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Concepção de Educação Física dos docentes da Rede

Pública Estadual: perspectiva e prática pedagógica

Conception of Physical Education of the professors of the State Public Net: perspective and pedagogical practical

 

Mestre em Educação

Pós-graduado em Treinamento Desportivo

Professor do IFMS – Três Lagoas

Alan Rodrigo Antunes

alanantunes@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho analisou as concepções de Educação Física de dois professores da rede pública do estado de São Paulo. A pesquisa constitui-se em um estudo de caso. Optou-se pelo método por este permitir uma boa análise da realidade. Constatou-se que a Educação Física não pode restringir-se apenas à parte biológica ou ao comportamento motor dos alunos, mas sim considerá-lo dentro de um contexto cultural no qual está inserida, trabalhando os diversos conteúdos (jogo, esporte, dança, luta, ginástica) relacionados com: corpo (capacidade física, anatomia, bioquímica, correção postural etc.), mídia, lazer, trabalho e temas contemporâneos.

          Unitermos: Educação Física. Docentes. Prática pedagógica.

 

Abstract

          The present work analyzed the conceptions of Physical Education of two professors of the public net of the state of São Paulo. The research consists in a case study. It was opted to the method for this to allow a good analysis of the reality. One evidenced that the Physical Education cannot be restricted only to the biological part or the motor behavior of the pupils, but yes to inside consider it of a cultural context in which is inserted, working the diverse contents (game, sport, dances, fight, gymnastics) related with: body (physical capacity, anatomy, biochemist, postural correction etc.), media, leisure, work and subjects contemporary.

          Keywords: Physical Education. Professors. Pedagogical practical.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este trabalho buscou analisar buscou concepção de Educação Física de dois docentes da rede pública do estado de São Paulo, pois se considerou a existência de uma estreita relação entre a perspectiva que eles têm da disciplina (o que representa a disciplina para o professor, sua concepção teórica) e a prática pedagógica, isto é, a perspectiva “responde às exigências [...] do processo de construção da qualidade pedagógica da escola pública brasileira” (SOARES et al.,1992, p. 18).

    A pesquisa constitui-se em um estudo de caso. Optou-se pelo método por este permitir uma boa análise da realidade, já que a prática pedagógica do professor de Educação Física é complexa e exige uma análise aprofundada de seus elementos. Considerando a prática pedagógica do professor de Educação Física uma situação ampla e complexa demais para ser abordada de maneira simplista em seu conjunto, esta pesquisa utiliza “um segmento para chegar a uma visão que não seja superficial e que possa, apesar de tudo, valer para o conjunto” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 157).

    Foram utilizados os termos professor A ou B para diferenciar os elementos participantes da pesquisa.

Perfil dos docentes

    O professor A tem 46 anos e possui formação superior em Educação Física, de 1981 a 1984, e em Pedagogia, de 1999 a 2004, ambos realizados na UNESP. Concluiu, também, o Curso de Pós-graduação lato sensu em Pré-escola (1980-1981).

    Lecionou na Educação Infantil, de 1984 a 1990, e leciona como professor de Educação Física desde 1990; e há 12 anos leciona na escola em que foi realizada a pesquisa.

    No que diz respeito à atualização, o professor mencionou participar de eventos na área, porém, afirma que: “há tempos não participo”.

    Além da 1ª série do Ensino Médio, relata lecionar para outras séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Trabalha, também, Atividade Curricular Desportiva de voleibol feminino (mirim e infantil) e tênis de mesa misto infantil.

    O professor B tem 42 anos, tem curso superior em Educação Física, concluído em 1985, e Pós-graduação lato sensu em Fisiologia do Esforço, com conclusão no ano de 2002, ambos realizados na UNESP.

    Atua como professor de Educação Física desde 1988, e faz 12 anos que leciona na escola em que foi realizada a pesquisa.

    Realiza atualizações e participa de simpósios promovidos pelas universidades de sua cidade: “Sempre que possível. Simpósio de Educação Física do ano passado... Eu participei 2005, 2006, em 2007 participei de alguns cursos trazidos pelo SEST. Oficinas, sempre que possível, eu participo, acho muito importante as atualizações”.

    Além da 2ª série do Ensino Médio, o professor atua em outras séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. É responsável por quatro turmas de Atividade Curricular Desportiva, a saber: voleibol (infantil e mirim), tênis de mesa e xadrez.

Concepções de Educação Física dos docentes

    O professor da escola A entende a Educação Física não apenas como divulgadora de esportes, mas a vê como uma disciplina que pode ensinar muito mais do que a prática de jogos, uma disciplina “conscientizadora do corpo nas atividades físicas, ou seja, no estudo do movimento corporal”.

    Conscientizar significa “ter conhecimento de”, significa proporcionar ao aluno conhecimento de corpo, mais especificamente, o movimento corporal. Esse entendimento aproxima a Educação Física da tarefa de proporcionar ao aluno condições de conhecer o funcionamento do corpo humano de forma que possa ser útil na prática de esportes, jogos, lutas, ginástica, dança; enfim, no movimento corporal.

    Para o professor da escola B, a Educação Física representa uma área que contribui para o desenvolvimento motor do ser humano. No seu entendimento, a disciplina deve trabalhar o

    [...] aluno no seu todo, ou seja, a parte motora, a parte do corpo dele. Com a nova proposta mudou um pouco o conceito que eu tinha, porque me deu um direcionamento. As aulas já estão formatadas e na antiga o professor tinha mais autonomia para elaborar seu plano de aula, seu projeto, e agora já vem uma coisa mais engessada. Por um lado deu mais direção pra gente, apesar de não concordar com algumas atividades, das atividades não serem todas fáceis de serem realizadas, eu concordo com a proposta, desse direcionamento que está sendo dado, tem muitas atividades que eu não estou conseguindo aplicar.

