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JORI - Jogos Regionais do Idoso: uma 

análise da agressividade de competidores

Juegos Regionales de Personas Mayores: un análisis de la agresividad de los oponentes

 

*Graduada em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

Especialista em Pedagogia do Esporte pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educacão Física pela Unicamp

**Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

Marli Calisto Blumer*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve como objetivo verificar a presença de agressividade entre idosos competidores do JORI (Jogos Regionais do Idoso); fazer uma revisão bibliográfica sobre o envelhecimento buscando elementos para entender à agressividade entre os mesmos, pesquisar sobre o Histórico do JORI, e analisar através de pesquisa de campo a agressividade de seus participantes. Utilizamos para isso a escala de agressividade em competição de Bartolomeu e Machado (2008), que foi aplicada em 33 atletas de meia idade e idosos participantes do JORI. Concluímos que a agressividade, embora presente nos Jogos foi amenizada nas respostas dos participantes.

          Unitermos: Envelhecimento. Competição. Agressividade. JORI.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é, sem dúvida, um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modifica suas funções. Porém, se envelhecer é inerente a todo ser vivo, no caso do homem esse processo assume dimensões que ultrapassem o “simples” ciclo biológico, pois pode acarretar, também conseqüências sociais e psicológicas (OKUMA,1998, p.13).

    Ao envelhecer, o corpo passa por alterações e mudanças complexas, que de acordo com o estilo de vida escolhido ao longo do processo, o “Ser” que envelhece poderá ter ou não uma velhice difícil, pois essas alterações acontecem em processos biológicos, em níveis moleculares, celulares e orgânicos que resultam em uma progressiva diminuição na capacidade do corpo responder adequadamente a fatores estressantes tanto internos como externos e também no fator social e psicológico. Os fatores influenciadores do envelhecimento podem ser hereditários (25%) ou relacionados ao estilo de vida (75%), e podem ser internos ou externos. Os fatores estressantes internos estão nas patologias adquiridas ou herdadas: pressão arterial, diabetes, distúrbio do sono, cardiopatia, entre outras e os fatores estressantes externos são o calor, o frio, o meio ambiente, o sol e qualquer outra intempérie a que o indivíduo é exposto ao longo da vida (VIANA, 2003).

    De acordo com Simone de Beauvoir dentro da análise de Okuma (1998, p.13 e 14), as mudanças biológicas têm implicações no meio ambiente, que vai absorvê-las de acordo com as normas, os valores e os critérios da sociedade e da cultura nas quais a velhice acontece. Essa absorção determina, por sua vez, o modo como o indivíduo lida ou lidará com o processo de envelhecimento, com a velhice e com o papel do velho nessa sociedade. O impacto disso poderá acarretar na exclusão ou na valorização desse velho dentro do processo do envelhecer.

    Na nossa experiência com os idosos, avaliamos essas mudanças, de acordo com as histórias de vida de cada um, da sua cultura e também do apoio familiar que este tiver ao longo de sua vida, pois esse ser que envelhece precisa ser contextualizado e inserido dentro da sociedade em que ele vive.

    Segundo Meirelles (1999, p.28):

    [...] a velhice é um processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptações do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que culminam por levá-los à morte.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a velhice [...] é o prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações fisiomórficas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas (GANDOLFI & SKORA, 2001).

Histórico do JORI

    O primeiro JORI (Jogos Regionais do Idoso) aconteceu em 1994, com a nomenclatura de “Caras e Coroas”, em São Paulo capital, no Ginásio do Ibirapuera. O evento foi um sucesso, e a secretaria de esporte de São Paulo, organizou outro encontro dos participantes em 1995, mas já com o nome de JORI, tendo como objetivo principal proporcionar aos idosos a socialização, integração, e participação em evento, competindo saudavelmente entre si, buscando a superação.Outro objetivo do evento é tirar o idoso de casa para praticar algum esporte. Toda organização e regulamento do evento “JORI”, é feito em São Paulo, na Secretaria de Esporte e o Fundo de Solidariedade contribui para o acontecimento do evento, sendo este composto de treze modalidades esportivas que são: atletismo (corrida), bocha, buraco, coreografias (dança), dama, dança de salão, dominó, malha, natação, tênis de mesa, truco, vôlei adaptado e xadrez.

