Análise do desempenho motor de escolares no TGMD-2: médias e dificuldades Análisis de rendimiento del motor de escolares en el TGMD-2: promedios y dificultades Performance analysis engine school in TGMD-2: medium and difficulties |
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Graduado em Educação Física Especialista em Motricidade Infantil Mestrando em Ciências do Movimento Humano Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
Rafael Gambino Teixeira (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste estudo foi verificar o desempenho de escolares e analisar as médias somadas pelos participantes bem como as principais dificuldades apresentadas em cada uma das 12 habilidades motoras fundamentais durante a realização de um teste motor. A amostra desta pesquisa foi composta por 26 crianças, escolares, com idades entre 6 e 8 anos. Para as avaliações das crianças utilizou-se o Test of Gross Motor Development - 2 (TGMD-2) (ULRICH, 2000). Unitermos: Habilidades motoras fundamentais. Crianças.
Resumen El objetivo de este estudio fue evaluar el desempeño de los estudiantes y analizar el promedio de los participantes y resumió los principales problemas que se presentan en cada una de las 12 habilidades motrices fundamentales en el desempeño de un motor de prueba. La muestra está compuesta por 26 niños, escolares, de edades comprendidas entre 6 y 8 años. Para las evaluaciones de los niños utiliza el Test de Desarrollo de la Motricidad Gruesa – 2 (TGMD-2) (Ulrich, 2000). Palabras clave: Habilidades motoras fundamentales. Niños.
Abstract The aim of this study was to evaluate the performance of students and analyze the average summed by participants and the main problems presented in each of 12 fundamental motor skills while performing a test engine. The sample comprised 26 children, schoolchildren, aged between 6 and 8 years. For the evaluations of the children used the Test of Gross Motor Development - 2 (TGMD-2) (Ulrich, 2000). Keywords: Fundamental motor skills. Children.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Muitos estudos vêm mostrando que o trabalho das habilidades motoras fundamentais na fase escolar pode influenciar positivamente em vários aspectos na vida das crianças (BERLEZE, 2008; PÍFFERO, 2007; PICK, 2004; VALENTINI 2002a, 2002b). Berleze (2008) expressa que a necessidade de contribuir com estratégias efetivas para uma abordagem pedagógica é uma questão importante a ser investigada. Estratégias de intervenções educacionais são necessárias para a consolidação de mudanças nas habilidades das crianças, reforçando a motivação das mesmas; proporcionando desafios adequados para todas; guiando as crianças a persistirem na prática das atividades propostas; o que conseqüentemente conduz a novas aprendizagens; a conquistas de novas habilidades e a perceberem-se mais competentes.
Cabe salientar também, que as crianças em fase escolar vivem um período de grandes mudanças comportamentais. Portanto, é neste período que devem estar ativamente envolvidas na descoberta diversificada de movimentos, bem como, na combinação desses movimentos, aplicando-os em diferentes tarefas e contextos educacionais (GALLAHUE; OZMUN, 2003).
O modelo sistêmico – dinâmico, propõe o estudo do desenvolvimento como um processo descontinuado, auto-organizado e transicional entre a tarefa o indivíduo e o meio ambiente ao longo da vida. Cada indivíduo teria seu próprio período de tempo para o desenvolvimento de habilidades. Embora, nosso “relógio biológico” seja bastante específico quando se trata da seqüência de aquisição de habilidades motoras, o nível e a extensão do desenvolvimento são individualmente determinados e dramaticamente influenciados pelas necessidades específicas de desempenho da tarefa individual em si (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Apesar de o desenvolvimento ser um processo individual, muitos erros são comuns a olhos desenvolvimentistas, mas a intervenção deve ser apropriada para que cada um consiga desenvolver a HMF no seu tempo e ritmo (VALENTI; TOIGO, 2006).
Método
População e amostra
A população deste estudo foi constituída por 28 crianças, escolares, com idades entre 6 e 8 anos sendo 16 meninos e 12 meninas. Todos participaram da pesquisa de livre e espontânea vontade, tendo os seus responsáveis assinando um termo de consentimento livre e esclarecido
Instrumento
Para a análise das habilidades motoras fundamentais foi utilizado o TGMD-2 (ULRICH, 2000) - Test of Gross Motor Development – second edition, é um teste referenciado por norma e por critério que avalia o desenvolvimento motor de crianças de 3 anos completos (3-0) a 10 anos e 11 meses (10-11). É composto de doze habilidades motoras fundamentais, subdivididas em dois sub-testes compostos estes por seis habilidades motoras de locomoção (correr, galopar, passada, saltar com um pé, salto horizontal e corrida lateral) e seis habilidades motoras de controle de objeto (rebatida, quicar, receber, chutar, arremessar e rolar). Os itens apresentados no teste são divididos por critérios de execução, possibilitando a criança demonstrar competência na execução da habilidade avaliada.
