Aptidão física relacionada à saúde de indivíduos com déficit intelectual, teste de flexibilidade (sentar e alcançar) Aptitud física relacionada con la salud de las personas con déficit intelectual, test de flexibilidad (sit and reach) |
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Especialista em Metodologia do Ensino dos Esportes Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS (Brasil) |
André Juliano de Araujo Flores |
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Resumo O presente trabalho tem como objetivo caracterizar uma amostra de indivíduos da população com Déficit Intelectual de uma escola de Educação Especial, quanto à flexibilidade de membros inferiores segundo o sexo no Rio Grande do Sul. Por este motivo adotou-se uma pesquisa de cunho quantitativo com uma amostra de 76 indivíduos, 44 do sexo masculino e 32 do sexo feminino com faixa etária entre 18 e 45 anos. Os resultados obtidos foram de 19,38 de média e 8,98 de desvio padrão para o sexo masculino e 23,18 de média e 9,41 de desvio padrão para o sexo feminino. Concluiu-se a partir dos dados coletados nesta pesquisa que a população de alunos com DI do sexo masculino têm um valor de referência menor (19,38) que o grupo do sexo feminino que é de (23,18). Ou seja, o grupo masculino está abaixo dos padrões de referência em relação ao grupo feminino. Unitermos: Déficit intelectual. Flexibilidade. Educação Especial.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Recentemente um tema que está recebendo a devida importância e proporção, tanto no meio acadêmico quanto no clínico e social é a qualidade de vida e o papel do indivíduo com Déficit intelectual (DI) na sociedade. Este assunto por muito tempo foi considerado um tabu, todavia nos últimos anos os profissionais da educação e saúde começaram a dar a devida atenção. Esta atenção está começando a gerar no meio acadêmico novas pesquisas no que diz respeito à qualidade de vida e seus benefícios. Considera-se DI o estado em que o indivíduo apresenta necessidades especiais temporárias ou permanentes em relação ao desenvolvimento e amadurecimento cognitivo, que consequentemente podem apresentar uma redução no desenvolvimento motor, comportamental, afetivo e social comparado à maioria da população.
Segundo Damasceno (1992) os testes de habilidades físicas são alguns dos elementos importantes de avaliação para que haja melhora da condição neuro-psico-social de pessoas com DI, que irão gerar alternativas e possibilidades aos profissionais de Educação Física no que diz respeito à necessidade de elaboração de programas de condicionamento físico, levando em conta a especificidade da população. A flexibilidade é a capacidade de executar determinados movimentos com grande amplitude articular e está relacionada à estrutura óssea e articular, idade, sexo, tipo corporal e doença e ou deficiência (MONTEIRO e FARINATTI apud FERNANDES, 1998). É evidente a preocupação da população com relação à qualidade de vida e esta preocupação não é somente estética. Pessoas que não são praticantes de exercícios físicos regulares, na maioria das vezes, têm consciência de que os exercícios físicos são benéficos (FLORES, 2007). Os indivíduos com DI fazem parte de um grupo específico de população onde pode se observar a prevalência de excesso de peso e também obesidade superiores às verificadas em populações adultas saudáveis (FLORES, 2010 apud FERNHALL, 1997). Sabemos que a flexibilidade está relacionada à idade, sexo, estrutura óssea e articular e biotipo e que estão intimamente ligados a inatividade e maus hábitos de movimentos, por este motivo a falta de flexibilidade causa uma baixa qualidade de vida e doenças relacionadas ao sedentarismo (RASCH & BURKE, 1987).
Uma dentre várias dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área da saúde que trabalham com pessoas com DI é a grande diversidade de conceitos e denominações usadas entre vários instrumentos de avaliação, que têm origem nas universidades, pesquisas, grupos de estudo e editores de revistas relacionadas ao assunto. Outro problema que deve ser solucionado são os critérios de instrumentos que são utilizados nesta população. A proposta de um trabalho adequado deve ser um dos critérios a ser bem pensada; adequação técnica do instrumento para que tenha uma padronização seguindo os critérios de repetibilidade, reprodutibilidade, objetividade, fidedignidade e validade, (THOMAS & NELSON, 2002) fatores que não sejam discriminatórios, ou seja, que possam ser adaptados no que diz respeito ao equipamento a ser usado e linguagem utilizada. Facilidade na administração do teste; execução, local de aplicação, tempo na execução do teste e planilhas de fácil leitura e utilização, por último a validade ecológica onde os dados coletados devam ser feitos em ambientes confortáveis e de familiarização dos indivíduos pesquisados (ZITTEL, 1994).
Este estudo pretende caracterizar uma amostra de indivíduos da população com Déficit Intelectual quanto à flexibilidade de membros inferiores segundo o sexo.
