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Qual a importância da relação professor-aluno

no processo ensino-aprendizagem?

¿Cuál es la importancia de la relación profesor-alumno en el proceso de enseñanza-aprendizaje?

 

*IESSA

**PUCPR

(Brasil)

Fayson Rodrigo Merege Barbosa*

fayson_rodrigo@hotmail.com

Micaella Paola Canalli**

micaellacanalli@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Considerando a importância da relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem e as necessidades de construir uma prática educativa que possibilite a reflexão, a crítica e a construção do conhecimento pautando-se nos problemas que ocorrem diariamente em sala de aula e no decorrer do processo ensino-aprendizagem, o presente artigo tem por finalidade apresentar sugestões e argumentos sobre o papel da escola como organização reflexiva considerando o ensinar e o aprender, qual o papel do professor e de sua relação com o aluno e a necessidade de construir o conhecimento crítico, reflexivo e compartilhando respaldando-se por embasamentos teóricos como os de Paulo Freire. No processo de construção do conhecimento, o valor pedagógico da interação humana é evidente, pois é por meio dela que o conhecimento vai se construindo e a relação educador-educando não se torna unilateral, pois necessita que a mesma proporcione a construção coletiva do conhecimento na qual esteja baseada no diálogo.

          Unitermos: Educação. Relação professor-aluno. Processo ensino-aprendizagem. Conhecimento crítico-reflexivo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Muitos são os questionamentos e discussões a respeito do papel da escola na educação, porém, é preciso vê-la além de somente transmitir conhecimentos aos alunos. Sendo a escola conhecida como “instituição do saber”, a mesma exerce uma enorme importância por toda a sociedade. Por tamanha importância que a mesma se faz jus, necessita-se olhar além do que os olhos podem ver e ensinar os alunos a pensarem sobre o mundo, a sociedade na qual estão inseridos e o mundo das diferenças/descriminações para dar subsídios aos alunos ao enfrentem essas adversidades da vida.

    A escola necessita ser pensada como “preparação” para a vida, na função de preparar cidadãos do mundo. De acordo com Pérez Gómez (2000), a escola é um ambiente de aprendizagem, onde há grande pluralidade cultural, mas que direciona a construção de significados compartilhados entre o aluno e o professor. A construção desses significados compartilhados enfatiza uma necessidade de mudança na escola, por meio da reflexão. A mesma necessita da individualidade e da coletividade ao mesmo tempo, a qual envolve diversos aspectos da escola, ou seja: as relações entre o ensinar e aprender com diversas trocas de informações, a interação de indivíduos que participam da cultura escolar, além dos processos curriculares, pedagógicos e administrativos haverá o compartilhamento de informações e interação da cultura escolar.

    Deve-se pensar a escola como um ambiente atrativo para professores, alunos e os profissionais nela atuantes, para que estes possam se sentir convidados a participar desta atmosfera de conhecimento que dia após dia é construída por professores e alunos, aproveitando o conhecimento prévio que é trazido por todos. É preciso que os docentes reinventem e reencantem a educação, tendo como foco uma visão educacional, usufruindo do conhecimento já construído e produzindo novas experiências no processo de ensino-aprendizagem dos educandos (ASSMANN, 2007).

    As relações entre professor/aluno/conteúdo não são estáticas, mas dinâmicas, pois se trata da atividade de ensino como um processo coordenado de ações docentes. Freire (1987) em seu livro Pedagogia do Oprimido deixa-nos entender que a relação professor (opressor) e aluno (oprimido) ou vice-versa têm a finalidade de que a relação professor-aluno nesse processo de ensino-aprendizagem gira em torno da concepção da educação, tendo uma perspectiva de que quando todos se unirem na essência da educação como prática de liberdade, ambos abrirão novos horizontes culturais de acordo com a realidade e imaginação de todos os indivíduos, seguido das diferentes culturas de cada um.

    Porém um dos maiores problemas relacionados ao fracasso escolar pode estar ligado ao preconceito. Com certa freqüência os professores procuram explicar a razão do não aprender do aluno às deficiências orgânicas, psicológicas, culturais em detrimento de um estudo e diagnostico que pudessem esclarecer a situação. Em outras palavras já fazem de antemão o diagnostico e rotulam esse aluno. Acredita-se que a mescla de teorias que se complementem teria um caráter mais proveitoso para professores e alunos do que a tendência de seguir um “método”. Nada substitui o fator humano, a afetividade, a interação e o olhar atento às diferenças reações.

