Impacto da ingestão prévia de maltodextrina + frutose sobrea glicemia e o desempenho de nadadores durante exercício aeróbio Impact of prior ingestion of maltodextrin + fructose on the blood glucose and the performance of swimmers during aerobic exercise Impacto de la ingestión previa de maltodextrina + fructosa sobre la glicemia y el rendimiento de los nadadores durante el ejercicio aeróbico |
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*Bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, PIBIC Universidade Paranaense, UNIPAR, Pr **Bolsista pelo Programa Externo de Bolsas de Iniciação Científica, PEBIC Fundação Araucária. Universidade Paranaense, UNIPAR, Pr ***Professora Titular dos cursos de Educação Física e Nutrição Universidade Paranaense, UNIPAR, Pr (Brasil) |
Juliano Henrique Borges* Larisse Daniela Hoffmann** Nicolly Patrícia Gregório* Telma Aparecida Costa*** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da ingestão prévia de maltodextrina + frutose sobre a glicemia e o desempenho de nadadores adolescentes do gênero masculino durante exercício aeróbio, com idade média de 14,80 ± 2,39 anos. Os sujeitos foram submetidos a um teste experimental: controle (placebo) e suplementação de maltodextrina 6% + frutose 2%, com a ingestão 20 min antes do teste, realizados em duas semanas seguidas nesta mesma ordem. O protocolo constituiu-se de 10 min de nado livre na intensidade próximo ao limiar anaeróbio individual dos atletas. Resultados significativos foram encontrados com o aumento da glicemia após 20 min da ingestão da solução carboidratada em relação ao controle (p = 0.0460), com valores médios para o controle (109,20 ± 13,16 mg/dL) e com a suplementação de maltodextrina 6 % + frutose 2 % (138,20 ± 16,81 mg/dL). Desta forma, conclui-se que a ingestão de maltodextrina + frutose promoveu aumento significativo da glicemia após 20 min de ingestão, porém não houve diferença na glicemia após o teste, assim como no desempenho dos atletas. Unitermos: Adolescentes. Natação. Aeróbio.
Resumen El objetivo de este estudio fue evaluar los efectos de la ingesta previa de maltodextrina + fructosa sobre los niveles de la glicemia y el rendimiento de nadadores adolescentes varones con una edad media de 14,80 ± 2,39 años, durante el ejercicio aeróbico. Los sujetos fueron sometidos a una prueba experimental: el control (placebo) y la suplementación de maltodextrina 6% + fructosa 2%, con la ingestión 20 minutos antes de la prueba, llevada a cabo en dos semanas en ese orden. El protocolo consistió en 10 minutos de natación en estilo libre a una intensidad cercana al umbral anaeróbico individual de los atletas. Se encontraron resultados significativos con el aumento de la glicemia después de 20 minutos de la ingestión de solución de carbohidratos en comparación con el control (p = 0,0460), con valores medios para el control (109,20 ± 13,16 mg/dL) y con la suplementación de maltodextrina 6% + fructosa 2% (138,20 ± 16,81 mg/dL). Por lo tanto, se concluye que la ingesta de maltodextrina + fructosa promovió un aumento significativo de la glicemia después de los 20 minutos de la ingestión, pero no hubo diferencias en la glicemia después de la prueba, así como el rendimiento de los atletas. Palabras clave: Adolescentes. Natación. Aeróbico.
