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Hipertensão arterial: fatores de risco e complicações

La hipertensión arterial: factores de riesgo y complicaciones

 

*Professor Efetivo da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, EPCAR

**Professor do Laboratório do Exercício

da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.

***Professor do Departamento de Educação Física e do Desporto

da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

(Brasil)

Alisson Gomes da Silva*

alissongs@ymail.com.br

Vinicius Dias Rodrigues** ***

Leonardo Ferreira Machado***

viniciusdr26@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Estudos populacionais para pressão arterial apontaram alta prevalência da doença, com taxas na população adulta brasileira que variaram entre 22,3% e 43,9%. A grande prevalência de HA e de seus fatores de risco multiplica o risco de problemas cardiovasculares, o que pode incrementar as taxas de morbimortalidade e os custos sócios econômicos. A grandeza do problema nos leva a refletir sobre a importância do tratamento da doença, bem como da adoção de medidas preventivas. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo revisar a bibliografia relacionada aos fatores de risco e complicações da hipertensão arterial.

          Unitermos: Pressão arterial. Hipertensão arterial.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Estudos populacionais apontaram alta prevalência de hipertensão arterial (HA) na população adulta brasileira com taxas que variaram entre 22,3% e 43,9%, utilizando-se o critério atual para hipertensão (≥ 140/90 mmHg) (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

    A grande prevalência de HA e de seus fatores de risco multiplica as chances de problemas cardiovasculares, o que pode incrementar as taxas de morbimortalidade e os custos sócios econômicos (CONVERSO; LEOCÁDIO, 2004; MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004; KRINSKI et al, 2006).

    A doença apresenta elevado custo médico-social principalmente por sua participação em complicações como: doença cerebrovascular (DCbV), doença arterial coronariana (DAC), insuficiência cardíaca (IC), insuficiência renal crônica (IRC), doença vascular de extremidades (MION JR et al, 2002; TOSCANO, 2004; DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

    Diante da alta prevalência da doença na população brasileira, além das importantes complicações ocasionadas pela mesma, torna-se importante a realização de estudos que abordem os diversos fatores associados à HA.

    Desse modo, o propósito deste trabalho é revisar a literatura sobre os aspectos relacionados aos fatores de risco da HA e as suas principais complicações.

Fatores de risco da hipertensão arterial

    Estima-se que 90% dos casos de HA sejam de origem desconhecida, sendo estas pessoas classificadas como portadoras de hipertensão primária ou idiopática, ou ainda essencial (POWERS; HOWLEY, 2000; WILMORE; COSTILL, 2001). O restante dos casos é classificado como hipertensão secundária, a qual decorre de alguma patologia, e por isso, é secundária a outra doença (POWERS; HOWLEY, 2000).

    Muitas evidências sugerem que o desenvolvimento da hipertensão tenha um forte componente de fatores ambientais e de comportamento (THE FIFTH REPORT, 1993 apud SOUZA, 2000).

    Portanto, os fatores de risco da HA podem ser classificados em dois grupos: aqueles que podemos controlar, e aqueles que não podemos fazê-lo.

    O segundo grupo está relacionado à hereditariedade (história familiar de HA), idade avançada e raça (maior risco para descendentes de africanos e hispânicos); já o primeiro, relaciona-se à resistência à insulina, obesidade, ingestão excessiva de sódio, uso de contraceptivos orais, além da inatividade física (WILMORE; COSTILL, 2001).

    Já é bem estabelecido na literatura que a idade, antecedentes familiares, raça, obesidade, estresse, vida sedentária, álcool, tabaco, anticoncepcionais, alimentação rica em sódio e gorduras, baixa ingestão de potássio, são alguns fatores de risco que, associados entre si e a outras condições como as diferenças sócio-econômicas, favorecem o aparecimento da HA (PESSUTO; CARVALO, 1998; ZAITUNE, 2005; DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

    Lima et al (2006) realizaram um estudo cujo objetivo foi investigar os fatores de risco associados à HA em vítimas de acidente vascular encefálico (AVE) mediante uma entrevista estruturada e exame físico, sendo a amostra composta por quatorze pacientes com HAS acometidos por AVE, internados no setor de neurologia de uma instituição pública beneficente em Sobral-CE. Os autores concluíram que fatores como idade (>65 anos), sedentarismo, tabagismo, comorbidades e doenças associadas (diabetes mellitus) foram fatores de risco importantes na associação entre HA e AVE.

    Converso e Leocádio (2004) entrevistaram e aferiram a pressão arterial (PA) de 150 indivíduos com o intuito de verificar a prevalência da HA em 10 Núcleos Municipais de Terceira Idade de Presidente Prudente, correlacionando-a com os fatores de risco associados. A população estudada apresentou prevalência de HA acima dos limites esperados, o que pode ser explicado pela idade avançada da maioria dos entrevistados, já que a idade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Os autores relataram que os altos níveis pressóricos poderiam estar relacionados à alta incidência dos fatores de risco: hereditariedade (68,1%), sedentarismo (23,1%), ser ou ter sido etilista (5,3%), ser ou ter sido tabagista (22,1%).

Complicações da hipertensão arterial

    A HA é um dos principais agravos à saúde no Brasil (MION JR et al, 2002), e pode cursar de maneira assintomática (OIGMAN, 2003).

    Oigman (2003) aponta o AVE e a doença isquêmica coronariana (DIC) como as complicações da HA mais freqüentes, seguidas pela IC, IRC, encefalopatia hipertensiva e aneurisma dissecante da aorta. E Lessa (2001) coloca a HA como parte do elenco de fatores de risco mais importantes para a IC.

