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Exercício físico e diabetes

Ejercicio físico y diabetes

 

*Pós-Graduando em Treinamento Desportivo

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

**Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física

Universidade de Santo Amaro

César Costenaro Marchesoni*

Profª. Esp. Denise Marchesoni**

cesarcostenaro@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste artigo é destacar a importância da prática de atividade física no tratamento e prevenção da Diabetes Mellitus, conscientizar as pessoas que incorporando hábitos de vida saudáveis junto com exercício físico e alimentação adequada o risco de ser atingido pela doença diminui muito. Neste sentido o professor de Educação Física que atua diretamente na área relacionada com o movimento deve estar por dentro das implicações, dos métodos de prevenção e de tratamento que acercam a Diabetes.

          Unitermos: Diabetes. Exercício físico. Saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O descuido com a própria saúde mata 400 mil brasileiros todos os anos. Doenças como infarto, derrame cerebral, cânceres, diabetes e hipertensão causam 40% das mortes.

    A diabetes é um importante problema mundial de saúde, tanto em termos no número de pessoas afetadas, incapacidade, mortalidade prematura, quanto nos custos envolvidos no controle e no tratamento de suas complicações. A incidência desta doença vem aumentando principalmente nos países desenvolvidos, devido à modificação nos hábitos alimentares e com o sedentarismo dos tempos modernos (Mondini e Monteiro, 1996).

     Estima-se que só nos Estados Unidos, 16 milhões de pessoas são diabéticas, e 90 a 95% deste total possui DM Tipo II (Colberg e Swain, 2000). Calcula-se que em 2025, possam existir cerca de 11 milhões de diabéticos no Brasil, representando um aumento de mais de 100% em relação aos 5 milhões de diabéticos de 1998 (Lerário, 1998). Um estudo multicênico realizado pelo Ministério da Saúde (2002) revelou o alto grau de desconhecimento da doença, 46,5% dos diagnósticos desconheciam o fato de serem portadores de DM. No Brasil a prevalência de DM por grupo etário na população de 30 a 69 anos, se encontra desta forma: 30-39 anos (2,7%); 40-49 anos (5,5%); 50-59 anos (12,6%); 60-69 anos (17,3%) (Martins, 1998).

O que é diabetes?

    O Ministério da Saúde (2002) define DM como uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina em exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios.

    Diabetes Mellitus é uma doença de causa múltipla que ocorre quando há falta de insulina ou ela não atua de forma eficaz, causando um aumento da taxa de glicose no sangue (hiperglicemia). A insulina é produzida pelo pâncreas e é essencial para que nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar) como principal fonte de energia.

Histórico da Diabetes

    O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença milenar, que acompanha a humanidade até os dias de hoje.

    A palavra Diabetes foi dada por um médico grego de nome Aretaeus (aproximadamente 150 AC) com o objetivo de descrever uma doença em que os enfermos urinavam muito, ou seja, diabetes em grego significa sifão (um tubo para espirar água). No século XVI, um médico iraniano Avicena, descreveu os mais importantes sintomas e conseqüência na evolução do diabetes: a gangrena e o colapso sexual. Porém, em 1776, o inglês Mathew Dobson demonstrou que o diabético secretava açúcar pela urina, levando todos os médicos daquela época a pesquisarem os órgãos mais afetados pela doença. Mais tarde, aproximadamente no século XVIII, Paul Langerhans, estudante de medicina, publicou um trabalho sobre histologia do pâncreas, que descrevia um tipo desconhecido de células localizadas próximas aos acinos e que não se comunicavam com os dutos excretores, porém naquela época não pôde especificar as funções destas células (Netto, 2000).

    Entre 1895 e 1921, vários estudos concluíram que as Ilhotas de Langerhans eram a porção responsável pela produção e secreção de hormônios. Em 1909 Meyer descobriu a substância hipotética produzida pelas Ilhotas de Langerhans: insulina. No entanto, este hormônio só será descoberto em 1921. Antes disso os pacientes eram tratados a base de dietas rigorosas.

    A partir dessa descoberta, Frederick Bantinhg e Charles Best produziram pela primeira vez um tipo de preparação insulínica para o tratamento de diabetes em seres humanos. Eles extraíram o pâncreas de um cão, provocando o aparecimento do DM, e restauraram a atividade com injeções de extratos do pâncreas normal (Silveira Neto, 2000).

Tipos mais freqüentes de diabetes

Tipo 1. Diabetes Mellitus Insulinodependente

  • Geralmente ocorre em crianças, jovens e adultos jovens e necessita de insulina para o seu controle.

Tipo 2. Diabetes Mellitus Não Insulinodependente

  • É o tipo mais freqüente de Diabetes, aparece geralmente após os 40 anos de idade

Diabetes Gestacional

  • É o tipo que aparece na gravidez, sobretudo se a mulher: tem mais de 30 anos, tem parentes próximos com Diabetes, já teve filhos pesando mais de 4 Kg ao nascer, já teve abortos ou natimortos, é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação.

Quais as causas da diabetes?

    A DM1 surge quando o organismo deixa de produzir insulina (ou produz apenas uma quantidade muito pequena). Quando isso acontece, é preciso tomar insulina para viver e se manter saudável. As pessoas precisam de injeções diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar. Pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até as células, que precisam dela para queimar e transformá-la em energia. As altas taxas de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, podem afetar os olhos, rins, nervos ou coração.

    Sabe-se que o DM2 possui um fator hereditário maior do que no tipo 1. Além disso, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. Estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A incidência é maior após os 40 anos.

    Uma de suas peculiaridades é a contínua produção de insulina pelo pâncreas. O problema está na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Por muitas razões, suas células não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente sangüínea. Esta é uma anomalia chamada de "resistência Insulínica".