Escola: Organização reflexiva ou reprodutores de conhecimento?

    O processo ensino-aprendizagem compreende ações conjuntas do professor e do aluno, onde estarão estimulados a assimilar, consciente e ativamente os conteúdos/métodos e aplicá-los de forma independente e criativa nas várias situações escolares e na vida prática. O ato de ensinar e aprender não se pauta em somente o professor passar a matéria e o aluno automaticamente reproduzir mecanicamente o que “absorveu”.

    É nessa perspectiva que a compreensão sobre o conhecimento escolar pode ser analisada sob a ótica de no mínimo quatro visões: como produto acabado e formal (visão tradicional); como produto acabado e formal de caráter técnico (visão tecnológica); como produto aberto, gerado em um processo espontâneo (visão espontaneísta e ativista) e; como um produto aberto, gerado por um processo construtivo e orientado (visão investigativa) (BOLZAN, 2002, p18).

    Em um contexto onde há o estímulo às atividades diversificadas, à curiosidade, a iniciativa e o desenvolvimento de capacidades, resultarão em um ambiente onde, tanto professor como seus alunos, ambos estarão cientes de suas responsabilidades. Desse modo, a escola deve conceber-se como um local, um tempo e um contexto, visando à formação que vai além da representação física, e tornando-se uma concepção de formação com relacionamento interpessoal. A escola pela qual se busca lutar hoje se deve ter como pressuposto principal o desenvolvimento cultural e científico do cidadão, preparando as crianças, adolescentes e jovens para a vida, para o trabalho e para a cidadania, através de uma educação geral, intelectual e profissional.

    Para Lima (2006) compreender a escola como organização educativa exige a consideração da sua historicidade enquanto unidade social artificialmente construída, das suas especificidades, bem como do seu processo de institucionalização ao longo do tempo. Seguindo essa linha de pensamento, Alarcão (2001) aponta uma mudança paradigmática, uma visão e pensamento diferente da escola, saindo de uma concepção tradicional para uma concepção reflexiva, onde será capaz de gerar conhecimento sobre si próprio, fazendo significado a sua própria existência.

    O ambiente escolar, assim, pode contribuir para suscitar o amor pela escola, o amor e a dedicação aos estudos, com reflexos sensíveis no aproveitamento escolar dos alunos. Para Durkheim (1978, p.49) “A escola não pode ser propriedade de um partido; e o mestre faltará em seus deveres quando empregue a autoridade de que dispõe para atrair seus alunos à rotina de seus preconceitos pessoais, por mais justificados que lhes pareçam”.

    Se a aprendizagem em sala de aula for uma experiência de sucesso, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. Do contrário, se for uma experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se transformar em uma “ameaça”. O aluno ao se considerar fracassado, buscará os culpados pelo seu conceito negativo e culpará o professor pela sua metodologia de ensino, e pelos conhecimentos transmitidos, os quais irão julgá-los como sendo desnecessários e sem validade para sua vida estudantil como pessoal.

    Freire (1980, p.119) aponta de forma ampla o que se espera da escola:

    Somente uma outra maneira de agir e de pensar pode levar-nos a viver uma outra educação que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus professores, mas sim uma atividade permanente, assumida por todos os membros de cada comunidade e associada de todas as dimensões da vida cotidiana de seus membros.

    Portanto, o processo educativo tem que ocorrer como um fenômeno social e cultural, onde a reflexão sobre o saber e suas relações é continuamente redimensionada em uma “negociação” e “recriação” dos significados. Tendo o diálogo entre professor e aluno como elemento norteador para a construção do conhecimento em uma dimensão reflexiva.

    Em vista disso, a escola como contexto de construção e apropriação de conhecimentos deve compreender que, professor e aluno, participam desse processo essencialmente pela interação e a mediação entre si. Contudo, a escola reflexiva vai além, no momento em que vê a escola como uma organização que continuadamente pensa em si própria, “na sua missão social e na sua organização, e se confronta com o desenrolar da sua atividade em um processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo”, pois “só a escola que se interroga sobre si própria se transformará em uma instituição autônoma e responsável, autonomizante e educadora” (ALARCÃO, 2001, p.25).