    Esse entendimento aproxima-se do outro professor, já que elege o desenvolvimento motor como principal fim da disciplina. Afirma que a nova proposta apresentada aos docentes pela Secretaria da Educação, no início de 2008, mudou o seu conceito da área, já que provocou mudanças na sua prática.

    Contudo, a proposta utilizada pelo professor concebe a cultura corporal como objeto de estudo da disciplina. Entende-se o conjunto de significados/sentidos, símbolos e códigos que se produzem e re-produzem dinamicamente nos jogos, esportes, danças e atividades rítmicas, lutas, ginásticas etc., os quais influenciam o “Se movimentar” dos sujeitos, e o movimento é o diálogo com o mundo, o que não se concilia com o entendimento que os professores têm da disciplina.

    Sobre a relação desse entendimento com a sua prática o professor da escola A relata que se baseia em aulas práticas e teóricas, e também na realização de pesquisas que envolvam assuntos pertinentes a Educação Física ou não.

    O professor da escola B vislumbra a necessidade de apreciar em suas aulas não apenas a prática, mas o conhecimento que permeia esta área de conhecimento e afirma:

    Eu tento trazer nas minhas aulas práticas esse novo olhar da Educação Física como uma área de conhecimento, não só de prática física, mas de estudo também, estudar a Educação Física, o aluno ter o conhecimento do que é das suas capacidades físicas, é isso. (Docente B)

    A relação do que representa a Educação Física para esses professores e a sua prática revela a necessidade de problematizarem as suas práticas pedagógicas, de contextualizarem o movimento. Porém, esses entendimentos abarcam apenas uma parcela do que seria a função da escola: “Na escola, a Educação Física seleciona e problematiza temas da cultura corporal de movimento tendo em vista sua intencionalidade pedagógica [...]” (BETTI, 2005, p. 189).

    Os professores enfatizam, nas suas falas, apenas o tema “Corpo”, no qual as capacidades físicas e o desenvolvimento motor fazem parte. Este tema está inserido na proposta curricular utilizada pelos mesmos, denominada “Corpo, saúde e beleza”:

    [...] as doenças relacionadas ao sedentarismo (hipertensão, diabetes, obesidade etc.), e de outro lado, o insistente chamamento para determinados padrões de beleza corporal, em associação com produtos e práticas alimentares e de exercício físico, colocam os jovens na “linha de frente” dos cuidados com o corpo e a saúde. (SÃO PAULO, 2008, p. 46).

    A Educação Física, entretanto, não pode ficar restrita à parte biológica ou ao comportamento motor dos alunos, mas considerá-lo dentro de um contexto cultural na qual está inserido, trabalhando os diversos conteúdos (jogo, esporte, dança, luta, ginástica) relacionados com corpo (capacidade física, anatomia, bioquímica, correção postural etc.), mídia, lazer, trabalho e contemporaneidade.

Considerações

    Nas concepções teóricas dos docentes para a Educação Física, verificou-se que a relação do que representa a Educação Física para esses professores e a sua prática revela a necessidade problematizar as suas práticas pedagógicas, de contextualizar o movimento. Porém, esses entendimentos abarcam apenas uma parcela do que seria a função da escola: “Na escola, a Educação Física seleciona e problematiza temas da cultura corporal de movimento tendo em vista sua intencionalidade pedagógica [...]” (BETTI, 2005, p. 189).

    Os professores enfatizam, nas suas falas, apenas um tema – “Corpo” –, no qual as capacidades físicas e o desenvolvimento motor estão incluídos. Este tema faz parte da Proposta Curricular utilizada pelos docentes, denominada “Corpo, saúde e beleza”:

    [...] as doenças relacionadas ao sedentarismo (hipertensão, diabetes, obesidade etc.), e de outro lado, o insistente chamamento para determinados padrões de beleza corpora, em associação com produtos e práticas alimentares e de exercício físico, colocam os jovens na “linha de frente” dos cuidados com o corpo e a saúde. (SÃO PAULO, 2008, p. 46).

    A Educação Física não pode restringir-se apenas à parte biológica ou ao comportamento motor dos alunos, mas sim considerá-lo dentro de um contexto cultural no qual está inserida, trabalhando os diversos conteúdos (jogo, esporte, dança, luta, ginástica) relacionados com: corpo (capacidade física, anatomia, bioquímica, correção postural etc.), mídia, lazer, trabalho e contemporaneidade. Desse modo, permitir-se-á ao aluno saber por que ele está aprendendo tal conteúdo; e ainda, segundo Darido (2005, p. 68): “Os conteúdos são os meios pelos quais o aluno deve analisar e abordar a realidade de forma que, com isso, possa ser construída uma rede de significados em torno do que se aprende na escola e do que se vive”.

Referências

  • BETTI, M. Educação física como prática científica e prática pedagógica: reflexões à luz da filosofia da ciência. Revista Brasileira de Educação Física, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 183-197, jul./set., 2005.

  • DARIDO, S.C. Os conteúdos da educação física na escola. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (Coords.). Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 64-79.

  • LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

  • SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: educação física (ensino fundamental e médio). Coordenação Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2008.

  • SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

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