Uma abordagem sobre desmame precoce Um abordaje sobre el destete precoz |
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*Pós-Graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior, Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Membro do Grupo de Pesquisa Atenção Primária á Saúde e Homeopatia Bolsista do PET-Saúde do Ministério da Saúde **Enfermeira Especialista em Trauma, Emergências e Terapia Intensiva para Enfermeiros pelas Faculdades de Ciências Médicas de Minas Gerais e Reanimação – Educação em Emergências ***Farmacêutica Graduada pelas Faculdades de Saúde Ibituruna – FASI. ****Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros – FIP-Moc. ***** Graduando em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. ******Graduado em Odontologia pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES |
José Rodrigo da Silva* Roseane Barreto Ferreira** Taciane Barreto Ferreira*** Francielen Sá Almeida**** Rummenigge Oliveira Silva***** Leandro Barreto Ferreira****** (Brasil) |
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Resumo A ação básica de saúde requer estratégia direcionada quanto à tomada de consciência da importância do aleitamento materno, principalmente para redução da morbi-mortalidade infantil. Objetivou-se, neste estudo abordar os aspectos que permeiam o desmame precoce através de uma releitura de artigos publicados sobre esse assunto. Tratou-se de um artigo de revisão de literatura, onde o levantamento dos artigos de periódicos foram realizadas buscas em bancos de dados como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online. Os descritores utilizados foram: Recém-Nascido, Desmame Precoce e Aleitamento Materno. Notou-se que o desmame precoce é resultado de vários fatores, mas fica evidente que é prejudicial para a mãe e para o bebê. A revisão apontou ainda que o desmame é associado em muitas vezes a questões sócio-culturalmente construídas, ressalta-se ainda que para se mantenha o aleitamento materno é necessário não só de suporte/apoio familiar e social, mas também de um apóio governamental. Unitermos: Recém-nascido. Desmame precoce. Aleitamento materno.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
O leite materno é o alimento ideal para o bebê e tem sido recomendado como o único alimento nos seis primeiros meses de vida, com introdução de alimentos complementares e continuação da amamentação a partir de então e até os dois anos de idade ou mais. É de extrema importância para a sobrevivência, pois atende todas as necessidades nutricionais, imunológicas e psicológicas do recém-nascido (PARADA et al, 2005).
A ausência de amamentação ou sua interrupção precoce (antes dos 4 meses) e a introdução de outros alimentos à dieta da criança, durante esse período, são freqüentes, com conseqüências importantes para a saúde do bebê, como exposição a agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo da digestão e assimilação de elementos nutritivos, entre outras (GIUGLIANI; VICTORA, 1997).
O profissional de saúde deve identificar os conhecimentos, a experiência prática, as crenças e a vivencia social e familiar da mãe a fim de promover educação em saúde para o aleitamento materno, assim como garantir vigilância e efetividade durante a assistência para evitar o desmame precoce (ALMEIDA et al., 2004).
Metodologia
Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica. Para o levantamento dos artigos de periódicos foram realizadas buscas em bancos de dados como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online.
Os descritores utilizados foram: Recém-Nascido, Desmame Precoce e Aleitamento Materno.
Após a busca os artigos encontrados foram selecionados pela leitura do resumo. Através desta metodologia foi possível descartar os artigos que não estavam dentro do assunto proposto.
Resultados
As taxas de aleitamento materno exclusivo no Brasil estão em ascensão, porém ainda muito baixas. Diversos fatores podem estar contribuindo para essa situação, dentre os quais a técnica inadequada de amamentação (WEIGERT et al., 2005).
É relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/sucção efetiva do bebê favorece a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou do bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resultar no que se denomina de má pega. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar o esvaziamento da mama e levar à diminuição da produção do leite. Como conseqüência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce (WEIGERT et al., 2005).
A ação básica de saúde requer estratégia direcionada quanto à tomada de consciência da importância do aleitamento materno. Vivemos em um país em desenvolvimento, com alto índice de mortalidade infantil, muitas vezes causada pela alimentação inadequada na primeira infância, acarretando desnutrição, baixa resistência orgânica e, conseqüentemente, quadros infecciosos irreversíveis, aos quais o não aleitamento materno é apontado como uma das causas (ICHISATO & SHIMO, 2002).
É importante não associar a falta do leite humano com a questão da desnutrição infantil, pois o não acesso a outras fontes alimentares e alternativas é que promovem a desnutrição nas crianças (MOTA, 1990).