Abstract The aim of this study was to verify the effects of prior ingestion of maltodextrin + fructose on the blood glucose and the performance of teenagers swimmers of the masculine gender during aerobic exercise, with average age of 14.80 ± 2.39 years old. The subjects were submitted an experimental test: control (placebo) and supplementation of maltodextrin 6% + fructose 2%, with the ingestion 20 min before the test, accomplished in two followed weeks in this same order. The protocol was consisting of 10 min of swim in freestyle in the intensity close to individual anaerobic threshold of the athletes. Significant results were found with the increase of the blood glucose after 20 min of the ingestion of the carbohydrate solution in relation to the control (p = 0.0460), with average values for the control (109.20 ± 13.16 mg/dL) and with the supplementation of maltodextrin 6% + fructose 2% (138.20 ± 16.81 mg/dL). In this way, it can conclude that the ingestion of maltodextrin + fructose promoted significant increase of the blood glucose after 20 min of the ingestion, however there was not difference in the blood glucose after the test, as well as in the athletes' performance. Keywords: Adolescents. Swimming. Aerobic.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Um bom desempenho do atleta é dependente do seu treinamento e da sua alimentação, pois, a nutrição constitui o alicerce para o desempenho físico, depois de excluídos componentes hereditários e condicionamento atlético. Seu treinamento deve ser bem planejado e periodizado e sua alimentação deve conter quantidades adequadas e equilibradas, suprindo assim, todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo do atleta (CAMIÑA; KAZAPI, 2004).
A alimentação de um atleta é diferenciada dos demais indivíduos em função do gasto energético elevado que varia de acordo com o tipo de atividade, treinamento e do momento da ingestão. Os atletas necessitam de um aporte glicídico maior que os indivíduos não atletas (TIRAPEGUI, 2005).
Segundo Carvalho et al. (2003), o atleta que deseja otimizar sua performance, antes de qualquer manipulação nutricional, precisa adotar um comportamento alimentar adequado ao seu esforço. A determinação dos hábitos alimentares dos atletas fornece importantes informações tais como, a composição da dieta e a maneira como os alimentos estão sendo consumidos, que pode estar inadequada (carência ou excesso) (SOARES; ISHII; BURINI, 1994).
Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a necessidade de macronutrientes para atletas, diferencia-se da recomendação para indivíduos sedentários. A ingestão diária recomendada para atletas é de 60% a 70% das suas calorias oriundas dos carboidratos, 10% a 15% das proteínas e 20% a 30% dos lipídios, entretanto, essas recomendações são para indivíduos adultos (CARVALHO et al., 2003; MAHAN; STUMP, 2005). Crianças fisicamente ativas diferem das sedentárias e de adultos em aspectos fisiológicos, metabólicos e biomecânicos (Bar-Or, 2001).
Uma dieta pobre em carboidratos compromete rapidamente as reservas de glicogênio para a atividade física rigorosa ou o treinamento regular (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).
A redução do glicogênio muscular pode resultar em um decréscimo da performance, verificando a necessidade da ingestão de carboidrato (HAFF et al., 2003). Uma das principais vantagens da ingestão de carboidratos é a manutenção da glicemia, possibilitando que a glicose sangüínea sustente por período prolongado a demanda energética dos músculos e estes possam reduzir a taxa de depleção do glicogênio, aumentando assim a capacidade de manter-se em atividade (TIRAPEGUI, 2005).
Os carboidratos são divididos em três categorias principais: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Como exemplos de monossacarídeos há a glicose e a frutose; como dissacarídeos, a sacarose, maltose e lactose; e no grupo dos polissacarídeos, destacam-se os carboidratos complexos, que incluem os polímeros de glicose (como a maltodextrina). A glicose é o produto final da digestão dos açúcares e do amido (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).
A utilização da maltodextrina, além de beneficiar o esvaziamento gástrico apresenta índice glicêmico moderado, em comparação à glicose e a sacarose (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001).
A maltodextrina é um polímero de glicose comumente usada em bebidas esportivas, que são preparados comercialmente por meio da hidrólise controlada do amido. A concentração de polímeros de glicose varia de 5% a 20% embora concentrações mais fracas ou mais fortes possam ser feitas a partir da forma em pó (WILLIAMS, 2005). Já a frutose é um monossacarídeo encontrado nas frutas e que possui um poder adoçante 50% maior que o açúcar comum. É absorvida mais lentamente que a glicose, não provocando picos de elevação ou baixa no índice glicêmico (PONCIANO, 2007).
Os polímeros de glicose têm como característica o rápido esvaziamento gástrico e rápida digestão e absorção devido a um efeito osmótico menor do que os dos açúcares simples. Por outro lado a frutose é absorvida mais lentamente no intestino, criando um efeito osmótico significativo podendo provocar alguns desconfortos intestinais quando ingerida em excesso (WILLIAMS, 2005).