    A escola não cumprindo seu papel como organização reflexiva cairá no fracasso escolar. Para tanto entre as diversas razões possíveis, podemos citar: dificuldades de aprendizagem; causas orgânicas; problemas emocionais; teoria da carência cultural e distância cultural entre a escola pública e a população que ela atende; formação dos professores; a ineficácia dos métodos; preconceito e segregação (COLLARES, 1996; POLITY, 2002).

Aprender e ensinar reflexivamente

    O ensino é um meio fundamental do progresso intelectual dos alunos e uma combinação adequada entre a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa, como atividade autônoma e independente, por meio do aluno. Pode-se sintetizar-se dizendo que a relação entre ensino e a aprendizagem não é automática, não pode ser vista como uma simples transmissão do professor que ensina para um aluno que aprende. Tendo como base os conceitos de Jean Piaget a respeito da aprendizagem, os processos mentais que antecedem o tão esperado resultado da mesma, revelam a dificuldade existente nos educandos de obterem e aprenderem novos conceitos e conteúdos.

    O processo da aprendizagem tem início através das abstrações empíricas feitas pelo aluno e pela reflexão a respeito desta abstração. Depois de assimilar um novo conceito que lhe é apresentado, o aluno depara-se com o novo, na tentativa de não entrar em conflito dentro de si mesmo, procurando acomodar as informações a ele transmitidas, fazendo a modificação mental entre os conhecimentos prévios e os adquiridos. Entende-se que a aprendizagem então, é a assimilação ativa do conhecimento e de operações mentais, para compreendê-los e aplicá-los de forma consciente e autônoma.

    Segundo Chalita (2001, p.12) “A educação não pode ser vista como um depósito de informações. Há muitas maneiras de transmitir o conhecimento, mas o ato de educar só pode ser feito com afeto, esta ação só pode se concretiza com amor.” Percebe-se que há uma grande diferença entre transmitir o conhecimento e educar. A diferença de educar seres humanos que se encontram nas primeiras etapas da vida é uma tarefa para os docentes que se preocupam na formação global do educando e não apenas na formação parcial, obtida em sala de aula. As demonstrações de carinho, bem como a afetividade nas palavras ditas pelo professor, resultarão no auxílio e conforto para o aluno, quando este necessitar acomodar as informações recebidas, sem que haja repulsão ou aversão ao conteúdo apresentado, ou até mesmo ao próprio ato de aprender algo novo.

    O processo de construção do conhecimento, que considere tanto as experiências dos alunos como as dos professores inseridos, se faz necessária uma abordagem dos conteúdos, e para Anastasiou (2003) isso se dá através de um método dialético, a partir da reflexão e discussão conjunta, uma nova concepção ou forma de ação. Situações como processos de ensino que constituem mais um desafio para uma ação docente inovadora e comprometida, precisam buscar uma prática social complexa, que seja efetivada entre os sujeitos, professores e alunos, buscando o engloba mento tanto da ação de ensinar como de aprender.

    Rodrigues (1997, p.64) afirma:

    Assim, a escola tem por função preparar e elevar o indivíduo ao domínio de instrumentos culturais, intelectuais, profissionais e políticos. Isso torna sua responsabilidade pesada e importante. Assim dimensionada a tarefa da escola, evidencia-se a expectativa que sobre ela recai no contexto da sociedade.

    A esse respeito Werneck (1996, p.61) elucida que:

    Educar é difícil, trabalhoso, exige dedicação, sobretudo aos que mais necessitam. Transferir problemas é fugir da verdadeira educação, é uma espécie de médico que transfere o doente de hospital, lava as suas mãos e não se sente comprometido com o caso quando da morte do paciente, porque aconteceu em outro hospital e em outras mãos.

    Educar é proporcionar ao aluno conhecer a si próprio, leva-lo à consciência de poder ser mais, reconhecendo que é chamado a encontrar-se no mundo com o outro e não mais solitário em seu “mundo”. Portanto, o professor como mediador para ensinar o aluno a ser reflexivo precisa estar atento a todos os elementos necessários para que o aluno aprenda e se desenvolva integralmente.

    A sala de aula é um espaço de “luta” extremamente importante, desde que se compreenda e acolha o educando, independente do quão diferente ele seja. A educação situa-se como possibilidade de ser um instrumento de mudança social e de transformação da realidade.