Críticas às campanhas de aleitamento materno são feitas, pois as maiorias são dirigidas às mulheres de classes sociais baixas, devido ao alto índice de mortalidade infantil nessa camada social. A mulher é responsabilizada pelo desconhecimento da técnica da amamentação, desmame precoce e a desnutrição. Críticas às campanhas de aleitamento materno são feitas, pois as maiorias são dirigidas às mulheres de classes sociais baixas, devido ao alto índice de mortalidade infantil nessa camada social. A mulher é responsabilizada pelo desconhecimento da técnica da amamentação, desmame precoce e a desnutrição. "As campanhas têm se constituído em estratégia simplificada para reduzir mortalidade infantil em nível de atenção primária" (ICHISATO; SHIMO, 2002).
Sabe-se que o desmame precoce deve ser interpretado como resultado da interação complexa de diversos fatores socioculturais, como o processo de industrialização, que teve início no final do século XIX; as mudanças estruturais da sociedade que aconteceram em virtude da industrialização; a inserção da mulher no mercado de trabalho; o surgimento e a propaganda de leites industrializados; a adoção, nas maternidades, de rotinas pouco facilitadoras do aleitamento materno e a adesão dos profissionais de saúde à prescrição da alimentação artificial (VENANCIO, 2003).
Entretanto, muitas vezes, por questões culturais, o fato de a mulher não ter amamentado faz com que a denomine mãe desnaturada, o que aumenta, em demasia, o sentimento de culpa da mulher (ICHISATO; SHIMO, 2002).
Contudo, vale também considerar se o problema do desmame deve ser visto e tratado como propriedade exclusiva da ciência, ou seja, como um problema de falta de conhecimento eficiente (ALMEIDA; GOMES, 1998).
O desmame representa muitas vezes, uma decisão difícil para a mãe. Determinantes de diversas naturezas impossibilitam à mulher amamentar. Os de ordem biológica são, por exemplo: perda do recém-nascido, morte fetal, uso de medicações incompatíveis com o aleitamento materno, mães portadores do vírus HIV, ou com AIDS em atividade (NALMA, 1998).
Situações de ordem sócio-econômica também estão ligadas a interrupção da amamentação, como por exemplo, nos casos de necessidade de a mãe se ausentar por longos períodos do dia, por dificuldades de relacionamento no convívio familiar, situações que levam a mãe ao stress, insegurança, depressão, e outras (NALMA, 19998).
O desmame precoce é prejudicial à mãe e ao bebê, exercendo um papel de seleção natural. A mãe perde a proteção natural contra a contracepção e o câncer da mama e do ovário. A criança, por sua vez, perde a proteção contra as gastrenterites e infecções respiratórias (ICHISATO; SHIMO, 2002).
Crianças desmamadas precocemente apresentam maior índice de internação hospitalar por infecções respiratórias, gastrointestinais e não comumente a alergia ao leite de vaca, incluindo, ainda, sensibilização a outros alimentos (soja, milho, feijão, tomate, laranja, ovo, etc.) (ICHISATO; SHIMO, 2002).
O desmame, em sua grande maioria, ocorre quando a mãe não é adequadamente orientada e o recém-nascido entra em contato com chupetas e chuças antes de desenvolver adequadamente o reflexo de sucção (VAZ, 2005).
O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, provocando alterações na postura e força dos OFAs e prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. A falta da sucção fisiológica ao peito pode interferir no desenvolvimento motor-oral, possibilitando a instalação de má oclusão, respiração oral e alteração motora-oral. A alteração motora-oral compromete as funções de respiração, mastigação e deglutição, podendo estar associada a outros problemas (NEIVA et al., 2003).
Outro aspecto que ajuda entender a lógica do desmame se remete ao fato de que nem sempre a sociedade tem facilitado a prática do aleitamento materno. Em relação a isto, observa- se que é importante é frisarmos que a sociedade não tem se aparelhado para favorecer à mulher o exercício da amamentação. Pelo contrário, ao mesmo tempo que a culpabiliza por não amamentar, interfere bruscamente sobre o parto com procedimentos cirúrgicos ou medicamentos; cria estruturas hospitalares antiaproximação mãe-bebê; não cria ou não respeita leis trabalhistas para o amparo à maternidade; libera as companhias produtoras de substitutos do leite materno de qualquer compromisso ético quanto à propaganda de seus produtos; e, a nível de ambulatório de saúde, não capacita seus profissionais para darem o apoio e terem conhecimentos necessários para aconselhar a mãe que amamenta. (ALMEIDA; GOMES,1998)
É importante evidenciar como o enfermeiro que está atuando nesta prática, pois buscando compreender a realidade é que novas ações poderão ser implementadas, e os futuros profissionais enfermeiros poderão se posicionar de forma objetiva, efetiva e completa, evitando lacunas na assistência e com isso aumentar a adesão da puérpera ao aleitamento e reverter os índices de desmame precoce (ALMEIDA et al., 2004).