Considerando estas premissas, o objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos da ingestão prévia de maltodextrina + frutose sobre as concentrações plasmáticas de glicose e o desempenho de nadadores adolescentes do gênero masculino durante exercício aeróbio.
Materiais e métodos
Amostra
O presente estudo é caracterizado como transversal e randomizado. Participaram do estudo 05 nadadores adolescentes do sexo masculino, saudáveis, com idades entre 12 e 18 anos, integrantes de uma escola de natação do município de Toledo – Pr. Foi apresentado um termo de consentimento informando sobre os riscos e benefícios do estudo, e autorização formal dos pais ou responsável concordando com a participação de seus dependentes. Todos os procedimentos, aos quais os participantes foram submetidos foram aprovados pelo comitê de ética de pesquisa em seres humanos (CEPEH) da Universidade Paranaense (protocolo nº 12247/2008).
Antropometria
Para a análise da composição corporal, foram realizadas as seguintes medidas: massa corporal (kg), estatura (m), índice de massa corporal (IMC) (kg/m2), dobras cutâneas (mm), sendo triciptal e subescapular. A massa corporal foi mensurada em uma balança eletrônica científica com capacidade para 200 kg, da marca Plena® e a estatura obtida por meio do estadiômetro da marca Sanny® com precisão de 0,1 cm com aferição máxima de 2 m, de acordo com os procedimentos descritos por Duarte e Castellani (2002).
Para as medidas de espessuras de dobras cutâneas, foi utilizado o compasso de dobras cutâneas Cescorf®, para posterior análise da gordura corporal relativa (% de gordura) que foi calculada a partir da estimativa de densidade corporal determinada pelas equações propostas por Slaughter et al. (1988) para crianças e adolescentes, em que os mesmos são classificados em estágios puberal (pré-púberes, púberes e pós-púberes), de acordo com idades, principais características do crescimento e compleição corporal.
Avaliação dietética
Com o objetivo de garantir que os resultados obtidos não sofressem interferência da dieta, foi realizada a avaliação do consumo alimentar por meio de um recordatório de 24 h, que os participantes levaram para casa e foram instruídos a descreverem o que comeram no dia anterior, sendo este um dia não atípico. Neste recordatório os mesmos especificaram os horários que costumam realizar as refeições assim como, quantidades e tipos de alimentos ingeridos.
Assim, a partir destes dados, pôde-se fazer uma avaliação do que possivelmente esses atletas costumam consumir diariamente, obtendo-se os percentuais de calorias ingeridas de carboidratos, proteínas e lipídeos. Calculou-se então uma dieta equilibrada e individualizada de acordo com a fórmula proposta pela FAO/OMS/ONU (1998), em que se levou em consideração o fator atividade (FA). A dieta foi distribuída ao longo do dia em oito refeições sendo elas: café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde (pré-treino), lanche da tarde (pós-treino), jantar e ceia. Após duas semanas de adaptação da nova dieta deu-se início aos testes.
Testes experimentais
Os testes foram divididos em duas etapas: a primeira denominada controle e a segunda com a suplementação de maltodextrina 6% + frutose 2%. Os experimentos foram realizados nesta sequência durante duas semanas consecutivas.
Todos os atletas ingeriram a bebida 20 min antes de cada um dos testes realizados. No teste controle, os atletas ingeriram 250 mL de água com cinco gotas de adoçante (placebo) sendo adicionado o sabor artificial obtido através do suco com sabor de morango da marca Clight® com a ausência de açúcar, apresentando em sua composição 0 g de carboidrato. E a segunda etapa dos testes foi realizada com a suplementação de maltodextrina 6% + frutose 2%, os carboidratos foram diluídos em 250 mL de água mais o sabor artificial de morango. Ressaltando que as bebidas foram preparadas com água gelada e com o sabor artificial de morango para aumentar a palatabilidade.