    De acordo com a coordenadora da Divisão de Esporte de São Paulo, o JORI, nunca foi visto como em evento apenas participativo. Ele é competitivo, pois tem regulamento e premiação para os três primeiros colocados de cada modalidade. A escolha da sede é política, pois em se tratando de idosos, nem toda cidade gosta de sediar o evento para os mesmos, pois são necessários grandes movimentações e pessoal disponível para a organização dos jogos.

    Participam do JORI, 40 a 50 municípios, mas não em todas modalidades. O Estado ajuda com a alimentação e o Município com o transporte. Acontece também em alguns municípios o JOMI (Jogos Municipais do idoso), pois este é um pré-requisito para participar do JORI, e seu objetivo é encontrar atletas para o evento esportivo. Para participar das atividades esportivas na competição, é necessário ter sessenta anos ou completar sessenta anos no ano da competição, e a premiação é dividida por categorias.

Importância da atividade física e da participação em grupos

    Entende-se por atividade física todo e qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética voluntária que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso. Já o exercício físico se diferencia da atividade física por ser estruturado dentro de uma sistematização, onde os movimentos corporais são repetitivos com o objetivo de desenvolver aptidões físicas requeridas para manutenção da saúde ou para preparação física de um determinado esporte. O conceito de aptidão física é entendido como o conjunto de características possuídas ou adquiridas por um indivíduo e que estão relacionadas com a capacidade de realizar atividades físicas (MAZO et al., 2001).

    Sabemos que a prática regular de atividade física melhora e beneficia variáveis fisiológicas, psicológicas e sociais, que são responsáveis pela manutenção da saúde, e essas variáveis proporcionam aos seus praticantes a melhora da força muscular, uma boa circulação sanguínea, aumento da amplitude de movimento (flexibilidade), a redução do colesterol ruim, diminuição dos níveis de açúcar no sangue, melhora do equilíbrio, manutenção e ou melhora da densidade óssea, melhora da postura, entre outros benefícios. Também devemos considerar a estética corporal como um dos benefícios onde nossa auto-imagem será valorizada, proporcionando auto-estima e auto-aceitação. Na parte psicológica temos a diminuição da ansiedade, a melhora da depressão, aumento da atividade cognitiva (SPIRDUSO, 2005).

    A socialização é um dos fatores de suma importância, pois conviver e fazer parte de um grupo se torna importante para exercitar a troca afetiva e de experiências de vida, proporcionando mais integração a aqueles que convivem.

    Segundo Donaldson (2000), a prática regular da atividade física deveria ser uma das principais intervenções para a melhoria da saúde pública, uma vez que já se sabe que pessoas que são fisicamente inativas apresentam duas vezes mais risco de desenvolver doenças coronarianas e três vezes mais derrames do que as pessoas ativas.

    A atividade física está associada com a melhora da saúde e com a redução da morbidade e mortalidade, além de proporcionar melhoras nos aspectos psicológicos e sociais das pessoas que a praticam regularmente.

    De acordo com Forti & Chacon-Mikahil (2004, p.224),

    Não existem limitações universais para a prática de exercícios físicos, benefícios que obedecendo a determinados princípios, produzem uma série de adaptações morfofuncionais, cujos efeitos benéficos acabam por prevenir algumas das enfermidades degenerativas.

    As atividades físicas para a população idosa além dos benefícios já citados, tornam seu papel ainda mais positivo, pois pode contribuir para que esse idoso aceite as transformações no decorrer de sua vida, dentro das esferas biológicas, psicológicas e sociais, levando as pessoas desse grupo a lidarem melhor com as limitações que por ventura ocorrerão, tendo melhor aceitação de si mesmo e aceitando com naturalidade a nova fase. (ARAÚJO, 2001).

