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Analise da aptidão física de crianças da 

zona rural e zona urbana do município de Irati

Estudio de la aptitud física de niños de la zona rural y la zona urbana del municipio de Irati

 

*Discente do Curso de Graduação em Educação Física

na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Irati, PR

**Docente do Curso de Graduação em Educação Física

na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Irati, PR

Tiago Luis Brandalize*

Luciano Menon**

tiagobrandalize@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo avaliar se existem diferenças significativas do nível de aptidão física relacionada à saúde de alunos da zona rural e zona urbana da cidade de Irati/PR, na faixa etária de 7 a 10 anos. A amostra foi composta por 30 alunos da zona rural e 24 alunos da zona urbana da cidade de Irati, todos estudantes da 3ª série do ensino infantil. Foram analisados os seguintes componentes da aptidão física relacionada a saúde: a composição corporal utilizando o protocolo de Lohman em crianças de 06 a 16 anos; a flexibilidade através do teste de sentar e alcançar; a aptidão cardiorrespiratória sendo utilizado o protocolo submáximo de Gamboa para crianças de 8 a 13 anos; e a força e resistência muscular com o teste de abdominal modificado. Os dados foram analisados a partir da teoria estudada, com tabelas, gráficos e a confirmação das diferenças a partir do teste T de Student. Os resultados obtidos levaram as seguintes conclusões: foi encontrada diferença significativa nas aptidões de composição corporal e força e resistência muscular, nos quais os alunos da zona rural obtiveram seus resultados melhores. Nas outras duas aptidões, flexibilidade aptidão cardiorrespiratória os dois grupos mostraram-se estatisticamente iguais.

          Unitermos: Aptidão física. Saúde. Crianças.

 

Abstract

          This study had as objective evaluates if significant differences of the physical fitness level related to the students' of the rural area health and urban area of the city of Irati, PR exist, in the age group from 7 to 10 years. The sample was composed by 30 students of the rural area and 24 students of the urban area of the city of Irati, all students of the 3rd series of the infantile teaching. The following components of the related physical fitness were analyzed the health: the body composition using the protocol of Lohman in children from 06 to 16 years; the flexibility through the test of to sit down and to reach; the aptitude cardiorespiratory being used the protocol submaximal of Gamboa for children from 8 to 13 years; and the force and muscular resistance with the test of abdominal modified. The data were analyzed starting from the studied theory, with tables, graphs and the confirmation of the differences starting from the test T of Student. The obtained results took the following conclusions: it was found significant difference in the aptitudes of corporal composition and force and muscle resistance, us which the students of the rural area obtained their better results. In the other two aptitudes, flexibility the fitness cardiorespiratory the two groups same statistically was shown.

          Keywords: Physical fitness. Health. Children.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A atividade física é um fator de prevenção de uma série de doenças associadas à inatividade física. A infância e a juventude são consideradas idades fundamentais para a promoção de hábitos de aptidão física que perdurem por toda a vida.

    A idéia de avaliar a atividade física em uma população é baseada no desejo de determinar o estado de atividade atual da mesma e verificar se ela esta de acordo com os critérios apropriados para uma boa saúde e desenvolvimento1.

    Para estas avaliações a saúde é mensurada a partir dos seguintes componentes: 

  1. capacidade aeróbica, 

  2. força e resistência muscular, 

  3. flexibilidade e 

  4. composição corporal, que são os componentes da atividade física relacionada a saúde1.

    Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) aptidão física é a capacidade de desempenhar de modo satisfatório trabalhos musculares. Aptidão física relacionada à saúde é definida como a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e, demonstra traços e características que estão associadas com um baixo eixo de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas2.

    A relação entre atividade física, aptidão física e saúde podem ser influenciadas por fatores como hereditariedade, estilo de vida, ambiente físico e atributos pessoais. No que tange mais especificamente a influencia do estilo de vida e do ambiente físico, Glaner (2002), evidenciou que adolescentes de 11 a 17 anos, femininos e masculinos residentes no meio rural apresentam uma atividade física relacionada à saúde significativamente melhor que os respectivos pares urbanos2.

    Este mesmo autor observou que moças e rapazes rurais têm menos gordura corporal que os urbanos, também apresentam aptidão cardiorrespiratória significativamente melhor. Na força de resistência também moças e rapazes do interior possuem valores maiores que os da cidade, a flexibilidade é estatisticamente igual em ambos os casos.

    A literatura nacional não apresenta muitos estudos envolvendo as áreas rurais, a maioria concentra-se na área urbana. No estado do Paraná não foi encontrado nenhum estudo sobre o tema, especialmente na cidade de Irati a qual se localiza no centro sul do estado do Paraná a 150 km da capital Curitiba, a cidade possui uma população rural que corresponde a aproximadamente 24,90%, segundo Censo (2000). Outro fator importante é a idade dos indivíduos estudados, a literatura encontrada estuda crianças acima dos dez anos e este estudo envolvera estudantes de 7 a 10 anos que ainda não entraram na fase de maturação sexual.

    Fica evidenciado que ao avaliar a aptidão física relacionada à saúde tem-se um importante indicador da saúde da população estudada, bem como ao estimular a atividade física conseqüentemente estimula-se a promoção da saúde, constatando-se diferenças entre os participantes pode-se observar quais as atividades da vida diária são mais benéficas à saúde.

    Esta pesquisa teve como objetivos Avaliar se existem diferenças significativas do nível de aptidão física relacionada à saúde de alunos da zona rural e zona urbana da cidade de Irati/PR, na faixa etária de 7 a 10 anos.

Métodos

Participantes

    Foram pesquisados 30 alunos de uma escola da zona rural e 24 alunos de uma escola da zona urbana da cidade de Irati com faixa etária de 07 a 10 anos.

Instrumentos

    Para obtenção da coleta de dados serão realizados testes de aptidão física relacionada a saúde seguindo os seguintes protocolos:

  • Protocolo de Gamboa: avalia a resistência cardiorrespiratória através de corrida de corrida em uma pista de atletismo durante seis minutos e ao final do tempo será coletada a distancia percorrida pelos avaliados;

  • Protocolo de Lohman: avalia a composição corporal, aferindo com o auxilio do adipometro as medidas do tríceps e da subescapular, e após a coleta, utilizar das equações do protocolo para determinar o percentual de gordura corporal.

  • Teste de sentar e alcançar: visa avaliar a flexibilidade dos avaliados realizado com o auxílio de uma caixa de madeira com dimensões de 30,5cm x 30,5 cm x 30,5 cm, tendo a parte superior plana com 56,5 cm de comprimento, na qual é fixada uma escala de medida com amplitude de 0 a 50 cm. Sentam-se de frente para a base da caixa, com as pernas estendidas e unidas. Colocam uma das mãos sobre a outra e elevam os braços à vertical. Inclinam o corpo para frente e alcançam com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistências). Cada aluno realizará duas tentativas. O avaliador permanece ao lado do aluno, mantendo-lhe os joelhos em extensão.

  • Teste de abdominal modificado: Avalia força de resistência muscular. O aluno posiciona-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador fixa os pés do estudante ao solo. Ao final o aluno inicia os movimentos de flexão do tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial. O avaliador realiza a contagem em voz alta. O aluno deverá realizar o maior número de repetições completas em 1 minuto.

Local

    As avaliações foram realizadas nas escolas onde os alunos estudam. Sendo que as medidas das dobras cutâneas foram realizadas em uma sala fechada, em grupos de meninos e meninas separados para não ocorrer constrangimentos. Os demais testes aconteceram nas quadras das escolas.

Analise de dados

    Os dados serão armazenados em planilhas do Microsoft Excel for Windows sendo comparados os dados obtidos nas avaliações, através do método estatístico Teste T de Student, para comparar e verificar as diferenças entre os grupos.

Limitações

    Não foi controlado o nível de atividade física diária de cada participante, nem os hábitos alimentares. Os testes foram feitos em dias diferentes, com diferentes temperaturas.

Discussão e resultados

    No quesito composição corporal obteve-se uma diferença significativa, tanto no grupo masculino (p=0,93), quanto no grupo feminino (p=0,51), com o grupo urbano apresentando uma maior percentagem de gordura do que em relação ao grupo rural. Os grupos da zona rural apresentaram as médias de 15,22 % gordura para o grupo masculino e 21,15% gordura o grupo feminino, enquanto os grupos da zona urbana apresentaram as médias 21, 55 % de gordura o grupo masculino e 27,28 % de gordura o grupo feminino. Neste quesito percebemos que as crianças do interior possuem menos percentagem de gordura do que na cidade, conforme observa-se na figura 1.

    No estudo realizado por Glaner (2002), foi comprovado que o sexo feminino no interior apresenta valores menores de composição corporal, que na zona urbana. Isto leva a pensar que as crianças do grupo da zona urbana têm atividades inferiores2, o que resultam em percentuais de gordura corporal maiores, já que os níveis de atividade tendem a promover níveis de gordura corporal4. O maior conteúdo de gordura corporal pode contribuir para o aparecimento de hipertensão, diabetes e complicações cardiorrespiratórias5.

    O comportamento físico sedentário é um dos principais agentes desencadeadores do excesso de gordura corporal em crianças e adolescentes. O autor cita que estes indivíduos com sobrepeso ou obesos são menos ativos fisicamente do que seus pares magros e salienta a preocupação com os níveis de gordura corporal e a quantidade de atividade física diária tanto em crianças quanto em adultos6.

    Dentro dos grupos estudados observamos que o grupo masculino da zona rural foi o único a apresentar indivíduos com níveis de gordura corporal abaixo dos recomendados, o que pode provocar pela redução excessiva do peso corporal uma serie de complicações ao organismo, diminuindo a produção e a transformação de energia para as tarefas do cotidiano e condições vitais5.

Figura 1. Médias referentes à composição corporal de meninos e meninas da zona rural e da zona urbana

    Em relação ao quesito aptidão cardiorrespiratória não foi encontrado diferenças significativas nos grupos masculinos (p= -0.99) e nos grupos femininos (p= -1,90), os dois grupos estudados estão abaixo da média considerada boa, o grupo masculino na zona rural apresentou uma média de VO2 máximo de 39,11 o grupo feminino da zona rural apresentou um VO2 máximo de 35,1 o grupo masculino da zona urbana apresentou uma média de 38,57 e o grupo feminino da zona urbana apresentou uma média de VO2 máximo de 33,96. É importante ter uma boa aptidão cardiorrespiratória respiratória como uma probabilidade de se diminuir riscos de doenças coronarianas, derrames, vários tipos de câncer, diabetes, pressão alta, obesidade, osteoporose, depressão e ansiedade7.

    Os indivíduos que tem uma melhor aptidão cardiorrespiratória tem mais eficiência nas atividades do cotidiano e recuperar-se de exercício físicos mais intensos, com maior eficiência e mais rapidamente, reduzindo as atividades miocárdios, representando assim uma economia traduzindo uma maior capacidade de trabalho e aproveitamento das horas de lazer com redução de riscos de doenças5. As diferenças encontradas tanto nas médias da zona rural e da zona urbana não apresentam diferenças estatísticas significativas. (figura 2)

Figura 2. Médias referentes à resistência cardiorrespiratória de meninos e meninas da zona rural e da zona urbana

    No quesito flexibilidade o grupo masculino da zona rural apresentou média no nível de flexibilidade de 19,36cm e o grupo feminino da zona rural 18,87cm enquanto os grupos da zona urbana apresentaram 15,86 cm o grupo masculino e 16,90 cm o grupo feminino. Segundo o teste T, percebemos que os dois grupos (zona rural e zona urbana) não apresentaram diferenças estatisticamente significativas no sexo masculino (p= -0,04) e no sexo feminino (p= -1,13). Podemos também perceber que a média do nível de flexibilidade da zona rural se aproximou mais dos normais do que o grupo da zona urbana. (figura 3).

Figura 3. Médias referentes à flexibilidade de meninos e meninas da zona rural e da zona urbana

    Embora não ser encontradas diferenças significativas nos dois grupos estudados pode perceber que os dois grupos encontram-se com níveis de flexibilidades abaixo dos recomendados, a afirmam que uma flexibilidade reduzida é resultado da perda da amplitude dos movimentos devido uma falta de exercícios físicos adequados. Também segundo os mesmos autores um bom nível de flexibilidade ira diminuir a tendência de adquirir lesões em esforços intensos apresentando também menos problemas no sistema, ósseo, muscular e articular5.

