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Estilo de vida dos portadores de epilepsia da ASSCAE

Estilo de vida de portadores de epilepsia de ASSCAE

The life style of patients with epilepsy in the ASSCAE

 

Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC

Unidade Acadêmica de Humanidades Ciências e Educação

Departamento de Educação Física

Criciúma, Santa Catarina

Cassiane Melo Freitas Fabris

Josete Mazon

jmz@unesc.net

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

        Este artigo é resultado de pesquisa do tipo descritiva, focado no estudo de caso realizada com os portadores de epilepsia da Associação Sul Catarinense de Epilepsia. Teve como objetivo estudar o estilo de vida dos portadores de epilepsia. Participaram do estudo 15 portadores de epilepsia (9 sexo masculino e 6 sexo feminino), com idade média de 38,2 anos, variando entre 27 a 51 anos. Por meio da análise do questionário socioeconômico, pode-se perceber que 66,7% dos entrevistados possuem renda familiar entre 1 a 2 salários mínimos e que a renda per capita varia entre R$ 125,00 a R$ 495,00 e que 53,3% dos pesquisados está com o IMC entre sobrepeso e com obesidade grau 1. Utilizando o pentáculo do Bem-Estar de Nahas, verificou-se ainda que, em relação ao componente nutricional, grande parte deles possui um estilo de vida negativo; em relação ao componente de atividade física, 80% dos pesquisados não praticam nenhuma atividade física de forma moderada a intensa regularmente; e, em relação ao componente comportamento preventivo, houve um resultado positivo, já que os pesquisados se preocupam com itens relacionados à segurança e à prevenção. A partir dessas análises, pode-se concluir que os portadores de epilepsia possuem um estilo de vida negativo em relação à nutrição, à atividade física, ao relacionamento social e está com percentual elevado de IMC, o que demonstra que este grupo precisa de um trabalho de conscientização e de projetos que enfatizem os benefícios de um estilo de vida positivo.

        Unitermos: Epilepsia. Estilo de vida. Saúde.

 

Abstract

        This article is the result of descriptive research, type case study with the Association of epilepsy patients. The study included 15 patients with epilepsy (9 men and 6 woman) with age of 38.2 years, ranging between 27 to 51 years. By analyzing the socioeconomic questions, 66.7% of respondents have family income between 1 to 2 minimum wages and per capita income ranges from R$ 125.00 R$ 495.00 and 53 3% of respondents with IMC is between overweight and obese grade 1. Using the pentacle of Nahas, it was found that, compared to the nutritional component, most of them have a negative life style, in relation to the component of physical activity, 80% do not practice any physical activity moderate to severe form regularly and, in relation to preventive health behavior component, there was a positive result, since the respondents are concerned about items related to safety and prevention. From this analysis, we can conclude that patients with epilepsy have a negative life style in relation to nutrition, physical activity, society relationships and are high percentage of IMC, which shows that this group needs a job awareness and projects that emphasize the benefits of a positive life style.

        Keywords: Epilepsy. Life style. Health.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A epilepsia é uma doença que se expressa por crises repetidas, é um distúrbio cerebral que provoca manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas e/ou neurovegetativas (manifestações nos nervos e centros nervosos que controlam o sistema vegetativo - vísceras e glândulas). Não é uma doença específica ou uma síndrome única, mas de um grupo de doenças que levam a uma descarga elétrica excessiva e anormal no cérebro, que são as conhecidas crises epiléticas. Essas crises podem surgir espontaneamente ou ser desencadeadas por determinadas situações, como febre, distúrbio eletrolítico, intoxicação, etc. (GUERREIRO; GUERREIRO, 1999).

    Segundo Valente (2005), as crises são classificadas como parciais simples, parciais complexas e generalizadas. As parciais simples não provocam alteração da consciência e manifestam-se com eventos visuais, motores, autonômicos ou sensoriais e que podem se confundir com outros fenômenos transitórios. Nas crises generalizadas, as descargas neuronais são bilaterais, envolvendo, simultaneamente, amplas áreas de ambos os hemisférios cerebrais. Entre as possíveis causas da epilepsia estão lesões cerebrais, decorrentes de traumatismos na cabeça, tumores e distúrbios cerebrais degenerativos, infecções (meningite, por exemplo), excesso de bebidas alcoólicas ou de drogas e complicações durante o parto. A maior parte dos casos não tem uma origem clara, ou seja, não são determinados por uma lesão, mas sim por fatores genéticos.