Sintomas DM1

  • Fome freqüente;

  • Sede constante;

  • Perda de peso;

  • Fraqueza;

  • Fadiga;

  • Nervosismo;

  • Mudanças de humor;

  • Náusea;

  • Vômito.

Sintomas DM2

  • Infecções freqüentes;

  • Alteração visual (visão embaçada);

  • Dificuldade na cicatrização de feridas;

  • Formigamento nos pés.

Hipoglicemia

    Hipoglicemia significa baixo nível de glicose no sangue. Quando a glicemia está abaixo de 60 mg%, com grandes variações de pessoa a pessoa, podem ocorrer sintomas de uma reação hipoglicêmica: sensação de fome aguda, dificuldade para raciocinar, sensação de fraqueza com um cansaço muito grande, sudorese exagerada, tremores finos ou grosseiros de extremidades, bocejamento, sonolência, visão dupla, confusão que pode caminhar para a perda total da consciência, ou seja, coma.

    É importante que os amigos e parentes da pessoa com diabetes saibam que ela está em uso de insulina ou de hipoglicemiante oral. Assim, já poderão fazer o diagnóstico de hipoglicemia.

Causas que favorecem o aparecimento da hipoglicemia

  • Erro no uso da medicação, principalmente, insulina;

  • Atraso em se alimentar;

  • Muito exercício sem automonitorização.

Hiperglicemia

    Hiperglicemia é o aumento da glicose no sangue. A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) considera que valores acima de 126 mg em jejum são suspeitos de diabetes. Valores acima de 200 mg em qualquer ocasião fazem o diagnóstico.

    As pessoas com diabetes que fazem monitorização da glicose rotineiramente podem detectar aumentos da glicemia, sem, entretanto, apresentar quaisquer sintomas de hiperglicemia.

    Sempre que possível deve-se pesquisar a glicose no sangue. Isto pode ser feito nas seguintes ocasiões:

  • Em jejum e antes das principais refeições (almoço e jantar);

  • Em jejum e 2 horas após as principais refeições;

  • Até duas horas após as refeições (glicemia pós-prandial).

    É considerada glicemia pós-prandial exames realizados dentro do intervalo de duas horas após as refeições. A interpretação destes resultados deve ser feita pelo médico.

Causas que podem favorecer o aparecimento da hiperglicemia

  • Diabetes mellitus primária ou secundária a outras doenças;

  • Muita comida, sem nenhuma restrição;

  • Pouco exercício;

  • Síndrome Metabólica.

Benefícios da atividade física na prevenção e no tratamento

    A prática regular de exercício físico, trás os seguintes benefícios ao diabético:

  • Estimula a produção de insulina.

  • Aumenta a sensibilidade celular à insulina.

  • Eleva a capacidade de captação de glicose pelos músculos.

  • Diminui a gordura corporal, a qual está relacionada à diabetes tipo II

  • Redução dos níveis de gordura corporal evitando outras doenças que acabam se ligando ao diabetes;

  • Potencialização dos efeitos dos medicamentos fazendo em alguns casos em parceria com o médico é lógico a redução da quantidade de medicamento;

  • Manutenção do peso corporal fazendo com que o mesmo tipo e quantidade de medicamento façam o efeito desejado;

  • Ativação da circulação e do sistema vascular aumentando o fluxo sanguíneo e reduzindo os problemas de circulação em pernas e braços;

  • Aumento da receptividade de glicose (diminuição da resistência a insulina) na célula reduzindo muitas vezes no diabetes tipo II o uso de medicamentos;

  • Melhora da disposição no dia a dia e resistência nas atividades profissionais e familiares; 

  • Lembrando que o sincronismo da orientação do médico e do professor orientador deve ser perfeita.

Conclusão

    Para finalizar devemos ressaltar que a prática de atividade física deve ser sempre indicada e acompanhada por profissional qualificado, incluindo médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física. Caso sinta algo diferente é mandatório informar ao responsável. Outro ponto importante, que não deve ser esquecido, é a adoção de uma alimentação saudável. A atividade física consiste em exercícios bem planejados e bem estruturados, realizados repetitivamente. Eles conferem benefícios aos praticantes e têm seus riscos minimizados através de orientação e controle adequados. Esses exercícios regulares aumentam a longevidade, melhoram o nível de energia, a disposição e a saúde de um modo geral. Afetam de maneira positiva o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o convívio social. O que isso quer dizer? Há uma melhora significativa da sua qualidade de vida!

    O que precisamos ressaltar é o investimento contínuo no futuro, a partir do qual as pessoas devem buscar formas de se tornarem mais ativas no seu dia-a-dia, como subir escadas, sair para dançar, praticar atividades como jardinagem, lavagem do carro, passeios no parque. A palavra de ordem é movimento.

Referências bibliográficas

  • COLBERG, S. e SWAIN, D. Exercise and Diabetes Control. A Winning Combination. The Physician and Sportsmedicine. v.28, n.4, abril, 2000.

  • LERÁRIO, A. C. Diabetes Mellitus: Aspectos Epidemiológicos. Revista Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, v.8, m. 5, 1998

  • MARTINS, R.A. (1998) - Sistema de medição de desempenho: um modelo para estruturação do uso. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, São Paulo.

  • MONDINI, L., MONTEIRO, C. A. Mudanças no Padrão da Aumentação da População Urbana Brasileira. Revista de Saúde Pública, 1996.

  • SILVEIRA NETO, Eduardo; atividade física para diabéticos 2000.

  • Norwood, Janet W. & Inlander, Charles B. Entendendo a Diabetes – Para educação do Paciente. Julio Louzada Publicações. São Paulo, 2000.

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