Materiais e métodos
Amostra
A população alvo desta pesquisa foi composta por 76 indivíduos, 44 do sexo masculino e 32 do sexo feminino com faixa etária entre 7 e 45 anos, todos com Déficit Intelectual, ambos de etnia branca, residentes no Vale dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre – RS, matriculados e frequentando regularmente uma escola de Educação Especial. O Déficit Intelectual foi confirmado através da leitura do laudo dos médicos e psicólogos, arquivados nas pastas dos indivíduos pesquisados.
Procedimentos
Esta pesquisa se caracteriza por ser de cunho quantitativo, do tipo estudo de caso. A amostra foi selecionada a partir do programa SPSS 15.0 usando a aleatoriedade simples. A coleta dos dados foi realizada uma única vez para cada indivíduo da pesquisa pelo mesmo avaliador numa sala com temperatura em média de 18cº. Nesta avaliação foi utilizado para verificação da flexibilidade um bando de Wells de marca Terrazul. Os alunos foram informados com antecedência sobre os procedimentos e trajes para a realização das avaliações, data, local, objetivos do estudo e os resultados foram preenchidos nas fichas de avaliação individual.
Tratamento estatístico
Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, como média e desvio padrão. Para isto foi usado o programa SPSS 15.0.
Resultados e discussão
Após a coleta dos dados, os resultados foram analisados de acordo com o sexo (Tabela 1)
Tabela 1. Médias e desvio padrão para o teste de flexibilidade
Sexo |
N |
Média |
DP |
Masculino |
44 |
19,38 |
8,98
|
Feminino |
32 |
23,18 |
9,41 |
No momento não há uma bateria de testes e tabelas de referências para a população com DI, isto é muito ruim, pois quando o pesquisador avalia esta população ele não encontra referências para comparação e realmente saber qual a verdadeira classificação destes indivíduos. Por este motivo é importante que haja pesquisadores na área de avaliação da aptidão física relacionada à saúde e relacionada ao desempenho motor, para que possamos ter mais dados de referência desta população e consequentemente comparar futuras pesquisas a estas.
Podemos verificar nesta tabela que a média de flexibilidade do sexo masculino é de 19,38, ao compararmos este valor aos de referência da bateria de testes PROESP-BR (2007) podemos notar que a classificação é abaixo dos pontos de corte referente às idades de 7, 8, 9, 10, 11,16 e 17 anos, sendo apenas acima das faixas de 12, 13,14 e 15 anos. Já a população do sexo feminino obteve uma média de 23,18, e comparando aos mesmos valores de referência do sexo feminino PROESP-BR (2007), este grupo está acima dos valores dos pontos de corte que indicam risco à ocorrência de desvios posturais e queixas de dores nas costas.
Conclusão
Concluiu-se a partir dos dados coletados nesta pesquisa que a população de alunos com DI do sexo masculino têm um valor de referência menor (19,38) que o grupo do sexo feminino que é de (23,18). Ou seja, o grupo masculino está abaixo dos valores de referência em relação ao grupo feminino.
Referências bibliográficas
Barros, J.F. Estudo comparativo dos índices de aptidão física em portadores de deficiência mental. Tese (Doutorado), São Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. 1998.
Damasceno, L. G. Natação, psicomotricidade e desenvolvimento. Brasília (DF), Secretaria dos Desportos da Presidência da República, 1992.
Flores, A.J.A. Níveis de Atividade Física em Acadêmicos dos Cursos de Direito, Letras, Matemática e Nutrição de uma Instituição de Ensino Superior de Canoas, RS, Brasil. Canoas: UNILASALLE, 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciado em Educação Física), Centro Universitário Unilasalle, 2007
Flores, A.J.A.; Noll, Matias. Perfil antropométrico de indivíduos com déficit intelectual. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, N°150, Novembro de 2010. http://www.efdeportes.com/efd150/perfil-antropometrico-de-individuos-com-deficit-intelectual.htm
Marques, A.C. O perfil do estilo de vida de pessoas com síndrome de down e normas para avaliação da Aptidão física. Tese (Doutorado), Porto Alegre: Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2008.
PROESP-BR. Projeto Esporte Brasil. Indicadores de Saúde e de Desempenho Esportivo em Crianças e Jovens. Manual de Aplicação de Medidas e Testes Somatomotores. Gaya, A. Revista Perfil – Ano VI – Nº 6, 2007.
Rasch, P. J. & Burke, R. K. Cinesiologia e anatomia aplicada. 5.ed., Rio de Janeiro, Guanabara Kogan, 1987.
Thomas, JR; Nelson, JK. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002
Zittel, L.L. Gross Motor Assessment of Preschool Children with special Needs: Instrument Selection considerations. Adapted Physical Activity Quarterly, 11, Human Kinetics, 1994 p. 245-260.
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