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As aulas de Educação Física sob o 

entendimento de adolescentes do ensino médio

Las clases de Educación Física en la comprensión de adolescentes de escuela media

 

*Acadêmica do curso de Educação Física

do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná

**Professor do curso de Educação Física do Centro Universitário Luterano

de Ji-Paraná. Mestre em Ciências do Movimento Humano

Eliany Teles Paiva*

Marcelo Gonçalves Duarte**

duartemg83@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi analisar percepção dos adolescentes sobre as aulas de Educação Física no Ensino Médio em duas escolas públicas. Participaram do estudo 124 adolescentes de ambos os sexos, entre 15 e 18 anos de idade. Os resultados comprovaram que os alunos gostam das aulas de Educação Física embora às vezes a grande maioria participem dela, embora tendo um bom relacionamento com o professor e demais alunos. Para os alunos os professores poderiam ministrar de outras formas as aulas na qual acreditam também que podem ser acrescidos mais conteúdos do que os que já são propostos pelos professores. Conclui-se que os alunos gostam das aulas porem sugerem variar um pouco o conteúdo das aulas, inserindo diferentes esportes e atividades lúdicas e incluindo teoria e prática.

          Unitermos: Educação Física. Ensino medio. Adolescentes.

 

Resumen

          El objetivo de este estudio fue examinar las percepciones de los adolescentes sobre las clases de educación física en la escuela secundaria en dos escuelas públicas. Participaron del estudio 124 adolescentes de ambos sexos con edades comprendidas entre 15 y

18 años. Los resultados mostraron que los estudiantes disfrutan de las clases de Educación Física, pero a veces muchos de ellos, ni siquiera tienen una buena relación con el profesor y otros estudiantes. Para los estudiantes los profesores pueden impartir clases en otras formas en que ellos también creen que se pueden agregar más contenido que los que son propuestos por los profesores. Se espera que los estudiantes disfruten de las clases, pero sugieren contenidos diferentes de estas clases, la inserción de diferentes deportes y actividades recreativas e incluso teoría y práctica.

          Palabras clave: Educación Física. Escuela media. Adolescentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.    Introdução

    As aulas de Educação Física é um espaço escolar que permite ao aluno experimentar os movimentos, e por meio dessa experimentação, desenvolver um conhecimento corporal e uma consciência dos motivos que o levam a prática desses movimentos. O tempo e a falta disciplinada de muitos docentes em aplicá-la corretamente acarretam ao educando um desinteresse tal dessa disciplina, que hoje é vista como uma matéria simplesmente de costume, onde a visão de aplicabilidade do processo de aprendizado é bem tímido. Esse desinteresse dos alunos tem início no final do Ensino Fundamental, quando os mesmos passam a ter uma visão mais crítica da realidade não atribuindo à Educação Física tanta importância, o que pode os levar no futuro a uma desmotivação em participar das aulas durante o Ensino Médio (BETTI, ZULIANI, 2002).

    Para autores como Mariz de Oliveira (1991), Barros (1992), Paiano (1998) e Possebon e Cauduro (2001) a valorização da Educação Física não ocorre pela falta de identidade do aluno referente à disciplina no âmbito escolar. O fato de proporcionarem um corpo de conhecimento teórico faz com que os conteúdos das aulas não ofereçam significado e nem importância para os alunos, pois consideram a Educação Física como prática de modalidades esportivas e as freqüentam apenas para distração e descontração.

    Na busca de amenizar significativamente com essa ação, Correia (1996) considera que somente um planejamento contextualizado a realidade aumenta a ação coletiva e motiva os alunos nas atividades, proporcionando a valorização da Educação Física dentro da escola e possibilitando a expressão dos alunos, face ao caráter participativo da proposta.

    Portanto, Darido (2004) mostra que o tratamento contextualizado propicia uma aprendizagem significativa para o aluno, pois estabelece uma relação de reciprocidade entre ele e o conteúdo. É possível ainda associar essa contextualização com experiências cotidianas e conhecimentos adquiridos espontaneamente, fazendo com que o aluno deixe a condição de espectador. Para que essa condição de espectador seja diminuída, também é interessante trabalhar o planejamento participativo, onde o conteúdo é formulado de acordo com os interesses dos alunos.

    Reitera-se que a postura adotada pelo professor soma a grande importância na decisão pela prática ou não da Educação Física escolar, pois o mesmo é o mediador entre a disciplina e o aluno, assim diz Mattos e Neira (2000). Já que se justifica o declínio da Educação Física Escolar ao afirmar que "... ainda não se conseguiu explicitar a importância desse componente curricular, uma vez que não há elaboração e hierarquização de seus objetivos" (POSSEBON, CAUDURO, 2001).

