efdeportes.com

O olhar do Coletivo de Autores sobre avaliação na Educação Física

La perspectiva del Colectivo de Autores sobre la evaluación en Educación Física

The look of the Collective of Authors on evaluation in Physical Education

 

Mestrando em Educação Física, UNB

Técnico em Nível Superior- Ministério do Esporte

Professor da SEC/DF

Wagner Barbosa Matias

wagneruesb@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A obra “Metodologia do Ensino da Educação Física”, lançada em 1992 é uma das mais significativas na produção cientifica deste campo. Elaborada por um Coletivo de Autores, ela dialoga com o conhecimento progressista da área da educação e da Educação Física (EF), apontando possibilidades de reflexão e de trabalho para o professor. Quanto à avaliação, os autores fazem uma critica sobre o tipo que está sendo realizada nas aulas e encaminha referencias balizadoras para a transformação da realidade existente.

          Unitermos: Educação Física. Avaliação. Coletivo de Autores.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Basta uma rápida passagem pelas escolas públicas de nossas cidades para percebermos as difíceis condições de trabalho dos professores. Estes responsáveis por mediar o processo de ensino aprendizagem dos estudantes, além de mal remunerados, são colocados em salas superlotadas com pouco ou nenhum material didático. Fruto do processo histórico de construção da disciplina os docentes de EF sofrem bem mais.

    Os autores da proposta critico-superadora conheciam bem esta realidade, uma vez que, elaboraram-na tendo “em mente um professor sufocado pelas limitações materiais da escola, pelos baixos salários, pela desvalorização de sua profissão e do seu trabalho [...]” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 17). Por isso, segundo eles, muito mais que um receituário de jogos, a obra busca apontar uma direção para a atuação profissional do professor de EF na escola.

    O caminho indicado no livro é a reflexão sobre os temas da Cultura Corporal, os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte dentre outros O primeiro capitulo do livro trata do desenvolvimento da EF no currículo escolar, apontando formas e concepções do trato pedagógico dessa disciplina na escola. Os autores afirmam que nele os docentes poderão encontrar elementos para “[...] o desenvolvimento da sua reflexão, com elementos teóricos sobre a concepção de currículo escolar vinculada a um projeto político pedagógico que destaca a função social da educação física”. (IBID, p.18).

    No segundo capitulo os autores constroem uma rápida análise das tendências que fornece elementos de base para a construção de uma perspectiva pedagógica superadora.

    Os autores acreditam que seja o terceiro capitulo a parte principal da obra, uma vez que nela está contido a forma de como lidar com os conteúdos e as diferentes formas de trabalhá-los dentro dos ciclos de escolarização.

    No último capitulo os autores debatem a avaliação. “A avaliação do processo de ensino-aprendizagem é muito mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos”. (IBID, p.98). Este é o foco da nossa reflexão, tendo em vista que ainda é pouco explorada no campo da produção cientifica da área.

Avaliação na EF

    No último capítulo do livro os autores elaboram uma discussão acerca da Avaliação em EF, “[...] as explicações teóricas sobre avaliação do processo de ensino–aprendizagem na educação física no Brasil vem apresentando limitações”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 97).

    A avaliação é um dos grandes gargalos da educação institucionalizada, pois, mesmo existindo uma vasta produção sobre a temática, ainda está distante a adoção de modelos progressistas por partes dos professores. Na EF o problema é maior, já que não existem propostas, apenas apontamentos.

    No inicio deste capitulo os autores relatam o fato de que a avaliação que predominava na EF é a aplicação de testes e obtenção de medidas para selecionar os estudantes para as competições e para cumprir as obrigações colocadas pela escola. A avaliação na perspectiva critico-superadora diferencia da abordagem tradicional ao incentivar “a participação dos alunos na definição dos critérios de avaliação e nos rumos a serem tomados pela disciplina. (SILVA, 2005, p. 27).

    Um dos marcos da obra é a colocação de termos e frases sem explicações do que significam, ou mesmo de como eles materializam no ambiente da escola. Vemos isso em uma das passagens sobre a avaliação quando colocam que:

    Não se pode cair no reducionismo de um universo meramente técnico de entendimento, sendo necessária à consolidação de outras dimensões desse processo como, por exemplo, as suas significações, implicações e conseqüências pedagógicas, políticas e sociais (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 105).

    Faltou aos autores colocarem como os professores realizariam a avaliação dessas diversas dimensões, uma vez que só fazem apontamentos de um modelo de avaliação.

    Na análise deste quarto capitulo confirmamos que o Coletivo de Autores perderam nesse aspecto também a oportunidade de estarem construindo uma proposta de avaliação para a EF. Pois, o livro não consegue fazer “uma sistematização completa do seu modelo de avaliação, com métodos e instrumentos. O que traz são apontamentos de como se deve promover uma avaliação com foco qualitativo [...]”. (SILVA, 2005, p. 28).

    O livro aponta dez posições que devem ser repensadas na avaliação em EF. Entre eles está à necessidade de serem superadas as práticas avaliativas “mecânico-burocráticas” para a “produtiva-criticas”, contribuindo assim para que os estudantes resolvam os problemas de forma coletiva e com a ajuda dos professores. Alem disso, apontam à necessidade da avaliação considerar a situação de classe social dos alunos, possibilitando aos mesmos reflexões criticas da realidade (IBID, 2005, p. 28).

    Segundo os autores a avaliação na abordagem Critico-Superadora acontece em todos os momentos, por diversas formas com uma finalidade, um sentido, um conteúdo e uma forma. Vamos caracteriza-los:

  • O sentido → busca a concretização de um projeto político pedagógico articulado com um projeto histórico de interesse da classe trabalhadora.

  • Finalidades → é a organização, identificação, compreensão e explicação da realidade mediatizada pelo conhecimento cientificamente elaborado e pela lógica dialética materialista de pensamento.

  • Conteúdo  → é selecionado em função de sua relevância para o projeto pedagógico e histórico e em função de sua contemporaneidade.

  • Forma → é dialógica, comunicativa, produtiva-criativa, reiterativa, participativa.

Considerações finais

    Os professores em suas aulas podem até construir ações contra hegemônicas, no entanto, dificilmente passará de intervenções pontuais. Acreditar que a simples prática pedagógica do professor de EF e a falação dos supostos iluminados irá transformar a sociedade, caracteriza-se como um discurso enganoso.

    Não temos dúvida que existe a necessidade de construção de um contra discurso, no entanto não cremos que apenas com a apreensão da produção intelectual os trabalhadores construirão a ditadura do proletariado.

Referências

  • ALVES, Fernanda de Souza. Higienismo e a concepção da aptidão física e saúde na educação física escolar: relações estabelecidas. Jequié: UESB, 2004.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • RESENDE, Helder Guerra; SOARES, Antonio Jorge Gonçalves. Elementos constitutivos de uma proposta curricular para o ensino - aprendizagem da educação física na escola: um estudo de caso. Revista Perspectivas em Educação Física Escolar. Niterói: EDUFF, 1(1): p. 26-35. 1997.

  • SILVA, Diego Teles da. Concepções de Avaliação na Educação Física Escolar. Jequié: UESB, 2005.

  • SOARES, Carmem Lucia. Educação física escolar: conhecimento e especificidade. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.6-12, 1996.

  • MATIAS, Wagner Barbosa. Abordagens Teórico-metodologicas da Educação Física Escolar: em busca de uma nova síntese. Jequié: UESB, 2006.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 160 | Buenos Aires, Septiembre de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados