A psicologia como ciência aplicada à iniciação esportiva La psicología como ciencia aplicada a la iniciación deportiva |
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*Msc. Professor. Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Porto Velho, RO Centro de Estudos de Esporte e Lazer (CEELA - UNIR) **Estudante do Curso de Psicologia, Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Porto Velho, RO Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA-UNIR) |
Ramón Núñez Cárdenas* Yesica Núñez Pumariega** (Brasil) |
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Resumo O presente estudo bibliográfico teve como pretensão investigar a aplicação da psicologia na iniciação esportiva. A Psicologia do Esporte é uma das disciplinas mais jovens do tronco comum que é a Psicologia como ciência. Crê-se que por este motivo, a mesma se identifique como aquela disciplina que trabalha diretamente com o atleta, com o fim último de ajudá-lo a conseguir uma melhora em seu rendimento e, conseqüentemente, uma melhora de seus resultados. Unitermos: Psicologia do Esporte. Iniciação esportiva.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Em muito dos casos, as crianças em seus primeiros anos de prática esportiva, enfrentam treinamentos excessivamente exigentes, que não correspondem à idade e nível de maturação, sacrificando atividades que lhe são próprias.
No golfe, Tinger Woods fez suas primeiras práticas aos dois anos; em tênis, as irmãs Williams “foram concebidas (segundo seu progenitor) para ser campeãs. Estes casos servem de apoio a explicações do comportamento humano ”superadas“ e difíceis de entender do ponto de vista da psicologia atual. Em outro trabalho, Dosil (2001) utiliza a famosa frase de Watson sobre o esporte: “quero uma dose de crianças sãs, bem formadas ao meu redor, para educá-las, e garanto que escolhendo aleatoriamente, convertê-las-ia em especialistas, no que eu selecionasse – médico, advogado, artista, homem de negócios e, incluso, mendigo e ladrão- independentemente de seus talentos, tendências, habilidades, vocações e da raça de seus antepassados”, opinando que se torna incongruente referir-se a atletas de elite quando não existem capacidades físicas inatas adequadas ( talento). As correntes que defendem a supremacia do contexto sobre a genética no esporte, talvez, se limitem a algumas modalidades onde a carga genética não é um elemento fundamental e onde se cobra relevância a quantidade e qualidade de horas práticas ( maior prática = maior habilidade = maior rendimento). Do ponto de vista da Psicologia, o que verdadeiramente obedece a estas idades, é certa regressão de opiniões, onde parece ser mais importante o ambiente que o próprio indivíduo. Segundo estes critérios, com um ambiente esportivo adequado, desde os primeiros anos de vida, pode-se conseguir muitos mais atletas de elites.
A “Declaração dos direitos dos jovens atletas” tentam erradicar estas situações nas quais se privilegia o rendimento sobre o desenvolvimento do indivíduo, e onde se considera o sujeito passivo na construção de seu conhecimento. Os pais, reforçados pelo êxito que transmitem, como no caso de Tiger Woods ou as irmãs Williams, apóiam este modelo de esporte de rendimento infantil, sem se dar conta que, na realidade, as probabilidades de que este modelo influencie negativamente sua formação, são muito amplas.
A intervenção psicológica na iniciação esportiva consiste, principalmente, na orientação aos treinadores, pais e atletas, com o objetivo de que o esporte seja um elemento educativo que permita o desenvolvimento pessoal e esportivo do indivíduo.
No esporte de base, o que se trata, é proporcionar que as crianças e jovens adquiram estilos de vida adequados, procurando a aceitação das atividades físicas, o que permitirá que os mais qualificados as pratiquem, encaminhando-as à elite, e os menos qualificados, o fazem com fins mais relacionados à saúde (o que não exclui a prática competitiva, a auto-superação ou outros valores relacionados ao esporte).
No esporte de iniciação, há uma distinção chave a fazer, entre esporte escolar e esporte extra-escolar. O primeiro se faz na escola, durante a Educação Física, ou em competições ao longo do final de semana entre escolas; e o extra-escolar se faz depois do horário letivo, fora das instalações da escola. Seja dentro do esporte escolar, ou fora dele, as necessidades físicas, psicológicas, sociais dos atletas devem de ser cuidadas e valorizadas.
Neste sentido, o esporte base constitui-se um contexto ideal para a prática dos psicólogos, porque o jovem está se formando como pessoa e atleta, o qual leva ao desenvolvimento de processos psicológicos. A aplicação da psicologia desde a base, não só aumentaria a quantidade e qualidade dos atletas, bem como ofereceria aos participantes, habilidades psicológicas para utilizar em sua vida cotidiana.
A escassa formação dos responsáveis do esporte de iniciação em aspetos relacionados à Psicologia torna-a uma área pouca “explorada”. Os treinadores são as únicas pessoas que trabalham com as crianças na idade de iniciação. A razão mais convincente para explicar esta situação é a falta de recursos econômicos para contratar a outras figuras que completam a lista de profissionais que deveriam contribuir ao desenvolvimento das crianças. Felizmente, estamos assistindo a incorporação paulatina de “novas” figuras em equipes, não só de categorias profissionais, mas também em categorias inferiores. Desta forma, cada vez com maior freqüência, médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, psicólogos, colaboram com a iniciação esportiva, o que faz aumentar as probabilidades de se conseguir melhores atletas.
Na iniciação esportiva, é muito importante à análise das pessoas que a integram como é o caso dos pais, treinadores e atletas. Num trabalho clássico, Smoll (1991) identifica estes três elementos principais no mundo do esporte de base como o “triângulo esportivo”. Entre as funções que deverá desenvolver o psicólogo do esporte, uma delas, é a orientação a cada um deles.
Recomendações aos pais
A influência que os pais têm sobre o atleta jovem é inegável. Eles são os responsáveis para que seu filho pratique um esporte ou outros, são os que levam as crianças aos treinamentos e competições. Por estas razões, a orientação psicológica aos pais é fundamental, durante a iniciação esportiva.
Antes de informar as questões básicas que deverão estar presentes nas indicações, é necessário fazer alguns comentários sobre os tipos de pais (Smoll, 1991).
Pais treinadores
Pais críticos
Pais expressivos demais
Pais com preocupação excessiva:
Pais desinteressados:
Na psicologia do esporte, os trabalhos sobre orientação aos pais são cada vez mais abundantes. Gordillo (2000) identifica cinco áreas como fundamentais na orientação aos pais.
Apreender a controlar as próprias emoções e favorecer emoções positivas nos filhos,
Aceitar o papel do treinador,
Aceitar os êxitos e os fracassos: Estar orientados para a motivação,
Dedicação e interesses adequados,
Ser um modelo de autocontrole.
Dosil (2001) especifica algumas condutas chaves antes, durante e depois da competição:
Antes da competição
Competição:
Depois da competição:
A relação pais-treinador é outra das tarefas do trabalho psicológico. Tem treinadores que vêem a presença dos pais, nos treinamentos e nas competições, como uma forma de interferir em seu trabalho, o qual cria tensões que poderiam ser evitadas com uma boa comunicação. A orientação fundamental é fazer reuniões com os pais, ao longo da temporada, com o fim de mantê-los informados sobre os objetivos encaminhados para esse ano, e que trabalho vai ser feito para obtenção dos mesmos. Além disto, é conveniente orientar como eles poderão ajudar e motivar a seus filhos em relação á pratica do esporte (por exemplo: imaginemos uma situação onde faria falta este tipo de intervenção: Um pai pergunta a seu filho (o mesmo é zagueiro de um equipe de futebol) “Quantos gols fez no jogo?” O filho pode estar muito contente, pelo fato que seu treinador lhe disse “parabéns” pelo trabalho que fez no campo, porém, ao chegar a casa, o pai lhe diz: “Porque vai jogar se nunca faz gol?”. Esta situação influencia, sem dúvida alguma, a motivação do atleta; por isso, o enfoque do treinador deverá ir sempre na mesma linha dos pais.
