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Nível do VO2 máx dos árbitros de futebol de Irati

Nivel de VO2 máx de los árbitros de fútbol de Irati

 

*Discente do Curso de Graduação em Educação Física

**Docente do Curso de Graduação em Educação Física

Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Irati, PR

(Brasil)

Moisés Neves*

profmneves@bol.com.br

Luciano Menon**

luciano.menon@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve como objetivo determinar o nível de aptidão aeróbica dos árbitros de futebol de Irati, para saber se estes condizem com a atividade realizada nas suas respectivas funções. A amostra foi composta por 10 árbitros pertencentes ao quadro de arbitragem da cidade. Os testes utilizados para a analise do VO2 máx foi o teste de Léger. Como resultado obteve-se que em média os indivíduos avaliados encontram-se com um nível de aptidão cardiorrespiratória classificado como regular, o que levou a concluir que a amostra estudada estava com os níveis abaixo do esperado para se ter um bom desempenho físico em uma partida de futebol.

          Unitermos: Aptidão aeróbica. Árbitro de futebol. Futebol.

 

Abstract

          This study aimed to determine the level of aerobic fitness of soccer referees Irati to see if they match the activity performed in their respective functions. The sample consisted of 10 referees that belong to the arbitration of city. The tests used for the analysis of VO2 máx test were Leger. As a result it was found that on average individuals are evaluated with a level of cardio respiratory fitness classified as regular, which led to the conclusion that the study sample had levels below that expected to have a good physical performance in a match football.

          Keywords: Fitness aerobics. Soccer referee. Soccer.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol é considerado uma paixão nacional, todas as pessoas torcem por um time profissional, todos os meninos sonham em ser jogador de futebol. Os campeonatos são inúmeros atraindo grandes públicos e movimentando valores financeiros enormes. Os clubes trabalham em todo o Brasil com categorias de base e profissional, investindo valores exorbitantes, com quadros de profissionais que variam de atletas, preparadores físicos, médicos, técnicos, fisiologistas, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, dentre outros. Neste aspecto pode-se dizer que o futebol é um mecanismo de promoção e transformação social e de lazer muito grande, que exige muito de todos os mercados.

    Neste contexto encontra-se o árbitro de futebol, que sofre uma exigência física e técnica tão grande quanto os atletas, pois tem responsabilidade enorme sobre o jogo e sobre todos os mecanismo que envolvem o futebol. Necessita de treinamento físico e técnico específico, para que tenha condições de desenvolver corretamente sua função. Diante de todas as situações atuais, o árbitro, cada vez mais deve estar preparado tanto tecnicamente, quanto fisicamente, pois diante das necessidades do futebol este sujeito estará sendo considerado atleta.

    Em uma partida de futebol o árbitro corre em torno de 12 km, e ainda tem alterações nos sistemas energéticos, pois as variações em torno de jogadores são muito grandes, ora o arbitro tem que dar um tiro de 20 metros, ora percorre determinado trajeto por 5 ou 6 minutos. Estudos de Da Silva (2005) mostraram que o sistema energético utilizado pelo árbitro de futebol durante uma partida, oscila entre o glicolitico, fosfogenico, mas principalmente o oxidativo.

    Diante disso fica evidente a necessidade de um árbitro de futebol ter uma boa condição cardiorrespiratória para ter um desempenho com qualidade durante uma partida. Sendo assim este trabalho tem como objetivo principal analisar através de dados estatísticos e científicos, segundo protocolo de Legér (1982), o consumo máximo de oxigênio (VO2 Max) dos árbitros de futebol de Irati, a fim de mensurar a condição cardiorrespiratória do árbitro de futebol e confrontar os dados com estudos recentes deste mesmo tema, com a finalidade de analisar a atual aptidão aeróbica dos árbitros de Irati, evidenciando se os mesmos encontram-se dentro dos patamares mínimos para exercer suas funções.

