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A distribuição de bolsas como forma de indissociação entre 

ensino, pesquisa e extensão e permanência na Universidade

La distribución de las becas como una forma de articulación entre docencia, investigación y extensión y la permanencia en la Universidad

 

*Discente de Graduação do curso de Licenciatura em Educação Física da Escola Superior

de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF – UFPel/RS). Atualmente

é integrante do Grupo de Pesquisa e Estudos Sociológicos em Educação Física e Esporte

(GPES - UFPel) e bolsista de extensão do Núcleo de Atividade para

a Terceira Idade (NATI) da ESEF – UFPel

**Discente de Graduação do curso de Bacharelado em Educação Física da Escola Superior

de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF – UFPel/RS). Atualmente

é bolsista de extensão do Núcleo de Atividade para a Terceira Idade (NATI) da ESEF – UFPel.

***Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Docente no programa de Graduação e Pós-Graduação na Escola Superior de Educação Física

da Universidade Federal de Pelotas (ESEF – UFPel/RS). Atua como coordenadora

do Grupo de Pesquisa e Estudos Sociológicos em Educação Física e Esporte (GPES)

e do Núcleo de Atividades para a Terceira Idade (NATI) da ESEF/UFPel

****Doutora em Ciências da Saúde e Esporte pela Chukyo University (2001)

Docente no programa de Graduação e Pós-Graduação na Escola Superior de Educação Física

da Universidade Federal de Pelotas (ESEF – UFPel/RS). Atua como coordenadora do Grupo

de Pesquisa e Estudos Sociológicos em Educação Física e Esporte (GPES) e do Núcleo

de Atividades para a Terceira Idade (NATI) da ESEF/UFPel

José Antonio Bicca Ribeiro*

Rogério Ribeiro Goveia**

Mariângela da Rosa Afonso***

Adriana Schüler Cavalli****

zeantonio_bicca@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          As estratégias de formação vão sendo definidas ao longo do percurso acadêmico, onde as atividades extracurriculares são fundamentais para o incremento deste processo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar a configuração e os impactos gerados pelas estratégias de qualificação no processo de formação inicial através da participação dos alunos como bolsistas em projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão disponibilizados na ESEF/UFPel. Os resultados identificaram grande participação dos alunos nas bolsas ofertadas, confirmando uma perspectiva de melhoria na formação inicial, além disso, apresentaram uma diferença entre os cursos de Licenciatura e Bacharelado, onde os primeiros mostram-se mais atuantes levando em conta o número de bolsas. Quanto aos impactos gerados pelas bolsas, o principal auxílio relatado foi o financeiro, seguido pelo aumento da experiência e do conhecimento específico na área, mostrando que além de contribuir para a formação dos indivíduos, o programa de bolsas torna-se uma alternativa para assegurar a permanência dos mesmos dentro da Universidade. Por fim, mais programas de bolsas e projetos devem ser criados, com o objetivo de auxiliar na formação dos indivíduos e contribuir para seu desenvolvimento a partir do Ensino, Pesquisa e Extensão.

          Unitermos: Formação. Bolsas. Prática docente.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A formação profissional começa com o ingresso no curso de formação inicial compreendendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. De acordo com Nascimento (1998) formação inicial “[...] é a denominação freqüentemente atribuída àquela etapa de preparação voltada ao exercício ou qualificação inicial da profissão”.

    Já para Carreiro da Costa (1994), a formação inicial dos professores é entendida como “o período durante o qual o futuro professor adquire os conhecimentos científicos pedagógicos e as competências necessárias para enfrentar adequadamente a carreira docente”. Este período é importante na formação de professores, pois é a partir dele que os futuros docentes irão adquirir os conhecimentos indispensáveis para a sua atuação. São a partir da formação inicial que serão desenvolvidas as atitudes, ações, o projeto político-pedagógico do professor (SHIGUNOV, FARIAS, NASCIMENTO, 2002).

    Temos clareza que as estratégias de formação vão sendo definidas ao longo do percurso acadêmico, onde as atividades extracurriculares são fundamentais para o incremento deste processo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar a configuração e os impactos gerados pelas estratégias de qualificação no processo de formação inicial através da participação dos alunos como bolsistas em projetos de ensino, pesquisa e extensão disponibilizadas na ESEF/UFPel (Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas) nos cursos de Licenciatura e Bacharelado.