    Para que o professor de Educação Física realize um bom planejamento e desenvolvimento do ensino é importante que seja considerado o pensamento do aluno (HENRIQUE, JANUÁRIO, 2005). Em vários trabalhos é possível verificar que os alunos gostam das aulas de Educação Física. Conforme, Betti e Liz apud, Lovisolo, (1995), é apresentada uma pesquisa com 703 alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro, a qual se concluiu que os alunos mais gostavam na escola eram os professores, os amigos e as aulas de Educação Física e o que menos gostavam era a sujeira e a bagunça da escola. Já quando questionados sobre a importância da Educação Física essa aparecia em sétimo lugar, vinda atrás de Matemática, Português, Ciências, Historia, Geografia e Inglês.

    Um estudo realizado por Darido (2004), em Rio Claro procurou entender as razões pelas quais os alunos se afastavam da prática da atividade física regular. 799 estudantes da 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental e 373 do 1º ano do Ensino Médio responderam um questionário. A autora verificou que 74% dos alunos do Ensino Fundamental gostam das aulas de Educação Física e havendo um enorme decréscimo 37% dos alunos do Ensino Médio responderam o mesmo. Mas, ao analisar as respostas sobre a importância da disciplina no currículo escolar no Ensino Médio, a autora constata que essa aparece em terceiro lugar caindo para quinta posição no Ensino Fundamental.

    Para Scheneider e Bueno (2005), que dá prosseguimento ao diagnóstico da Educação Física no estado do Espírito Santo o resultado é igual. As grandes maiorias dos alunos gostam das aulas de Educação Física. Os que responderam que não gostam acham que a disciplina deveria ser não eliminada da matriz curricular e sim aperfeiçoada.

    Cabe salientar ainda, que tais acontecimentos permitem que muitos alunos substituam as aulas de Educação Física pela prática de esportes ou outras atividades, em academias, clubes, associações, etc., fazendo com que esta se torne desacreditada e desnecessária dentro do contexto escolar.

    Ghiraldelli (2007) a escola visa educar o aluno para um lugar na hierarquia social isto é, no lugar destinado a sua classe social e de acordo com suas capacidades e aptidões. Gomes (2008) é preciso olhar de perto a escola, seus sujeitos, suas complexidades e rotinas e fazer indagações sobre suas condições concretas, sua história, seu retorno e sua organização interna.

    Já para Rangel-Betti (1995), o relacionamento aluno-professor, pode determinar a participação ou não do aluno, não só durante as aulas de Educação Física escolar como também nas atividades extra-escolares. Salles (1998) complementa que o que mais agrada os alunos na escola é o relacionamento entre o professor e aluno. Pois os alunos querem ser ouvidos, tratados com dedicação, carinho, amizade, paciência e respeito.

    Sabendo que o professor é o maior responsável em motivar a prática de atividade física, fazendo com que o aluno leve este hábito para a vida adulta, pois todo o cidadão passa pela escola. E o que se percebe é que já na adolescência, acabam desistindo. Portanto o objetivo do presente estudo é analisar percepção dos adolescentes sobre as aulas de Educação Física.

2.     Metodologia

    Este estudo é caracterizado como descritivo, pois pesquisas descritivas caracterizam-se freqüentemente como por obter informações diversas, destacando-se os questionários, as entrevistas e as observações (THOMAS, NELSON, 2002). O presente estudo caracterizou-se por realizar uma analise descritiva, por meio de uma entrevista semi estruturada em forma de questionário.

    Participaram do estudo 124 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 15 e 18 anos de idade, sendo 78 meninas e 46 meninos todos devidamente matriculados em duas escolas estaduais de ensino médio do município de Ouro Preto do Oeste - Rondônia.

    Como instrumento para coleta de dados utilizou uma entrevista semi estruturada em forma de questionário. O presente questionário foi adaptado de Brandolin (2010) constitui-se de cinco (5) afirmações fechadas contendo alternativas (às vezes, nunca, sempre).

    Depois da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do CEULJI/ULBRA com número 105/10, entramos em contato com os diretores das escolas para a realização da coleta. Primeiramente foi encaminhado aos responsáveis dos participantes deste estudo um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os termos deveram ser lidos e devidamente assinados pelos mesmos. Nestes Termos constaram os aspectos relativos ao estudo como, objetivo, caráter de voluntariedade da participação de tais indivíduos para aderir e/ou sair do estudo, benefícios e possíveis riscos, procedimentos de avaliação, procedimentos de emergência, entre outros.