    Observando à prática de atividades físicas regulares, os indivíduos mais ativos normalmente têm se mostrado mais flexíveis do que os indivíduos menos ativos. Analisando níveis da aptidão cardiorrespiratória encontrados nos dois grupos estudados, estes também estão abaixo dos níveis normais o que pode indicar que os dois grupos apresentam tem um baixo nível de atividade física prejudicando a flexibilidade8.

    Em relação ao quesito força e resistência muscular, o grupo masculino da zona rural apresentou uma média de 36,96 abdominais, o grupo feminino da zona rural apresentou a média de 29,87 abdominais, enquanto o grupo masculino da zona urbana apresentou média de 26,23 abdominais e o grupo feminino da zona urbana apresentou média de 17,9 abdominais. Conforme a figura 4.

Figura 4. Médias referentes à resistência muscular de meninos e meninas da zona rural e da zona urbana

    Após analise destes dados percebe-se que houve diferenças nos dois grupos estudados, principalmente nos grupos femininos (p=2,96) onde quase todos os avaliados da zona urbana estavam abaixo dos níveis normais e inversamente os do grupo rural estavam entre normais e acima dos níveis normais. Também foi encontrado diferenças significativas nos grupos masculinos (p=1,75).

    A baixa força de resistência pode afetar a aptidão física relacionada à saúde, pois ela é requerida nas atividades da vida diária como: carregar compras, transportar objetos, manter a postura e também em emergências como trocar um pneu ou bujão de gás7.

    Músculos fracos se fadigam com facilidade e pode ser importante para sustentar a coluna em um alinhamento correto. Quando se está em pé, os músculos abdominais fracos e os músculos posteriores da coxa, encurtados, fazem com que a pélvis se incline para frente, causando uma hiperlordose e conseqüentemente um stress na coluna, causando dores nas costas9.

Conclusão

    O objetivo do trabalho foi alcançado, pois se encontrou dados significativos quanto às diferenças entre os dois grupos comparados, que seriam o grupo da zona rural e zona urbana da cidade de Irati. Notou-se principalmente que a composição corporal e força e resistência muscular que os grupos apresentaram importantes diferenças.

    Levando em consideração os resultados obtidos e as devidas discussões, bem como as limitações deste estudo, pode-se sugerir estudos que abordem aspectos como: níveis de atividades físicas, modo de vida, hábitos alimentares, entre os dois grupos para se obter conhecimento acerca do que poderão estar influenciando estes resultados. Também seria interessante estudos similares com adolescentes e adultos para averiguar se as diferenças se mantém em idades diferentes.

    De um modo geral, este trabalho serviu não somente para analisar as diferenças entre os dois grupos, mas também para analisar em quais os reais níveis de aptidão física relacionada a saúde encontram-se os indivíduos estudados. A partir daí, tem-se vários indicadores que podem ser importantes para a tomada de medidas preventivas para a melhoria da qualidade de vida destes indivíduos que ainda estão em idades em que devem adquirir hábitos saudáveis os quais podem perdurar para o resto de suas vidas.

Referências bibliográficas

  1. SILVA, R.J.S. Capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 5, n.1, p. 75-84, 2003.

  2. GLANER, M. Crescimento físico e aptidão física relacionada à saúde em adolescentes rurais e urbanos. Tese de doutorado: UFSM, Santa Maria, 2002.

  3. RICHARDSON, R. J.; Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo, Atlas: 1999.

  4. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2003.

  5. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E. Exercício físico na promoção da saúde. Rio de Janeiro: Shape, 1995.

  6. PINHO, R. A.; Nível habitual de atividade física e hábitos alimentares de adolescentes durante período de férias escolares. Dissertação de Mestrado: Universidade federal de Santa Catarina, 1999.

  7. NIEMAN, D. C. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999.

  8. HALL, S. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara, 1993.

  9. BARBANTI, V. F. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990.

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