    Segundo Nahas (2006, p. 20), “estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas”. Assim sendo, pode-se dizer que o estilo de vida é um conjunto de hábitos que está diretamente ligado a como a pessoa pensa e age em relação ao que se acredita ser certo e ao que se gosta de fazer.

    Este artigo tem como objetivo identificar o estilo de vida dos portadores de epilepsia da Associação Sul Catarinense de Epilepsia, por isso considerou-se relevante fazer o estudo sobre o estilo de vida dos portadores de epilepsia a fim de buscar alguma forma de incluí-los na sociedade. Dessa forma, considera-se que o estudo possa contribuir de forma que posteriormente sejam desenvolvidos projetos de inclusão dos portadores de epilepsia na sociedade.

Metodologia

    Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva do tipo estudo de caso, a população foi composta por portadores de epilepsia associados na Associação Sul Catarinense de Epilepsia, de ambos os sexos, com idade média de 38,2 anos.

    A escolha da amostra foi intencional com os epiléticos que estavam no dia da pesquisa e que responderam voluntariamente os questionários, atendendo aos critérios de inclusão. Foi utilizado como instrumentos de pesquisa a anamnese de epilepsia – questionário (ALAMY, 2008). Foi aplicado o questionário de situação socioeconômico, elaborado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica – MG, e o questionário de Perfil de estilo de vida, indicado por Nahas (2003). Foi verificado também o IMC, com uma balança Filizola de cilindros, que possui um estadiômetro adaptado, que indicou o peso e a altura dos pesquisados.

    Após a devida autorização para a realização da pesquisa pelo Comitê de Ética da UNESC protocolo 85/2009, realizou-se as visitas na Associação Sul Catarinense de Epilepsia nos dias das reuniões de seus associados. Durante as visitas, todos os voluntários foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e concordaram com esta, assinando o termo de consentimento. Após a assinatura, foi iniciada a coleta de dados, por meio do preenchimento dos questionários de estilo de vida, de situação socioeconômica, e a anamnese de epilepsia, como também foi feita a verificação do peso e da altura. Todo procedimento foi realizado em uma sala preparada, no próprio local da reunião.

Análise e tratamento estatístico dos dados

    Para a apresentação da análise dos dados, a partir da estatística descritiva (média e desvio padrão), foi utilizado o programa Excel do Office 2007 e análise dos questionários.

Resultados e discussão dos dados

Dados sócio-econômicos

    A apresentação e análise dos dados com amostra composta por 15 portadores de epilepsia associados na ASSCAE, que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa.

    Dos 15 portadores de epilepsia, participantes da presente pesquisa, 60% (9) são do sexo masculino e 40% (6) do sexo feminino. Destes, 47% (7) são solteiros e 53% (8) casados (quadro 1).

Quadro 1. Distribuição das variáveis socioeconômicas, média e desvio padrão dos associados da ASSCAE

    A média de idade entre os indivíduos pesquisados é de 38,2 anos, com variáveis entre 27 e 51 anos.

Figura 1. Percentual da renda familiar dos portadores de epilepsia da ASSCAE expresso em salários mínimo

    Observando a Figura 1, que apresenta o percentual de renda familiar dos associados da ASSCAE, percebe-se que 66,7% (10) possuem renda familiar que varia de 1 a 2 salários mínimos, ou seja, entre R$ 465,00 e R$ 930,00.

    Dessa forma, fazendo uma análise mais detalhada do número de pessoas por família, observa-se que a renda per capita delas varia de R$ 125,00 a R$ 450,00.

    Ainda em relação à renda familiar dos associados na ASSCAE, apurou-se que 26,7% recebem de 3 a 4 salários mínimos (entre R$ 1.000,00 e R$ 1.860,00). Apenas 6,7% (1) recebem acima de 5 salários mínimos (R$ 2.325,00).