Metodologia

Procedimentos

    Participaram do estudo 10 árbitros de futebol de Irati – Paraná, sendo que a população é composta por 60 árbitros. As idades variaram de 20 a 40 anos. E a escolha da amostra foi do tipo intencional, aleatória.

    Para se dar início a coleta de dados, o pesquisador entrou em contato com o presidente do quadro de árbitros de Irati, pedindo autorização para participação daqueles como sujeitos do estudo. Assim que houve a confirmação foi marcada a data e o local para coleta de dados. No dia da pesquisa foi entregue um termo de consentimento para cada árbitro sendo que a coleta só teve início após assinatura dos mesmos.

    Numa segunda etapa, foi realizado teste de Léger (1981), onde todos os participantes realizaram no mesmo grupo, o pesquisador se encarregou de anotar os dados para uma posterior análise. Os dados foram tratados estatisticamente e discutidos com a teoria.

    Um termo de consentimento livre e esclarecido foi entregue para cada árbitro pedindo autorização para realização do estudo, bem como esclarecendo a finalidade da pesquisa, a forma que seria realizada, além de garantir o sigilo para o participante, bem como em caso de qualquer e eventual acidente o pesquisador se responsabilizaria pelo ocorrido, e toma as devidas providencias.

    Os testes foram realizados no Ginásio Municipal de Esportes Agostinho Zarpelon Júnior, pelo mesmo avaliador, com todos os árbitros no mesmo dia e horário.

Instrumentos

    Foram necessários os seguintes itens: local plano de pelo menos 25 metros, cd contendo o teste, rádio com toca cd, 4 cones, fita crepe, placar com número de voltas, cronômetro, folhas de anotação. Este teste pode ser aplicado para grupos de 6 a 10 pessoas, que correndo juntas num ritmo cadenciado por um cd especialmente gravado para o teste, devem cobrir um espaço de 20 metros, delimitado entre duas linhas paralelas. O CD emite bips, a intervalos específicos para cada estágio, sendo que a cada bip o avaliado tem que estar cruzando com um dos pés uma das duas linhas paralelas, ou seja, saindo de uma das linhas corre em direção a outra, cruza esta com pelo menos um dos pés ao ouvir um bip e volta em sentido contrário. No CD, o término de um estágio é sinalizado com dois bips consecutivos e com uma voz avisando o número do estágio concluído. A duração do teste depende da aptidão cardiorrespiratória de cada pessoa, sendo máximo e progressivo, menos intenso no início e mais intenso no final, perfazendo um total possível de 21 minutos (estágios).

    Após a realização dos testes, os resultados obtidos serão calculados pelas seguintes equações de predição do VO2 máx em ml/kg/min no teste aeróbico de Léger (1981):

    Pessoas de 6 a 18 anos; y = 31,025 + 3,238 A + 0,1536 AX Pessoas de 18 anos ou mais: y = - 24,4 + 6,0 X

    Onde:

y = VO2 máx em ml/kg/min

X = velocidade em km/h (no estágio atingido)

A = idade em anos

Resultados e discussão

    O futebol tem em seu histórico, muitas vertentes da sua criação, neste aspecto desde o princípio as regras estiveram presentes. Porém, o árbitro de futebol, pode-se dizer que é um instrumento moderno, conhecido dentre o meio como guardião das leis do jogo. A evolução do futebol sempre trouxe evolução aos árbitros, pois basta relembrarmos os tempos românticos do futebol, tal qual a Copa do Mundo de 1970, onde a bola era quem corria, os contatos físicos eram bem menores, e as atuações dos árbitros eram tratadas como amadoras, pois até então o futebol era amador. Devido à paixão que o mesmo proporciona, e a evolução que ele sofreu, o futebol passou a movimentar cifras milionárias. Com isso, os atletas passaram a ser profissionais, os contratos milionários, as entidades a movimentar valores extremamente altos, os clubes ganharam aspecto de “clube-empresa”, e os árbitros passaram a ser mais cobrados, exigindo o profissionalismo dos mesmos, apesar de não existir uma legislação especifica a respeito.