    Os estudos de Franco e Afonso (2010) revelam que a uma maior inserção dos alunos em projetos de extensão, estabelecendo vínculos entre a universidade e sociedade, podendo contribuir para a mudança de concepção sobre o seu papel dentro da sociedade. Nas afirmações do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX, 2001), a extensão é entendida como atividade acadêmica, articulada de forma indissociável ao ensino e a pesquisa, que deve ser marcada por um processo educativo, cultural e científico viabilizando a relação transformadora entre universidade e sociedade. Seu papel é de produzir e socializar conhecimento, visando intervir ações coletivas entre universidade e população.

    A Universidade Federal de Pelotas (UFPel), fundada em 1969, têm como princípios fundamentais a educação, o ensino, a pesquisa e a formação profissional em nível superior e técnico, buscando o desenvolvimento científico, tecnológico, filosófico e artístico, exercendo grande influência no contexto regional, para tal tem buscado via expansão e fomento de programas de permanência, a concretização de ações que possibilitem aos estudantes a inserção nos projetos de ensino, pesquisa e extensão universitária (PLANFOR, 2010).

Metodologia

    O estudo caracterizou-se como uma pesquisa com delineamento quali-quantitativo, do tipo estudo de caso, que segundo Leonardo et al. (1994) tem se revelado eficaz, onde é necessário recortar a realidade e aprofundar a visão sobre uma de suas partes específicas, não significando, entretanto, pesquisar um fragmento exótico ou excepcional. Na delimitação do singular, o recorte não deve ser nem demais restrito, nem excessivamente amplo.

    Dado o interesse em buscar compreender mais profundamente a realidade da Escola de Educação Física da Universidade Federal de pelotas ESEF/UFPel optamos pelo estudo de caso.

    Para Almeida e Pinto:

    O estudo de caso ou análise intensiva consiste no exame intensivo, tanto em amplitude como em profundidade e utilizando todas as técnicas disponíveis, de uma amostra particular selecionada de acordo com determinado objetivo (ou, no máximo, de certo número de unidades de amostragem), de um fenômeno social, ordenando os dados resultantes de forma a preservar o carácter unitário da amostra, tudo isto com a finalidade última de obter uma ampla compreensão do fenômeno na sua totalidade. (1995, p.95)

    Utilizamos para coleta de dados um questionário com questões abertas e fechadas, envolvendo os alunos matriculados no 5° e 7° semestres dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, perfazendo um total de 94 alunos correspondente a 80% da população total dos acadêmicos. Para a análise dos dados, foram utilizados os procedimentos de análise qualitativa de conteúdos – categorização, classificação e organização dos achados – descritos segundo André (1995).

    Os dados foram digitados no programa Excel 2010 e para a análise dos mesmos, foram utilizados os cálculos estatísticos de média, freqüência e valor percentual juntamente com os procedimentos de análise qualitativa de conteúdos – categorização, classificação e organização dos achados – descritos por Lüdke e André (1986).

Resultados

    De acordo com os dados disponibilizados pela Instituição investigada (Figura 1), através da Coordenaria de Pós-Graduação e Capacitação Docente, a UFPEL, hoje tem aproximadamente 4500 bolsistas. Estes são distribuídos entre a Pró-Reitoria da Graduação com 495 bolsas de graduação com atuação nas áreas de monitoria, centro de informática, auxílio biblioteca, laboratório de informática da Graduação (LIG) e aproximadamente 50 do Programa de Educação Tutorial (PET).

    Dentro da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPPG), as bolsas estão distribuídas entre: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC); Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) ambas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico); Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PROBIC) e Bolsa de Iniciação Científica Tecnológica Institucional (PROBIT) ambas da FAPERGS (Fundação de Amparo da Pesquisa do Estado do RS). Já a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC), conta atualmente cm 315 bolsistas vinculados aos projetos de extensão universitária.

Figura 1. Distribuição de bolsas na UFPEL por segmento

    A UFPel conta ainda com aproximadamente 3000 bolsas de auxílio estudantil, ligadas à Pró-Reitoria de Graduação, distribuídas em auxílio moradia, transporte, alimentação, pré-escolar e instrumental odontológico.