    Segundo Araújo (2001, p.28), programas adequados de atividade física ajudam o organismo a diminuir o seu processo degenerativo, prolongando, então, o tempo de vida saudável, pois criam uma maior segurança e domínio corporal no dia-a-dia.

    De acordo com Meirelles (1999, p. 76), o objetivo principal da atividade física na terceira idade é (ou deveria ser) o retardamento do processo inevitável do envelhecimento, através da manutenção de um estado suficientemente saudável, [...] que possibilite a normalização da vida do idoso e [..] (minimize) os fatores de riscos comuns na terceira idade.

Agressividade em competições

    Os psicólogos definem agressão como “qualquer forma de comportamento dirigido ao objetivo de prejudicar ou ferir um outro ser vivo que está motivado a evitar tal tratamento”(BARON e RICHARDSON, 1994, p. 7 apud GOULD e WEINBERG, 2001).

    Os psicólogos diferenciam dois tipos de agressão (HUSMAN e SILVA, 1984 apud GOULD e WEINBERG, 2001, p.496): agressão hostil, ou reativa, e agressão instrumental. Com a agressão hostil, o objetivo principal é causar danos físicos ou psicológicos a uma outra pessoa. A agressão instrumental, por outro lado, ocorre na busca de algum objetivo não-agressivo. Por exemplo, quando um boxeador acerta um golpe forte na cabeça de um adversário, há geralmente ferimento e prejuízo, entretanto, tal ação é um exemplo de agressão instrumental. O objetivo do boxeador é vencer o assalto e, causando danos a seu adversário (marcando pontos ou pondo-o a nocaute), ele pode conseguir seu intento. Se um boxeador imobilizasse seu adversário nas cordas e intencionalmente tentasse puni-lo com golpes na cabeça e no corpo, embora conscientemente estivesse tentando não terminar a luta, isso seria classificado como agressão hostil (reativa).

    A maioria das agressões no esporte é instrumental, como por exemplo:

    Naturalmente, agressões hostis e instrumentais envolvem tanto a intenção de ferir quanto de prejudicar. Embora a maioria das agressões seja instrumental, isso não a torna aceitável.

    A agressividade no Esporte tem sido um dos fatores de má conduta dos atletas com relação aos seus adversários, sendo que muitas vezes são toleradas, aplaudidas por muitos segmentos da sociedade considerada pelos mesmos como algo normal e corriqueiro.

    Ao buscarmos entender à agressividade nos jogos coletivos, primeiro precisamos entender o que é competição. De acordo com o dicionário a palavra competição significa: rivalizar-se, ser adversário.

    Segundo estudos de Gould e Weinberg (2001), competição é um termo usado em variadas situações, e alguns exemplos podem ser citados como: competir contra nós mesmos, contra o relógio, contra elementos naturais, para alcançar recordes, entre outros. Mas para definir competição vamos nos reportar para estudos que nos levem a entender o acontecimento desse processo nas atividades físicas organizadas, onde pessoas competem umas com as outras.

    De acordo com os autores acima citados, muitos autores têm estudado sobre competição, como, por exemplo, Coakley (1994), que define competição como um processo social que ocorre quando recompensas são dadas às pessoas com base em seu desempenho comparado com o desempenho de outros indivíduos que estejam realizando a mesma tarefa ou participando do mesmo evento (p.78). Esta definição descreve que competição vem associada de “recompensa” e que para ganhar esta, é preciso derrotar alguém; assim sendo este conceito fortalece a noção do que é vencer e perder, do que é vitória e derrota para os participantes, porém perder pode ter uma conotação de fracasso e isso pode causar frustrações, que pode levar à agressividade (GOULD e WEINBERG, 2001)

    Para entender melhor esse processo, vamos examinar algumas teorias em relação às causas de agressão.

    De acordo com a Teoria do instinto (GILL, 1986), as pessoas têm um instinto inato de serem agressivas que se desenvolvem até que ele inevitavelmente seja expresso. Esse instinto pode tanto ser expresso diretamente pelo ataque de outro ser vivo como deslocado por meio de catarse, na qual a agressão é liberada ou “expulsa” por meios socialmente aceitáveis como o esporte.