    Os dados obtidos foram calculados por suas equações e os resultados do VO2 Max que foi expresso em ml/kg/min, ficando da seguinte forma, percebemos que o VO2 máx dos avaliados ficou entre os limites de 33,86 e 45,93 , conforme veremos abaixo:

Tabela 1: VO2 máx dos árbitros de futebol de Irati

    Com base nos resultados acima, podemos analisar que a média de VO2 máx, foi de 39,16 tendo como desvio padrão 3,96. Analisando este resultado com a referência percebe-se que a média está classificada em um nível regular.

    Sendo que em uma análise mais detalhada dos dados, nota-se que 50% dos indivíduos apresentam níveis regulares, 10% classificam-se em nível fraco e 40% em nível bom.

    Em uma partida de futebol a atividade exercida pelo árbitro é basicamente aeróbica, conforme estudo realizado por Da Silva e Rodriguez-Añez 2001, sendo que para isto é necessário que ele tenha uma boa capacidade cardiorrespiratória o que facilita sua atuação numa partida de futebol, pois assim ele poderia suportar com tranqüilidade os 90 minutos da partida, se colocando bem em todos os momentos da partida.

    Na atualidade o árbitro de futebol é considerado como atleta, percorre distâncias em corrida semelhantes aos jogadores, necessita de potência, velocidade e recuperação de alto nível, e principalmente deve ter condição de suportar uma partida de futebol inteira sem entrar em fadiga para minimizar os erros. O árbitro durante uma partida de futebol utiliza os três sistemas energéticos, porém observa-se uma predominância do sistema oxidativo, justamente o que nos levou a pesquisar esta variável no nosso estudo. Para Mc Ardle, Katch e Katch (2002) uma boa condição aeróbica, não só colabora para o bom desempenho físico geral, bem como é componente crucial para a recuperação e retardo da fadiga. Neste aspecto, pode-se afirmar que a recuperação ocorre de forma ativa, pois o árbitro não tem o direito de pausar o jogo para realizar sua recuperação, pois trata-se de um jogo dinâmico.

    Da Silva e Rodrigues-Añes 2002 em seu estudo sobre as ações motoras do árbitro durante uma partida de futebol concluíram que a distância média por partida foi de 6912,8 metros. Sendo que deste 5318,6 metros em média correndo de frente, e 856 metros em média correndo lateralmente e 26,4 metros na forma de sprint. E, observando que o campo de futebol apresenta dimensões inferiores a 110 metros, que exigem muita disposição do apitador.

    Neste aspecto o árbitro deve ter uma característica primordial um treinamento físico que seja ideal e próprio para o seu rendimento em jogo, deve alternar corridas médias com corridas longas, procurando sempre maximizar o aumento da capacidade de absorção de oxigênio. Não deixando de lado, em hipótese alguma os treinos de potência e agilidade. O futebol, cada vez mais exigirá uma melhora no condicionamento físico dos árbitros. Pois a FIFA, estabeleceu testes físicos que exigem rendimentos máximos para árbitros, com o objetivo claro de que um árbitro bem condicionado será sempre um árbitro melhor preparado.

    Guedes e Guedes (1995), falam que o indivíduo que tem uma melhor aptidão cardiorrespiratória recupera-se de exercícios físicos mais intensos, com maior facilidade reduzindo assim as atividades do coração, representando assim uma economia de energia, traduzindo uma maior capacidade de realizar uma determinada tarefa. Ou seja, uma capacidade aeróbia tida como excelente, retarda os efeitos da fadiga, fazem com que o praticante, ou seja, o árbitro tenha maior oxigenação no sistema nervoso central, bem como nas células musculares, evitando o risco de cometer falhas durante os 90 minutos de jogo.