Após 05 min de aquecimento deu-se sequência aos testes que se constituíam em nadar no estilo livre durante 10 min em piscina demarcada, com a temperatura da água próxima de 28,0 ºC. Os atletas foram orientados a nadar na intensidade próxima ao seu limiar anaeróbico. Dados obtidos em testes preliminares, não constando neste artigo.
Foi coletado o percurso de cada atleta após os 10 min de nado. O desempenho dos atletas foi representado pela grandeza comprimento (m) percorrido durante este período.
Determinação da concentração plasmática de glicose
A mensuração da glicemia foi realizada em três momentos distintos: antes da ingestão das soluções sendo esta considerada o repouso, 20 min após a ingestão das soluções (imediatamente antes do nado) e imediatamente após o término do teste na piscina. Para isso foi utilizado um glicosímetro da marca Accu-Check® Advantage.
A coleta sanguínea foi realizada com punção do lóbulo da orelha ou na região lateral da poupa digital por meio de lanceta descartável. A gota de sangue coletada foi colocada na tira de teste Accu-Check® Advatange II. Obtendo desta maneira o resultado da glicemia em mg/dL.
Análise estatística
O tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio da análise descritiva de todas as variáveis, em que os valores estão expressos na média ± desvio padrão (x ± DP). O Teste t de Student para amostras pareadas foi utilizado para comparar valores de concentrações glicêmicas e rendimento no teste controle e com a ingestão de maltodextrina 6% + frutose 2%. Todo o tratamento estatístico foi realizado utilizando o software GraphPad Instat 2.01 (San Diego, CA, EUA). O nível de significância adotado foi de 5% com um grau de confiabilidade de 95%.
Resultados
Caracterização da amostra
A Tabela 1 apresenta as características antropométricas dos atletas avaliados. Os resultados apresentaram os valores médios e desvios padrão referentes à massa corporal, estatura, idade, IMC e gordura corporal relativa.
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão das características antropométricas dos atletas
Avaliação dietética
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos macronutrientes da dieta que os atletas seguiram durante os dias de teste. Para o cálculo das dietas levou-se em consideração o recordatório de 24 h e as suas necessidades energéticas.
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão da distribuição de macronutrientes e das calorias totais da dieta elaborada para os atletas
Glicemia
A glicemia dos atletas não apresentou grandes variações, (p = 0.2148) diferença não significativa. O que era de se esperar, pois nesta condição os atletas ainda não haviam ingerido as soluções de placebo e maltodextrina + frutose (Fig. 1).
Figura 1. Valores da glicemia durante o repouso sob condições controle (Média = 125,40 ± 19,88 mg/dL) e com a suplementação de
maltodextrina 6% + frutose 2% (Média = 111,20 ± 13,37 mg/dL) (n = 05). Não foi observada diferença significativa (p = 0.2148).
Na Fig. 2 os resultados demonstraram que a ingestão da maltodextrina 6% + frutose 2% promoveu aumento significativos da glicemia (p = 0.0460).
* Diferente do grupo controle (p = 0.0460).
Figura 2. Valores da glicemia após 20 minutos da ingestão de solução (placebo) sob condições controle
(Média = 109,20 ± 13,16 mg/dL) e com a suplementação de maltodextrina 6 % + frutose 2 % (Média = 138,20 ± 16,81 mg/dL) (n = 05).
Na Fig. 3 são apresentados os valores da glicemia aferidos após os 10 min de nado livre. Os resultados não apresentaram diferença significativa (p = 0.7285).
Figura 3. Valores da glicemia após 10 minutos de nado livre sob condições controle (Média = 95,20 ± 20,02 mg/dL) e a com a suplementação
de maltodextrina 6 % + frutose 2% (Média = 91,60 ± 7,37 mg/dL) (n = 05). Não foi observada diferença significativa (p = 0.7285)
Desempenho
Ao analisar o efeito da suplementação sobre o desempenho (Fig. 4), não foi encontrada diferença significativa entre os testes (p = 0.8325).