    Após uma semana da entrega dos termos regressamos as escolas para a realização da pesquisa. Para cada instituição de ensino identificou-se com letras “A” e “B”. Com os Termos Consentimento Livre e Esclarecido em mãos, iniciamos a pesquisa, realizando as coletas durante as aulas de educação física, devidamente autorizada pela equipe gestora da escola. Os questionários foram distribuída aos alunos e realizada uma pré leitura pelos pesquisadores, assim minimizando qualquer duvida que eventualmente possam apresentar. Após 20 minutos, os alunos devolveram os questionários devidamente respondidos. Os dados foram tabulados em uma planilha do Excel e posteriormente descritos em distribuição de freqüência absoluta.

3.     Discussão de resultados

    Serão apresentados os resultados da coleta de dados realizados com 118 alunos de Ensino Médio de escolas públicas de Ouro Preto do Oeste. RO, sendo 60 alunos da escola A e 58 alunos da escola B, que responderam a um questionário contendo 8 questões. Inicialmente realizamos algumas perguntas referentes às aulas de educação física que os discentes realizavam.

Gráfico 1. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes referente à pergunta: você gosta de educação física?

    De acordo com os dados coletados podemos observar que tanto na escola “A” quanto na escola “B” os alunos gostam da aula de Educação Física obtendo então uma minoria que não gostam. A partir dos resultados pode se então perceber que as maiorias dos alunos gostam da Educação Física escolar. Darido (2004) em seu estudo apresenta dados semelhantes onde mostram que essa é a disciplina preferida dos alunos, por ser prazerosa e sair da rotina das outras do componente curricular da escola. Assim na relação ensino-aprendizagem, em qualquer ambiente, conteúdo ou momento, a motivação para a tarefa constitui-se um dos elementos centrais para sua execução bem sucedida.

Gráfico 2. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes sobre a pergunta: O professor motiva os alunos a participarem das aulas de educação física?

    De acordo com os resultados sobre o papel do professor como motivador para a prática da Educação Física da escola “A” os resultados indicaram que 53 alunos responderam que o professor sempre os motivam para as aulas e 5 alunos disseram que as vezes são motivados. Já na escola “B” os resultados observados para essa questão foram que 39 alunos sentem-se sempre motivados pelo professor, 2 alunos disseram que nunca e 19 alunos responderam que as vezes são motivados. Assim, acredita-se que o professor de Educação Física deva estar criando estratégias para motivar os alunos. Campos (1986), diz que a aprendizagem depende acima de tudo do interesse de aprender do aluno e para que esta ocorra, cabe à escola motivá-lo para que ele sinta prazer em estudar.

Gráfico 3. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes sobre a pergunta: Os alunos são participativos nas aulas de Educação Física?

    Entre as observações obtidas sobre a participação dos alunos nas aulas pode se observar que na escola “A” apenas 18 alunos sempre participam das aulas, 40 às vezes participam, pode se notar que na escola “B” 15 alunos sempre participam e 45 alunos às vezes participam das aulas. Nesse sentido, Lovisolo (1995, p.9) destacou que: a disciplina de Educação Física é a que os alunos mais gostam (sentem-se motivados), porém não é a primeira em importância. “Segundo o autor, os alunos distinguem, portanto, entre o gostar, o prazer que uma disciplina pode lhes proporcionar e a utilidade que as outras disciplinas podem ter para sua vida no mundo de trabalho.”

Gráfico 4. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes sobre a pergunta: Os alunos participam da escolha da atividade a ser trabalhada nas aulas.

    Quando perguntado aos alunos sobre a escolha das atividades trabalhadas nas aulas da escola “A”, observamos que 25 alunos responderam que sempre participam da escolha das atividades, 4 alunos disseram que nunca participaram e 29 alunos responderam que às vezes participam da escola das atividades desenvolvidas nas aulas. Quanto à escola “B” 27 alunos responderam que sempre estão participando das escolhas das atividades, 2 alunos nunca fizeram parte das escolhas, enquanto 47 alunos às vezes participam dessas escolhas. Vimos que para Rangel-Betti (1995), o relacionamento aluno-professor, pode determinar a participação ou não do aluno, não só durante as aulas de Educação Física escolar também nas atividades extra-escolares. Os alunos já possuem experiências motoras, adquiridas nas etapas anteriores a partir das vivências de aptidão dos esportes, danças, lutas, ginásticas e atividades rítmicas e esses conhecimentos devem ser ampliados, permitindo a sua utilização em situações sociais (MATTOS; NEIRA, 2000).