    De acordo com os dados coletados, apresentamos na Tabela 1, os resultados referentes à ESEF/UFPEL, coletados em 2011 quando foram entrevistados 94 alunos matriculados nos 5° e 7° semestres dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física.

    Os resultados apontam que da amostra total, 49 (52,1%) já foi bolsista em algum momento da sua vida acadêmica e 45 (47,9%) não teve essa oportunidade. Dentre os alunos que já foram bolsistas, 32 (65,3%) são acadêmicos do curso de Licenciatura e 17 (34,7%) são do Bacharelado.

    Quanto ao tipo de bolsas que receberam, os resultados indicam que 23 alunos (46,9%) receberam bolsa de extensão universitária, 11 de graduação (monitoria) (22,4%), 7 participam do PET (14,3%), 5 tem bolsa de trabalho da UFPel (10,2%), 2 possuem bolsa de pesquisa da CAPES ou CNPQ (4,1%), 1 recebeu bolsa da FAPERGS (2%) e 4 (8,2%) receberam outros tipos de bolsa, sendo que mais de um tipo no decorrer do período.

Tabela 1. Relação de bolsas da ESEF/UFPEL

    No que diz respeito ao impacto gerado pelas bolsas na vida acadêmica e pessoal dos alunos, conforme mostra a Figura 2, os alunos indicaram várias modificações ocorridas pelo fato de serem bolsistas. A principal delas foi o auxílio financeiro seguida pela experiência adquirida e o aumento do conhecimento específico na área. Além disso, indicaram outros motivos que tem forte relação com os citados anteriormente, como é o caso da possibilidade de terem dedicação exclusiva ao estudo, devido ao auxílio financeiro que recebem.

Figura 2. Impacto gerado pelas bolsas na vida dos estudantes

Discussão

    A ESEF conta atualmente com aproximadamente 450 alunos matriculados regularmente nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. Da amostra participante do estudo, a maioria respondente ao questionário é do curso de Licenciatura e este resultado também é semelhante no que diz respeito à afirmativa de ter sido bolsista em algum momento da vida acadêmica, onde conforme a tabela 1, os licenciados (65,3%) aparecem em maior número do que os bacharéis (34,7%).

    No que diz respeito ao tipo de bolsa que recebeu (Tabela 1), o maior número é referente às bolsas de Extensão (46,9%), oferecidas pela PREC, o que justifica-se pelo grande número de projetos de extensão cadastrados pela ESEF/UFPel. No ano de 2010 a ESEF/UFPel teve o registro na Pró-Reitora de Extensão e Cultura (PREC), de aproximadamente 30 projetos de Extensão Universitária, de caráter contínuo e gratuito, que visam proporcionar aos estudantes experiências com a comunidade local.

    Guimarães (1997), quando trata da questão da extensão universitária, diz que nos meios universitários ainda hoje não é difícil encontrarmos a indagação sobre o que é realmente extensão universitária, já que a história da extensão universitária brasileira traz no seu bojo uma dupla origem, ora se caracterizando por voltar-se aos movimentos populares, ora se afirmando como disseminadora do conhecimento produzido na universidade.

    A autora segue sua argumentação dizendo que, para compreender o porquê de a extensão ser a face menos difundida da universidade, é preciso, além de recordar sua história recente, abordar uma questão que perpassa o entendimento do que significado da extensão. Embora seja por meio das atividades extensionistas que se configura para a sociedade a face mais visível da utilidade (inutilidade) da universidade, esse caráter que vou chamar talvez indevidamente de ativista da extensão deixe pouco tempo para a reflexão acadêmica, ou seja, para a produção de artigos científicos que mostram para a comunidade universitária o que ela traz de benefício para a sociedade e para a universidade. Assim, se pelo lado da pesquisa, o viés do “se não está publicado não existe” é levado a extremos, pelo lado da extensão é muitas vezes caracterizado como perda de tempo.

    A Extensão nada mais é do que uma política pública de efetivação da função social da universidade, e sendo a extensão uma prática acadêmica, essa visa interligar a universidade em suas atividades de ensino e pesquisa com as demandas da sociedade, buscando efetivar o compromisso social da academia e trazer elementos para a formulação de um projeto de nação que a universidade deve ajudar a escrever (FORPROEX, 2001).