Procedimento e análise dos dados
Para coleta dos dados referentes às habilidades motoras fundamentais, o TGMD-2 foi aplicado durante uma aula. O teste é aplicado nos alunos em duplas, sendo sempre filmado com câmera frontal e lateral, executando cada habilidade motora fundamental com três tentativas. Conforme o protocolo do teste, o avaliador demonstra e faz uma descrição verbal de cada habilidade, certificando-se de que os avaliados compreendam o que devem executar. Os testes de cada aluno são analisados através dos vídeos gravados. Os escores apresentados pelo teste são: escores brutos, escores padrões, percentil para cada sub-teste e a soma dos escores padrões. São utilizadas também tabelas que apresentam as faixas etárias em anos e meses dos alunos e, posteriormente, sua conclusão em idades equivalentes ao desenvolvimento motor. Para o presente estudo, utilizou-se apenas os dados de escore bruto de habilidades locomotoras e manipulativas.
Resultados e discussão
Habilidades locomotoras
Corrida
Meninos |
Meninas |
Média geral |
5,4 |
5,7 |
5,5 |
Na habilidade de corrida, pode-se constatar que as crianças em geral, de 8 pontos possíveis, atingem em média 5,5. Nesta habilidade vemos a dificuldade em realizar principalmente a flexão da perna de não suporte e no posicionamento dos pés na aterrissagem. Segundo Gallahue e Ozmun (2001), estas crianças ainda se encontrariam no estágio elementar, mas já apresentando algumas e poucas características do estágio maduro como por exemplo, a flexão dos cotovelos e a oscilação vertical dos braços em oposição às pernas. Meninas evidenciaram um perfil de desenvolvimento maior que meninos nesta habilidade.
Galope
Meninos |
Meninas |
Geral |
6,0 |
6,2 |
6,1 |
No galope, o movimento dos braços se mostrou a dificuldade principal pra as crianças da amostra. Em um total de 8 pontos possíveis, a média ficou em torno de 6,1. Estas crianças, exclusivamente nesta habilidade, estariam de acordo com Gallahue e Ozmun (2001), em uma fase transitória entre o estágio elementar e o maduro, visto que sua principal dificuldade é apenas em um critério de realização, os demais já se enquadram no perfil maduro dos autores citados. Meninas levaram ligeira vantagem sobre os meninos novamente.
Salto com um pé
Meninos |
Meninas |
Geral |
6,5 |
5,7 |
6,1 |
Salto com um pé parece ser a habilidade com maior dificuldade de execução. Num total de 10 pontos, a média ficou em 6,1, o que considero baixa em relação às demais analisadas no teste. Dificuldades visíveis na realização dos critérios 1, 2 e 3 na execução do teste. Dentro dos padrões observáveis por Gallahue e Ozmun (2001), as crianças se encaixam no estágio elementar. Nesta habilidade, os meninos demonstram estar mais aptos que as meninas.
Passada
Meninos |
Meninas |
Geral |
4,6 |
4,6 |
4,6 |
Na passada, é evidente a dificuldade em realizar a extensão à frente com o braço oposto o que acaba sendo observável na falta de força, de atingir uma distância longa na execução do movimento total. Totalizaram em média 4,6 pontos em 6.
Salto horizontal
Meninos |
Meninas |
Geral |
6,0 |
6,5 |
6,2 |
No salto horizontal, constatamos talvez, a melhor pontuação das crianças, 6,2 de 8. O problema na realização deste movimento é a extensão dos braços para cima, o que classifica a amostra em um estágio transitório de elementar para maduro. Meninas novamente apresentaram um perfil maior em relação aos meninos.
Corrida lateral
Meninos
Meninas
Geral
6,0
6,0
6,0
Nesta habilidade, observamos movimentos sem ritmo e a dificuldade em posicionar-se lateralmente para a realização do movimento. 6,0 pontos num total de 8.
Escore bruto total das habilidades locomotoras
Meninos
Meninas
Geral
34,76
43,64
39,20
O sub-teste de locomoção soma 48 pontos. As crianças desta amostra atingiram em média 39,20, o que deixa claro a grande dificuldade em realizar habilidades motoras fundamentais em uma faixa etária onde deveriam estar dentro de um padrão considerado maduro. Meninas demonstraram atingir um perfil muito maior no sub-teste do que os meninos, que culturalmente são mais ativos e mais propensos a trabalhos motores.
Habilidades manipulativas
Rebatida
O escore geral da habilidade de rebater foi de 6,1 num total de 10. Muitos autores apontam como motivo principal a falta de cultura para a realização desta habilidade. As crianças realizaram 3 tentativas de rebatida e muitos não conseguem perceber a dificuldade que é rebater com a mão dominante segurando o bastão abaixo da não dominante, ou simplesmente não conseguem se localizar em relação à trajetória que a bola deve tomar, ficam de frente ou de costas para o arremessador imaginário o que torna quase inviável o domínio da execução. Na rebatida, Gallahue e Ozmun (2001), classificariam as crianças no estágio elementar com algumas características ainda do inicial e poucas do maduro. Meninos se sobrepuseram as meninas ligeiramente.