Figura 2. Grau de escolaridade dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Como se pode verificar na Figura 2, sobre o grau de escolaridade dos associados da ASSCAE, 13,3%(2) dos pesquisados são analfabetos. Apenas 6,7%(1) dos pesquisados possuem ensino superior, 40% (6) ensino médio e outros 40% (6) possuem apenas o ensino fundamental.

    Se analisadas as condições socioeconômicas dos pesquisados, como já citado anteriormente, pode-se verificar que eles não possuem condições financeiras para completar seus estudos no ensino superior. Na verdade, não se tem um estudo anteriores que demonstre o nível de escolaridade dos portadores de epilepsia, porém percebe-se que os pesquisados neste trabalho não conseguem continuar os estudos pelo fatores econômicos e, como os mesmos relataram, por insegurança e por sentirem-se inferiorizados pela doença.

Figura 3. Análise descritiva do índice de massa corporal - IMC portadores de epilepsia da ASSCAE

    Observando a Figura 4, que apresenta a análise descritiva do índice de massa corporal – IMC dos portadores de epilepsia, associados na ASSCAE, nota-se que 6,6% estão com a classificação menor que o recomendado pela OMS, assim considerados com baixo peso. Verifica-se também que 40% dos pesquisados estão na faixa recomendável, porém 46,7% foram classificados com sobrepeso e 6,7% estão na classificação, segundo a OMS, de obesidade grau 1.

    De acordo com Nahas (2003, p. 99), “a maioria dos casos de sobrepeso e obesidade moderada pode ser tratada com terapias comportamentais (alimentação e atividades físicas)”. Assim sendo, em relação aos associados da ASSCAE, como já possuem acompanhamento médico, há a necessidade de uma orientação voltada para a prática de atividade física regular.

    Outro fator importante é controlar o IMC para melhorar a auto-estima dos portadores de epilepsia que, segundo outros estudos, eles possuem baixa auto-estima.

Figura 4. Análise descritiva do Inventário de Depressão de Beck portadores de epilepsia da ASSCAE

    Por meio da análise da Figura 4, que demonstra a análise descritiva do Inventário de Depressão de Beck dos associados na ASSCAE, pode-se verificar que 100% dos pesquisados possuem depressão, que varia entre o grau leve e grave. Assim, observa-se que 33,3% dos pesquisados possuem depressão considerada leve ou mínima, 40% estão com um nível de depressão entre leve e moderada, 6,7% em depressão considerada moderada a grave e 20% já estão com um nível de depressão considerado grave. Estes dados corroboram com estudos realizados, citados por Ito (1998), que demonstraram alto nível de depressão em portadores de epilepsia.

    Durante o desenvolvimento deste estudo, percebeu-se que alguns autores vêm estudando profundamente a relação entre a síndrome depressiva e a epilepsia, onde alguns acreditam ser pela perda da independência, pelas crises epilépticas, que causam um desconforto nos epiléticos, deixando-os desorientados e envergonhados. Entretanto, são necessários ainda mais estudos sobre as causas do elevado número de portadores de epilepsia com síndrome depressiva.

Figura 5. Análise descritiva do levantamento de medicamentos utilizados pelos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Verificou-se, como demonstra a Figura 5, sobre a análise descritiva do levantamento de medicamentos utilizados pelos associados da ASSCAE, que 100% dos pesquisados utilizam anticonvulsivantes, porém, além dos anticonvulsivantes, é utilizado como coadjuvante no tratamento o auxílio de medicamentos ansiolíticos (para ansiedade), estabilizadores de humor ou antidepressivos (antidepressivos unipolares e bipolares), sedativos e tranqüilizantes.

    Essas informações demonstram o grau de insatisfação dos pesquisados com a doença, tanto que foi constatado que 60% destes são medicados com antidepressivos, tranqüilizantes, sedativos e estabilizadores de humor e, mesmo assim, 100% foram classificados como depressivos, variando o índice de leve a grave.

    Para realizar as comparações sobre o estilo de vida dos portadores de epilepsia foi utilizada a escala de afirmações, que se encontra no questionário Pentáculo do Bem-Estar, de Nahas (2003), e que tem como base conceitual a avaliação do estilo de vida de indivíduos e grupos.