    As bolsas de graduação com ênfase no laboratório de informática da graduação (LIG) e biblioteca, também estão presentes na realidade da ESEF/UFPel. Tais tipos de bolsa tiveram percentual considerável na presente pesquisa, mostrando que os alunos buscam alternativas variadas de suporte financeiro para se manterem dentro da Universidade.

    Na ESEF/UFPel atualmente as bolsas de monitoria, tiveram o segundo maior percentual de bolsistas (22,4%), porém os critérios de escolha para tal segmento tem levado em conta o mérito acadêmico, onde o aluno deve ter bom desempenho acadêmico e alta freqüência nas aulas para ter a oportunidade de concorrer a tal bolsa.A permanência na Universidade publica hoje, ainda se configura como um desafio, para aqueles que precisam exercer qualquer atividade profissional no decorrer de sua formação. Desta forma para concorrer as bolsas disponibilizadas, em muitos momentos os critérios de mérito, disponibilidade de tempo são um fator limitante para os alunos de classes menos privilegiadas.

    Os estudos de Farias (2010) indicaram que as experiências em estágios extracurriculares e a participação em projetos de ensino e extensão, durante a formação inicial, constituiram uma base sólida de conhecimentos que se tornam decisivas para a motivação inicial no exercício profissional.

    Dentro da ESEF/UFPel, ainda existe um outro grupo que possui número considerável de bolsistas, assim como em outras unidades acadêmicas da UFPel e de outras Universidades, que é o grupo do PET (Programa de Educação Tutorial). Atualmente, na Universidade Federal de Pelotas conta-se com, nove grupos PET (Artes, Agronomia, Odontologia, Arquitetura e Urbanismo, Física, Engenharia Agrícola, Meteorologia, Educação, além da Educação Física). Na Escola Superior de Educação Física, o PET encontra-se em vigência desde 1991, tendo auxiliado na formação de aproximadamente 60 professores de Educação Física (ESEF, 2011).

    Na pesquisa, tivemos um percentual de 14,3% de alunos bolsistas PET, justificando a relevância do grupo. O PET – ESEF/UFPEL tem, na sua intervenção, os objetivos direcionados não só para a qualificação de seus bolsistas, mas também voltados para a proposição de atividades destinadas aos acadêmicos e profissionais de Educação Física, bem como à comunidade em geral (ESEF, 2011). Para se ingressar em tal programa, o aluno passa por inúmeras etapas de seleção e recebe a bolsa até a conclusão do curso. Este grupo consegue aliar o Ensino, à pesquisa e extensão, já que para participar do mesmo, o aluno deve ter participação em atividades ligadas aos três pilares.

    A Pesquisa, enquanto pilar fundamental da formação no Ensino Superior, dentro da ESEF/UFPel, mostrou-se insuficiente, ao passo que poucos alunos (4,1%) usufruem de tal tipo de bolsa. Talvez pelo fato de existirem grandes números de projetos ligados à extensão, esse número seja baixo, no entanto, tal justificativa não deveria ser válida, pois a convivência com a comunidade deveria ser um agente facilitador no fomento de pesquisas buscando o benefício de tal grupo.

    Para Sobral (2001) iniciativas institucionais, como é o caso do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) do CNPq têm possibilitado o desenvolvimento de atividades de pesquisa por estudantes de Graduação, vinculado diretamente à Pós-Graduação e da criação recentemente do PROIN (Programa de Integração Pós-Graduação/Graduação) da CAPES, que procura reduzir a distância entre os dois níveis, apoiando projetos que visem à melhoria das disciplinas da graduação com o auxílio da Pós-Graduação.

    De acordo com Afonso (2010) a UFPel apresentou na produção intelectual (PI) um incremento de 100% no número de artigos publicados em revistas indexadas nos últimos 5 anos, havendo uma crescente internacionalização e divulgação de resultados das pesquisas técnico-científicas em periódicos de alto impacto, reflexo direto do investimento feito na qualificação do quadro de docentes-pesquisadores da UFPel, bem como da significativa melhoria da infra-estrutura para a pesquisa e pós-graduação. A política de extensão tem se pautado por ser voltada ao compromisso social da Universidade com a comunidade, com a valorização da participação discente como instância de formação da cidadania.