Meninos
Meninas
Geral
6,3
6,0
6,1
Quicar
Meninos
Meninas
Geral
5,3
4,3
4,8
Quicar com certeza é outra habilidade onde as crianças da amostra concentram sua dificuldade. De 8 pontos possíveis, apenas 4,8 foram somados. Dificuldades em contatar a bola na linha da cintura, tocá-la com os dedos, não mover os pés, são observáveis na execução quase geral dos alunos. Meninos novamente são superiores as meninas.
Receber
Meninos
Meninas
Geral
4,3
4,8
4,5
No receber, a falta de preparação acontece muito, porém, alguns alunos não apresentam dificuldades em receber a bola só com as mãos. Será que realmente se faz necessária esta preparação antecipada? Meninas com perfil melhor do que o dos meninos
Chute
No chute, acreditamos que alguns critérios de realização deveriam ser melhor descritos e selecionados. No contexto de um jogo de futebol, precisamos estar alertas para chutar sem a necessidade de aproximação rápida ou com um passo alongado, mesmo em uma penalidade máxima, podemos nos aproximar lentamente para distrair ou atrapalhar o goleiro. Nos dias de hoje, o futebol apresenta quase que diariamente mudanças e estratégias que as crianças copiam ou querem imitar durante uma partida e devemos observar. O TGMD-2 é um teste americano que apresenta cultura no chute, apenas para o futebol americano, um chute frontal, muito diferente do futebol do Brasil. Deveria se levar em conta também, o movimento de quadril.
Meninos
Meninas
Geral
6,0
6,0
6,0
Arremesso
Meninos
Meninas
Geral
3,4
4,5
3,9
Arremesso é um problema para as crianças da amostra, podemos classificá-las como iniciais em transição para o elementar. De 8 pontos atingíveis, só alcançaram 3,9. meninas melhores que os meninos. Talvez pela execução “ritmada” ou em blocos, sem o arco inicial, sem rotação de quadril e ombros, sem atraso no movimento dos braços, sem passo. Esta habilidade deveria ser muito trabalhada com os alunos, pois o padrão atingido foi insuficiente.
Rolar
Meninos
Meninas
Geral
5,6
6,4
6,0
No rolar, as crianças demonstraram falta em executar o movimento inicial, com braço e tronco (item 1). Nos demais itens apresentam, segundo Gallahue e Ozmun (2001), estarem no padrão maduro. Meninas superiores aos meninos.
Escore bruto total das habilidades manipulativas
Meninos
Meninas
Geral
31,15
32,42
31,78
No sub-teste de controle de objeto, dentro de um total possível de 48, os alunos somaram 31,78 demonstrando maiores dificuldades nas habilidades motoras manipulativas. Acredito este resultado ao fato de a educação física escolar, estar em defasagem e não propiciar aos alunos experiências com elementos como bastões para rebatida, bolas de diversos tamanhos, etc.
Conclusão
Dentro dos resultados obtidos, apenas 4 alunos avaliados, apresentaram idades equivalentes superiores as suas, variando entre as habilidades motoras locomotoras ou manipulativas. Em uma média, os alunos foram considerados, conforme classificação, metade com desempenho motor na “média” ou “abaixo da média” e metade “pobre” em relação a seu padrão de desenvolvimento.
Considero o teste de extrema importância para o acompanhamento e para a análise do desenvolvimento dos nossos alunos. O TGMD-2 consegue analisar a fundo as habilidades motoras fundamentais e, através dele podemos obter informações precisas de como, por que e de que maneira trabalhar com nossas crianças, claro, levando em consideração a individualidade de cada um. Poderia ser normatizado para crianças brasileiras e modificar alguns critérios, que já citamos anteriormente para se adequar os resultados à população infantil de nosso país.
Referências
BERLEZE, A. Efeitos de um Programa de Intervenção Motora, em crianças obesas e não-obesas, nos parâmetros motores, nutricionais e psicossociais. Porto Alegre: UFRGS, 2008. Tese (Doutorado em Ciência do Movimento Humano)-Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
GALLAHUE, David L. & OZMUN, John C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Ed: Phorte, São Paulo, SP. 2001.
PIFFERO, CM. Habilidades Motoras Fundamentais e especializadas, aplicação de habilidades no jogo e percepção de competência de crianças em situação de risco: A influência de um Programa de Iniciação ao Tênis. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano)-Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: 2007.
PICK, RK. Influência de um Programa de Intervenção Motora Inclusiva no Desenvolvimento Motor e Social de crianças com atrasos motores. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano)-Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
ULRICH, D. The test of Gross motor development. 2 ed. Austin: Prod- Ed, 2000.
VALENTINI, NC. Percepções de Competência e Desenvolvimento Motor de Meninos e Meninas: Um Estudo Transversal. Movimento. V.8, n.2, p. 51-62, 2002a.
VALENTINI, NC. A influência de uma Intervenção Motora no Desempenho Motor e na Percepção de Competência de crianças com atrasos motores. Revista Paulista de Educação Física. v.16, n.1, p. 61-75, 2002b.
VALENTINI, NC; TOIGO, AM. Ensinando Educação Física nas séries iniciais: Desafios e Estratégias. Canoas: Salles, 2ª edição, 2006.
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