Figura 4. Desempenho dos atletas sob condições controle (Média = 596,60 ± 104,41 m) e com a suplementação de
maltodextrina 6% + frutose 2% (Média = 602,40 ± 72,75 m) (n = 05). Não foi observada diferença significativa (p = 0.8325)
Discussão
Glicemia
Os resultados apresentaram diferenças significativas após 20 min da ingestão da solução carboidratada em relação ao teste controle, o que já era esperado, por outro lado, após a realização do teste a glicemia se manteve semelhante entre os grupos com a solução de carboidrato e controle, cabe a sugestão de que uma dieta balanceada e individualizada com a distribuição adequada de macronutrientes é suficiente para manter os níveis glicêmicos durante o exercício, pois não houve alteração dos mesmos com a ingestão de suplementos.
Os carboidratos funcionam principalmente como combustível energético, particularmente durante o exercício de alta intensidade. A energia que deriva do catabolismo da glicose carreada pelo sangue e do glicogênio hepático e muscular acaba acionando os elementos contráteis do músculo assim como outras formas de trabalho biológico. A ingestão diária de carboidratos para os indivíduos fisicamente ativos terá que proporcionar níveis capazes de manter as reservas corporais de glicogênio, que são relativamente limitadas (MCARDLE; KATCH, KATCH, 2008).
No presente estudo pôde-se notar que não houve diferença na glicemia dos atletas no repouso, momento em que os sujeitos não haviam ingerido soluções (Fig. 1). Isso demonstra que os atletas apresentaram glicemia semelhante, provavelmente devido à padronização da dieta.
No estudo de Fayh et al. (2007), a glicemia aumenta de forma significativa nos 15 min após a ingestão de carboidratos em um treino de força. Assim como no estudo de Sapata, Fayh e Oliveira (2006) que ao beberem maltodextrina a glicemia dos atletas aumentou de forma significativa. Resultados estes que reforçam os achados do estudo com o aumento significativo dos níveis glicêmicos após 20 min de ingestão de soluções carboidratadas.
A maltodextrina por ser classificada como um carboidrato de índice glicêmico moderado e ao mesmo tempo complexo faz com que a glicose passe para a circulação sanguínea de forma mais lenta. Sendo assim, a elevação da curva glicêmica se mantém por mais tempo.
Segundo Cyrino e Zucas (1999) a maltodextrina aparentemente causa um esvaziamento gástrico mais rápido, além de não possuir um paladar adocicado como a glicose, não causando desconfortos gástricos. Contribuindo para a manutenção da homeostase glicêmica, e/ou a uma redução na depleção das reservas de glicogênio muscular evitando a fadiga, quando ingerido 15 min antes do exercício físico prolongado.
No presente estudo a glicemia sob condição de suplementação aferida após 10 min de nado se mostrou semelhante àquela encontrada nas condições controle (Fig. 3), refutando com o estudo de Sapata, Fayh e Oliveira (2006) que ao ingerirem bebida glicose e bebida maltodextrina tiveram um decréscimo da glicemia se comparado ao controle (placebo) após 15 min de exercícios.
Apesar de resultados semelhantes sem diferença significativa da glicemia no presente estudo, os valores médios apresentaram leve decréscimo no grupo suplementado, apresentando tendência de diminuição de valores glicêmicos.
Desempenho
A ingestão prévia de uma solução carboidratada não influenciou o rendimento dos atletas no presente estudo, corroborando com os resultados contidos na literatura, em que não encontraram resultados significativos no rendimento quando houve ingestão prévia de carboidratos, e o inverso quando houve suplementação antes e durante o exercício.
De acordo com Delgado et al. (2004) a ingestão de carboidratos antes, durante e depois do exercício pode conduzir a melhorias no desempenho atlético. Dessa forma não só a equação alimentar, mas às vezes também à suplementação está associada à melhoria no desempenho. Existe uma evidência, não muito clara, de que o consumo de carboidratos um pouco antes e nos intervalos entre tiros de corrida e ciclismo retarda a instalação da fadiga e não utiliza o glicogênio muscular.
No estudo de Febbraio et al. (2000) fizeram a comparação entre dois grupos: sujeitos que receberam suplementação prévia e outro com a suplementação prévia e durante o exercício. Constaram que só houve melhoria na performance quando houve suplementação antes e durante o teste. A suplementação somente antes do exercício, não promoveu melhoria na performance, sugerindo efeitos negativos de hiperinsulinemia associado à ingestão de carboidrato antes do exercício.