Ainda de acordo com os mesmos autores mesmo que os profissionais de saúde busquem desempenhar ações específicas na assistência de promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno, políticas institucionais devem garantir o exercício profissional de todos e apoiar a diversificação de suas atuações em benefício da mulher e da criança.
Inseridas num contexto que exige, por parte dos profissionais da área de saúde, o descobrir e o assumir a responsabilidade de ser elemento de transformação, sentimos que se fazem necessárias mudanças enriquecidas com orientações, incentivos, gestos de apoio e carinho, deixando de lado a visão romântica do aleitamento materno, enfatizado, muitas vezes, como um ato de amor, pois, mesmo não amamentando ao seio, a mãe é capaz de desenvolver o amor materno (MOTA, 1990).
Conclusão
O desmame é sócio-culturalmente constituído e que para a mulher manter o aleitamento materno ela precisa de apoio familiar dos profissionais da saúde, da sociedade e também governamental.
O aleitamento materno não deve ser visto como uma forma de resolver o problema da desnutrição infantil em população mais carente. Para isso, há necessidade de se criarem infra-estruturas básicas (educação e saúde).
Tendo em mente o fato de que o desmame precoce traz conseqüências no desenvolvimento motor-oral, na oclusão, na respiração e nos aspectos motores-orais da criança, ressalta-se a importância do aleitamento materno. O incentivo a essa prática e o adequado padrão de sucção é a base para a prevenção de alterações fonoaudiológicas no que se refere ao sistema motor-oral.
Ressalta-se a necessidade de maiores estudos sobre o assunto para que seja conhecida mais detalhes sobre esse assunto, considerado uma questão de saúde pública.
Referências
ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.06, n. 03, 2004.
ALMEIDA, J. A. G.; GOMES, R. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rev. Latino Am. Enfermagem, v.6, n.3, Ribeirão Preto, Julh de 1998.
GIUGLIANI, E. R. J.; VICTORA, C. G. Normas alimentares para crianças brasileiras menores de dois anos: bases científicas. Brasília: OPS/OMS; 1997.
ICHISATO, S. M.; SHIMO, A. K. Revisitando o desmame precoce através de recortes da história.Rev. Latino-Am, v.10, n.4, Ribeirão Preto, jul./ago. 2002.
MOTA, A. C. Ideologia implícita no discurso da amamentação materna e estudo retrospectivo comparando o crescimento e a mortalidade de lactentes em uso de leite humano e leite de vaca. [dissertação]. Belo Horizonte (MG): Faculdade de Medicina/Universidade Federal de Minas Gerais; 1990.
BRASIL, NALMA, Núcleo de Aleitamento Materno - Depto. Materno Infantil e Saúde Pública EERP-USP. Manual de Procedimentos: Prevenção e Tratamento das Intercorrências Mamárias na Amamentação, 1998. São Paulo.
NEIVA, F. C. B. et al. Desmame precoce: implicações para o desenvolvimento motor-oral. J Pediatr (Rio J)., v.79, n.1, p.07-12, 2003.
PARADA, C. M. G. L. et al. Situação do aleitamento materno em população assistida pelo programa de saúde da família - PSF. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.13 n.3, Ribeirão Preto, maio/jun. 2005.
VAZ, E. S. Nutrição e Qualidade de Vida. Sociedade Médica e Revista, 2005.
VENANCIO. S. I. Dificuldades para o estabelecimento da amamentação: o papel das práticas assistenciais das maternidades. J Pediatr (Rio J), v.79, n.1, p.:01-02, 2003.
WEIGERT, E. M. L. et al. Influência da técnica de amamentação nas freqüências de aleitamento materno exclusivo e lesões mamilares no primeiro mês de lactação. J Pediatr (Rio J), v.81, n.4, p.310-6. 2005.
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