    A participação dos alunos em programas ou projetos de pesquisa está diretamente vinculada ao docente. É ele sem sombra de dúvidas é o elemento principal para a vinculação dos alunos a capacidade de produzir conhecimento. A participação em diferentes convênios com Instituições que fomentam pesquisa possibilita a presença dos alunos em laboratórios existentes, tornando possíveis as pesquisas do Curso de Pós-Graduação e sua passagem para a Graduação. Nos estudos de Afonso (2003) realizado com alunos da UFRGS, foi destacado o papel fundamental exercido pelos docentes. Os alunos tinham claro que a postura assumida pelos docentes em fazer da pesquisa um ponto marcante na sua formação, trazia grandes contribuições para a formação inicial. (AFONSO, 2003).

    Para Goellner (1999), a pesquisa deve ser um direito de cada um de nós, que, uma vez exercido, pode buscar o estabelecimento de elos entre a educação, a Educação Física e a humanização dos homens e mulheres concretamente situados. Nesse sentido a autora pensa a pesquisa como uma possibilidade de revitalizar o pensamento e como uma possibilidade de alimentar um agir e um pensar democrático dos movimentos sociais e culturais - elementos para investigar e intervir.

    Veloso (2000), discutindo a temática da produção da pesquisa na Graduação e Pós-Graduação, traz alguns traços da formação científica no país, e a partir de suas colocações, é possível perceber a importância da pesquisa na Graduação, já que, segundo o autor, uma boa formação científica deve começar preferivelmente pela iniciação científica na graduação, através dos programas institucionais (PIBIC do CNPq).

    No texto, fica evidenciado que este programa vem oportunizando aos seus participantes ingressar com melhores desempenhos nos programas de Pós-Graduação stricto sensu, bem como garantir bolsas para a continuidade de estudos. Nesse sentido a continuidade e o incentivo aos alunos da graduação para os trabalhos de pesquisa seriam um aspecto fundamental para que acontecessem a consolidação e a aceleração da formação científica no país.

    A vantagem de privilegiar a universidade como a instituição mais adequada para abrigar o desenvolvimento da pesquisa está em que, dessa forma, é possível associar a realização da pesquisa com a formação dos novos pesquisadores, e, a partir dessa produção de conhecimento novo, melhorar, entre outros aspectos, o ensino universitário (AFONSO, 2003).

    Alguns alunos ainda indicaram possuir outros tipos de bolsa, como mobilidade acadêmica ou intercâmbio, que acabam por contribuir com um aumento de experiência e da bagagem cultural dos mesmos, através das vivências obtidas em outros lugares fora da ESEF/UFPel. Mobilidade acadêmica internet

    A presente pesquisa, ainda avaliou o benefício percebido pelos alunos no que diz respeito à posse de bolsas (Figura 2). E o principal benefício atribuído por eles, é o auxílio financeiro, já que muitos alunos são obrigados a trabalhar desde o ingresso na Universidade, para manter-se na Universidade, prejudicando de certa forma seu aprendizado e inserção maior no contexto da vida acadêmica. O tempo passa a não ser suficiente para fixar os conteúdos, ou para participar de projetos oferecidos pela Universidade, interferindo diretamente no seu desenvolvimento profissional.

    Para Neves (2010), um grande desafio para o Brasil é o da ampliação do acesso ao ensino superior e da inclusão social. O Brasil conta com uma matrícula atual de 5.8 millhões de estudantes e tem um sistema de educação superior bastante peculiar: um sistema público (federal, estadual ou municipal) de universidades, a maioria de pesquisa e com pós-graduação, consideradas de qualidade, mas com apenas 25% da matrícula; e um segmento privado, bastante diversificado com poucas IES de pesquisa e a maioria IES de graduação profissional que detém 75% da matrícula.

    Outro aspecto a ser destacado refere-se ao movimento de ampliação real de abertura de oportunidades para estudantes oriundos de extratos sócio-econômicos inferiores. Os dados relativos à expansão da matrícula no nível superior, ao contrário do que se poderia supor, revelam que essa expansão não trouxe mudanças significativas na composição social dos estudantes. Os dados mostram que não há diferença significativa, tomando-se como indicador a renda familiar dos alunos, entre os matriculados no ensino superior, público e privado.

    A concentração de estudantes pertencentes à parcela mais rica da população é superior a 50% em ambos os setores: 53.7% dos estudantes que freqüentam a rede pública e 58,7% dos que freqüentam a rede privada são oriundos de famílias do quinto mais elevado, que representam apenas 9,6% das famílias brasileiras, enquanto, apenas 2,9% e 1% dos estudantes do ensino público e privado respectivamente, são oriundos de famílias do 1° quinto, que correspondem a 30,2% das famílias do país (PNAD/IBGE, 2007).