Em síntese, a principal orientação aos pais é o de se concentrar mais nos aspetos relacionados ao desenvolvimento da atividade (objetivos da realização) e diminuir seu excessivo interesse pelo resultado final da mesma (objetivos de resultado). Quando o filho chega em casa, depois da competição, simplesmente perguntar para ele: “Como foi teu dia?”, “Como jogou?”, em lugar da pergunta típica: “Você ganhou a competição?”. A primeira forma de pergunta valoriza mais o processo que o produto, ao passo que, com o segundo tipo de pergunta, estaríamos obtendo informação direta do resultado e criaríamos um sistema de comunicação com nosso filho, muito mais enriquecido.
Recomendações aos treinadores
No esporte de iniciação, o treinador é a figura principal da equipe, a pessoa mais próxima dos atletas, e o que oferece informação aos pais sobre os treinamentos e competições. As ações e conduta do treinador vão ter uma grande repercussão nas crianças, devido a isso, as mesmas modificarão seu rendimento, sua motivação, seu estado de ânimo, em função do treinador. Por este motivo, torna-se uma pessoa importante na vida da criança, tendo uma grande influência no desenvolvimento social e pessoal da mesma.
Ao longo deste item, falaremos sobre a figura do treinador, mostrando como é difícil e complicado exercer sua função no esporte de base, devido a que nestas idades se fomenta a base dos futuros atletas, assim como das futuras pessoas. Por tal motivo, devemos dirigir a atenção a uma fase importante como é a educativa, abordada em numerosos textos (Durán, 1996; Cruz et al., 1996; Garcés de Los Fayos e García Montalvo, 1997; Dosil, 2000).
Segundo Singer (1989), o psicólogo do esporte tem as seguintes tarefas:
Cientista / Pesquisador – Contribui na produção de conhecimento;
Docente: transmite conhecimentos;
Intermediário entre técnico e atleta;
Especialista em psicodiagnóstico: mede o potencial do atleta;
Especialista em análise das condições do treino;
Especialista para otimizar o desempenho;
Conselheiro para solucionar conflitos;
Consultor-especialista em consultoria de programas psicológicos;
Responsável pela saúde e bem-estar dos atletas.
Para poder fazer uma orientação psicológica adequada, é necessário apresentar e compreender previamente a pessoa que vamos trabalhar. São necessárias várias reuniões, nas quais devemos ir conhecendo os pontos fortes e fracos que estão presentes na prática esportiva como treinador. O trabalho do psicólogo do esporte estará centralizado, precisamente, nestes aspetos, reforçando os fortes e tratando de corrigir os fracos. Segundo Dosil (2001), as características ideais de um treinador que trabalha com crianças são as seguintes: ser alegre e bom transmissor de conhecimentos e valores. Desta forma, fará que as crianças participem de forma agradável e motivadora nos diferentes treinos.
O treinador de esporte de base é a pessoa que tem a responsabilidade pela equipe; ele deverá ter conhecimento sobre a preparação global do atleta, que contempla os seguintes aspectos: a) A Preparação Técnica, b) Tática, c) Física, d) Psicológica, e) Teórica e f) outras (alimentação, descanso, educativa)...
Normalmente, os treinadores têm uma boa preparação na maioria dos aspectos citados, porém, dispõem de uma adequada formação em área como a psicologia do esporte?
No Brasil tem cursos de Educação Física e Psicologia que mantém fora de seu sistema curricular, a disciplina de Psicologia do Esporte, o qual faz com que muitos profissionais, que trabalham hoje na iniciação esportiva, apresentem dificuldade no momento de desenvolver a preparação psicológica de seus atletas.
As próprias crianças e, outras vezes os treinadores, acolhem modelos do esporte de competição, em função que pretendem imitar seus jogadores favoritos.