Teoria da frustração-agressão

    A teoria da frustração-agressão, às vezes chamada de teoria do impulso, estabelece simplesmente que a agressão é o resultado direto de uma frustração que ocorre devido a bloqueios do objetivo ou falhas (Dollard et al., 1939, apud GILL, 1986). A hipótese a princípio fazia sentido para os psicólogos intuitivamente porque a maioria dos atos agressivos é cometida quando as pessoas estão frustradas. Por exemplo, quando um jogador de futebol sente que foi ilegalmente obstruído por um adversário, ele fica frustrado e dá uma cotovelada no outro. Entretanto essa visão tem pouco apoio hoje devido à sua insistência de que frustração sempre causa agressão. As pesquisas e as experiências mostram que pessoas expressam suas frustrações de formas não-agressivas. Há poucas evidências de que participantes de esportes de contato frustrados e agressivos diminuam seus níveis de agressividade por meio de sua prática (GILL, 1986). Na verdade eles se tornam mais agressivos.

Teoria da aprendizagem social

    A teoria da aprendizagem social explica a agressão como um comportamento que as pessoas aprendem por meio da observação de outros que modelam comportamentos particulares, acompanhada de reforço por exibir atitudes semelhantes. O psicólogo Albert Bandura (1973 apud GILL, 1986) descobriu que crianças que assistiam modelos adultos cometerem atos violentos (bater em bonecos João-teimoso) repetiam aqueles atos mais do que crianças não-expostas a tais modelos agressivos. Esses efeitos de modelagem eram especialmente poderosos quando as crianças recebiam reforço ao copiarem as ações dos modelos adultos.

    A pesquisa da aprendizagem social no esporte mostra que a maioria dos atletas não é ensinada a ser flagrantemente violenta. Entretanto, a agressão pode e deve ocorrer em todos os esportes.

Teoria da frustração-agressão revisada

    Esta teoria revisada combina elementos da hipótese de frustração-agressão original com a teoria da aprendizagem social. Essa visão amplamente aceita sustenta que, embora a frustração nem sempre leve à agressão, ela aumenta a probabilidade de agressão por causa do aumento da excitação e da raiva (BERKOWITZ, 1965, 1969, 1993; BARON e RICHARDSON, 1994 apud GOULD e WEINBERG, 2001). Entretanto, ativação e raiva aumentadas apenas resultam em agressão quando indícios socialmente aprendidos sinalizam a adequação da agressão na situação particular. Se os indícios socialmente aprendidos sinalizarem que a agressão é inadequada, ela não ocorrerá.

    Quando competimos muitas vezes estamos nos desfiando e buscando o nosso melhor, mas a competição também pode virar rivalidade, provocações e agressividade, e essa forma de entender a “competição” irá depender do significado que os jogadores derem a este momento.

    Quando analisamos os idosos na competição, conseguimos observar com clareza o grau de motivação, mas também, o grau de rivalidade e agressividade manifesto por eles, pois competir para o idoso pode significar, superação integração, cooperação, saúde e bem estar, mas também pode significar uma das maneiras de manifestar sua agressividade causando ou não danos.

Metodologia

    Para coleta de dados utilizamos a Escala de Agressividade em Competição, de Bartolomeu e Machado (2008), com vinte e seis perguntas fechadas, onde cada sujeito respondeu de acordo com suas convicções e experiências.

    Os dados foram coletados no Guarani Futebol Clube e no Sesi das Amoreiras na cidade de Campinas, estado de São Paulo, Brasil, com a população de meia idade e idosos participantes da melhor idade que participam ou participaram do JORI. Todos eles assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa.

    A Escala de Agressividade em Competição tem 26 questões no formato de escala Likert, com pontuação de 1 a 3, onde 1 = nunca, 2 = às vezes e 3 = sempre.

    A tabela 1 mostra as características do grupo pesquisado:

Resultados

    A seguir são descritos os resultados da estatística descritiva, após aplicação da escala de Escala de Agressividade em Competição (BARTOLOMEU e MACHADO, 2008).