Figura 6. Componente nutricional – A, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Ao analisar a Figura 6, que aponta os resultados levantados sobre o componente de nutrição, baseados na afirmativa A (Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras), verificou-se que 26,7% não mantêm em seu hábito diário consumir pelo menos 5 porções de frutas e verduras, 53,3% às vezes consomem 5 porções de frutas e verduras diariamente, 13,3% afirmaram quase sempre incluir ao menos 5 porções de frutas e verduras no seu dia-a-dia e apenas 6,7% disseram sempre consomir pelo menos 5 porções de frutas e verduras diariamente.

    Para Vilarta e Gonçalves (2004), o hábito de ter uma ingestão regular de nutriente, distribuindo a quantidade total de alimentos ingeridos durante o dia, é importante para se manter um estilo de vida saudável, entretanto esse hábito não faz parte da vida da maioria dos pesquisados.

Figura 7. Componente nutricional – B, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Em relação à afirmativa B (você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces) do questionário, em relação ao componente de nutrição, observa-se que 33,3% não evitam ingerir alimentos gordurosos, 20% afirma às vezes ter esse comportamento e 46,7% disseram sempre se preocupar e não ingerir alimentos gordurosos em sua alimentação.

Figura 8. Componente nutricional – C, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Como apresenta a Figura 8, sobre a afirmativa C (você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo), nota-se que houve quase um nivelamento nos dados, onde 33,3% dos pesquisados disseram não ter esse hábito e 26,7% afirmaram às vezes ter o hábito fazer 4 a 5 refeições por dia, 13,3% afirmaram quase sempre e 26,7% disseram sempre fazer de 4 a 5 refeições por dia.

    Vários estudos demonstram que o componente nutricional tem muita importância na vida dos portadores de epilepsia, pois promove um estilo de vida saudável. Entretanto, em se tratando de ingestão equilibrada de nutrientes, isto não ocorre com os pesquisados.

Figura 9. Componente atividade física – D, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Relacionado ao componente atividade física, questionado na afirmativa D (Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas moderadas ou intensas, de forma contínua ou acumulada, 5 ou mais dias na semana), observa-se que, dentre os pesquisados, a maioria (66,6%) não realiza atividades físicas, 6,7% afirmaram que às vezes ou quase sempre realizam e 20% disseram sempre realizar atividade física moderada ou intensa.

    De acordo com Nahas (2006, p. 101), “a inatividade física representa uma causa de debilidade, de reduzida qualidade de vida e morte prematura”, assim sendo, o percentual de estilo de vida dos pesquisados é considerado negativo e pode gerar riscos à saúde desses indivíduos.

Figura 10. Componente atividade física – E, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Sobre o componente atividade física, verificado na afirmativa E (ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e alongamento muscular), o resultado obtido foi alarmante, pois apontou que 80% dos pesquisados não fazem exercícios físicos de força ou alongamento muscular. Os que quase sempre realizam atividade física são 13,3% e apenas 6,7% disseram sempre fazer esse tipo de exercício.

    Os dados apresentados demonstram que a falta de atividade física interfere significativamente no estilo de vida das pessoas, pois faz parte de um estilo de vida negativo que, conforme Nahas (2003), pode levar ao desencadeamento de doenças crônicas degenerativas (diabetes, infarto do miocárdio, obesidade, hipertensão).

    É muito importante que o portador de epilepsia perca o medo de realizar atividade física, pois os especialistas indicam essa necessidade.

    É notório que os benefícios que a prática de atividade física regular proporciona na vida das pessoas, proporciona bem estar, previne doenças, controla o stress, a ansiedade, libera endorfinas e, conseqüentemente, contribui na melhoria da qualidade de vida dos portadores de epilepsia.

Figura 11. Componente Atividade Física – F, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Percebe-se na Figura 11, que apresenta os dados obtidos na afirmativa F (no seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, preferencialmente, usa as escadas ao invés do elevador), que 26,7% responderam que não caminham e nem pedalam, outros 26,7% disseram que às vezes praticam essa atividade, apenas 6,6% responderam que quase sempre caminham e 40% afirmou que sempre realiza este tipo de atividade física.