O treinador é a pessoa responsável para esclarecer quais são os objetivos, e de compreender que os modelos do esporte são diferentes nos atletas infantis em relação aos profissionais. Aliás, no esporte de elite, procura-se oferecer espetáculo, obter a melhor classificação e conseguir benefícios econômicos, enquanto que no esporte de base, o fundamental é que a criança se desenvolva como pessoa, que aprenda a praticar um esporte com alegria, e que saiba ganhar e perder. Transmitir a idéia de que o êxito não vai junto unicamente com a vitória, e o fracasso com as derrotas, será umas das maiores dificuldades que nós encontraremos. O êxito é sinônimo de fazer todo o possível por ganhar, e esforçar-se ao máximo. Um dos aspetos que mencionávamos que apresenta maior dificuldade para os treinadores é a preparação psicológica. Para conseguir melhorá-la, é necessário o treinamento. O psicólogo mostrará para o treinador as técnicas oportunas para cada caso. Esta preparação constante lhe permitirá um melhor controle de si mesmo e um melhor rendimento no esporte (por exemplo: a tensão psíquica excessiva presente no treinador no momento de ver a seu atleta na competição).
Aspectos importantes que os treinadores deverão cuidar
Neste item queremos incluir as áreas principais que o psicólogo deverá prestar especial atenção, por serem fundamentais para que os treinadores desenvolvam seu trabalho com eficiência.
Motivação: Este componente psicológico é considerado a área mais importante na que o treinador deverá ter especial cuidado. Motivar os jovens, falar-lhe sobre o esporte desde uma perspectiva lúdica, onde o importante é passá-la bem, e apreender, minimizando as revalidardes e os resultados, são tarefas que o treinador tem que enfrentar. Os principais motivos que levam as crianças a praticar esporte, mostram uma visão geral por onde o treinador deverá começar sua intervenção. Os trabalhos sobre a motivação dos jovens concluem que, a maioria deles, tem mais de um motivo para fazer esporte e o que, mas cometam são (Cervelló, 2002): “melhorar as próprias habilidades e aprender outras novas”, “divertir-se”, “demonstrar habilidades esportivas ao comparar-se com outros”, “ficar com os amigos e fazer novas amizades”, “a emoção e o sentido próprio do esporte”, “ganhar” e “estar em forma”. Portanto, o treinador deverá conseguir que os jovens fiquem alegres nos treinamentos e, ao mesmo tempo, apreendam as habilidades básicas que requerem essa disciplina esportiva.
Comunicação: O treinador deverá ser um bom comunicador, pelo fato de estar sempre se relacionando com as crianças e pais. Ademais, com sua linguagem verbal, inconscientemente, estão enviando mensagens através de seus gestos, atitudes, olhares (linguagem não verbal), que tem uma grande influência. É necessário um adequado diálogo entre treinador-jovens e treinador - pais. Este diálogo deve ir mais além do contexto esportivo, conhecendo e se interessando por outras atividades que tenham as crianças (estudo, gostos, relações com seus pais e com seus colegas de equipe, etc.). Pretende-se que, para o treinador, seja mais fácil criar um ambiente de confiança no grupo. Com relação aos pais, uma boa comunicação é a melhor maneira de evitar situações de conflito. Se estes estão informados de como foi planejada a temporada, de quais são os objetivos a obter no ano, haverá menos comentários negativos em relação ao treinador.
Trabalhar com objetivos: Se o psicólogo orienta ao treinador que planeje os objetivos para os treinos, não só se estará conseguindo manter a motivação dos jovens, mas estará educando-os a planejar suas atividades com base nos objetivos. O treinador deverá conhecer que os objetivos serão os suficientemente amplos e gerais, para abarcar aspectos próprios do esporte: físicos, técnicos, psicológicos, e do comportamento: hábitos higiênicos, pontualidade, etc. (Gordillo, 2000).
Aspeto educativo: O treinamento esportivo é um processo pedagógico, por isso é muito importante que nos mesmos haja a participação da Pedagogia. Duram (1996) e Caracuel (1997) lembram como deve ser o esporte educativo:
Verdadeiramente importante não é ganhar, mas jogar bem e divertir-se;
O adversário não é mais que nosso colega de jogo;
Existem regras que deverão ser respeitadas, as quais garantem a convivência.
Perder numa competição, não diminui nosso valor como pessoa.
O treinador deve ter presentes estas premissas e procurar passá-las para seus atletas. Com isto, abrirão as portas à vontade pela superação, à consciência de trabalho em equipe, e o respeito pelo adversário.