    Na escala de agressividade, a pontuação total varia de 26 a 78, sendo que a pontuação alta indica maior nível de agressividade.

Figura 1. Pontuação da escala de agressividade dividida por gênero

    A linha vermelha são os respondentes divididos por sexo, onde o número 10 corresponde às mulheres e 20 aos homens. Visualiza-se que não há correlação entre sexo e agressividade e que tanto homens como mulheres avaliaram-se agressivos ou não, sem haver uma predominância em um grupo específico.

Figura 2. Pontuação da escala de agressividade dividida por idade

    Em relação a agressividade e idade, os dados não apresentaram uma correlação linear. Esperava-se encontrar menos agressividade em pessoas mais idosas, mas isso não aconteceu no grupo pesquisado.

Figura 3. Pontuação da escala de agressividade - geral

    Neste gráfico (figura 3), o máximo de pontuação que apareceu foi do indivíduo 16, com 45 pontos, mas a média de pontuação foi de 30,85 e desvio padrão de 4,42, ou seja um indicativo de baixa agressividade do grupo pesquisado.

Figura 4. Questões que apresentaram maior agressividade

    As questões onde os idosos tiveram a maior pontuação foram as de número 15, 17, 18, 20 e 24 que são respectivamente:

Discussão

    O nosso objetivo neste trabalho foi avaliar através da Escala de Agressividade em Competição, a agressividade em competidores do JORI (Jogos Regionais do Idoso) e buscar elementos teóricos para comparar os resultados obtidos através da análise dos dados coletados.

    De acordo com a literatura e alguns autores, a agressividade faz parte do ser humano, pois os psicólogos definem: “Agressão” como qualquer forma de comportamento dirigido com o objetivo de prejudicar ou ferir outro ser vivo (BARON e RICHARDSON,1994, apud GOULD e WEINBERG, 2001). Husman e Silva (1984, apud GOULD e WEINBERG, 2001) diferenciam dois tipos de agressão: agressão instrumental (aquela com objetivo não agressivo), e agressão hostil ou reativa (aquela que tem a intenção de ferir, podendo ser verbal ou não verbal), e analisando esses dois tipos de agressividade, descobrimos através dessas teorias que nos Esportes em geral, a agressão instrumental está sempre presente e é aceita de forma normal pelos participantes e ou por pessoas que acompanham determinados esportes, principalmente os coletivos como: futebol, voleibol basquete, handebol. Já nos esportes individuais, ser agressivo para ganhar uma competição pode ser considerado agressão instrumental, e um exemplo disso vêm do Box, onde para que o atleta possa ganhar um assalto é necessário nocautear seu adversário para marcar ponto, sendo assim esse comportamento não é considerado como agressão, pois ele é necessário para o fechamento do assalto, mas se o lutador utilizar formas hostis como: imobilizar seu adversário nas cordas e intencionalmente tentando puni-lo com golpes na cabeça e no corpo para ganhar um assalto, isso é considerado muito agressivo (que tem intenção de ferir), pois este tipo de agressão hostil pode causar danos físicos ou psicológicos, desestabilizando fisicamente e emocionalmente seu adversário. Portanto, a agressividade irá depender dos objetivos diretos ou indiretos dos atletas envolvidos e das modalidades e suas regras (WEINBERG e GOULD, 2001, p.496).

    Sabendo-se que no Esporte a maioria das agressões são consideradas instrumentais, isso não as tornam aceitáveis, pois sempre existe a intenção de ferir ou prejudicar. Quando resolvemos pesquisar sobre a agressividade no JORI, acompanhamos um grupo de meia idade e idosos, e aplicamos um questionário com perguntas fechadas e diretas, para que fosse respondida com objetividade, e essas respostas geraram quatro gráficos, que nos deram uma visualização da agressividade no grupo.