    De qualquer modo, tem havido pressão por vagas no nível superior oriunda das camadas de renda inferiores, mas esta não tem sido atendida. Sem uma educação de nível médio adequada para competir com sucesso por uma vaga no setor público e sem meios para pagar as mensalidades exigidas no setor privado, esses grupos estão excluídos do acesso. Muitos até prestam o vestibular no setor privado, mas não ingressam, pois não tem recursos para pagar as taxas e mensalidades. Dentre os que ingressam, é grande a evasão no setor privado. Também no setor público a evasão é significativa. A média anual de evasão entre 2000 e 2005 nas IES em todo o Brasil foi de 22%. No setor privado esse percentual era de 26% e, no setor público, mais baixo, em torno de 12% (LOBO E SILVA et al. 2007).

    É, portanto, fundamental, a adoção de medidas que viabilizem o ingresso no ensino superior e a possibilidade de conclusão dos estudos com sucesso para essas populações de estudantes. Essas são questões prementes no Brasil (Observatório da Educação - CAPES).

    O Brasil conseguiu transformar-se numa sociedade moderna com níveis de desenvolvimento que o apresentam como potência emergente mantendo, no entanto, um desempenho extremamente precário do seu sistema educacional. Persiste uma pirâmide educacional profundamente perversa, que só permite que uma fração muito pequena de estudantes tenha acesso à educação superior. Isto agora se mostra como o maior empecilho às perspectivas futuras de desenvolvimento nacional. O Brasil conseguiu transformar-se numa sociedade moderna com níveis de desenvolvimento que o apresentam como potência emergente mantendo, no entanto, um desempenho extremamente precário do seu sistema. Persiste uma pirâmide educacional profundamente perversa, que só permite que uma fração muito pequena de estudantes tenha acesso à educação superior. Isto agora se mostra como o maior empecilho às perspectivas futuras de desenvolvimento nacional (NEVES, 2010).

Conclusões

    Com o presente estudo podemos perceber que, a UFPEL conta com inúmeras oportunidades de formação qualificada através das diversas bolsas ofertadas. Além disso, as mesmas tornam-se um grande facilitador da permanência dos alunos dentro da Universidade, visto que um grande número de alunos necessita de apoio financeiro durante a Graduação.

    A ESEF/UFPEL, enquanto unidade acadêmica da Universidade Federal de Pelotas se apropria do mesmo modo de tais oportunidades, e oferece bolsas relacionadas aos três pilares que compõem a Universidade (Ensino, Pesquisa e Extensão). No entanto, percebe-se que dentro desta unidade, a Extensão tem uma maior representação no que diz respeito ao número de alunos participantes, e isso se deve ao fato do maior número de bolsas ofertadas fazer parte deste segmento, além do grande número de projetos vinculados à este que a ESEF oferece.

    Além disso, existe uma grande diferença entre o número de bolsistas dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física. Um dos motivos para haver tal diferença é o fato dos primeiros terem a oportunidade de realizar estágios remunerados, desde o início do curso, ao contrário dos outros, que buscam através das bolsas ofertadas, uma alternativa para manter-se na Universidade. Além disso, mais bolsas poderiam ser ofertadas com o intuito de auxiliar na formação dos acadêmicos da ESEF/UFPEL.

    Quanto ao impacto gerado pelas bolsas na vida dos acadêmicos, percebemos que o principal auxílio que elas desempenham diz respeito à parte financeira, que de certa forma, como já mencionado, influi diretamente na sua permanência na Universidade. Porém, outro grande benefício acarretado com a participação como bolsista, diz respeito à experiência profissional adquirida com as atividades realizadas e ao aumento do conhecimento específico na área de atuação. O que nos mostra a importância de aliar a teoria com a prática e a indissociação de Ensino, Pesquisa e Extensão, o que vai contribuir para a formação mais completa dos indivíduos.

    Ficou evidenciado ainda que o professor é o elemento principal para a criação dos elos entre a Pesquisa e o Ensino, uma vez que é ele que cria as possibilidades e vínculos entre as ações de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Referências

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