Figura 12. Componente comportamento preventivo – G, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Em relação ao componente comportamento preventivo, verificado na afirmativa G (Você conhece sua pressão arterial, seus níveis de colesterol e procura controlá-los), observa-se que 26,7% não conhecem os indicativos da sua pressão arterial nem seus níveis de colesterol, 6,7% às vezes observam e 33,3% disse que quase sempre ou sempre procuram saber como está sua pressão arterial e seus níveis de colesterol, procurando controlá-los.

    Verificou-se, durante a pesquisa, que a população estudada tem um maior conhecimento sobre prevenção e diagnósticos, principalmente por estar em contato constantemente com médicos, até mesmo pela suas condições patológicas.

Figura 13. Componente comportamento preventivo – H, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Analisando o resultado obtido na afirmativa H (Você não fuma e ingere álcool com moderação), sobre componente comportamento preventivo, percebe-se que 13,3% (2) não fuma nem ingere álcool com moderação, 6,7% (1) afirmaram às vezes ter esse comportamento, 6,7% (1) disseram que quase sempre fazem isso e a maioria significativa de 73,3% afirmou sempre ter o hábito de não fumar nem ingerir álcool.

    Acredita-se que o percentual de 73,3% dos indivíduos pesquisados não fumar nem ingerir álcool esteja associado à sua condição patológica, pois os pesquisados utilizam medicamentos que não podem ser associados à ingestão de álcool ou uso de fumo.

Figura 14. Componente comportamento preventivo – I, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Em relação ao componente de prevenção, apresentado na Figura 14, avaliado na afirmativa I (você sempre usa cinto de segurança e, se dirige, o faz respeitando as normas de trânsito, nunca ingerindo álcool, se vai dirigir), observa-se que 66,7% sempre têm este comportamento, respeitando as normas de transito, 26,6% disseram quase sempre agir dessa forma e apenas 6,7% afirmaram só às vezes possuir este comportamento.

    Este componente de prevenção está relacionado à condição do não controle das crises epiléticas, fazendo com que os pesquisados não possam dirigir, porém se preocupam com o uso de cinto de segurança.

Figura 15. Componente Relacionamento Social – J, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    A Figura 15 apresenta os dados obtidos sobre o componente relacionamento social, verificado na afirmativa J (você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos), onde pode-se perceber que 53,3% dos pesquisados afirmaram que sempre estiveram satisfeitos com seus relacionamentos procuram cultivar amigos, 20% disseram quase sempre e 13,3% disseram que às vezes estão satisfeitos com seus relacionamentos e procuram cultivar amigos, porém 13,4% afirmaram que não.

Figura 16. Componente Relacionamento Social – K, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Sobre o componente relacionamento social, observado na afirmativa K (seu lazer inclui reuniões com amigos, atividades esportivas em grupo ou participação em associações), verificou-se que os valores de comportamento negativo prevalecem, pois 26,7% afirmaram que não procuram se envolver em grupos sociais. A análise também apontou que 26,7% às vezes se incluem em reuniões com amigos e atividades esportivas em grupos ou participação em associações, 13,3% responderam quase sempre fazê-lo e 33,3% afirmaram que sempre participam de grupos sociais.

    Segundo Vilarta e Gonçalves (2004), este comportamento de não envolver-se em ações comunitárias, estabelecendo laços de amizade e convívio social, é um fator negativo no estilo de vida das pessoas.

Figura 17. Componente Relacionamento Social – L, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Observa-se que, em relação à afirmativa L (você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente social), sobre o componente relacionamento social, a maioria dos pesquisados, 60%, não procura ser ativo em sua comunidade, 6,7% afirmaram que às vezes e quase sempre buscam ser ativos em sua comunidade e 26,6% disseram sempre fazê-lo.

    O resultado obtido neste ponto da pesquisa vem de encontro com os obtidos por Neto e Marchetti (2005) em seus estudos, que aponta que o estigma de ser epilético ainda prevalece, fazendo que os pesquisados relatem a sua não participação ativa na comunidade.

