de educação física, bem como contribuir na reputação da classe junto à sociedade. Dessa forma, acreditamos, estaremos também contribuindo para a formação e consolidação de uma imagem melhor (uma imagem positiva) do professor de educação física, evitando respostas como aquelas obtidas pelo professor Amauri Bássoli de Oliveira quando questionou vários colegas sobre "o quê de importante vocês aprenderam nas aulas de educação física”? Depois de várias insistências e respostas pouco convincentes (ou que fugiam à pergunta) um deles respondeu: “olha, na verdade a gente não aprendeu nada. O que ocorre é que a gente acaba se desinteressando por não ser um atleta e aí a frustração mata qualquer tentativa de continuidade e/ou prática permanente”.
Outro exemplo que compromete a imagem do professor de educação física é aquela veiculada pela novela da Rede Globo, Quatro por Quatro, em 1995. Na novela havia a participação de um professor de educação física, cujo papel foi desempenhado pelo ator Nuno Leal Maia. Embora CARVALHO e LOIS (1997) destacam em seu estudo sobre a imagem do profissional de educação física/esportes refletida pelas telenovelas: um estudo de caso que - mesmo que os dados coletados não podem ser generalizados -, a novela "não está refletindo fielmente o que a sociedade pensa a respeito do professor de educação física/esportes ou da atividade física. Sugerem que mudar a imagem não depende somente dos segmentos sociais e dos meios de comunicação, mas também dos profissionais que atuam na área da educação física/esportes.
2.3. A formação atual do professor de educação física
Segundo PASSOS (1988) no Brasil existe aproximadamente uma centena de cursos de licenciatura em educação física, ocasionando anualmente, um número superior a 4 mil profissionais egressos desses cursos. O crescimento desordenado dos cursos parece ter ganhado em abrangência, mas perdido em profundidade. A formação universitária do professor de educação física, para fugir a tradicional identificação com a formação de atletas esportivos, orientou-se, nos últimos tempos, no sentido generalista, com pouco ou nenhum comprometimento na formação dos profissionais. Ao invés de compreendê-la como estudo básico, que possui generalidade de conteúdos que, por sua vez, permitem gerar conhecimento para o exercício das diferentes funções profissionais, buscou aprofundar-se com pinceladas superficiais dos diferentes conteúdos necessários, acarretando sobrecarga em alguns currículos e deficiência em outros.
Não é raro encontrarmos cursos de licenciatura hoje, com a mesma estrutura curricular de dez ou vinte anos atrás. As disciplinas oferecidas seguem um programa repetido ano a ano. As mudanças, quando ocorreram, foram provocadas pelas tendências do mercado de trabalho e não fruto de uma reflexão sobre qual deva ser a formação de um profissional da educação/esportes.
Do modo como a situação da formação profissional em educação física se encontra, os cursos oferecidos vão continuar formando um profissional que nem para trabalhar no ensino de 1° e 2° graus serve, pois sua formação não foi especificamente orientada para tal fim, quanto menos para outras áreas de atuação profissional. A justificativa de obter um emprego, qualquer que seja, não é válida, pois leva à formação de um profissional inseguro, incapaz e despreparado para ser um bom professor, ou um técnico em nível escolar ou de ser um bom administrador de um clube ou academia.
2.4. A busca de um perfil
Segundo SILVA (1995), o bom professor, deve agir honestamente no trabalho e ser dono de uma personalidade marcante, significativa capaz de levar os alunos a reflexão. Dentre suas principais funções e responsabilidades destaca-se a de ensinar/educar. O professor deve ser visto como um homem de sabedoria e homem de saber.
SNYDERS (1988), afirma que o professor deve ser visto como intermediário pessoal e personalizado entre o mundo e a juventude e o mundo da cultura: o representante da cultura elaborado junto aos jovens. MOYSÉS (1995) enfatiza que quando falamos em saber ensinar estamos pensando em algo que é mais do que uma simples habilidade expressa pela competência do professor diante do processo de ensino/aprendizagem. É muito mais.
MOSQUERA (1978) afirma que o professor em si deve ter aspectos básicos no seu perfil a fim de tornar-se um verdadeiro educador. Como o professor de Educação física se enquadra na categoria de professor, é fundamental que ele tenha características como: a) comunicação adequada; b) feitio pessoal, isto é, reconhecimento de suas características personológicas; c) conhecimento de sua área; d) adequado conhecimento cognitivo; e) bom nível afetivo e social; f) disposição para as tarefas; g) objetivos e metas realizáveis; h) estratégias válidas e inovadoras.
Sabemos que isto é o ideal, mas nem sempre estas habilidades estão presentes, porque elas requerem um contínuo aperfeiçoamento. Sua competência, como profissional, é sem dúvida um dos fatores de maior peso quando se pensa na melhoria da qualidade de ensino.
Competente é o professor que, sentido-se politicamente comprometido com o seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes proporcionar uma aprendizagem real e plena de sentido. Competente é o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidadão crítico e bem informado em condições de compreender e atuar no mundo em que vive.
Para que um professor seja aceito como figura de identificação social é necessário que possua condições acadêmicas, morais, que possa estabelecer e motivar seus educandos. O professor deverá ter interesse por tudo que acontece ao seu redor, assim como responsabilizar-se pela qualidade de suas ações pedagógicas, pois o bom professor é aquele capaz de identificar-se com as outras pessoas; que está apto a ajudar seu aluno a valorizar aquilo que ele expressa ou sente.
Podemos ratificar essas colocações com SETTINERI (apud Lois e Carvalho, 1997) quando diz que: “O professor de Educação física é fundamentalmente um educador, condição a qual está subordinada a sua capacidade técnica. Ele deve caracterizar-se por vocação, espírito criativo e julgamento crítico, além de possuir uma sólida formação filosófica, pedagógica e sociológica”.
Notas
A imagem social do professor no presente trabalho será construída levando-se em consideração sua representação no cotidiano.
Intelectual: é todo homem que envolve o mínimo de atividade pensante.
Bibliografia
GHIRALDELLI, Paulo Junior. Educação Física Progressista: A pedagogia crítico-social dos conteúdos e a Educação Física brasileira. São Paulo, Loyola, 1988.
LOIS, N. & CARVALHO, S. A imagem do profissional de educação física/esportes refletido pelas telenovelas. In: Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, vol. XX, 1997.
MOSQUERA, Juan. O professor como pessoa. Porto Alegre, Sulina, 1978.
MOYSÉS, Lúcia. O desafio de saber ensinar. São Paulo: Papirus, 1995.
PASSOS, Solange C. E. (Org.). Educação Física e Esportes na Universidade. Brasília. Ministério da Educação, Secretária de Educação Física e Desportos, 1988.
SILVA, Ezequiel T da. Professor de 1° grau: Identidade em jogo. Campinas SP, Papirus, 1995.
SNYDERS, Georges. A Alegria na Escola, São Paulo, Ed. Manole LTDA., 1988.
SCHWARTZ, Toni. Mídia: O segundo Deus. Tradução de Ana Maria Rocha. São Paulo, Summus, 1985.
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