    Correia (1996) em discussão desta questão observa que o ensino médio deve e pode partir da idéia de um planejamento participativo. No entanto, apresenta as vantagens e desvantagens deste trabalho a partir de um relato de sua experiência numa escola pública paulista de ensino médio. O autor considera que as principais vantagens são: os níveis de participação e motivação dos alunos nas atividades propostas; a valorização da disciplina pelos alunos; a repercussão da proposta perante outros grupos não engajados e menor despersonalização dos educandos, face ao caráter participativo da proposta Enquanto desvantagem o autor informa que há um desgaste maior do professor no sentido de providenciar recursos materiais, teóricos, frente a necessidade de coordenar diferentes programações em diferentes turmas; as próprias limitações de formação profissional do professor; e dificuldades em encontrar subsídios teóricos para desenvolver discussões sobre as implicações do movimento nos níveis sócio-cultural, ou seja a inexistência de material didático para o ensino médio.

Gráfico 5. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes sobre a pergunta: Têm bom relacionamento com o professor?

    De acordo com os dados obtidos sobre o bom relacionamento com o professor os alunos da escola “A” 56 deles responderam que sempre tem um bom relacionamento com o professor, 2 alunos disserem que às vezes tem bom relacionamento, enquanto na escola “B” 56 alunos responderam que sempre tem bom relacionamento 2 alunos disseram que nunca e 8 alunos responderam que às vezes tem bom relacionamento com professor. Campos (1986) acreditam que o professor seja o mediador entre os motivos individuais e os legítimos alvos a serem alcançados pelos alunos, pois sendo o professor possuidor de grande influência sobre o aluno, pode ser um grande mediador dos objetivos da escola para com eles.

Gráfico 6. Distribuição de freqüência absoluta dos adolescentes sobre a pergunta: Tenho bom relacionamento com os demais alunos.

    Sobre o relacionamento com os demais alunos na escola “A”, 36 alunos disseram que sempre tem um bom relacionamento com os demais e 22 alunos responderam que as vezes tem esse relacionamento, enquanto na escola “B” 46 alunos sempre tem um bom relacionamento, 4 alunos nunca tem bom relacionamento com os outros alunos e 16 as vezes tem esse bom relacionamento com os demais alunos. O grupo de colegas e amigos exerce grande influência sobre as atitudes do aluno, levando-o à manifestação de comportamentos extrovertidos, introvertidos, comportamentos de liderança entre outros. As aulas de Educação Física podem colaborar para uma socialização mais adequada através de conteúdos e estratégias especificas (KOBAL, 1996, p. 38). Martinelli (2006) confirma que “a desmotivação por parte dos alunos se dá por meio do relacionamento delas com os demais alunos do grupo e desinteresse pelo conteúdo e abordagem adotados pelos professores para desenvolvimento das aulas.”

4.     Conclusão

    A Educação Física, como parte integrante da Escola, tem a sua colaboração na construção do ser humano em desenvolvimento, sendo assim concluir-se que os alunos do Ensino médio gostam das aulas, embora a maioria às vezes participe embora tendo bom relacionamento com professores e demais alunos, sendo assim acreditam-se professor de Educação Física é o agente motivacional, sobretudo a maneira pela qual os conteúdos são desenvolvidos em aula e sua criatividade em apresentar novos assuntos.

    A pesquisa mostra ainda, que muitos alunos acreditam poderiam haver outras formas do professor de ministrar as aulas, a maioria deles ainda afirma que as aulas de Educação Física estão de acordo com as suas expectativas, contudo sugerem ter a vivência prática e teórica de outros esportes e gostariam de participar de atividades mais lúdicas e treinamentos afins de todos participem das aulas. Além disso, alguns deles diante da realidade em que vive nas aulas de Educação Física sugerem que fossem acrescentadas mais modalidades esportivas bem como conteúdos relacionados à saúde, atividades lúdicas e ainda o aumento Carga horária tendo em vista que no Ensino Médio sua carga horária é de uma aula semanal. Com isso acreditamos que as aulas de Educação Física no Ensino médio venham permitir que os alunos uma cultura corporal de movimentos e que seu professores venham oportunizar essa cultura através das riquezas de movimento a fim de aliar ao cognitivo, afetivo-vivencial objetivando os níveis conceituais, procedimentais e atitudinais e que as aulas procedam em contribuir para o processo de ensino-aprendizagem que levam aos alunos os conhecimentos cientifico, tornando-os desafiadores e praticantes de novos níveis de ensino.

Referências

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