    A hipertensão e suas complicações são responsáveis por alta freqüência de internações, que corresponde a 600 mil casos entre 2000 e 2004, sendo a IC é a principal causa de hospitalização entre as afecções cardiovasculares (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

    Segundo Lessa (2001, p. 385), “embora sejam elevadas as prevalências da HA na maioria das localidades brasileiras já estudadas, a doença não é a mais expressiva causa circulatória de morte, substituída pelas suas mais importantes complicações”, sendo a IC a principal delas.

    Por outro lado, Lotufo (2005 apud DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006) aponta que no Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças cardiovasculares, e coloca que a principal causa de morte em todas as regiões do Brasil é o AVE, acometendo as mulheres em maior proporção.

    Entre os fatores de risco para mortalidade, a HA explica 40% das mortes por AVE e 25% daquelas por DAC (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

    Com a elevação progressiva da PA a partir de 115/75 mmHg, há o aumento da mortalidade por doença cardiovascular (LEWINGTON et al, 2002 apud DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006). Pescatello et al (2004 apud ZAITUNE, 2005) corroboram ao apontar que o risco de doença cardiovascular duplica a cada incremento de 20 e 10 mmHg para a pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica respectivamente, a partir de 115/75 mmHg.

    Na hipertensão o coração desenvolve trabalho mais intenso que o normal pelo fato de ter que expelir o sangue do ventrículo esquerdo contra uma maior resistência. Além disso, há uma grande tensão sobre as artérias e as arteríolas sistêmicas. Com o passar do tempo, isto pode ocasionar o aumento do tamanho do coração e cicatrizes nas artérias e arteríolas, além do seu endurecimento e perda de elasticidade. Eventualmente, isso pode levar à aterosclerose, ao infarto do miocárdio, AVE, à IC e à IRC (WILMORE; COSTILL, 2001).

    No mesmo sentido, Lima et al (2006) argumentam que a hipertensão arterial sistêmica (HAS) constante pode acarretar várias alterações pelo fato do coração desenvolver trabalho superior ao normal e pouco a pouco tornar-se insuficiente e encaminhar para a descompensação; além da redução da função renal é possível surgir sinais de sofrimento cerebral e episódios epilépticos. Assim, a HA constitui um fator de risco para ocorrência de AVE, devido à irrigação sangüínea insuficiente.

    De acordo com o Ministério da Saúde, a HA constitui o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, cuja principal causa de morte, o AVE, tem como origem a hipertensão não-controlada (BRASIL, 2001).

Considerações finais

    A grandeza dos problemas causados pela HA nos leva a refletir sobre a importância do tratamento da doença, bem como da adoção de medidas preventivas, com a finalidade de minimizar o número de pessoas acometidas pela doença, e consequentemente os custos gerados e o número de mortes.

    A identificação dos fatores de risco relacionados à HA pode colaborar com os avanços na epidemiologia cardiovascular e, consequentemente, nas medidas profiláticas e de tratamento de níveis pressóricos elevados.

    Assim, sugere-se que mais estudos que abordem os diversos fatores relacionados à hipertensão, como sua origem, formas de tratamento, dentre outros, continuem sendo realizados.

Referências

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus. Manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília, 2001.

  • CONVERSO, M.E.R.; LEOCÁDIO, P.L.L.F. Prevalência da hipertensão arterial e análise de seus fatores de risco em idosos de Presidente Prudente. In: 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004, Belo Horizonte. Anais. 12 a 15 de setembro, 2004.

  • DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, V. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006.

  • KRINSKI, K. et al. Efeitos do exercício físico em indivíduos portadores de diabetes e hipertensão arterial sistêmica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 10, n. 93, fev. 2006. http://www.efdeportes.com/efd93/diabetes.htm.

  • LESSA, I. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no Brasil. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 383-392, nov. 2001.

  • LIMA, V. et al. Fatores de risco associados a hipertensão arterial sistêmica em vitimas de acidente vascular cerebral. RBPS, Fortaleza, v. 19, n. 3, p. 148-154, mar. 2006.

  • MION JR, D. et al. Hipertensão arterial: abordagem geral. Projeto Diretrizes: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2002.

  • MONTEIRO, M.F.; SOBRAL FILHO, D.C. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 10, n. 6, p. 513-516, nov. a dez. 2004.

  • OIGMAN, W. Hipertensão arterial: condutas. Revista Brasileira de Medicina, v. 60, n. 7, p. 479-488, jul. 2003.

  • PESSUTO, J.; CARVALHO, E.C. de. Fatores de risco em indivíduos com hipertensão arterial. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 1, p. 33-39, jan. 1998.

  • POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3° ed. São Paulo: Manole, 2000.

  • SOUSA A.L.L. Hipertensão Arterial: Perfil da Morbidade Referida na Região Sudoeste da Grande São Paulo, 1989 - 1990. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 2, n. 1, out. a dez. 2000.

  • TOSCANO, C.M. As campanhas nacionais para detecção das doenças crônicas não-transmissíveis: diabetes e hipertensão arterial. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 885-895, out. 2004.

  • WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2° ed. São Paulo: Manole, 2001.

  • ZAITUNE, M.P.A. Fatores associados à hipertensão arterial e à prática de atividade física no lazer em idosos do Município de Campinas, SP. Mestrado em Saúde Coletiva: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

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