    Neste aspecto, e de acordo com a tabela acima podemos notar que mais de 50% dos árbitros da amostra apresentam níveis de condição cardiorrespiratória regulares, o que para os autores Da Silva e Rodriguez-Añez (2001), representaria uma maior dificuldade de estar em condições, o tempo todo da partida de futebol com sua condição boa, fazendo com que o esgotamento físico contribuiria para o árbitro tomar decisões equivocadas, tirando o brilho de um bom jogo de futebol.

    No estudo Da Silva (2005), que analisa a aptidão física dos árbitros de futebol do Estado do Paraná, também se observa que os níveis de VO2 Max, também se encontram em patamares baixos, sendo que 37% dos avaliados encontram-se em condições físicas abaixo do recomendado pela FIFA.

    Pode-se perceber que os árbitros de Irati com base nos resultados dos testes, possuem alguns fatores que podem influenciar negativamente sua atuação numa partida de futebol, como no caso o VO2 Max estar em níveis baixos para alguns, o que para Da Silva (2005), pode acontecer pela falta de preparação física específica e adequada com um profissional de Educação Física.

Conclusão

    O objetivo do estudo foi alcançado visto que foi comprovado que para esta amostra a aptidão aeróbica dos árbitros de Irati está em um nível regular, o que implica em certo prejuízo para os oficiais da arbitragem realizarem suas atividades profissionais.

    Pode a partir deste estudo sugerir para os responsáveis pela arbitragem que orientem seus árbitros a iniciarem um programa de condicionamento físico regular, para que eles possam melhorar sua aptidão cardiorrespiratória.

    Um dos pontos que podemos citar como negativo foi à baixa aderência a pesquisa, o que causou dificuldades em se analisar de forma estatística os resultados obtidos, fazendo com que não se possam generalizar estes resultados para toda população de árbitros de Irati.

    Levando em consideração os resultados obtidos e as devidas discussões, bem como as limitações deste estudo, pode-se sugerir estudos que acompanhem e abordem temas como: níveis de atividade física, estilo de vida, hábitos alimentares, ou mesmo a reaplicação do estudo com um número maior de participantes para se obter conhecimento acerca do que poderão estar influenciando estes resultados.

Referências

  • CARNAVAL, P.E. Medidas e Avaliação, em ciências do esporte. 3a edição. São Paulo, SP: Sprint, 1995.

  • Da SILVA, A. I. Bases Científicas e Metodológicas do para o Treinamento do Árbitro de Futebol. Curitiba: Imprensa da UFPR, 2005.

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  • Da SILVA, A. I.; RODRIGUEZ-ANEZ, C. R. Dispêndio energético do árbitro assistente de futebol. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.12, n.2, p.113-118, 2001.

  • Da SILVA, A. I.; RODRIGUEZ-ANEZ, C. R.;ARIAS, V. D. C. Níveis de aptidão física de árbitros de elite da Federação Paranaense de Futebol. Revista Brasileira de Ciências e Movimento, Brasília, DF. v 12. N.1 p 63-70. 2003.

  • Da Silva, A.I.; RODRIGUES-ANES, C. R. Níveis de aptidão física e perfil antropométrico dos árbitros de elite do Paraná credenciados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Portugal. V.3, n.3, p.18-26, 2007.

  • GUEDES, D. P.; GUDES, J. E. R. P. Controle do Peso Corporal, composição corporal atividade física e nutrição. Londrina, PR: Midiograf, 1998.

  • KATCH, V. L.; KATCH F. I.; MACRLDE, W. D. Fundamentos de Fisiologia do Exercício, 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2002.

  • LAKATOS, E.M & MARCONI, M.A. Metodologia Científica. Editora Atlas S.A., 3ª ed. São Paulo, 2000.

  • LÉGER, L. A.; LAMBERT, J. Maximal multistage 20m shuttles run test to predict VO2 max. European Journal of Applied Physiology, v 49, p 1-5, 1982.

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