A ingestão de carboidratos com um alto índice glicêmico no período de uma hora antes do exercício pode afetar negativamente o desempenho por elevar rapidamente o açúcar no sangue o que poderá ser seguido de uma hipoglicemia (MCARDLE; KATCH, KATCH, 2008). No presente estudo não foi detectado efeitos hipoglicêmicos, afirmando que o tipo e concentração de carboidrato foram adequados.
No estudo de Andrews et al. (2003), mulheres realizaram um teste em que tinham que correr 24,2 km em três situações: placebo, somente suplementação e dieta personalizada mais suplementação. Não houve resultados significativos na performance, sugerindo que se a amostra fosse maior poder-se-ia ter uma mudança de forma estatística, pois apresentou tendência de aumento da performance nos testes com suplementações. Resultados semelhantes foram constatados no presente estudo em que a amostra também é reduzida, o que também pode ter influenciado os resultados semelhantes entre o grupo controle e o grupo com maltodextrina + frutose.
Já no estudo de Ostojic e Mazic (2002) os sujeitos realizaram uma simulação de um jogo oficial de futebol em que foram submetidos a dois testes: com suplementação (carboidrato + eletrólito) e placebo. No teste de performance após o jogo, com a suplementação os atletas melhoraram e terminaram primeiro o teste de drible, assim como no teste de precisão que também foi maior com a suplementação, mas não houve diferença no teste coordenação e força. A deterioração de habilidades específicas (precisão e drible) pode ser que tenha alguma relação com a depleção dos estoques de glicogênio muscular e hepático no teste placebo, pois a glicose é o substrato prontamente disponível para o metabolismo do sistema nervoso central. Desta forma, a suplementação pode ajudar na prevenção da deterioração de habilidades específicas.
Outro aspecto influenciador dos efeitos ergogênicos de carboidratos é a duração do exercício físico. Pois alguns estudos apresentaram efeitos ergogênicos com exercícios com duração próximos a 60 min (HAFF et al., 1999; HAFF et al., 2001). Em contraste, não houve efeitos ergogênicos com exercícios de curta duração, entre 35 a 39 min (CONLEY et al., 1995; HAFF et al., 2000). Com isto, pode-se dizer que é possível a duração do exercício influenciar as respostas dos efeitos da suplementação de carboidrato.
Há relativamente poucos estudos que tenham avaliado exercícios que duram menos que 1 h, e por isso é preciso que mais pesquisas sejam realizadas (JEUKENDRUP, 2008).
O estudo apresentou algumas limitações que podem ter influenciado os resultados, como a amostra reduzida, que possui um poder estatístico baixo, assim como a ordem dos testes (controle e suplementação de maltodextrina + frutose) que poderia ter sido aleatória entre os atletas, excluindo possíveis influências psicológicas.
Conclusão
A ingestão prévia de maltodextrina + frutose promoveu aumento significativo das concentrações plasmáticas de glicose em relação ao teste controle quando analisadas 20 min após o mesmo. Porém, a glicemia se manteve após o teste, assim como o desempenho que não apresentou diferença significativa. Desta forma, o ideal para suplementações de carboidratos seria o fracionamento destas soluções durante o exercício, já que a literatura expõe estudos com resultados não significativos para ingestão de maltodextrina antes do exercício, e o inverso para ingestão antes e durante o exercício.
A duração do exercício é outro fator que influi diretamente nos níveis de glicemia e performance, já que estudos mostram que os efeitos ergogênicos de carboidratos são mais eficazes em exercícios com duração superior a 60 min, contribuindo para manutenção glicêmica retardando a fadiga e consequentemente refletindo na melhora do desempenho. Com isto, sugere-se mais estudos relacionados à suplementação de maltodextrina durante exercícios de curta duração, a comparação com momentos distintos de ingestão de soluções carboidratadas, assim como diferentes concentrações e tipos de carboidratos.
Referências
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