Figura 18. Componente Controle de Stress – M, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Ao verificar os dados obtidos na afirmativa M (você reserva tempo [ao menos 5 minutos] todos os dias para relaxar), sobre o componente controle de stress, pode-se observar que 40% dos pesquisados sempre reservam tempo para relaxar, 26,7% afirmaram que quase sempre fazem isso, 20% às vezes e 13,3% não reservam tempo algum para relaxar durante o dia.

    Os comentários feitos pelos pesquisados ao responder essa questão eram de que eles relaxavam principalmente depois do almoço, dormindo alguns minutos.

Figura 19. Componente Controle de Stress – N, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Na Figura 19, que apresenta os dados do componente controle de stress, verificado na afirmativa N (Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado), observa-se que 33,3% dos pesquisados disseram que não mantêm uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariados, 40% afirmaram que às vezes, 20% afirmaram que quase sempre e apenas 6,7% disseram que sempre mantêm uma discussão sem se alterar, mesmo quando contrariados.

    Nesta afirmativa foi nítida a porcentagem de pesquisados informando que não conseguem manter uma discussão sem alterar-se, isso é relevante na pesquisa, pois demonstra que os mesmos precisam cultivar a arte de relaxar.

Figura 20. Componente Controle de Stress – O, dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Sobre o componente de stress avaliado na afirmativa O (você procura equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer), apresentado na Figura 20, 6,7% dos pesquisados responderam que não procuram equilibrar seu tempo, 53,3% responderam que às vezes fazem isso, 13,3% disseram que quase sempre tentam fazê-lo e 26,7% afirmaram sempre tentar equilibrar o tempo dedicado ao trabalho e ao lazer. Ao avaliar essa afirmativa, percebe-se como a maioria dos pesquisados, 53,3%, está mantendo um comportamento negativo, pois não busca o equilíbrio entre o seu tempo de trabalho e de lazer.

    Segundo Nahas (2003), para melhorar a capacidade de tolerar o stress, deve-se melhorar a aptidão física, por meio da prática de atividade física (de moderada a intensa), ter uma boa alimentação, estar com grupos de amigos e familiares para dar suporte ou com a ajuda de técnicas de autocontrole e relaxamento.

    Sabe-se que o controle do stress na vida dos portadores de epilepsia é necessário, pois percebe-se que quanto maior é o nível de ansiedade, preocupação e estresse alterado, maior é a incidência de crises epiléticas. Isso mostra que o fator de controle de stress é muito importante na vida dos pesquisados.

Figura 21. Pentáculo do Bem-Estar Coletivo dos portadores de epilepsia da ASSCAE

    Analisando a Figura 21, que demonstra o Pentáculo do Bem-Estar Coletivo, percebe-se que os pesquisados possuem comportamentos negativos em relação aos componentes de nutrição, atividade física, relacionamento social e controle de stress.

    Entretanto, pode-se observar que, em relação ao componente comportamento preventivo, os pesquisados possuem comportamento positivo, pois suas atitudes preventivas se fazem presentes no seu estilo de vida. Tal fato remete à reflexão sobre porque eles agem preventivamente e, mesmo assim, possuem comportamentos negativos em relação aos outros componentes.

    Em função disso, verifica-se a necessidade dos pesquisados de terem um maior esclarecimento sobre os componentes negativos e a forma como seu estilo de vida será influenciada de forma qualitativa, quando adquirem comportamentos positivos em relação aos componentes identificados como negativos nesta pesquisa.

Considerações finais

    É importante salientar que este grupo precisa de maiores informações sobre os benefícios de se fazer atividades físicas com freqüência bem como de manter uma alimentação adequada. Considera-se importante um trabalho multidisciplinar com profissionais de nutrição, psicologia, entre outros da área da saúde, que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos portadores de epilepsia.

    Sugere-se novas pesquisas com portadores de epilepsia, já que o presente estudo limitou-se a analisar apenas o estilo de vida dos associados da ASSCAE, de forma a aprofundar estas questões, ampliando as informações acerca da interferência do estilo de vida negativo na qualidade de vida desses indivíduos bem como propor projetos de prática regular de exercício físico.

Referências bibliográficas

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