Modelo de comportamento: Já comentamos como o treinador é uma pessoa influente na vida dos jovens; ele é alguém a se imitar. Lembremos que a imitação é uma das estratégias mais importantes das quais as crianças se valem quando querem aprender algo. O treinador que quer introduzir uma nova habilidade deverá fazê-la várias vezes, sob diferentes ângulos, em diferentes velocidades, com o objetivo de alcançar sua aquisição. O treinador deve ser congruente com suas ações e comportamento, tanto dentro como fora da quadra de jogo. Desta forma, devemos deixar constância que o mínimo exemplo negativo entre o que se diz e o que se faz, produz no atleta, desconfiança em seu treinador (por exemplo: o treinador não pode pedir aos atletas pontualidade quando é o primeiro que chega tarde aos treinos; ou que não fume quando ele o faz com freqüência).
Liderança: O treinador deve ser o líder da equipe, a pessoa a seguir e confiar. É uma área muito relacionada com a anterior: Dosil (2001) a relaciona não só com a comunicação, mas também com a motivação. Neste sentido, um líder carismático, querido, admirado, motivará os atletas a participar ativamente nos treinamentos e competições. Suas orientações serão bem recebidas e suas críticas serão muito melhor aceitas.
Detecção de talentos esportivos: O treinador, ao longo dos treinos, e competição, observa quais de seus atletas têm melhores capacidades para a modalidade que está praticando, é a etapa escolar e concretamente entre os 8 e os 15 anos, a que permite destingir os atletas talentosos. Para poder dizer que um jovem é um talento esportivo, Dosil (2001) recolhe uma série de fatores de diferentes investigações: medidas antropométricas, qualidades físicas básicas, capacidade de aprendizagem, predisposição para a aprendizagem e medidas psicológicas. Considera-se um jogador talentoso quando as pontuações obtidas nesta área são elevadas.
Criador de hábitos esportivos: É importante dizer que a função do treinador não deverá reduzir-se à atenção nos talentos. Tanto o mais importante é criar nos atletas menos talentosos hábitos de vida nos que o esporte ocupe um lugar relevante. Os benefícios da prática esportivas moderada e contínuos, durante o ciclo vital, serão o reflexo de uma melhora da qualidade de vida, melhor longevidade, redução de enfermidades, em definitivo, de numa sociedade melhor desenvolvida.
Trato com os pais: Na área de comunicação, já nos referimos à relação treinador-pais. É recomendável, no início da temporada, realizar uma reunião com os pais, com a finalidade de reduzir as possíveis tensões que possam aparecer nos treinamentos e competições, oferecendo uma informação clara do que se vai fazer e como podem participar.
Recomendações ao jovem atleta
O psicólogo do esporte de iniciação tem, entre suas funções prioritárias, a orientação aos atletas. Desde o momento que começa o desenvolvimento de uma atividade, é importante estabelecer atitudes adequadas no esporte, e ir introduzindo, aos jovens, estratégias psicológicas para se enfrentar com êxito, os treinamentos e competições.
Dentre a orientação a jovens atletas, a motivação é uma das variáveis mais importantes: não só é a chave da continuidade na prática esportiva e na prevenção do abandono, mas é fundamental em outros aspectos como: o prazer na prática da atividade que está realizando, participar de forma voluntária (não forçada) nos treinamentos, aprendizagem de novas habilidades de forma mais rápida, etc.
Além do aspecto da motivação, é importante que o atleta adquira hábitos do esporte. Transmitir segurança, motivar, destacar os valores positivos, entre outros, são fatores básicos se queremos que um atleta adquira o esporte como um hábito. O psicólogo deverá agregar estes aspetos como fundamentais no momento de planejar, juntamente com o treinador, a temporada.
Aliás, o objetivo fundamental será a educação integral da pessoa. Desta forma, não só vamos conseguir melhores atletas, como também melhores cidadãos, que terão uma formação mais completa ao longo das diferentes etapas da vida (Dosil, 1999).