    Educar é possibilitar a conscientização e humanização, mediatizando aos alunos as condições para que se desenvolvam em todas as suas potencialidades. Assim o educando aparece como primeiro agente do processo educativo, em cooperação com os demais, sendo ativo, participante, reflexivo e crítico.

    Portanto Zabala (1998, p. 34) aponta que:

    O fato de que não exista uma única corrente psicológica, nem consenso entre as diversas correntes existentes, não pode nos fazer perder de vista que há uma série de princípios nos quais as diferentes correntes estão de acordo: as aprendizagens dependem das características singulares de cada um dos aprendizes, correspondem, em grande parte, às experiências que cada um viveu desde o nascimento; a forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam segundo as capacidades, motivações e interesses de cada um dos meninos e meninas, enfim, a maneira e a forma como se produzem as aprendizagens são o resultados de processos que sempre são singulares e pessoais.

Relação Professor-Aluno no processo ensino-aprendizagem

    É importante considerar a relação entre professor/aluno junto ao clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir, discutir o nível de compreensão dos mesmos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Sendo assim, a participação dos alunos nas aulas é de suma importância, pois estará expressando seus conhecimentos, preocupações, interesses, desejos e vivências de movimento podendo assim, participar de forma ativa e crítica na construção e reconstrução de sua cultura de movimento e do grupo em que vive. (GÓMEZ, 2000).

    Abreu & Masseto (1990, p.115), afirmam que:

    É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.

    Nesse contexto, entende-se que a qualidade de atuação da escola não pode exclusivamente depender somente da vontade de um ou outro professor. É necessária a participação efetiva e conjunta da escola, junto da família, do aluno e profissionais ligados à educação, de forma que o professor também entenda que o aluno não é um sujeito somente receptor dos conhecimentos “depositados”.

    De acordo com Pérez Gomes (2000) a função do professor é ser o facilitador, buscando a compreensão comum no processo de construção do conhecimento compartilhado, que se dá somente pela interação. A aula deve se transformar e provocar a reflexão sobre as próprias ações, suas conseqüências para o conhecimento e para a ação educativa. Nesse mesmo raciocínio é que Rey (1995) defende a idéia de que a relação professor-aluno é afetada pelas idéias que um tem do outro e até mesmo as representações mútuas entre os mesmos. A interação professor-aluno não pode ser reduzida ao processo cognitivo de construção de conhecimento, pois se envolve também nas dimensões afetivas e motivacionais.

    Freire (1996, p. 96) aponta que:

    O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

    Logo, o professor deixará de ser o “dono do saber” e passará a ser um orientador, alguém que acompanha e participa do processo de construção e das novas aprendizagens do aluno em seu processo de formação. Sendo assim, pode-se dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo especifico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, ente o professor e os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.

     Pode-se dizer então, que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo especifico. Esses métodos fazem à mediação nas formas de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, tendo como resultado a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognitivas e operacionais dos alunos.

    Ressaltando Freire (1980, p.23), “o diálogo é um encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que dialogam, orienta-se para o mundo que é preciso transformar e humanizar”. A ação pedagógica do professor em sala de aula é imprescindível, desde que o mesmo assuma seu papel como mediador e não como condutor. Grossi (1994, p.02) entende que a relação professor-aluno deve pautar-se como “uma busca do aqui e agora e que nós não precisamos nos comparar com outras gerações, mas, sobretudo temos que ser fiéis aos nossos sonhos”.

    Loyola (2004) refere-se ao “professor autoritário”, o qual não deve impor o respeito, mas conquistar de seus alunos. O professor autoritário busca com suas atitudes fazer com que os alunos venham se calar, reprimindo suas expressões e até mesmo sentir medo. Assim, essa relação professor-aluno não tem uma ação dialógica de construção e reconstrução de idéias. Seguindo essa linha de pensamento, Freire (1996, p. 73) refere-se ao professor autoritário como:

    "O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca." (FREIRE, 1996, p.73)

    A relação estabelecida entre professores e alunos constitui o ápice do processo pedagógico. Não há como segregar a realidade escolar da realidade de mundo vivenciada pelos discentes, e sendo essa relação uma “via de mão dupla”, tanto professor como aluno pode ensinar e aprender através de suas experiências. Para tanto, Gadotti (1999, p.2) refere-se a essa relação como:

    "Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem "perdido", fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber".