    Através do primeiro gráfico (figura 1) podemos verificar que não houve uma correlação entre sexo e agressividade, pois tanto homens e mulheres avaliaram-se agressivos ou não, sem haver predominância. Em relação agressividade e idade, os dados não apresentaram uma correlação linear, esperávamos encontrar menos agressividade em pessoas idosas, mas isso não aconteceu com o grupo pesquisado. Na agressividade geral, somente um indivíduo obteve uma pontuação de 45 pontos, sendo que a média foi de 30,85 e o desvio de 4,42, ou seja, um indicativo de baixa agressividade do grupo em questão. Quanto à agressividade entre homens e mulheres separada, o gráfico demonstrou que não houve predominância de agressividade em nenhum dos dois grupos estudado, mas descobrimos através das questões formuladas da Escala que utilizamos para a pesquisa, que algumas questões provocaram maior agressividade nas respostas de alguns participantes.

    O resultado final dessa pesquisa nos mostrou através das respostas concedidas, que o grupo estudado não apresentou um grau de agressividade elevado, mas muitos dos pesquisados omitiram suas respostas e se consideraram não agressivos diante de algumas questões colocadas.

Considerações finais

    Quando se iniciou esta pesquisa, havia uma questão a ser respondida: Será que as pessoas idosas quando jogam ou participam de eventos esportivos, são agressivas com seus adversários? Decidiu-se, portanto, acompanhar um grupo de meia idade e de idosos que participam regularmente de treinos e eventos esportivos como o “JORI”. Esse grupo treina junto e sempre que podem faz amistosos com outros grupos. Resolvemos então aplicar a Escala de Agressividade em Competição (BARTOLOMEU e MACHADO, 2008), para pesquisar o grupo. Ao aplicar o questionário alguns participantes não queriam responder e questionavam se a pesquisa era mesmo necessária, tentando se esquivar para não participarem do evento, mas nós utilizamos o diálogo para convencê-los e mostrar a importância de suas colaborações, e assim a maioria colaborou com a pesquisa. Ao acompanhá-los com as respostas, verificamos que eles não respondiam com veracidade a algumas perguntas, omitindo sua agressividade perante as questões formuladas, pois acompanhando os treinos podemos verificar como muitas vezes são hostis uns com os outros, principalmente quando seus companheiros de equipe erram ou quando eles próprios não estão bem no jogo, utilizam-se de comentários sobre o desempenho dos adversários para deixá-los irritados ou desestabilizados. Para alguns autores esta agressividade pode ser hostil ou não, e isso irá depender da intenção do jogador. Acreditávamos que pessoas idosas ao participarem de eventos de integração e lazer fossem mais tranqüilas e pouco agressivas, mas em ambiente de “jogo” assim como os jovens eles são tão competitivos e fazem tudo para ganhar, até mesmo serem muito agressivos perante seus adversários para chegar ao objetivo, que é o de ganhar o jogo ou a competição.

    Segundo os autores Anshel (1994) e Bredemeir (1978), há formas diferentes de condutas agressivas, diferenciando a hostilidade como resposta agressiva a outro pela provocação recebida, denominada também de agressão reativa, e agressão instrumental desempenhada como um meio para alcançar o fim específico, como vencer uma competição, causando igualmente danos aos outros. Assim ser agressivo nas competições ou em ambiente de jogo muitas vezes causa danos, pois somos seres competitivos por natureza, e a competição leva a comparação, que leva à agressividade seja ela instrumental ou hostil, pois no esporte a agressividade esta no seu contexto sendo um dos fatores de má conduta dos atletas com relação aos seus adversários, sendo muitas vezes aplaudidas por vários segmentos da sociedade sendo considerado algo normal. Portanto a agressividade e a hostilidade perante situações de jogo sempre estiveram e estarão presentes, tendo o aval por parte de seus integrantes e admiradores, levando as conseqüências desses comportamentos como corriqueiro e normal, não levando em conta que o esporte precisa ser integrativo, educativo, competitivo e de lazer, proporcionando aos seus praticantes, êxtase e prazer em praticar o esporte no seu sentido real (GOULD e WEINBERG, 2001).

Referências bibliográficas

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