A base esportiva deverá constituir o começo de um longo caminho, no qual as destrezas psicológicas terão um papel fundamental. O adequado desenvolvimento do atleta incluirá a melhora de habilidades físicas e psicológicas. Considera-se ideal começar paralelamente a preparação física e psicológica, pelo fato de que o jovem que inicia uma atividade está no momento adequado para incorporar os dois tipos de conhecimento. O treinamento físico-psicológico permitirá que o atleta assimile e enfrente muito melhores os treinamentos e competições. Do ponto de vista da psicologia, é necessário conseguir o domínio de diferentes variáveis (Dosil, 2001):
Atenção-concentração: Nos treinamentos, primeiramente, e nas competições, posteriormente, o jovem tem que aprender a prestar atenção às instruções do treinador, assim como a executá-las, da melhor forma possível, com a concentração adequada para cada uma delas.
: O treinamento de algumas modalidades esportivas torna-se algo tedioso e sacrificado. Por tal motivo, é importante que o jovem participe da atividade motivado, com vontade de praticá-la.Motivação
Ansiedade e stress: Estas variáveis estão facilmente presentes na vida cotidiana das crianças e adolescente. Cada vez mais, aparecem casos de crianças que mostram níveis altos de ansiedade e stress. Oferecer recursos para enfrentar as diferentes situações, esportivas e não esportivas que originem respostas deste tipo, será algo necessário desde o começo da atividade.
Autoconfiança: Confiar em si mesmo torna-se uma das variáveis mais importantes a serem levadas em conta pelo psicólogo do esporte. Enfrentar os treinamentos e competições com confiança em si mesmo, será garantia de êxito.
Coesão de equipe: Como mencionado anteriormente em outros itens, é importante estabelecer uma relação correta entre as pessoas que fazem parte do contexto esportivo. Uma coesão de equipe adequada aumentará a motivação e a confiança, assim como reduzirá a ansiedade e o stress.
O profissional especializado em psicologia do esporte, para alcançar seu objetivo, deverá realizar uma intervenção direta ou indireta, através do treinador, sobre o atleta (Dosil e Caracuel, em prensa).
Em resumo, a iniciação esportiva é de grande importância no desenvolvimento esportivo de um país. Os jovens são os responsáveis por ir escalando os diferentes passos que levam à elite esportiva e, por este motivo, tornam-se objeto de estudo das ciências do esporte, desde sua iniciação na atividade. Assim, é importante estabelecer um estilo de vida, no que a atividade física e esportiva, ocupe um lugar importante, que permita que qualquer sujeito seja praticante sem ter em conta o grau de habilidade.
O estudo da iniciação esportiva se faz desde o clássico “triângulo esportivo” carimbado por Smoll (1991). Aliás, consideramos apropriado transformar este “triângulo” e convertê-lo num “pentágono esportivo” no que se inclua o dirigente e árbitro/ juiz. A relevância que têm estes coletivos no esporte de iniciação torna-os pilares de grande interesse para o funcionamento adequado da iniciação.
A aplicação da psicologia ao esporte de iniciação é cada vez maior: A presença da figura do psicólogo em equipes que cuidam da base, em escolas esportivas, colégios, etc., permite garantir um futuro alentador, no qual o atleta não só desenvolve suas destrezas físicas, mas também as psicológicas, o qual ajudará uma melhor construção pessoal (Dosil, 2001).
Finalmente, cabe lembrar sobre o psicólogo do esporte: as equipes/ clubes que dispõem desta figura deveram implantá-la desde a base. É importante que os jovens o conheçam que valorizem seu trabalho, e que tomem parte de seus esquemas, como o fazem o treinador, o preparador físico e o médico-fisioterapeuta. A “normalidade” do papel do psicólogo dentro dos clubes é o que necessita o esporte neste momento.
Bibliografia
Cruz Feliu, Jaume (1996).Asesoramiento psicológico en el arbitraje. En Cruz Feliu, J. (ed), Psicología del Deporte, pp.245-269. Madrid: Síntesis.
Dosil, J. (2000). El Psicólogo del deporte. Asesoramiento e intervención. Madrid: Síntesis.
Gordillo, A .(2000). Intervenção com os pais (pp. 119-132). En B. Becker Jr. (Ed.), Psicologia aplicada á criança no esporte. Brasil: Feevale.
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Septiembre de 2011 |