    Cabe ao professor aprender que para exercer sua real função necessita-se combinar autoridade, respeito e afetividade; isto é, ainda que o docente necessite atender um aluno em particular, a ação estará direcionada para a atividade de todos os alunos em torno dos mesmos objetivos e do conteúdo da aula. Ressalta-se a atuação de alguns professores não como modelo inquestionável de docência, mas como fonte de inspiração para buscar um novo e melhor caminho para alcançar os alunos. Para isso faz-se necessário o diálogo, conforme Libâneo (1994, p.250) diz:

    “O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor (...)”.

Considerações finais

    Se o interesse dos profissionais da educação for de fato com o foco nas reais necessidades, como expectativas da educação na formação de indivíduos críticos-reflexivos, são necessárias haver mudanças não apenas nas palavras, mas nas atitudes. É preciso estar comprometido com o aluno, a escola, a sociedade e professores com uma educação de qualidade, vendo o aluno como indivíduo ativo do processo ensino-aprendizagem. Só assim os docentes estarão cumprindo o papel de orientador realizando mais que o simples papéis de ensinar.

    Faz-se necessário ao longo da trajetória formativa, seja ela recém-formada ou com anos de formação, refletir sobre o quanto os professores são capazes de reconstruir os próprios caminhos. Isso lhes dará experiências enquanto alunos que foram, e eternamente serão, e quanto a professores atuantes no espaço escolar hoje e amanhã.

    O professor em muitos casos é visto como força estimuladora para despertar nos alunos uma disposição motivadora para determinado assunto. Essa relação de “ídolo” do aluno para com o professor estimula sentimentos, instiga a curiosidade, relata de forma sugestiva um acontecimento, faz uma leitura expressiva de um texto, e assim sucessivamente, ocorre o crescimento desta cumplicidade entre professores e alunos.

    Os docentes devem levar em consideração, enquanto profissionais da educação ou acadêmicos que almejam iniciar a carreira docente, que não são melhores que ninguém, mas que devem sempre aprender seja com outros professores ou até mesmo com os alunos, pois até o mais analfabeto pode ensinar de uma maneira diferente: com o exemplo da própria vida. E nesse sentido que a produção conjunta do conhecimento é uma forma de interação ativa entre o professor e os alunos, pois abre horizontes para novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a fixação e consolidação de conhecimentos e convicções adquiridas anteriormente.

    Assim sendo, entende-se que a proposta de ensino de qualidade, que se volta para a formação cultural e científica do aluno que o possibilite em sua ampliação da participação efetiva nas várias instâncias de decisão da sociedade, defronta-se com problemas de fora e dentro da escola. Sendo a escola pública gratuita, com direito essencial para se constituírem como indivíduo-cidadão, faz-se necessário pensar sobre uma “nova didática” voltada para os interesses populares de transformação da sociedade.

    Faz-se cada vez mais evidente pensarmos sobre as necessidades de se construir uma prática educativa inovadora, pautada na construção e reflexão do conhecimento compartilhado, que possibilite agir, transformar e refletir na prática educativa dos docentes. É preciso pouco a pouco através dos desafios do contexto em que se vive olhar e perceber os obstáculos como possibilidades de construção do novo.

    Para que essas mudanças aconteçam e escola consiga exercer seu papel, é necessário que todos caminhem juntos, tendo a perspectiva praticada nas escolas de nossa sociedade, educando para um mundo mais igual e cumprindo assim o seu papel mais importante na educação: formar seres que possam pensar a respeito de tudo o que fazem.

Referências bibliográficas

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  • BOLZAN, D. Formação de professores: compartilhando e reconstruindo conhecimentos. Porto Alegre: Mediação, 2002.

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  • DURKHEIM. E. Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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  • REY, F.G. Comunicación, Personalidad y Desarrollo. Havana: Pueblo Educación, 1995.

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  • TAILLE, Yves; OLIVEIRA, Marta K.; DANTAS, Heloísa. Piaget. Vygotsky. Wallon. São Paulo: Summus, 1992.

  • WERNECK, H. Se você f inge que ensina, eu finjo que aprendo. 16 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

  • ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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